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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIENCIAS DA SAUDE


DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
DISCIPLINA: DIETOTERAPIA 1
PROFESSORA: Dra. GILMARA PÉRES RODRIGUES

LARISSA PRADO LEAL

CASO CLÍNICO: DESNUTRIÇÃO

TERESINA-PI, 2021
LARISSA PRADO LEAL

CASO CLÍNICO: DESNUTRIÇÃO

Professora Dra. : Gilmara Péres Rodrigues

TERESINA-PI, 2021
1. INTRODUÇÃO

Trata-se de um dos maiores problemas de saúde pública em países


subdesenvolvidos e, também, em nações desenvolvidas. A taxa de desnutrição varia
entre 20 e 50% em adultos hospitalizados, sendo de 40 a 60% no momento da
admissão do paciente, isso em países latino-americanos. Pode ser causada por
fatores de privação alimentar, doenças, idade avançada, isolados ou combinados
(TOLEDO et al., 2018).

Atualmente, a desnutrição pode ser definida como “estado de nutrição em que


uma deficiência, excesso ou desequilíbrio de energia, proteína e outros nutrientes
causam efeitos adversos no organismo com consequências clinicas funcionais”.
Identificar a desnutrição por perda ou excesso é fundamental no ambiente
hospitalar, para evitar ou minimizar sua repercussão na evolução clinica dos
enfermos, por sua associação ao desenvolvimento de complicações notadamente
infecciosas, maior tempo de internação e aumento da mortalidade (WAITZBERG et
al., 2017).

O estudo da desnutrição no âmbito hospitalar tem sido destaque nos últimos


25 anos. Evidências mostram que a desnutrição, principalmente quando relacionada
a doenças, leva ao aumento da morbimortalidade. Como impacto desfavorável,
verifica-se: um comprometimento do estado geral do paciente; custos adicionais
para o sistema de saúde e previdenciário; grande ônus social (MALAFAIA, 2009).

Quanto maior for o período de permanência hospitalar, maior será o risco de


agravar a desnutrição, criando um circulo vicioso com prejuízo ao enfermo. Com a
progressiva deterioração nutricional, as funções cardíaca, respiratória, intestinal,
renal e imunológica podem estar acometidas e, consequentemente, os ricos de
complicações, principalmente as infecciosas, encontram-se aumentados
(WAITZBERG et al., 2017).

Os pacientes podem estar desnutridos no momento da admissão ao hospital


e muitos desenvolvem a desnutrição durante a hospitalização. Isso pode ser
prevenido se uma atenção especial for dada ao estado nutricional dos pacientes. A
dieta hospitalar é importante por garantir o fornecimento de nutrientes ao paciente
internado e, assim, preservar ou recuperar seu estado nutricional. É necessário
trabalhar a alimentação dos pacientes, elaborando-a não só no sentido de suprir
suas necessidades básicas de manutenção ou recuperação da saúde, mas
propiciando bem-estar físico e mental (NAKASATO et al., 2011).

O objetivo do trabalho foi avaliar o estado nutricional da paciente e fazer o


diagnóstico conclusivo, e assim, prescrever e elaborar um plano alimentar para a
sua recuperação.
2. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Paciente do sexo feminino, 19 anos, jovem que foi encaminhada ao pronto


atendimento do hospital geral pelo médico da família, por quadro de bradicardia.

3. QUEIXA PRINCIPAL

Bradicardia e tontura.

4. HISTORIA DA DOENÇA ATUAL

Paciente jovem com bradicardia, que possui uma preocupação com a


autoimagem, relata sentir-se gorda.

5. HISTORIA FAMILIAR

Não relatado pela paciente.

6. HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA

A paciente relatou que há quatro anos, tem uma preocupação crescente com sua
autoimagem corporal. Acha-se gorda.

7. HISTÓRIA SOCIOECONÔMICA.

Não relatado pela paciente.

