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CAPÍTULO 4
PERCEPÇÃO DOS PRINCIPIOS DA ESTATÍSTICA E DAS
FERRAMENTAS DE QUALIDADE COMO CONTRIBUINTE
PARA MELHORIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO
Ana Celia Vidolin

Resumo: A assimilação dos princípios da estatística aplicados no sistema de


produção coligado as ferramentas da qualidade, propicia unir duas ferramentas de
destaque com aplicação no sistema de produção, favorecendo assim estudos de
dados e a busca da eliminação ou redução de fontes de desperdícios ao longo do
processo produtivo, contribuindo para um sistema enxuto de produção. As
concepções de qualidade e gestão da qualidade total cooperam na harmonização
de conceitos e a aplicação prática no sistema produtivo. O conjunto de ferramentas
da qualidade representa oportunidades de descobertas para o atingimento dos
objetivos organizacionais, com supressão ou limitação de desperdícios. Com
estudos torna-se mais visível as situações que demandam atuações efetivas na
melhoria da qualidade do produto ou serviço para pleno atendimento ao cliente.

Palavras-Chave: Estatística. Ferramentas da qualidade. Sistemas de produção.

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1.INTRODUÇÃO qualidade é definida como uma relação de


consumo”. Dessa forma entende-se que a
Mesmo antes da Revolução Industrial, o
qualidade nada mais é do que a junção da
processo de manufatura era responsabilidade
eficiência e da eficácia para o alcance da
exclusiva dos artesãos, incluindo desde a
satisfação do cliente e dos stakeholders, com
escolha da matéria prima, comercialização e
um plano estratégico.
controle da qualidade. Após a Revolução
Industrial, o atributo qualidade passou a ser Carpinetti (2010, p.24), afirma que a gestão
também responsabilidade dos artesões. Com pela qualidade total (GQT), está “alicerçada
o passar dos séculos e avanços tecnológicos em práticas da qualidade e principalmente em
a ação da qualidade nas atividades das princípios”; [...] “a gestão da qualidade pode
empresas abrange também as ser entendida como uma filosofia ou uma
responsabilidades que se envolvem os abordagem de gestão que se constitui de um
conceitos do meio ambiente, qualidade de conjunto de princípios que se reforçam
vida e ética. O termo qualidade tem mutuamente e que são sustentados por um
pluralidade de significados traz uma grande conjunto de práticas e técnicas”. E Drummond
gama de significados e às vezes uma (1998, p.14), contribui que o gerenciamento da
condição de não objetivismo no seu qualidade total, como “filosofia empresarial
entendimento. alicerçada na satisfação do cliente”.
Ballestero-Alvarez (2001), afirma que há várias
A qualidade pode envolver o aspecto de
definições para Controle Total da Qualidade
projeto e de conformação; isso porque seja
(CTQ) ou Total Quality Control (TQC); e ao
serviço e produto tem sua produção com
assumir a premissa que uma empresa tem
