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As causas do poder e a formação

social do poder
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE TIMON
CURSO: BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

DOCENTE: TAYNÁ EGAS COSTA


●Darcy Pereira de Azambuja (Encruzilhada do Sul,
26 de agosto de 1901 — Porto Alegre, 14 de março
de 1970) foi um escritor, professor universitário e
jurista brasileiro;
●Formado pela Faculdade Livre de Direito de Porto
Alegre em 1927, foi no mesmo ano nomeado como
promotor. Foi procurador-geral do Estado, secretário
do Interior e Exterior e participou da Assembléia
Constituinte do Estado como líder do governo em
1935;
●Professor da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul nos cursos de direito, ciências sociais e
jornalismo e, na Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, lecionou na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras, na Faculdade de
Filosofia, e foi fundador da Faculdade de Direito;
●Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico do
Rio Grande do Sul e da Academia Rio-Grandense de
Letras. Se destacou cedo na literatura por descrever
o ambiente gaúcho, tendo influência de João Simões
Lopes Neto em seus textos. Foi redator do jornal A
Federação;
O que é poder político?
O que é poder
político?
“O poder político é a possibilidade que tem o Estado de
abrigar os indivíduos a fazer ou não fazer alguma coisa, e seu
objetivo deve ser o bem público. Quando o poder, no seu
exercício, não visa o bem público, não é mais o poder do
Estado, não é mais um direito, não obriga jurídica e
moralmente; é apenas a força, a violência de homens que estão
no poder.” (AZAMBUJA, 1967, P.46)
“É o desejo do bem comum e a
convicção de obtê-lo que mantêm
os homens unidos e obedientes ao
poder político.”(AZAMBUJA, 1967, P. 21)
A quem cabe decidir se o
poder está ou não visando
o bem público?
“O poder político
é essencialmente
UMA
VONTADE.”
(AZAMBUJA,p.46)
É A VONTADE DA MAIORIA PARA
DEMOCRACIA REALIZAR O BEM PÚBLICO.

VONTADES DOS BEM-PÚBLICO


VONTADE DA
GOVERNANTES (entendimento próprio
CONSTITUIÇÃO
(escolhidos pelo povo) dos governantes)

DEMOCRACIA CLÁSSICA

DEPENDE DO
PROJETO POLÍTICO (ou
de sociedade)
É A VONTADE DA MAIORIA PARA
DEMOCRACIA REALIZAR O BEM PÚBLICO.

VONTADES DOS BEM-PÚBLICO


REALIZAM O
GOVERNANTES (entendimento próprio
QUE O POVO
(eleitos pelo povo) do POVO)
QUER

DEMOCRACIA
CONTEMPORÂNEA

NÃO DEPENDE DO
PROJETO POLÍTICO (ou
de sociedade)
“Nas monocracias, ou ditaduras é a
vontade dos governantes, sem a
obediência a qualquer Constituição
elaborada pelo povo através de seus
representantes.” (AZAMBUJA, P. 47)
Qual o objetivo imediato
do Poder?
DEPENDE EM GRANDE PARTE DAS VONTADES DOS
GOVERNANTES.
PODER UNIFICA A
DIRIGENTE VONTADE SOCIAL

“A razão(objetivo do poder) é a necessidade de uma ‘cabeça


para assegurar a unidade de ação, para formular a
ORDEM, antes de impor” (LECLERQ, J. LÊtat ou la
politique, pág. 125).
Qual a causa do poder?
Existem duas causas: a causa social e a causa psicológica.
Qual a formação social do
poder?
Existem três hipóteses progressivas que dialogam
com o trinômio inquestionável: Homem, Sociedade
e Poder.
“Para alguns, a origem do poder é
a força; para outros são as
circunstâncias comuns a todas as
sociedades humanas e, inúmeras
teorias sugerem como causas
eficientes: a necessidade natural,
o hábito, o medo, a vontade de
Deus, a vontade do homem
excepcional.”( AZAMBUJA, P. 49).
“O que os homens pensam do
poder é um dos fundamentos
essenciais do poder - isto quer
dizer que o poder, em grande
parte, é o que dele os homens
desejam ou aceitam.”
(AZAMBUJA, P. 49)
Causa social: as três hipóteses progressivas
1 Poder Difuso;