8. EXAME FÍSICO / CLÍNICO.

Ela apresentou temperatura corpórea 36,1º; frequência cardíaca com 42bpm; sua
pressão sanguínea foi de 97/40mmHg; peso corporal atual é 45,7kg; sua altura é
1,81 cm; ela possui um percentual de perda de peso com 23% em 9 meses, houve
perda de 13,6 kg no período com 9 kg perdido em 4 meses e o seu IMC é
13,94kg/m².

No exame clinico a paciente apresentou glicose 89mg/dL estando dentro dos


valores normais de referência, proteína total com 6,0g/dL estando no limite mínimo
dos valores de referência, albumina com 4,7g/dL estando dentro dos valores de
referência, apresentou hemoglobina e hematócrito abaixo dos valores de referências
sendo 10,2 g/dL e 32% respectivamente, ureia e creatinina estão muito abaixo dos
valores de referência com 4,0mg/dL e 0,2 mg/dL respectivamente, fósforo, potássio
e sódio também estão abaixo dos valores de referência com 3 mg/dL, 3,2 mg/dL e
121 mg/dL respectivamente.

9. MEDICAMENTOS UTILIZADOS

A paciente relatou que usa a medicação sertralina (antidepressivo, inibe a


captação da serotonina) e complexo polivitamínico diariamente. A sertralina pode
aumentar os níveis séricos dos triglicerídios e do colesterol total. Pode reduzir os
níveis de ácido úrico. A erva-de-são-joão pode agravar os efeitos colaterais.
Náuseas, diarreia, xerostomia, constipação intestinal, disgeusia e dispepsia.
Monitorar os lipídios sanguíneos. Considerar reposição de líquidos e eletrólitos se
houver diarreia e vômitos. Usar cubos de gelo ou goma de mascar para atenuar a
xerostomia (WIDTH et al., 2018).

10. INTERAÇÕES DROGAS E NUTRIENTES

Evitar álcool. Evitar suco de toranja ou alimentos que contenham essa fruta. O
uso simultâneo de sertralina e suco de toranja ou alimentos contendo essa fruta
podem aumentar as concentrações séricas da sertralina e o risco de efeitos
colaterais adversos. Diarreia, dispepsia, flatulência, constipação intestinal, náuseas
e vômitos (WIDTH et al., 2018).

11. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE


11.1. Avaliação clínica

O exame físico é realizado para ajudar a detectar desnutrição com base na


determinação de perda de tecido adiposo e muscular e presença de edema, bem
como para identificar possíveis deficiências nutricionais (WIDTH et al., 2018).

Ao exame físico a paciente apresentou pele lisa, sem edema, mucosa oral
descorada, perda de massa muscular e magreza visível, com ruídos abdominais
presentes. Ela apresentou temperatura corpórea 36,1º; frequência cardíaca com
42bpm; sua pressão sanguínea foi de 97/40mmHg.

11.2. Avaliação antropométrica

O peso corporal aferido da paciente é 45,7kg; sua altura é 1,81 cm; ela possui
um percentual de perda de peso com 23% em 9 meses, houve perda de 13,6 kg no
período com 9 kg perdido em 4 meses e o seu IMC é 13,94kg/m² estando abaixo do
peso.

11.3. Avaliação bioquímica

Com a avaliação bioquímica foi visto que a paciente apresentou glicose dentro
dos valores normais de referência, proteína total no limite mínimo dos valores de
referência, albumina dentro dos valores de referência, apresentou hemoglobina e
hematócrito abaixo dos valores de referências, ureia e creatinina estão muito abaixo
dos valores de referência, fósforo, potássio e sódio também estão abaixo dos
valores de referência.

11.4. Avaliação dietética

A paciente relatou que, por orientação do médico da família, aumentou o


consumo de alimentos e de sal e diminuiu a ingestão de água. Porém ela relatou ter,
há quatro anos, preocupação crescente com sua autoimagem corporal. Acha-se
gorda. E por isso ela informou que não come alimentos proteicos, carboidratos e
gorduras, e prefere verduras, chás e sucos. Ela negou uso de álcool e fumo.
Então a paciente possui uma baixa ingestão de água e por ter uma preocupação
com a autoimagem ela não consome alimentos ricos nos macronutrientes.

