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Ricardo Marcondes Martins
Doutor em Direito Administrativo pela PUC-SP. Professor de Direito Administrativo da
Faculdade de Direito da PUC-SP.
1 Introito
A descentralização administrativa, tema próprio da organização admi-
nistrativa, sofreu profundas mudanças nos últimos trinta anos. Parte dessas
mudanças apoiou-se em regras decorrentes de Emendas constitucionais;
outra parte em regras legislativas, infraconstitucionais. Raros temas foram
alvo de tantas mudanças. Ocorre que muitas das regras que tratam da des-
centralização são próprias do texto originário e foram petrificadas. Neste
estudo, pretende-se, mais do que apresentar um panorama das alterações,
submetê-las a uma severa crítica científica. A evolução da descentralização
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Celso Antônio Bandeira de Mello, quando do aniversário de 14 anos da Constituição, afirmara:
“Dever-se-ia este ano comemorar o décimo aniversário da Constituição de 1988, dita Constituição
cidadã. Sem embargo, o que realmente se está a assistir são seus discretos funerais. Com efeito, uma
Constituição está viva quando sua fisionomia básica permanece íntegra e seus dispositivos, ou pelo
menos os principais deles, são normalmente respeitados. Se um ou outro desses requisitos deixa de
existir ou — pior que isso — se ambos desaparecem, desaparece com eles a própria Constituição.
Foi o que ocorreu com a Lei Magna Brasileira. De um lado, sofreu um processo de desconfiguração
por via de emendas que lhe subtraíram características básicas, amputando aspectos fundamentais
de seu projeto. De outro, foi sistematicamente afrontada no que tinha de mais elementar; isto é,
em seu comprometimento com os valores democráticos substanciais na tripartição do poder. Ou
seja: as normas que consagravam essa noção rudimentar, própria do Estado de Direito, sofreram e
vêm sofrendo, diuturnamente, as mais desabridas e rotineiras afrontas” (Funerais da Constituição
de 1988. In: FIOCCA, Demian; GRAU, Eros Roberto (Org.). Debate sobre a Constituição de 1988.
São Paulo: Paz e Terra, 2001, p. 35).
Essa análise é bastante pertinente ao tema da descentralização administrativa. Contudo, discorda-se
do ilustre Professor. Os ataques perpetrados contra a Constituição não foram suficientes para matá-la.
Do ponto de vista dogmático, as normas contrárias à Constituição são inválidas. Dessarte: o fato de a
comunidade jurídica não reconhecer a invalidade não é suficiente para matar a Constituição.
Sobre a reforma constitucional, adota-se uma posição ampliativa em relação aos limites do poder
de reforma. Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constituição
Federal. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 71 a 81.
2
Cf. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (Ed.).
Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1. reimpr. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. 634.
3
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1968, p. 26.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 24 a 130.
5
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 26-29.
Sobre o conceito de desconcentração vide também: FREIRE, André Luiz. O regime de direito público
na prestação de serviços públicos por pessoas privadas. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 123.
6
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 30 a 49.
7
A doutrina tradicional fala em inovar originariamente o Direito. Sob uma perspectiva neoconstitu-
cional, toda função estatal inova a ordem jurídica. Na função administrativa também são realiza-
das ponderações no plano abstrato, mas instrumentais das ponderações legislativas. Cf. MARTINS,
Ricardo Marcondes. Efeitos dos vícios do ato administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 116-
118. O núcleo essencial da função legislativa está na realização de ponderações no plano abstrato
de modo autônomo (Idem, p. 66 a 70). Não basta a atribuição de função legislativa, alicerçada na
própria Constituição, para caracterizar-se a descentralização política; a entidade pública, dotada de
função legislativa, deve ser imune ao controle administrativo de outra entidade.
8
Por todos: MENEZES, Aderson de. Teoria geral do Estado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 181 et seq.
