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INSTITUTO DE HISTÓRIA (IHT)

ALUNA:LUDMYLLA CREPALDI P SODRÉ


DISCIPLINA:HISTORIOGRAFIA -
GISELLE MARTINS VENANCIO
EMAIL:..ludmyllas@id.uff.br

2023.1
Resenha crítica
Ranke. Sobre o caráter da ciência histórica. : Malerba, J. Lições de História. O Caminho da ciência no longo
século XIX. Rio de Janeiro: FGV/Porto Alegre: PUCRGS, 2010,

Nascido no século da institucionalização da história como disciplina, da validação


acadêmica da cientificidade histórica e do domínio autônomo do saber, Leopold Von Ranke,
foi um historiador alemão de extrema importância, considerado por muitos o pai da “história
científica” e como todos os outros historiadores do século XIX, era, de certa forma,
historicista, e apesar de não ser propriamente um propagador da corrente na íntegra, estava
diretamente ligado e sendo influenciado por ela. E, por mais que em alguns aspectos
discordasse da mesma, não tinha como se ausentar dos debates do período, uma vez que
a temática estava na "ordem do dia" por assim dizer. Dessa forma, é importante
compreender que Ranke, assim como qualquer outro homem, era fruto de seu próprio
tempo e escrevia a partir das ideias fomentadas no momento.
Nesse sentido, na obra analisada, Ranke aborda um tema bastante discutido na
historiografia do séc XIX, o caráter da história como ciência histórica, que é o próprio tema
da obra. Como foi dito anteriormente, o século XIX foi o período de “academização” da
história, um período onde a história se separa de todas as outras ciências e “ganha” a sua
tão esperada cadeira nas academias. Entretanto uma pergunta ainda cercava esse novo
título da história, o que distingue a história das demais ciências e por que ela não poderia
ser um anexo de outra ciência, como era da filosofia?
Leopold, assim como outros autores do XIX, estava extremamente empenhado em
achar essas respostas e em seu texto, logo no início, nos presenteia como uma afirmação
emblemática, “A história distingue-se de todas as outras ciências por ser também uma arte"1
. Essa frase por si só já diz um pouco sobre o que Ranke acreditava e em que a sua
opinião em função das outras ciências se baseava. O mesmo buscava diferenciar a história
e filosofia argumentando sobre quais eram as especificidades da história enquanto ciência.
Posto isso, ele busca num primeiro momento pontuar as diferenças mais palpáveis
entre essas ciências que num passado próximo pareciam não ter nada de diferente, para
ele, uma das diferenças mais explícitas é o objeto abordado e a forma como é abordado,
segundo ele, a história deveria narrar os acontecimentos e recriar os cenários a partir do
que Bloch chama de testemunho, que poderiam ser voluntários ou involuntários, e que na
atualidade podem ser chamados de documento. Logo em seguida, começa a se aprofundar
nas ditas especificidades, para ele, só poderia fazer História aquele que seguisse as
características a risca, dentre elas pode-se apontar as seguintes: o uso de fontes primárias,
a crítica histórica documental e a escrita objetiva, apartidária e comprometida com a
verdade.

1
Ranke. Sobre o caráter da ciência histórica. : Malerba, J. Lições de História. O Caminho da ciência no longo
século XIX. Rio de Janeiro: FGV/Porto Alegre: PUCRGS, 2010 pp 141
Ranke considerava que a história deveria seguir a realidade, sem margem para a
imaginação, se atendo aos documentos, porém não a qualquer documento, para ele, o
historiador deveria fazer uma análise minuciosa do documento para avaliar se aquele
documento era verídico ou forjado por negacionistas a fim de corromper a “boa moral” da
história. Outro ponto que ele considerava bastante importante é o interesse universal, para
Ranke, era impossível um acontecimento sem contextualizar e conhecer os outros e nesse
sentido, era de igual importância a investigação do nexo causal, o mesmo considerava que
o ato de investigar a relação de causa e efeito intrínsecas nos eventos é essencial pois
nenhuma sociedade ou acontecimento histórico está isolado, e portanto deveriam ser
analisadas seguindo a concepção de totalidade
Diante do exposto, é possível perceber que Leopold consegue estabelecer uma
clara diferença entre a história e a filosofia e ainda estipular um conjunto de ações
necessárias, do ponto de vista do autor para que se faça história enquanto ciência, uma
delas é a imparcialidade ao narrar ou recriar os fatos e a submissão do historiador ao
documento, que pode tanto ser seu “melhor amigo” ou seu “pior inimigo”, como é o caso de
sociedades cujos hábitos culturais e políticos são transmitidos através da oralidade. Em
suma, ele aponta todos esses aspectos específicos da história como o que a torna única, o
que constrói sua essencialidade e o que a torna independente de qualquer outra ciência.

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