11.5. Diagnostico nutricional conclusivo

Desnutrição proteico-energética grave relacionada com padrão alimentar alterado


evidenciado pela tontura, magreza grave e aparente com diminuição intensa da
massa gordurosa e magra.

12. EVOLUÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DO PACIENTE

Não relatado pelo paciente.

13. EVOLUÇÃO DIETOTERÁPICA DO PACIENTE

Por orientação do médico da família, aumentou o consumo de alimentos e de sal


e diminuiu a ingestão de água.

14. EVOLUÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE

Percentual de perda de peso corpóreo: 23% em 9 meses. Houve perda de 13,6


kg no período, com 9 Kg perdidos em 4 meses.

15. TRATAMENTO DIETÉTICO PROPOSTO PARA A ALTA HOSPITALAR

15.1 Objetivos da Dieta

O objetivo da dieta na fase de estabilização é de tratar as condições mais


urgentes e ameaçadoras à vida, o foco dessa fase será estabilizar o metabolismo da
paciente. Na fase de reabilitação é para que a paciente se recupere do seu quadro
de desnutrição, melhorando seus hábitos alimentares e dando orientações para que
ela siga no seu peso ideal e de forma saudável.

15.2 Prescrições Dietoterápicas

Na prescrição dietoterápica serão prescritos alimentos ricos nos


macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídios), os alimentos serão servidos nas
suas temperaturas normais de consumo, pois não foi relatado ou apresentado algo
que precise mudar a temperatura dos alimentos na hora do consumo, o cardápio
será fracionado e como a paciente relatou que não tem o costume de consumir
muitos alimentos, mudar radicalmente sua dieta comum será de difícil adesão para
ela visto que a paciente relatou ter muito cuidado com a sua autoimagem então, será
ofertado um cardápio com seis refeições sendo elas três principais (desjejum,
almoço e jantar) e três refeições menores (lanche da manhã, lanche da tarde e ceia).

Serão mantidas as verduras que ela já consome, porém com o acréscimo de


outros alimentos para complementar a sua dieta como, por exemplo, alimentos ricos
em ferro visto que a sua mucosa oral está descorada. A paciente não apresenta
dificuldades com mastigação ou deglutição então será uma dieta oral.
Será feita uma prescrição de fibras e um aumento no consumo de água para
ajudar o seu trânsito intestinal visto que ela apresentou nos sinais físicos ruídos
abdominais. A paciente faz uso do medicamento sertralina então não será ofertado
para ela suco de toranja ou alimentos que contenham essa fruta. Já que o uso
simultâneo de sertralina e suco de toranja ou alimentos contendo essa fruta podem
aumentar as concentrações séricas da sertralina e o risco de efeitos colaterais
adversos.

De acordo com Chemin et al. (2011), pode-se também oferecer entre 30kcal e
40kcal de peso atual. O valor calórico total de início deve ser suficiente para cessar
a perda de peso. Posteriormente, deve proporcionar ganho de 500g a 1 kg de peso
corporal por semana. Por isso, para o cálculo do Valor Energético Total (VET)
utilizou-se 30kcal/kg para a fase de estabilização, apesar do estado nutricional de
desnutrição, é preciso aumentar o seu consumo alimentar aos poucos visto que, ela
não tem o costume de comer grandes quantidades, será de difícil adesão para a
paciente se for ofertado um VET alto para reverter à desnutrição. Na fase de
reabilitação foi utilizado 35kcal/kg para que ela comece a se recuperar do seu
quadro de desnutrição.