diferentes níveis de qualidade, para atender
como objetivo principal sobreviver, o CTQ
distintos públicos. A conformação evidencia se
busca responder as demandas das pessoas e
o produto atende as especificações do projeto;
os aspectos abordados dentro desse conceito.
entretanto há variações entre dois produtos
De outro ponto de observação, Caravantes
iguais; e são as variáveis responsáveis pelas
(2005, p.248) afirma que para o aspecto de
características da qualidade que comprovam
controle da qualidade, deve-se realizar o
que o produto está propício por meio da
processo da maneira que foi planejado, e
comparação de especificações para o produto
buscar a obtenção do desempenho esperado
previamente definido no projeto. Ao longo do
na operação seguindo as etapas: “avaliar o
processo produtivo, amostras são analisadas e
desempenho da qualidade real, comparar o
os dados obtidos são analisados com as
desempenho real com as metas de qualidade,
ferramentas estatísticas para o controle da
atuar nas diferenças.
qualidade. Neste contexto, o objetivo deste
trabalho é verificar a percepção dos princípios
da estatística e das ferramentas da qualidade
2.2 AS SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE
como contribuintes na melhoria do sistema
produtivo. A partir de 1950 baseando-se em conceitos de
qualidade já existentes, as ferramentas mais
usadas pela qualidade foram sendo
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA adaptadas, as quais são utilizadas até hoje
(MARSHALL, et al 2003). A utilização de
2.1 CONCEITO DE QUALIDADE E GESTÃO
ferramentas de qualidade como instrumentos
DA QUALIDADE TOTAL
para melhoria contínua dos processos tem se
O conceito de qualidade pode ser não preciso, tornado um aliado da maioria das empresas
certos consumidores consideram o que buscam crescimento sustentável e
desempenho técnico e a durabilidade do qualidade do produto final e do serviço
produto como sinais de qualidade; outros que prestado. (Silva 1996). Para Carpinetti (2010,
o produto é de qualidade quando atende as p.77) “o processo de melhoria contínua de
expectativas durante a sua utilização. Há os produtos, que envolve [...] as seguintes
que associem à qualidade a conformidade do etapas: identificação dos problemas
produto e outros avaliam que um bom prioritários, observação e coleta de dados,
desempenho com um custo acessível são análise e busca de causas-raízes e verificação
sinônimos de qualidade (CARPINETTI, 2010). dos resultados”. Segundo Rodrigues (2014),
Em complemento Paladini (2000, p.26) ressalta foi em meados de 1950 que Kaoru Ishikawa
que “no seu sentido primeiro, qualidade é uma percebeu a necessidade de agrupar
relação da organização com o mercado [...] a ferramentas e técnicas da qualidade a fim de
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facilitar e otimizar os processos com o intuito normatizados na DIN 66001. Utilizando o