2 Poder Pessoal;

3 Poder Institucionalizado.
Poder difuso
● Se entende que nas sociedades há sempre uma pressão externa ao indivíduo.
● Manifesta-se sob vários aspectos, desde a força material à persuasão
psicológica. Não há nenhum órgão especializado para exercê-la. É a tradição, os
costumes, os ritos. Não é exercido por ninguém, mas se impunham a todos. (
Consciência coletiva).
Poder Pessoal
● Exercício por um órgão específico, quer seja uma pessoa ou um grupo;
● A vida coletiva naturalmente exigia uma autoridade;
● Guerreiro, Líder de horda, líder de caça, líder de guerra;
● Autoridade benéfica para a paz, para os conflitos e dificuldades internas;
● A autoridade aceita na guerra naturalmente se prolonga para a paz, por
imposição ou não ao grupo.
“Quando as pessoas se emancipam do
anonimato tribal, quando o trabalho se
especializa, quando surge a propriedade
privada, quando enfim o grupo se torna
heterogêneo, um órgão de governo se
impõem como necessidade vital, sob a
pena de desagregar ou ser anexado por
um grupo mais forte.” (AZAMBUJA, P. 52)
Orienta
HOMEM QUE Coordena
GOVERNA Prevê
Provê

KAN As
SHEIK
necessidades
CACIQUE
PRÍNCIPE coletivas
REI
“O poder personalizado quase
sempre é tido como propriedade
do governante; ele o conquista
deste ou daquela maneira e o
exerce tão discricionariamente
até onde sua vontade e se puder
impor aos governados, sem
provocar reação irresistível."
(AZAMBUJA, P. 52)
Poder Institucionalizado
Existe quando há uma estrutura organizada para cumprir a função social do poder e
quando essa estrutura obedece às normas pré estabelecidas independentemente da
vontade própria dos que exercem o poder.

Burocracia é um procedimento administrativo que consiste na organização de um


grande número de pessoas que precisam atuar em conjunto. É um modelo que se
distingue pela clara hierarquia de autoridade, a rígida divisão do trabalho, bem como
regras, regulamentos e procedimentos inflexíveis.
“[...] na fase institucional, o poder
volta à massa dos indivíduos e são as
normas por eles editadas ou
aprovadas que regulam a ação dos
indivíduos entre si. O conjunto
dessas normas, costumeiras ou
escritas, é o DIREITO, e a
organização daí decorrente é o
ESTADO MODERNO.”
(AZAMBUJA, p. 53)
“Surge quando os homens, pelo
desenvolvimento da cultura
repugna obedecer ao arbítrio
de alguns, quando se afirma a
consciência da necessidade de
uma ordem estável, de uma
organização permanente ao
serviço do bem público.”
(AZAMBUJA, P. 53)
Causas
psicológicas
“Assim como é da natureza do homem viver em sociedade, e esta exige o poder, é da
natureza do homem desejar e obedecer ao poder. Mas se todos quisessem o poder e
não obedecer, ou se todos se resignaram a obedecer e ninguém se dispusesse a
mandar, a sociedade se dissolveria.” (AZAMBUJA, P. 55)
Quais as condições do
poder?
FORÇA
● “A confusão decorre de que a força não é causa e sim uma de suas condições
indispensáveis. A possibilidade de empregar a coação material para ser
obedecido, é uma condição necessária a todo poder político estável. Mas, em
todas as formas de governo, das mais remotas até as atuais, se a força é um
elemento essencial, não é no entanto suficiente.” (AZAMBUJA, P. 56);
● “o PODER, para ser obedecido e permanecer, precisa absolutamente do
CONSENTIMENTO da maioria dos membros do grupo social.” (AZAMBUJA,
P. 56).
O que é autoridade?
Autoridade: Tipo específico de relação social. Trata-se do poder legítimo, isto é, revestido de
consentimento, que segundo Weber ( apud DREIFUSS, 1993), se faz obedecer voluntariamente.
Nessa subcategoria, o foco do estudo da política estaria situado na disciplina, entendida como
característica condicionadora e formadora de hábito “de obediência de massa acrítica e não
resistente” possuindo traços de comportamento regrado, treinado e internalizado (DREIFUSS,
1993).
Portanto, rejeita a ênfase na violência inerente às abordagens centradas no poder, quanto às
formas vagas múltiplas de influência, optando por um tipo específico de relação social que
combina ambos: o estudo da política seria o estudo das relações de autoridade entre indivíduos e
os grupos e da hierarquia de forças que se estabelecem entre eles, e principalmente a capacidade
de criar e manter a crença de que as repartições de poder e influências são as mais apropriadas.
O que é influência?
Influência: A política envolveria uma pluralidade de tipos de dominância. É entendida como a
capacidade de persuadir e liderar sem recorrer à violência, através dos processos de
argumentação, barganha, propaganda e similares.
É característico da matriz pluralista, que entende a política como a “arte de influenciar,
manipular ou controlar grupos com a intenção de avançar os propósitos de alguns contra a
oposição de outros” (QUINCY WRIGHT apud schmitter,1984).
Segundo Robert Dahl (1997) seria esta disputa a gênese da poliarquia, ou seja, uma
sociedade onde os obstáculos para a existência de oposição políticas não são substanciais, com
ampla autonomia dos subsistemas e pluralismo organizacional, apresentando um padrão de
desigualdades dispersas que inviabilizam o exercício do poder político antes concebido.
A força nos Estados
Modernos é ‘virtual’
A maioria faz por hábito, comodidade, resignação. Mas o
consentimento tem que existir, expresso ou tácito.
COERÇÃO MATERIAL COERÇÃO PSICOLÓGICA