As pacientes podem receber dietas com valor calórico inicial em torno de


1.500kcal para repor gasto energético basal, que serão acrescidas semanalmente
de 500 a 750 kcal, até que se atinja um VET entre 3.000kcal a o. 4.000kcal. Uma
vez estabelecidas as necessidades nutricionais, a dieta deve respeitar o
fracionamento entre 6 e 8 refeições ao dia (CHEMIN et al., 2011).

Uma ingestão dietética de gordura na faixa de 25 a 30% de calorias é


recomendada, proteína na faixa de 15 a 20% e carboidratos na faixa de 50 a 55% é
bem tolerado. Fonte de fibras (25g para mulher de 19 a 30 anos) podem ser
incluídas para uma saúde ótima (MAHAN et al., 2005).

Sendo assim, para definição do percentual de macronutrientes utilizou-se


55% para carboidratos, 20% para proteína e 25% para gordura e 25g para fibras.

15.3. Cardápio prescrito (qualitativo e quantitativo)

15.3.1. Cardápio para a fase estabilização

Quadro 1. Cardápio qualitativo para a fase de estabilização. Teresina – PI.

Refeições/Horário Preparações Medidas Caseiras


Desjejum Torrada com pasta de
(8:00) amendoim:
Torrada 1 unidade
Pasta de amendoim ½ colher de sopa
Banana ½ unidade
Achocolatado 1 xícara de café
Lanche da manhã Iogurte com aveia:
(10:00) Iogurte de morango 1 xícara de café
Aveia 2 colheres de sopa
Almoço Salada colorida:
(12:00) Alface 2 folhas médias
Tomate 1 unidade pequena
Couve flor 1 xícara pequena
Pepino ½ unidade pequena
Azeite ½ colher de sopa
Arroz 1 e ½ colher de servir
Feijão preto 1 colher de servir
Coxa de frango sem 1 unidade da coxa
pele 1 fatia média
Melão 1 polpa congelada
Suco de acerola
Lanche da Tarde Abacate com farinha
(15:00) láctea e mel:
Abacate 4 colheres de
sobremesa cheias
Farinha Láctea 1 colher de sopa
Mel ½ colher de sopa
Jantar Sopa de carne
(18:00) colorida: 1 colher de servir
Macarrão 2 colheres de sopa
Carne moída 1 colher de sopa
Abobora ½ unidade pequena
Batata ½ unidade pequena
Cenoura 1 colher de sopa
Ervilha 1 unidade média
Batata doce ½ colher de sopa
Azeite 1 polpa congelada
Suco de manga
Ceia Vitamina de mamão:
(21:00) Mamão 1 fatia pequena
Iogurte natural 1 xícara pequena
Mel 2 colheres de café
Fonte: Dados do autor.

Quadro 2. Cardápio quantitativo para a fase de estabilização. Teresina – PI.

REFEIÇÃO: Desjejum; Lanche; Almoço; Lanche; Jantar; Ceia.


VET previsto: 1371 kcal
% VET Previsto: CHO - 55%; Prot. - 20%; Grd. T - 25%.
Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Alimento (g/ml) (kcal) totais (g)

Desjejum -------- -------- -------- -------- -------- --------


Pasta de 10 44 1,5 1,8 3,74 0,45
Amendoim
Torrada, pão 10 37 7,4 1 0,3 0,3
francês
Banana prata 60 58 15,6 0,7 0 1,2
Achocolatado 50 41 7,1 1,0 1,1 0,3
Total (g/ml) 130 -------- 31,6 4,5 5,14 2,25

Total (Kcal) -------- 180 126,4 18 46,26 --------


Total VET 190,6 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Lanche da Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Manhã (g/ml) (kcal) totais (g)

Iogurte de 50 35 4,8 1,3 1,1 0,1


morango
Aveia 8 31 5,3 1,1 0,6 0,7
Total (g/ml) 58 -------- 10,1 2,4 1,7 0,8

Total (Kcal) -------- 66 40,4 9,6 15,3 --------


Total VET 65,3 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Almoço (g/ml) (kcal) totais (g)