que qualquer operador pudesse utiliza-las fluxograma os percursos são apresentados de
para melhoria do processo: lista de verificação; forma clara e concisa, e falhas nos fluxos
fluxograma; histograma; gráfico de controle, podem ser identificados; além é claro de
diagrama de Pareto; diagrama de Ishikawa e possibilitar ao colaborador uma visão
gráficos de dispersão. completa de todo o processo em questão.
A primeira ferramenta é a folha de verificação Já terceira ferramenta é constituída por um
utilizada a fim de controlar com qual gráfico de barras com eixo horizontal,
periodicidade certos eventos ocorrem em um subdividido em pequenos intervalos, com os
determinado espaço de tempo (MARSHALL et valores assumidos por uma variável de
al, 2003). Carpinetti (2010) contribui interesse. Para cada intervalo, é construída
informando que a folha de verificação é uma barra vertical com área deve ser
empregada para planejar a coleta de dados; e proporcional ao número de observações na
com o uso da folha a coleta ocorre de forma amostra. A essa ferramenta chama-se
mais simples, podendo ser preparado o histograma. (Carpinetti, 2010). O histograma é
modelo de folha de verificação conforme a uma ferramenta que vem auxiliar as análises
necessidade. Lobo (2010, p.41) afirma que a identificadas na folha de verificação, no qual
coleta de dados da folha de veirifcação “deve identifica a frequência de certa falha ou certo
ter as seguintes caracterísitcas: comportamento. (LÉLIS, 2012).Para Marshall
facilidade,concisão e praticidade”. Lélis (2012) et al (2003, p.96), “histograma é um a gráfico
a folha de verificação como: de barras que mostra a distribuição de dados
por categorias”; apresentando uma
a) vantagens: deve ter o uso facilitado por
apresentação da variável em um momento
diversas pessoas, deve reduzir a margem de
determinado. Ele também representa a
erros, dados importantes devem ser coletados
distribuição de frequências, reunidas em
e os registros são uniformizados;
classes que indica a tendência central e a
b) erro: pode ser cometido da análise da variabilidade. Vieira (1999), afirma que quanto
própria variação do processo ou falha da maior a amostra,tanto maior quantidade de
análise do processo da coleta dos dados; dados; tornando a análise complexa, mas com
o uso do histograma a análise é
c) execução: definição da atividade a ser
substancialmente facilitada.Também destaca
estudada, estabelecer período de coleta,
que o histograma indica o volume de variação
elaborar formulário de uso fácil e garantir
que o processo tem em seu bojo. Algumas
tempo suficiente para a coleta de dados.
características como forma –
Vieira (1999), afirma que a coleta de dados preferencialmente ser simétrica; dispersão –
deve ser planejada, assim a folha de deve ser pequena e centralização deve estar
verificação faz com a coleta de dados seja na média; são aspectos que devem ser
rápida e automática.Pode-se usa-la para observados em um histograma.
identificar a proporção de itens não conformes,
O gráfico de controle é o gráfico que indica
atributos; caracterizar a localização de
entre os limites superior e inferior quais
defeitos no produto acabado;identificar
resultados certa atividade está produzindo, e é
origens dos defeitos, estudar a distribuição de
a quarta ferramenta da qualidade. Assim se
uma variável e monitorar o processo de
estiver entre os limites de tolerância, a
fabricação.
operação está sob controle; se estiver acima
A segunda ferramenta é o fluxograma que é a do limite máximo, estará fora de controle.
representação gráfica do passo a passo do (LELIS, 2012). Nesse contexto para Vieira
processo, facilitando assim sua visualização e (1999), padrões típicos de comportamento
verificando a possibilidade de melhorias, segundo um padrão são:
sequência lógica de ações. (MARSHALL, et al
2003). Campos (2004b), afirma que no a) periodicidade – tem incrementos e
gerenciamento emprega-se o fluxograma com decréscimos regulares,
duas finalidades; “garantir a qualidade e b) tendência – os pontos visivelmente se
aumentar a produtividade; todos os gerentes distribuem com tendência de
[...] devem estabelecer os fluxogramas crescimento ou decréscimo;
(padrões) dos processos sob sua autoridade”
(2004, p.51).Fischer et al (2009), informa que c) deslocamento –indica variação no
os símbolos empregados no fluxograma são desempenho do processo.
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Segundo Carpinetti (2010) o gráfico de permitir a concentração dos esforços para


