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FTBSP

Daniel Bento da Silva

Prática do Aconselhamento em Grupos e Comunidades

Trabalho apresentado como


requisito da disciplina
Prática do Aconselhamento em Grupos e Comunidades

Profa. Dra. Fátima Cristina Costa Fontes

São Paulo
26 de abril de 2023
Prática do Aconselhamento em Grupos e Comunidades

A disciplina “Prática do Aconselhamento em Grupos e Comunidades” trouxe desafios


muito práticos ao abordar temas extremamente pertinentes ao trabalho com grupos. Para
conselheiros que nunca tiveram a oportunidade de atuar junto à realidade de
comunidades carentes em particular, como é o meu caso, fui confrontado com questões
que me motivaram à empatia por pessoas em comunidades em situação de sofrimento
sobretudo sócio/espiritual. Essa perspectiva que nos foi passada em sala de aula se deve
ao fato de que a professora possui ampla experiência tanto no tipo de abordagem
(grupos) quanto no tipo de público-alvo.

A disciplina foi conduzia com maestria pela professora Fátima Fontes que possui um
profundo conhecimento oriundo das suas muitas especializações somadas a uma vasta
experiência em trabalho com grupos.

Confesso que a minha percepção de grupos mudou drasticamente, ao ponto de concluir


que muitas vezes imaginei estar fazendo um trabalho em grupo enquanto, na verdade, o
trabalho era mais de reunião. Sendo assim, a disciplina demonstrou ser um ganho
extremamente interessante para futuras abordagens.

A professora conduziu de forma tão didática as suas aulas que chamou de “momentos” os
conteúdos que iam sendo ministrados semana após semana aludindo ao próprio
andamento do que devam ser os encontros dos grupos. A seguir pretendo descrever
sinteticamente todo o conteúdo pelo qual passamos em seus “momentos”:

A primeira aula constou de um acolhimento realizado com cada aluno na PÓS que pode
se apresentar, começando pelo mais velhos no curso – carinhosamente chamados
“irmãos mais velhos”, depois aqueles que tinham chegado no segundo semestre e,
finalmente, aqueles que estavam assistindo às aulas pela primeira vez no curso, os quais
respectivamente foram chamados de “irmãos do meio” e “irmãos mais novos”. A partir
deste acolhimento fomos “provocados” a identificar “como demonstrar cuidado” desde o
acolhimento inicial bem como de todo o planejamento para o futuro do grupo que tem
prazo para acabar.
Lidar com o conceito de que um grupo de verdade só será produtivo, eficaz e de real
relevância para a ajuda ao outro se ele tiver prazo pra acabar foi inquietante para todos
nós, que não estávamos preparados para sermos corrigidos tão “prematuramente”, mas
nos deixou certos de que muita coisa precisava ser revista a partir dali. Esse foi o primeiro
momento.

No segundo momento fomos confrontados com uma situação que se desenvolve em todo
grupo, mesmo quando o propósito deste seja uma atividade prazerosa como discussão e
leitura de livros. Refiro-me aos fenômenos do sofrimento, resiliência e conflitos, pois estas
situações hão de se manifestar, mesmo no grupo mais potencialmente pacífico. Achei
muito interessante a expressão que a professora Fátima usou, que foi a expressão
“desenvolver”. O grupo precisa “desenvolver-se”, ou seja, a evolução leva a conflitos
naturais porque o processo é de “des – envolvimento”. Isso nos preparou para olhar com
otimismo os conflitos que geralmente são vistos com apreensão. Essa leitura tão bem
colocada, além de quebrar paradigmas quanto às nossas percepções e conceituações a
respeito de grupos, nos preparou para o terceiro momento.

No terceiro momento, fomos levados a tirar proveito dos conflitos que inevitavelmente
surgirão nos grupos, por meio do manejo intencional e nos foi apresentado o conceito de
mediação nos aspectos de saúde, comunidade, escola e judicial. É importante pontuar
que para cada momento vivido em sala de aula, várias leituras foram sugeridas e eram
obrigatórias para aqueles que desejavam aprofundamento nos assuntos como, por
exemplo, em mediação na saúde lemos textos de CLARO, R. F. S. & CUNHA, P. F. S. S,
para mediação em comunidade MATTA, J. P, em escola POSSATO, B. C. E judicial
SALES, L. M. M. Todas leituras elucidativas e provocativas, como dito anteriormente.

O quarto momento constitui para todos nós uma transição entre os conceitos até então
tão bem expostos e discutidos com vivência em grupo, por isso, fomos apresentados aos
conceitos de grupo: o que é, qual o papel do coordenador e as fases de desenvolvimento
dos grupos. A partir daí desenvolveu-se em sala de aula um aspecto prático.

O quinto momento deu-se a partir da leitura de OSÓRIO, L. C. Fomos divididos em


grupos e cada um desenvolveu temas relacionados a aula quais sejam: grupoterapia com
casais, grupoterapia com pacientes somáticos, grupoterapia com pacientes terminais,
grupoterapia com comunidade terapêutica com adolescentes.
No sexto momento em como trabalhar com grupos, fomos apresentados ao conceito de
vivência sociodrama. Para tanto, fomos divididos em grupos e pela primeira vez na
história do EAD da Teológica fomos divididos em seis salas virtuais simultâneas no
mesmo ambiente digital online com tempo predeterminado para que nos preparássemos
para a apresentação das parte anteriormente distribuídas pela professora. Uma
experiência que, entre outras coisas, permite uma imersão no caso em questão, bem
como um olhar treinado a considerar a perspectiva de cada parte envolvida, dirimindo
assim a possibilidade de julgamentos – sobretudo os parciais - e permitindo a todos os
envolvidos o envolvimento empático e pragmático rumo a soluções.

No sétimo momento tivemos uma vivência da terapia comunitária: os alunos foram


desafiados a compartilhar experiências pessoais que pudessem ser discutidas em aula.
Um dos alunos compartilhou sua difícil experiência de vida envolvendo uma grande perda
inclusive e assim fomos conduzidos pela professora a lidar com as questões do modo
adequado, a fim de proporcionar ao colega conforto, graça e direção na resolução. Assim
terminamos aquela aula nos preparando para a conclusão da disciplina que seria
didaticamente falando ao encerramento do “nosso grupo”.

O sétimo momento foi a oportunidade de medirmos pelo que passamos, sintonizar nossa
unidade enquanto grupo até ali, avaliar os conflitos e manejos e, por fim, nos
“despedirmos” do grupo, simulando assim um retorno à rotina, porém mais bem
preparados para encarar com mais ferramentas as lutas que naturalmente se apresentam.

Quero registrar a minha profunda gratidão e admiração pela forma como a professora
Fátima Fontes conduziu essa disciplina porque certamente fará toda a diferença na minha
abordagem de grupo enquanto conselheiro.

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