Alface, crespa 16 1 0,2 0,2 0 0,2


Tomate 50 7 1,5 0,5 0,1 0,6
Couve-flor 25 5 1,1 0,4 0 0,6
Pepino 40 4 0,8 0,3 0 0,4
Azeite de oliva 4 35 0 0 4 0
Arroz 90 111 23,2 2,3 0,9 2,4
Feijão preto 40 30 5,6 1,8 0,2 3,3
Frango, coxa, 100 167 0 26,9 5,8 0
sem pele
Polpa de 100 22 5,5 0,6 0 0,7
acerola
Melão 200 58 15 1,4 0 0,6
--------

Total (g/ml) 665 52,9 34,4 11 8,8

Total (Kcal) -------- 440 211,6 137,6 99 --------


Total VET 448,2 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Lanche da Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Tarde (g/ml) (kcal) totais (g)

Abacate 100 96 6 1,2 8,4 6,3


Farinha Láctea 8 33 6,2 0,9 0,4 0,1
Mel 10 30 8,4 0 0 0
Total (g/ml) 118 -------- 6,4
8,8
20,6 2,1
Total (Kcal) -------- 159 82,4 8,4 79,2 --------
Total VET 170 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Jantar Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(g/ml) (kcal) totais (g)

Macarrão 60 222 46,7 6 0,7 1,7


Carne moída 50 106 0 13,3 5,4 0
Abobora 25 12 2,7 0,3 0,1 0,6
Cenoura 25 7 1,6 0,2 0 0,6
Ervilha 20 14 2,6 0,9 0 1
Batata doce 30 23 5,5 0,1 0 0,6
Azeite de oliva 4 35 0 0 4 0
Total (g/ml) 214 -------- 10,2 4,5
59,1 20,8

Total (Kcal) -------- 419 236,4 83,2 91,8 --------

Total VET 411,4 -------- -------- -------- -------- --------


ofertado (Kcal)
Ceia Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(g/ml) (kcal) totais (g)

Mamão 70 28 7,2 0,3 0 0,7


Iogurte natural 67 34 1,2 2,7 2 0
Mel 2 6 1,6 0 0 0
Total (g/ml) 139 -------- 10 3 2 0,7
Total (Kcal) -------- 68 40 12 18 --------
Total VET 70 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
---------------- -------- Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(kcal) totais

Total VET 1355,5 -------- ------ ------- ------- --------


ofertado
Total (g/ml) -------- -------- 184,3 67,2 38,8 23,4
Total (Kcal) -------- 1332 737,2 268,8 349,5 --------
% VET -------- 54,0 20,0 26,0 --------
Ofertado --------
%Adequação 98,8 -------- 98,1 100,0 104,0 --------
Fonte: Dados do autor.

15.3.2. Cardápio para a fase reabilitação

Quadro 3. Cardápio qualitativo para a fase de reabilitação. Teresina – PI.

Refeições/Horário Preparações Medidas Caseiras


Desjejum Cuscuz com queijo:
(8:00) Cuscuz 1 fatia média
Queijo 1 fatias pequenas
Torrada 1 unidade
Suco de manga ½ polpa congelada
Goiaba 1 unidade média
Lanche da manhã Castanha 5 castanhas
(10:00)
Almoço Salada de repolho:
(12:00) Repolho verde 4 colheres de sopa
Repolho roxo cheias
Cenoura 4 colheres de sopa
Cebola roxa cheias
Azeite 2 colheres de sopa
Fígado grelhado com cheias
cebola: 1 unidade pequena
Fígado 1 colher de sopa
Cebola branca
Arroz 1 bife grande
Feijão ½ unidade pequena
Melão 1 e ½ colheres de servi
Suco de acerola 1 colher de servir
1 fatia média
1 polpa congelada
Lanche da Tarde Maçã 1 unidade pequena
(15:00) Banana prata ½ unidade média
Abacate 2 colheres de
sobremesa cheias
Jantar Salada colorida:
(18:00) Alface 2 folhas médias
Tomate 1 e ½ unidades
Cenoura pequenas
Pepino 1 e ½ unidades
Beterraba pequenas
Couve flor 1 unidade pequena
Azeite 1 unidade pequena
Sardinha Assada 1 unidade de xícara
Purê de batata cheia
Suco de cajá 1 colher de sopa
Melancia 1 e ½ unidades médias
6 colheres de sopa
cheias
1 polpa congelada
1 fatia pequena
Ceia Biscoito com iogurte
(21:00) de morango:
Biscoito salgado 2 unidades
Iogurte de morango 1 xícara pequena
Fonte: Dados do autor.
Quadro 4. Cardápio quantitativo para a fase de reabilitação. Teresina – PI.