controle serve para garantir que os melhoria nas áreas onde os maiores ganhos
procedimentos ocorram da melhor maneira se podem ser obtidos”. Para Vieira (1999), a
isso não ocorrer é indicativo da existência de experiência tem mostrado que um grande
problemas, gerando falta de economia e volume de perdas, está relacionado com
produtos sem qualidade. Para Werkema (1995, poucas causas. Assim para estabelecer um
p.182, 183), “os gráficos (cartas) de controle ordenamento das causas a serem tratadas,
são ferramentas para o monitoramento da emprega-se o diagrama de Pareto. Assim o
variabilidade e para a avaliação da diagrama define uma ordenação de
estabilidade de um processo”; [...], ele nos prioridades, ou seja, quais problemas devem
informa se o processo está ou não sob controle ser tratados imediatamente. Desta forma é
estatístico”. Marshall et al (2003, p.89), importante verificar e testar várias
contribui informando que carta de controle “é classificações antes de definir o modelo de
um tipo específico de gráfico de controle que diagrama definitivo; estudar o problema em
serve para acompanhar a variabilidade de um várias escalas e por último divida um grande
processo, identificando suas causas comuns problema ou causa em problema ou causa
(intrínsecas ao processo) e especiais menores.
(aleatórias)”. O autor também sugere que
A penúltima ferramenta é o diagrama de
devasse calcular limite superior de controle
Ishikawa, de causa e efeito ou ainda espinha
(LSC), limite inferior de controle (LIC) e média
de peixe é utilizado para relacionar os
para o processo; além dos limites inferior de
problemas existentes versus medidas
especificação (LSI) e limite superior de
corretivas para a solução deste problema bem
especificação (LSE). Werkema (1995),
como descobrir a sua causa. O diagrama
também contribui em relação da necessidade
devido seu formato é parecido com uma
do gráfico de controle dispor de uma linha com
espinha de peixe, acaba facilitando a
a média, linhas de limites de controle superior
ilustração das diversas causas de problemas,
e inferior. Como complemento no
facilitando assim suas soluções (CARPINETTI,
planejamento dos gráficos de controle deve-se
2010). Para Werkema (1995, p.95), o diagrama
estabelecer o tamanho e a frequência da
de causa e efeito “é uma ferramenta utilizada
amostragem, e pode-se minimamente escolher
para apresentar a relação existente entre um
a estratégia de amostras e tempos de
resultado de um processo (efeito) e os fatores
amostragem pequenos ou grandes amostras
(causas) do processo que, por razões
com baixa frequência.(VIEIRA, 1999).
técnicas, possam afetar o resultado
A quinta ferramenta da qualidade é o diagrama considerado”. A contribuição de Marshall et al
de Pareto. Segundo Fischer et al (2009, p.84), (2003), afirma que o diagrama de espinha de
o “princípio de Pareto diz que, entre muitas peixe, ou de Ishikawa ou ainda causa e efeito
variáveis de influência, apenas poucas tem possibilita a representação de prováveis
influência dominante, [...] isso significa que causas que conduzem a determinado efeito.
apenas poucos defeitos causam a maioria das As causas dos problemas são separadas em
peças defeituosas”. Por outro lado Carpinetti grupos para assim poder detalhar melhor e
(2010, p.81) afirma que “o princípio de Pareto mais especificamente as causas desses
foi adaptado aos problemas da qualidade por problemas; desta forma a ação é direcionada
Juran, a partir da teoria desenvolvida pelo de forma detalhada no aspecto possível de
sociólogo e economista italiano Vilfredo causa. Para Vieira (1999) a continuidade ao
Pareto”, que define que a maior incidência de tratamento dos dados, algumas regras básicas
perdas são fruto de problemas relacionados devem ser analisadas, como:
com qualidade (2010).Segundo Marshall et al
(2003, p. 96) o gráfico de Pareto: “é um gráfico a) se há problema houve variação no
de barras, construído a partir de um processo processo - e por que ocorreu a
de coleta de dados (em geral, uma folha de variação;
verificação), e pode ser utilizado quando se b) definir o problema a ser investigado de
deseja priorizar problemas ou causas relativas forma precisa;
a um determinado assunto”. Já para Werkema
(1995, p.71, p.72), o gráfico de Pareto, “dispõe c) identificar as causas do problema em
a informação de moda a tornar evidente e reuniões do tipo brainstorming;
visual a priorização de problemas e
d) sintetizar as sugestões e focalizar nas
projetos;[...], dispõe a informação de forma a
causas passíveis de serem resolvidas.
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Também a autora sugere a harmonizar o uso 2.3 SISTEMA DE PRODUÇÃO LEAN


