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Universidade Salgado de Oliveira

Curso - Nutrição

DOENÇAS PULMONARES
Aula 6
Profa. Rayane Marques
DOENÇAS PULMONARES

❖ Doença pulmonar obstrutiva crônica


❖ Fibrose cística
❖ Câncer de pulmão
❖ Obesidade e apneia do sono

LIVRO KRAUSE
Cap. 13 – Ed 13 - Pág. 249
Cap. 34 – Ed 14 – Pág. 2518
O sistema pulmonar
❖ As estruturas respiratórias incluem nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios,
bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos;
❖ As estruturas de sustentação incluem o esqueleto e os músculos (p. ex., intercostais,
abdominais e diafragma);
❖ O sistema pulmonar cresce e amadurece durante a gestação e a infância, com o
envelhecimento, existe uma perda de capilares pulmonares, e os pulmões perdem a
elasticidade;
❖ As trocas gasosas são a função primária do sistema respiratório, e a anatomia e fisiologia
são engrenadas para cumprir essa função;
❖ Os pulmões possibilitam ao corpo obter o oxigênio necessário para atender às suas
demandas metabólicas celulares e remover o dióxido de carbono (CO2) produzido;
❖ Nervos, sangue e linfa saudáveis são necessários para oferecer o oxigênio e os nutrientes
a todos os tecidos;
❖ Os pulmões também filtram, aquecem e umidificam o ar inspirado.
Tratamento Clínico

❖ As doenças do sistema pulmonar podem ser categorizadas como:


◦ Primárias → tuberculose (TB), a asma brônquica e o câncer de
pulmão
◦ Secundárias → quando se associam à doença cardiovascular,
obesidade, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana
(HIV), doença falciforme ou escoliose
❖ As condições também podem ser agudas ou crônicas:
◦ Agudas → pneumonia aspirativa, obstrução das vias aéreas por
alimentos, e anafilaxia alérgica pelo consumo de frutos do mar
◦ Crônicas → fibrose cística (FC) e doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC).
Tratamento Clínico

❖ Os sinais e sintomas de doença pulmonar incluem:


◦ Tosse, dispneia (falta de ar), fadiga, saciedade precoce, anorexia e
perda de massa corporal
❖ Os testes de função pulmonar são usados para diagnosticar ou monitorar a
condição da doença pulmonar → medir a capacidade do sistema
respiratório de fazer trocas entre oxigênio e CO2
◦ A oximetria de pulso → para medir a saturação de oxigênio do sangue
arterial, é colocado na extremidade do dedo → normal 95% a 99%
◦ A espirometria → envolve respirar em um espirômetro, o que dá
informações sobre o volume pulmonar e a taxa em que o ar pode ser
inspirado e expirado.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

FISIOPATOLOGIA:

❖ É caracterizada pela presença de obstrução das vias aéreas,


devido à bronquite crônica e/ou enfisema (doença
degenerativa);
❖ Pode ser acompanhada por hiper-reatividade das vias aéreas e
apenas parcialmente reversível com o uso de
broncodilatadores;
❖ Diagnosticada - 5º ou 6º década de vida;
DPOC engloba → bronquite crônica (condição
de longo prazo de DPOC em que os brônquios
inflamados levam à produção de muco, tosse e
dificuldade para respirar) e enfisema (destruição
do parênquima pulmonar com falta de retração
elástica). Essas condições podem coexistir em
graus variáveis e, em geral, não são reversíveis.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
❖ Fatores de risco:
❖ Pré-natais: diminuição do fator alfa1-antitripsina → proteína
produzida no fígado e liberada no sangue → inativa diversas
enzimas que fazem parte da resposta inflamatória normal do
corpo;
❖ É prevalente no sexo masculino.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ 4ª causa de morte nos EUA → 5º mais significante problema de


saúde global → 2025 pode chegar à 3ª causa de morte;

❖ Característica → associação com o estado nutricional →


desnutrição energética e proteica preexistentes ou
desenvolvidas no progresso da doença;

❖ Perda de peso, principalmente perda de massa muscular;

❖ Tem se observado uma incidência de desnutrição de 10 a 26%


em pacientes ambulatoriais e de 47% em pacientes
hospitalizados com DPOC.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Fatores que contribuem para as perdas:


❖ Hipermetabolismo → aumento do trabalho dos músculos
respiratórios;
❖ Gasto energético excede ao consumo - balanço energético
negativo;
❖ Inadequado consumo alimentar → tosse , secreção, fadiga,
anorexia (transtorno alimentar) e a saciedade precoce;
❖ Hipóxia (ausência de oxigênio suficiente nos tecidos para
manter as funções corporais) durante o período da refeição,
resulta no aumento da dispneia (respiração difícil ou
ofegante), limitando também o consumo alimentar.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Obesidade → limitar a capacidade do exercício;