REFEIÇÃO: Desjejum; Lanche; Almoço; Lanche; Jantar; Ceia.


VET: 1600 kcal
% VET Previsto: CHO - 55%; Prot. - 20%; Grd. T - 25%.
Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Alimento (g/ml) (kcal) totais (g)

Desjejum -------- -------- -------- -------- -------- --------


Cuscuz 50 56 12,6 1,1 0,3 1
Queijo prato 20 72 0,3 4,5 5,8 0
Torrada, pão 10 37 7,4 1 0,3 0,3
francês
Goiaba 95 51 12,3 1 0,3 5,8
Polpa de manga 50 24 6,2 0,2 0,1 0,5
Total (g/ml) 225 -------- 39 8
8 7
Total (Kcal) -------- 240 156 32 63 --------
Total VET 251 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Lanche da Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Manhã (g/ml) (kcal) totais (g)

Castanha 14 79 4 2,5 6,4 0,5


Total (g/ml) 14 -------- 4 6,4 0,5
2,5
Total (Kcal) -------- 79 16 10 58 --------
Total VET 84 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Almoço (g/ml) (kcal) totais (g)

Repolho branco 100 17 3,9 0,9 0,1 1,9


Repolho roxo 100 31 7,2 1,9 0,1 2
Cenoura 50 17 3,8 0,6 0,1 1,6
Cebola roxa 30 39 8,9 1,7 0,1 2,2
Fígado 100 225 4,2 30 9 0
Arroz 90 111 23,2 2,3 0,9 2,4
Feijão 40 30 5,4 1,9 0,2 3,4
Cebola branca 15 5 1,3 0,2 0 0,3
Melão 150 43 11,2 1 0 0,4
Polpa de 100 22 5,5 0,6 0 0,7
acerola
775 -------- 74,6 41,1 10,5
15
Total (g/ml)
Total (Kcal) -------- 540 298 164 94 --------

Total VET 556 -------- -------- -------- -------- --------


ofertado (Kcal)
Lanche da Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
Tarde (g/ml) (kcal) totais (g)

Maçã 100 63 16,6 0,2 0,2 2


Banana prata 50 49 13 0,6 0 1
Abacate 50 48 3 0,6 4,2 3,1
Total (g/ml) 200 -------- 1,4 4,4 6,1
32,6
Total (Kcal) -------- 160 130 6 40 --------
Total VET 176 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
Jantar Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(g/ml) (kcal) totais (g)

Alface 16 1 0,2 0,2 0 0,2


Tomate 75 11 2,3 0,8 0,1 0,9
Cenoura 75 25 5,7 0,9 0,1 2,4
Pepino 80 8 1,6 0,7 0 0,8
Beterraba 100 49 11,1 1,9 0,1 3,4
Couve 50 11 2,2 0,9 0,1 1,2
Azeite 8 70 0 0 8 0
Purê de batata 120 136 20,4 2,4 5 1,8
Sardinha 60 98 0 19,3 1,8 0
Assada
Melancia 100 33 8,1 0,9 0 0,1
Polpa de cajá 100 26 6,4 0,6 0,2 1,4
Total (g/ml) 784 -------- 12
52 28 15