de duas ou mais ferramentas da qualidade, MANUFACTURING
como os diagramas de causa e efeito e de
A disciplina, a cultura japonesa e o guerrear
Pareto. E para Lélis (2012, p.66), o diagrama
com o desperdício em vários níveis,
de Ishikawa é empregado quando há
proporcionou um rearranjo do sistema
necessidade de investigar-se a causa de um
produtivo, que veio a servir de alicerce
problema; então assume-se que os problemas
posteriormente para o sistema de produção
tem origem em algum dos “6 Ms da cadeia
enxuta. Rodrigues (2014). Ainda o mesmo
produtiva: medição, materiais, mão de obra,
autor cita que “ o grande diferencial do modelo
máquinas, métodos e meio ambiente”
estava relacionado aos conceito e à visão de
A última ferramenta da qualidade é o diagrama desperdício em todas as etapas do processo,
de correlação ou diagrama de dispersão, o da liderança e no comprometimento de seus
qual indica a concentração dos pontos colaboradores” (Rodrigues,2014 p.5). A
lançados dos dados informados a respeito do terminologia lean foi definida por Womack et al
tema pesquisado, podendo indicar uma (2004), que analisou a indústria automobilística
correlação positiva ou negativa entre os fatos no mundo com base no Sistema Toyota de
analisados, além de indicar se a concentração Produção, que resultava em eliminação dos
dos pontos no gráfico é forte ou fraca. (LÉLIS desperdícios, ganhos em produtividade e
2012). qualidade. O conceito de mentalidade enxuta
define fluxo como a constância no fluxo de
O estudo da correlação entre duas variáveis
produção; puxar está relacionado a execução
pode ser feito com o uso do diagrama de
de atividades face a demanda do cliente seja
dispersão; e usualmente estuda-se a relação
por serviço, seja por produto. E por último, mas
entre “um característico de qualidade e um
não menos importante a perfeição, pois ao se
fator que possa ter efeito sobre esse
praticar os quatro conceitos anteriores há
característico; dois característicos de
orientação de atender ou criar o serviço ou
qualidade e dois fatores que possam ter efeito
produto para atender exatamente a demanda
sobre o mesmo característico de qualidade”.
do cliente (WOMACK et al, 2004).Quando uma
(Vieira, 1999, p.51). Werkema (1995, p.161)
atividade humana que absorve recurso, mas
contribui com a definição do diagrama de
não produz valor é classificada como
dispersão que “é um gráfico utilizado para a
desperdício; assim situações como retrabalho,
visualização do tipo de relacionamento
produção de itens não solicitados, excesso de
existente entre duas variáveis” Conforme
itens em inventário, etapas desnecessárias no
Marshall et al (2003, p.92), “o diagrama de
processo, movimentação de funcionários,
dispersão ajuda a visualizar a alteração sofrida
transporte de mercadorias de uma lado para
por uma variável quando outra se modifica”.
outro sem demanda, funcionários trabalhando
Segundo Carpinetti (2010), o diagrama de
com baixa produtividade, aguardando os itens
dispersão é empregado para possibilitar a
dos estágios produtivos prévios porque as
visão a respeito da relação entre duas
atividades anteriores não foram coordenadas a
variáveis, analisando a causa efeito. Essa
tempo hábil e produtos e serviços que não
condição facilita a compreensão das relações
atendem as demandas do cliente (WOMACK et
entre as variáveis do processo, identificação
al 2003).
de problemas e acepção do planejamento de
ações. O autor ainda ressalta que para se
estabelecer a existência da relação ou não
3.METODOLOGIA
entre variáveis, as oscilações entre o intervalo
entre as variáveis pode ser fator relevante. A Para a materialização do objetivo trabalho é
existência de outliers, que indicam análises verificar a percepção dos princípios da
extremadas podem ser oriundos de erros na estatística e das ferramentas da qualidade
coleta dos dados, problema técnico em algum como contribuintes na melhoria do sistema
equipamento, ou ainda ser a exposição de produtivo foi realizada uma pesquisa aplicada,
dados ou de situações factíveis de serem exploratória e qualitativa.
reais. (CARPINETTI, 2010)
Para Oliveira (2010, p. 60) a abordagem
qualitativa, “facilita a apresentação de
resenhas, descrição detalhada dos fatos e
fenômenos observados”, e ocorre quando as
informações de um assunto não podem ser