Multiforme e
força permanente

IMPRENSA PROPAGANDA
PRESTÍGIO
● “Em rigor, o prestígio decorre da inteligência e cultura dos indivíduos, mas em
política, ele advém quase sempre do êxito [...] Por isso se diz que, aos olhos do
povo, o que comprova a capacidade dos governantes é a eficiência.”
(AZAMBUJA, P. 58)
● “[...] O termo é complexo, e compreende o respeito, a simpatia, a confiança, a
gratidão, que em muitos casos vão até à idolatria. Comumente o prestígio
decorre da função eminente do ocupante do poder: às vezes são as qualidades
excepcionais do homem que dão prestígio à função.” ( AZAMBUJA, p. 57).
A linguagem do poder
As linguagens do poder
“Os atos de coação devem ser excepcionais no exercício do Poder Político. Ele
repousa, principalmente, na obediência voluntária e habitual, no consentimento. Por
isso, o meio normal de exercício do Poder é a linguagem que compreende todos os
meios de comunicação do pensamento, desde a ordem, pura e simplesmente
enunciada na lei ou no decreto, até os regulamentos e decisões administrativas.”
(AZAMBUJA, p. 57).

“A normas de atividade social editadas pelo Poder, para ser compreendidas e


obedecidas, manifestam-se portanto em palavras…”(AZAMBUJA, p. 57)
Estudo da
Hermenêutica
O objeto da hermenêutica é a
interpretação. No sentido
clássico, interpretar é
atribuir o sentido e o alcance
de um enunciado normativo.
Assim, interpretar um texto
legal ou constitucional,
equivale a revelar, no
contexto da resolução de um
problema, o sentido da norma
jurídica.
“A ação política depende do uso
eficiente da linguagem, da
comunicação prática.”
(R. McKean - Le Pouvoir et le langage du Povouir, pág. 2)
A boa comunicação do
poder
“A inteligência, o bom senso, a
experiência, qualidades necessárias aos
governantes, exprimem-se na
linguagem. A inépcia, a paixão, a
imprevidência traduzem-se na
linguagem violenta, obscura e
imprópria, das más legislações. São leis
iníquas, não só por defeito de conteúdo,
mas de forma também.” (AZAMBUJA,
P.G.59)

Os discursos de presidentes na Assembleia Geral das Nações


Unidas são uma grande oportunidade para um país vender ao
mundo suas prioridades internas e externas, as credenciais para
assumir posições de protagonismo internacional e se defender
de ataques, se estiver no centro de alguma polêmica.
“The Waldo moment”
- Black Mirror
“Cabe aqui frisar uma distinção
entre a linguagem do poder e a
propaganda política, de que os
detentores do poder usam
largamente nos Estados
modernos. Aquela é imperativa,
não tem por fim convencer, mas
obrigar. A propaganda procura
disseminar ideias, criar atitudes,
convicções e opiniões…”
(AZAMBUJA, pág. 61).
Referências
AZAMBUJA, D. Introdução à Ciência Política. São Paulo: Ed. Globo, 17ª edição, 2005.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. São Paulo: Malheiros Editora, 10ª edição, 1994.
Hobbes, Thomas. Leviatã: matéria forma e poder de um estado eclesiástico e civil (1651). São Paulo: Ed. 34,
2006.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o Governo: ensaio relativo à verdadeiro origem, extensão e objetivo do
Governo Civil. 5 ª ed., São Paulo: Nova cultura, 1991. (Coleção os pensadores, 9).
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. 3ª ed., São Paulo: Martins Fontes,1996. (Coleção Clássicos).

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