Total (Kcal) -------- 468 112 --------


208 135

Total VET 455 -------- -------- -------- -------- --------


ofertado (Kcal)
Ceia Quant. Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(g/ml) (kcal) totais (g)

Biscoito cream 10 43 6,8 1 1,4 0,2


cracker
Iogurte de 60 42 5,8 1,6 1,3 0,1
morango
Total (g/ml) 70 -------- 12,6 2,6 2,7 0,3
Total (Kcal) -------- 85 50 10 24 --------
Total VET 84 -------- -------- -------- -------- --------
ofertado (Kcal)
---------------- -------- Energia HC Ptn. Gord. Fibra
(kcal) totais
Total VET 1606 -------- ------ ------- ------- --------
ofertado
Total (g/ml) -------- -------- 214,8 83,6 46 42
Total (Kcal) -------- 1572 859 334 414 --------
% VET -------- 53,0 21,0 26,0 --------
Ofertado --------
%Adequação 100,3 -------- 96,0 105,0 96,0 --------
Fonte: Dados do autor.

15.4. Recomendações gerais

● Manter o peso saudável;


● Seguir a dieta e as orientações da nutricionista;
● Ingerir líquidos frequentemente;
● Praticar exercício físico.
15.5. Orientações nutricionais
● Limitar consumo total de gorduras e redirecionar o consumo de gorduras não saturadas,
eliminar o consumo de gorduras hidrogenadas;
● Aumentar o consumo de frutas, vegetais, cereais integrais.
● Fracionar as refeições (6 a 8 por dia).
● Comer devagar e mastigar bem os alimentos;
● Ingerir proteína animal proveniente principalmente de produtos lácteos magros
(desnatados);
● Ingerir principalmente carboidratos complexos;
● Diminuir o consumo de sal;
● Evite o uso de temperos industrializados, preferindo os temperos secos como
manjericão, alecrim, hortelã, pimenta, cebola e salsinha;
● Evite alimentos enlatados, em conserva e embutidos (linguiça, salsicha, mortadela,
salame, presunto e bacon);
● Ao consumir leite e derivados, prefira os desnatados e queijos brancos;
● Consumir frutas com casca e bagaço de preferência, procurando acompanhá-las com
alimentos ricos em fibras como aveia ou linhaça;
● Prefira ingerir sucos naturais a sucos concentrados, evitando sempre bebidas como
refrigerantes;
16. DISCUSSÃO
A paciente em questão tem 19 anos é uma mulher jovem com magreza grave e
aparente e foi ao hospital por bradicardia e ela referiu tontura, negou apresentar dor
torácica e dispneia. Ela relatou ter preocupação com a autoimagem corporal e por
isso informou não comer alimentos proteicos, carboidratos e gorduras. E ela referiu
praticar atividade física de 3 a 4 vezes por semana durante duas horas. Ela usa a
medicação sertralina e complexo vitamínico diariamente.

Na avaliação clinica ela apresentou temperatura corpórea normal, pressão


sanguínea baixa, pele lisa, sem edema, mucosa oral descorada perda de massa
muscular e apresentou ruídos abdominais. Na avaliação antropométrica foi
observado que ela está muito abaixo do peso com um IMC de 13,94 kg/m². Visto
que ela está abaixo do peso, pratica exercício físico, ou seja, ela tem um gasto
energético e não supre as necessidades com uma dieta adequada e a paciente
relatou não consumir os macronutrientes, possui uma baixa ingestão de água.

Na avaliação bioquímica foi vista que ela possui baixas concentrações de


creatinina e fosforo confirmando o diagnostico de desnutrição, pois, de acordo com
Castro et al. (2010) a concentração de creatinina no soro é proporcional á massa
muscular e indivíduos desnutridos, a massa muscular é reduzida,
consequentemente, a concentração de creatinina é menor. Por outro lado, a
concentração de ureia e fósforo está diretamente relacionada com a taxa de
ingestão proteica. Portanto, é de se supor que nos pacientes desnutridos uma
reduzida ingestão proteica seja a responsável pela menor concentração de ureia e
fósforo como é o caso da paciente em questão.