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quantificadas, requerendo então a 4.RESULTADOS E DISCUSSÕES


interpretação (TRIVIÑOS, 1987). Em termos de
Após o entendimento dos conceitos da
procedimentos a pesquisa bibliográfica
qualidade gestão da qualidade total, com a
preparada baseada no levantamento de
busca dos objetivos organizacionais,
referências teóricas já analisadas e publicadas
atendimento as demandas do cliente, aliado a
em meio físico e ou eletrônico.
aplicação das ferramentas da qualidade vem a
A análise de dados que embasou essa corroborar com as práticas sugeridas pela
pesquisa diz respeito à pesquisa bibliográfica, produção enxuta. A eliminação dos
qualitativa com base em informações que não desperdícios, a identificação das fontes não
podem ser quantificados; e aplica-se assim a conformes, estudos a respeito dos desvios,
interpretação. O artigo teve como fonte estudos de causas prováveis de um desvio,
bibliografia publicada em bases de dados padronização da coleta de dados, frequência
técnicos científicos, com indexações de de ocorrência de certa condição, mapeamento
periódicos de artigos, teses, livros, patentes, das etapas, entre outros vem a desempenhar
trabalhos de congressos. A obtenção do papel de contribuintes na melhora do sistema
material bibliográfico deu-se pela definição de de produção. Essa condição é fruto da
palavras chaves representaram os temas eliminação de fontes e estudos dos desvios,
abordados. Com pesquisa exploratória contribuindo assim com a organização na
efetuada com sondagem nos trabalhos com eliminação dos desperdícios e atingimento de
maior número de citações no Google metas.
Acadêmico, as palavras chave escolhidas
foram: ferramentas da qualidade, sistema da
qualidade, sistema de produção. O alto grau 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de acessibilidade e abrangência aos
periódicos científicos confere ao Google A percepção dos princípios da estatística e
Acadêmico uma ferramenta de destaque. A das ferramentas de qualidade como
etapa seguinte da pesquisa, consultou-se o contribuinte para melhorias no sistema de
“Portal de Periódicos CAPES” para acesso da produção, é existente pois com a erradicação
base Web of Science do ISI (Institute for dos erros, desvios, dados fora dos padrões
Scientific Information). A base Web of Science estabelecidos, definição dos fluxos das
foi adotada em função de apresentar um atividades, vem a contribuir para uma
volume elevado de periódicos de maior produção mais enxuta, com menor consumo
relevância sobre os temas abordados, usando de insumos, melhor utilização da capacidade
resultados da pesquisa palavras chave instalada, eliminação do retrabalho, melhor
adequados ao tema, um procedimento utilização da capacidade produtiva instalada e
estruturado e uma análise sistematizada. da mão de obra. Assim com esforços
Assim a análise dos dados contou com dois direcionados ao planejamento estratégico da
momentos específicos: o primeiro a análise empresa, eliminação dos desperdícios,
dos documentos técnicos, e o segundo da aplicação de meios estatísticos, a organização
elaboração da interpretação dos mesmos e tem condições de atingir seus objetivos de
dos elementos em análise. Ao longo das forma mais coesa, gerando crescimento,
reflexões dos temas, foi possível desenhar riquezas e atendendo as expectativas do
raciocínios a respeito da conectividade entre cliente de forma mais holística.
os temas, reflexos, relações de causa e efeito
em termos da gestão de uma organização.

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REFERÊNCIAS
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da rotina do trabalho do dia-a-dia.8ª ed. Nova Lima-
qualidade teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000
MG; INDG Tecnologia e Serviços Ltda,2004b.
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[3] Caravantes, Geraldo R. Claudia C. Panno,
aprendendo e desenvolvendo sistemas de
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processos. 1 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
Elsevier, 2014.
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Qualidade: conceitos e técnicas. 1 ed. São Paulo:
Christiano Ottoni,1994.
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à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
qualidade: de que o gerenciamento de qualidade
qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
total realmente se trata.Tradução João Carlos
Hoehne.São Paulo:Littera Mundi,1998. [15] Vieira, Sonia. Estatística para a qualidade:
como avaliar com precisão a qualidade em produtos
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e serviços. Rio de Janeiro: Campus,1999.
Hans; Schmid, Dietmar. Gestão de
qualidade:Segurança do trabalho e gestão [16] Werkema, Maria Cristina Catarino.
ambiental. Tradução da 2ª edição alemã ampliada Ferramentas estatísticas básicas para o
Ingeborg Sell.São Paulo:Editora Blucher,2009. gerenciamento de processos.Belo Horizonte, MG:
Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia
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da UFMG, 1995.
Qualidade.1ª ed. São Paulo: Pearson Prentice
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banish waste and create wealth in your corporation.
[8] Lobo,Renato Nogueiro. Gestão da
New York: Free press, 2003.
Qualidade. 1ªed. São Paulo: Érica.2010.
[18] Womack, J. P.; Jones, D. T.; ROSS, D. A
[9] Marshall Junior, Isnard; Cierco, Agliberto
Máquina que mudou o mundo. Rio de Janeiro:
Alves; Rocha ,Alexandre Varanda; Mota, Edmarson
Campus, 2004.

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