9
Sobre o Estado Federal vide: BANDEIRA DE MELLO, Oswaldo Aranha. Natureza jurídica do Estado
federal. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo, 1948; ARAÚJO, Luiz Alberto David.
Características comuns do federalismo. In: BASTOS, Celso (Coord.). Por uma nova federação.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995, p. 39-52; BARROSO, Luís Roberto. Direito constitucional
brasileiro: o problema da Federação. Rio de Janeiro: Forense, 1982.
10
Sobre a distinção entre o aspecto sociológico e o aspecto jurídico do federalismo brasileiro vide:
MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional. São Paulo:
Malheiros, 2015, p. 85-87.
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Sobre a histórica do federalismo brasileiro vide: SILVA, José Afonso da. O constitucionalismo bra-
sileiro: evolução institucional. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 269 et seq. A cópia do direito norte-
americano é fenômeno próprio de uma cultura de colônia, magistralmente teorizada por MEMMI,
Albert. Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador. Tradução de Marcelo Jacques de
Moraes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
12
Sobre essa atribuição vide MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neocons-
titucional, op. cit., p. 87-92.
13
Sobre o caráter petrificado do federalismo brasileiro vide: MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de
direito administrativo neoconstitucional, op. cit., p. 415-421.
14
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 49-85.
15
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 60-63.
Em obra mais recente, o autor retoma o tema: Serviço público e concessão de serviço público. São
Paulo: Malheiros, 2017, p. 67.
16
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 67-70.
17
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 50.
18
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 81-85.
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Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 85-92;
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017, p. 56-58; FREIRE, André Luiz. O regime de direito público na prestação de serviços públicos
por pessoas privadas, op. cit., p. 187-189. Concorda-se com André Freire quando este rejeita a
denominação descentralização por serviços como sinônima de descentralização técnica ou funcional
(Idem, p. 188, rodapé 150). A denominação é própria de um momento histórico em que quase todas
as atividades estatais eram chamadas de “serviços públicos”. Sobre esse momento, vide: MARTINS,
Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit., p. 146-147 e
164-171. Quando se adotar um conceito técnico de serviço público (Idem, p. 200-212), a expressão
torna-se descabida.
20
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p.
92-99; DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública, op. cit., p. 58-62; FREIRE,
André Luiz. O regime de direito público na prestação de serviços públicos por pessoas privadas, op.
cit., p. 189-190.
21
O Território de Rondônia foi transformado em Estado antes da CF/88, pela Lei Complementar n. 41,
de 22.12.1981.
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Cf. TEMER, Michel. Território federal nas Constituições brasileiras. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1975, p. 58-63. Trata-se de tese de doutorado orientada por Celso Antônio Bandeira de Mello e
defendida na PUC-SP em 1974. Como o autor foi deputado constituinte em 1988, talvez esteja aí
um dos motivos da obsessão constituinte em lembrá-los (aparecem em mais de quarenta dispositi-
vos constitucionais).
23
Foi o que sustentou Celso Antônio Bandeira de Mello: “Se a atividade ou serviço não se qualifica
como administrativa, não há descentralização administrativa. Outrossim, como só tem sentido o
falar-se em descentralização quando o objeto a ser descentralizado compete ao centro, só em face
de atividades públicas e administrativas, que são inerentes ao Estado, é que se coloca o problema.
Logo, é despropositado cogitar de descentralização administrativa quando se tratar de atividade
de direito privado – ainda que desempenhada por uma pessoa governamental” (Prestação pública
e administração indireta. 2. ed., 3. tir. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 11). A posição foi
acolhida por DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública, op. cit., p. 55-56;
FREIRE, André Luiz. O regime de direito público na prestação de serviços públicos por pessoas pri-
vadas, op. cit., p. 183 e 195-196.
24
Essa parece ser a posição atual de BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito adminis-
trativo. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 143 e 153-154.
25
Sobre a incompatibilidade de atuação estatal com o regime privado vide: MARTINS, Ricardo Marcondes.