A alimentação por via oral é a preferia em pacientes com desnutrição que não
possuam nenhum problema que o impossibilitam de utilizar a via oral, então foram
prescritos dois cardápios para as duas fases (estabilização e reabilitação). O foco
principal do cardápio oferecido para paciente na fase de estabilização é para tratar
as condições mais urgentes e ameaçadoras à vida dela, então foi iniciado de
maneira lenta e com cautela utilizando 30 kcal/kg durante a primeira semana. Foram
ofertados 184,3g de carboidrato com 54% de contribuição e com uma adequação de
98%, 67,2g de proteína com 20% de contribuição 100% de adequação e 38,8g de
gordura total com 26% de contribuição e 104% de adequação com um VET de
1355,5 kcal com 98,8% de adequação.

No estudo de Toledo et al. (2018) eles avaliaram vários estudos sobre


desnutrição hospitalar e em um desses estudos foi visto que em um hospital com
113 pacientes internados em UTI e observou correlação entre a oferta proteica e a
mortalidade, sendo que os pacientes que receberam oferta proteica de 1,5 g/kg/dia
tiveram melhor sobrevida. Em outro estudo os autores viram que com pacientes
críticos que permaneceram ≥4 dias ou ≥12 dias destacou que o alcance de ≥ 80%
da meta proteica foi associado com redução da mortalidade, tanto em pacientes com
tempo de internação mais ou menos prolongado. Ou seja, o esforço para atingir a
meta proteica parece fazer efeito para a sobrevida desses pacientes.

Na fase de reabilitação foi utilizado 35 kcal/kg para determinar o VET a partir da


segunda semana. Nesse momento o foco foi a recuperação nutricional da paciente
com uma alimentação intensiva. Foram ofertados 214,8g de carboidratos com uma
contribuição de 53% com uma adequação de 96%, 83,6g de proteínas com uma
contribuição de 21% e uma adequação de 105% e 46g de gordura total com 26% de
contribuição e 96% de adequação com um VET de 1606 kcal com 100,3% de
adequação.

Os autores Nakasato et al. (2011) afirmam que atualmente, a visão da


alimentação hospitalar se expande e se adapta às tendências gastronômicas. O
desafio de buscar aliar as prescrições e restrições alimentares a refeições atraentes
e saborosas é um desafio que exige aprimoramento tecnológico e suporte nutricional
personalizado. A combinação de dietoterápia e culinária são chamadas de cozinha
hospitalar e deve ser utilizada como ferramenta para dietoterápia de forma
agradável, principalmente para os olhos e maxilar superior.

Tendo isso em mente, foram escolhidas preparações agradáveis aos olhos e ao


paladar para facilitar à adesão da paciente a dieta. Foram escolhidos alimentos de
fácil acesso, preparações que respeitam as leis de Pedro Escudero (Quantidade,
qualidade, harmonia e adequação). Foram ofertadas porções frutas para o lanche e
sobremesa, alimentos fonte de boas gorduras, sucos ricos em vitamina C juntos
feijões ou carnes ricas em ferro para melhorar a sua biodisponibilidade.

17. CONCLUSÃO

Observou-se que sua desnutrição proteico-energética está ligada a fatores


sociais visto que a paciente tem uma preocupação com sua autoimagem e fez
restrições alimentares para perder peso. Sua dieta habitual estava insatisfatória já
que ela praticava exercícios físicos e não consumia alimentos ricos em carboidrato,
proteína ou que tenha gordura e com isso ela não estava suprindo seu gasto
energético, fazendo com que ela perdesse muito peso. Todavia, através da dieta
prescrita e adoção de hábitos saudáveis seguindo assim as orientações nutricionais
prescritas, será possível que a paciente consiga chegar no seu peso ideal.
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