❖ DPOC → o suprimento de oxigênio para os músculos


respiratórios e periféricos pode ser insuficiente, resultando em
hipoxemia, o que pode contribuir para anormalidades
patogênicas nos músculos periféricos;

❖ A perda de massa e força muscular é igualmente um processo


inevitável que ocorre durante o envelhecimento.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Atividade física em idosos contribui para uma perda menor de


massa e força muscular, quando comparada a indivíduos
sedentários a mesma idade;

❖ O processo de envelhecimento em geral produz alterações na


composição corporal, fazendo com que haja mudanças nos
depósitos de gordura subcutânea, maior centralização e
diminuição da massa magra.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Medicamentos → podem produzir efeitos colaterais, causando


náuseas, vômitos, diarreia, boca seca, irritação gástrica →
limitando o consumo alimentar;

❖ Corticoides → pode inibir a síntese das proteínas e promover o


catabolismo proteico promovendo perdas musculares;

❖ Altas doses → redução da força dos músculos respiratórios - o


uso inadequado de corticoides inalados pode provocar
crescimento de fungos na cavidade orofaríngea e dor local,
levando a diminuição da ingestão de alimentos.
TERAPIA NUTRICIONAL
❖ Existem dois objetivos principais no tratamento do hipermetabolismo visto
na DPOC estável:
❖ 1) prevenção da perda de massa corporal;
❖ 2) prevenção da perda de massa corporal magra (MCM)
❖ Esses objetivos podem ser obtidos assegurando-se o seguinte:
❖ Refeições pequenas e frequentes nutricionalmente densas
❖ O paciente deve ingerir a refeição principal quando o teor energético
estiver em seu ponto mais alto
❖ Energia, proteínas, vitaminas e minerais em quantidades adequadas
para manter uma massa corporal desejável — um IMC entre 20 e 24
kg/m2
❖ Disponibilidade de alimentos que exijam pouca preparação e sejam
facilmente aquecidos em um forno de micro-ondas
❖ Limitação do álcool a menos de dois drinques/dia (30 g de álcool)
❖ Período de repouso antes das refeições
TERAPIA NUTRICIONAL

❖ A anemia ferropriva é vista em 10% a 30% dos pacientes com


DPOC;
❖ Verifica-se que corrigir a anemia e a deficiência de ferro por
transfusões de sangue ou terapia intravenosa com ferro
melhora a dispneia nos pacientes com DPOC
❖ Os pacientes com DPOC também têm um risco mais alto de
desenvolver osteoporose decorrente do uso de esteroides, do
tabagismo e da depleção de vitamina D
❖ Manter concentrações adequadas de vitamina D (25-OHD) é
uma estratégia promotora de saúde para pacientes com DPOC
TERAPIA NUTRICIONAL
❖ Adipocinas é um termo genérico para as proteínas bioativas que são secretadas
pelos adipócitos
❖ Adiponectina, a leptina, a IL-6 e o TNF-alfa → Desempenham papel vital em
influenciar o estado nutricional e regular o apetite
❖ A leptina (hormônio da saciedade) é secretada prontamente em
resposta à ingestão de alimentos e desempenha um papel na
supressão do apetite e na potencialização do gasto de energia →
medir as concentrações no escarro para determinar a gravidade da
doença pulmonar
❖ Adiponectina (proteína envolvida na degradação dos ácidos graxos e na
regulação da glicose), é secretada dos adipócitos, aumenta o apetite,
tem efeito anti-inflamatório, antidiabético e antiaterosclerótico
❖ A resistina, outra adipocina, induz inflamação e resistência à insulina →
estimulante do apetite
❖ Grelina também estimula a secreção do hormônio do crescimento,
tendo efeitos antagonistas (impedem) aos da leptina.
TERAPIA NUTRICIONAL
São necessárias proteínas suficientes de 1,2 a 1,5 g/kg de massa corporal seca para manter ou restaurar o
pulmão e a força muscular, bem como promover a função imune. Uma proporção balanceada de proteínas
(15% a 20% de energia) com lipídios (30% a 45% de energia) e carboidratos (40% a 55% de energia) é
importante para preservar um quociente respiratório (QR) satisfatório a partir do uso do metabolismo de
substratos. O Parenteral and Enteral Nutrition Group (PENG) recomenda uma ingestão de líquido de 35mL/kg
de massa corporal diariamente para adultos com 18 a 60 anos e 30mL de líquido/kg de peso corporal para
adultos acima de 60 anos
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Estudos recentes não mais preconizam dietas com elevado


teor de gordura;
❖ Recomendam uma oferta energética adequada para atingir ou
manter um estado nutricional o mais próximo possível do
condizente com uma menor morbidade;
❖ Na prática → recomendar, de maneira geral, o uso de
alimentos dos diversos grupos como frutas e hortaliças,
laticínios, cereais, leguminosas, fontes adicionais de gorduras
(óleos vegetais) e açúcares (sacarose);
❖ Deve-se limitar a ingestão de cloreto de sódio (se for acima de
10g/dia), pois o excesso desse mineral pode contribuir para a
retenção hídrica e interferir com a respiração.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

