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Aluno: Lierberth Santos Pereira Penha

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE

Advogado, brasileiro, advogado (a), inscrito (a) na OAB-XXX sob o nº ____, com
escritório na Rua____ nº ____, Setor ________, cidade, onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXVIII,
da Constituição Federal, impetrar ordem de
HABEAS CORPUS
em favor de ANA RODRIGUES, brasileira, (estado civil), (profissão), residente a,
contra ato do Ilustríssimo Delegado de Polícia do Distrito de , pelos motivos e fatos a
seguir aduzidos:

Dos Fatos
A paciente AnaRodrigues foi detida pela polícia no dia 5 de junho de 2023 sob a
suspeita de envolvimento em um assalto a um banco. Ocorre que a mesma foi presa sem
mandado de prisão, e as autoridades não apresentaram qualquer prova concreta ligando-a
ao crime.
Resta claro que, referida prisão constitui uma coação ilegal contra a paciente,
tratando-se de uma medida de extrema violência em vista da ausência de justa causa para a
mesma.
Do Direito
A Constituição Federal, no art. 5°, LXI, postula que "ninguém será preso senão em
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen-te,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei"
(sem grifo no original). Destarte, o título judicial que possibilita a prisão é o mandado
judicial.
Ademais, deve ser acolhido o pleito absolutório quando, do conjunto probatório
existente nos autos, remanescerem dúvidas acerca da participação do acusado no crime,
vejamos entendimento consolidado sobre tal temática:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INÉPCIA. ELEMENTOS OBJETIVO E SUBJETIVO
ESPECIAL DO TIPO. DESCRIÇÃO INSUFICIENTE. FALTA DE JUSTA CAUSA.
AUSÊNCIA DE ELEMENTOS MÍNIMOS A REVELAR AUTORIA E MATERIALIDADE.
DEMONSTRAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O trancamento da ação penal em sede de
habeas corpus é medida excepcional, somente se justificando se demonstrada,
inequivocamente, a ausência de autoria ou materialidade, a atipicidade da conduta, a
absoluta falta de provas, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade ou a violação dos
requisitos legais exigidos para a exordial acusatória. 2. Para caracterização do delito de
associação criminosa, indispensável a demonstração de estabilidade e permanência do
grupo formado por três ou mais pessoas, além do elemento subjetivo especial consiste no
ajuste prévio entre os membros com a finalidade específica de cometer crimes
indeterminados. Ausentes tais requisitos, restará configurado apenas o concurso eventual
de agentes, e não o crime autônomo do art. 288 do Código Penal. 3. Na hipótese vertente,
o Ministério Público não logrou êxito em descrever suficientemente os elementos objetivo e
subjetivo do tipo penal, prejudicando o exercício da ampla defesa e do contraditório.
Partindo da análise de um delito de roubo isoladamente considerado, concluiu,
genericamente, pela existência de associação criminosa, sem a devida elucidação de que o
paciente integrasse grupo criminoso estável e permanente, tampouco que estivesse
imbuído do ânimo de se associar com vistas à pratica conjunta de crimes indeterminados,
tornando inepta a inicial. 4. Além disso, dos elementos de informação expressamente
referenciados pela peça vestibular (prova pré-constituída), não ressuma a existência de
indícios mínimos de autoria e materialidade aptos à deflagração da ação penal, pelo que
deve ser reconhecida a ausência de justa causa. 5. Ordem concedida para trancar a ação
penal em relação ao paciente.(STJ - HC: 374515 MS 2016/0268171-0, Relator: Ministra
MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 07/03/2017, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 14/03/2017)
De acordo com a súmula 145 do Supremo Tribunal Federal, “não há crime quando a
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”, ou seja, não há
crime quando o fato é preparado mediante provocação ou induzimento, direto ou por
concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar ou arranjar o flagrante.
Não pode a polícia invadir determinado domicílio do cidadão sem mandado judicial.
Senão vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO POR TRÁFICO
ILÍCITO DE ENTORPECENTES. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. JUSTA CAUSA PARA O
INGRESSO FORÇADO. AUSÊNCIA. DENÚNCIA ANÔNIMA E FUGA DO SUSPEITO
PARA O INTERIOR DA RESIDÊNCIA. NULIDADE DE PROVAS OBTIDAS DE
FORMAILÍCITA. ANULAÇÃO DA CONDENAÇÃO. ABSOLVIÇÃO. ALVARÁ DE
SOLTURA EXPEDIDO.AGRAVO DESPROVIDO. 1. O ingresso forçado em domicílio sem
mandado judicial para busca e apreensão é legítimo se amparado em fundadas razões,
devidamente justificadas pelas circunstâncias do caso concreto, especialmente nos crimes
de natureza permanente, como são o tráfico de entorpecentes e a posse ilegal de arma de
fogo. 2. Afere-se a justa causa para o ingresso forçado em domicílio a partir da análise
objetiva e satisfatória do contexto fático anterior à invasão, considerando-se a existência
ou não de indícios mínimos de situação de flagrante no interior da residência. 3. A
denúncia anônima desacompanhada de elementos preliminares indicativos de crime, ainda
que associada à visão do agente empreendendo fuga para o interior de sua residência, não
constitui justa causa para o ingresso forçado de autoridades policiais, mesmo que se trate
de crime permanente. 4. É indispensável que, a partir da notícia de suposta prática do
delito de tráfico de entorpecentes, a autoridade policial realize diligências preliminares
para atestar a veracidade das informações recebidas, de modo que, antes de ingressar na
residência indicada, constate movimentação atípica no local ou surpreenda o agente
comercializando drogas. 5. A prova do consentimento de morador acerca do ingresso de
policiais em residência sem mandado judicial para averiguação de situação de flagrante
se faz mediante registro em vídeo e áudio e, sempre que possível, por escrito (HC n.
598.051/SP , relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe de 15/3/2021; HC
n. 616.584/RS , relator Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe d e 6/4/2021; HC n.
625.504/SP , relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe de
17/3/2021). 6. Agravo regimental desprovido.
Além do mais, inexistindo nos autos elementos que comprovem respectiva
autorização, inválida é a prova obtida mediante violação do domicílio. Conforme bem pode
se observar dos trechos reproduzidos acima, não pode a Autoridade se valer de jargões
genéricos como fundamentação para restringir a liberdade de indivíduos, ainda mais
quando se trata de decisão acautelatória.
Sendo assim, melhor sorte não há senão a concessão da ordem de Habeas Corpus e
a expedição do competente alvará de soltura, visto que demonstrada a coação ilegal da
liberdade da paciente.
Dos Pedidos
Diante do exposto, em face da verdadeira coação ilegal, de que é vítima a paciente,
vem requerer que, após solicitadas as informações à autoridade coatora, seja concedida a
ordem impetrada, conforme artigos 647 e 648 do Código de Processo Penal, decretando-se
a expedição do alvará de soltura.
Termos em que,
pede deferimento.
Cidade, ______/_______/_______
Advogado (a)
OAB-XXXX n.º XXXXX

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