❖ Caso o paciente esteja em oxigenoterapia → tem de ser


orientado a usá-lo também durante e após as refeições pois a
ingestão e a digestão dos alimentos requerem energia,
aumentando o requerimento de oxigênio;

❖ A suplementação nutricional deve ser realizada, apenas em


casos extremos, quando a alimentação oral for insuficiente.
https://www.youtube.com/watch?v=NEX
8lQ4pw5w
FIBROSE CÍSTICA
https://www.youtube.com/watch?v=Wu
AhwBU90Lg
FIBROSE CÍSTICA

❖ Doença hereditária → caracterizada por uma doença pulmonar


supurativa (secreção amarelada) crônica, insuficiência
pancreática e aumento dos níveis de sódio e cloro no suor, que
incide em crianças e adultos jovens;

❖ As secreções excessivas → podem obstruir os ductos biliares


e pancreáticos, os intestinos e os brônquios;

❖ Isso resulta nos dois problemas mais comuns dos pacientes com
FC: a doença pulmonar crônica e a pancreatite.
FIBROSE CÍSTICA
❖ A pancreatite, quando não tratada, pode levar à desnutrição
→ esteatorreia (presença excessiva de gordura nas fezes) →
comum nestes casos → bom indicador da má absorção de
gorduras, o que pode levar o paciente com FC a grande perda
de peso;

❖ Os problemas nutricionais passam a ter correlação negativa


com a função pulmonar → diminuição do músculo e força
respiratória e, consequentemente, menor capacidade física;

❖ A tosse e os vômitos podem interferir no consumo alimentar


causando também perda de peso.
FIBROSE CÍSTICA
❖ Doença que acomete crianças, o crescimento passa a ser
prejudicado por causa das perdas nutricionais;

❖ A avaliação nutricional torna-se um instrumento importante


no monitoramento do crescimento e deve ser realizada tão
logo que seja diagnosticada a doença.
Ocorre quando uma
pessoa herda dois genes
mutantes de cada um de
seus pais
Terapia de Nutrição Médica
CÂNCER PULMONAR
CÂNCER PULMONAR
❖ Grande parte atribuído ao uso do tabaco;

❖ Estudos epidemiológicos tem mostrado a associação entre a


ingestão insuficiente de alimentos e os níveis séricos de
carotenoides (pigmentos) ou de retinóides (moléculas
quimicamente relacionadas com a vitamina A) com o aumento
da incidência do câncer de pulmão;

❖ Outras pesquisas não tem apontado para a recomendação do


uso se suplemento de b-caroteno (pigmento carotenoide
antioxidante - é uma das formas de se obter indiretamente a
vitamina A) como medida de prevenção neste tipo de câncer.
CÂNCER PULMONAR
❖ A atenção ao estado nutricional pós detecção é fundamental,
uma vez que este câncer é altamente consumptivo (que faz
definhar), levando ao desenvolvimento da desnutrição, o que
contribui para a piora da qualidade de vida;
❖ Metástase maligna da pleura (camada de tecido fino que
reveste os pulmões) → podem perder grandes quantidades de
proteína, e drenagens repetidas deste fluido podem levar a
uma perda proteica grave;
❖ Para avaliação do estado nutricional e da conduta alimentar
os mesmos princípios e estratégias utilizados para portadores
de DPOC podem ser adotados.
OBESIDADE E APNEIA DO SONO
OBESIDADE E APNEIA DO SONO
❖ A obesidade prejudica a função e a estrutura respiratória,
ocasionando deteriorização fisiológica e patofisiológica;

❖ O aumento do trabalho respiratório na obesidade ocorre em


virtude do estreitamento da caixa torácica resultante do
acúmulo de tecido adiposo dentro e ao redor das costelas, do
abdome e do diafragma;

❖ A hipoxemia é comum, parcialmente em razão de um volume


de relaxamento pequeno que concorre para que a ventilação
ocorra a volumes abaixo do de fechamento.
OBESIDADE E APNEIA DO SONO
❖ A hipoxemia é exacerbada quando o paciente se deita, devido à
baixa capacidade residual funcional do pulmão, causando
oclusão das vias aéreas superiores, o que é caracterizado como
apneia do sono;

❖ A conduta deve ser feita para diminuir gradualmente o


consumo energético, balanceado em relação aos diversos
nutrientes, por meio também de um planejamento alimentar
individualizado.
Obrigada!
Profa. Rayane Marques
E-mail:
rayane.marques@bh.universo.edu.br

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