Princípio da liberdade das formas no Direito Administrativo. In: BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio et
al. Direito administrativo e liberdade. São Paulo: Malheiros, 2014, p. 641-687. Sobre a exploração de
atividade econômica pelo Estado vide: MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à
luz da Constituição Federal. In: DAL POZZO, Augusto Neves; MARTINS, Ricardo Marcondes (Coord.). São
Paulo: Contracorrente, 2018, p. 74 et seq.
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Sobre a distinção entre atividade material e função pública vide MARTINS, Ricardo Marcondes.
Regulação administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit., p. 201-203.
27
MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit.,
p. 201-203. O emprego constitucional do termo “delegação” para se referir à investidura no
desempenho de atividade jurídica foi observado por BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
direito administrativo, op. cit., p. 734-735, rodapé 8. Hely Lopes Meirelles, antes de 1988, distinguia
o serviço delegado do serviço outorgado pelo tipo de descentralização: técnica ou funcional, no
primeiro caso; por colaboração, no segundo (Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1981, p. 316). A distinção não foi acolhida pela Constituição de 1988.
28
GALLEGO ANABITARTE, Alfredo. Conceptos y principios fundamentales del derecho de organización.
Madrid: Marcial Pons, 2001, p. 70.
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29
GALLEGO ANABITARTE, Alfredo. Conceptos y principios fundamentales del derecho de organización,
op. cit., p. 71.
30
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Descentralização administrativa: sua evolução face às reformas à Cons-
tituição de 1988. Revista de Direito Administrativo & Constitucional – A&C, Belo Horizonte, ano 3,
n. 11, jan.-mar. 2003, p. 117-145.
31
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Descentralização administrativa: sua evolução face às reformas à Cons-
tituição de 1988, op. cit., p. 125.
32
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p.70-71.
33
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Natureza e regime jurídico das autarquias, op. cit., p. 71.
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34
Por todos: OTERO, Paulo. Conceito e fundamento da hierarquia administrativo. Coimbra: Coimbra
Editora, 1992, p. 257-259.
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35
Sobre elas, vide: MARTINS, Ricardo Marcondes. Contrafações administrativas. In: MARIANO, Cynara
Monteiro et al. (Coord.). Estado, política e direito administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017,
p. 291-328.
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36
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 174-175.
37
Por todos, vide, nesse sentido: JUSTEN FILHO, Marçal. O direito das agências reguladoras indepen-
dentes. São Paulo: Dialética, 2002, p. 286 et seq.
38
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 178.
39
No Direito português, afirma Vital Moreira e Fernanda Maças sobre as autoridades administrativas
independentes (AAI): “O objetivo da criação das AAI é, por conseguinte, o de garantir a neutralidade
política da gestão administrativa que desempenham, assegurando que o sector sobre o qual actuam
se desenvolva de acordo com as suas próprias regras, as regras e os critérios técnicos do setor em
causa” (Autoridades reguladoras independentes: estudo e projecto de lei-quadro. Coimbra: Coimbra
Editora, 2003, p. 29-30). Na doutrina brasileira, no mesmo sentido: MARQUES NETO, Floriano de
Azevedo. Agências reguladoras independentes: fundamentos e seu regime jurídico. 1. ed., 1. reimr.
Belo Horizonte: Fórum, 2009, p. 50-51 e 67-68.
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Era necessário, diziam muitos, que esses entes públicos possuíssem inde-
pendência do Poder Executivo, para “regular” o setor sem interferência
política. Coerentemente com esse propósito, muitas das leis que criaram
as agências não previram recurso hierárquico impróprio (a título de exem-
plo: Lei 9.472/97, art. 19, XXV). A pergunta é: pode o Poder Legislador
empreender uma descentralização imune ao controle administrativo?
Evidente que não. Tanto a hierarquia, a que se submetem os órgãos
desconcentrados, como a tutela, a que se submetem os entes descentra-
lizados, fundamentam-se na democracia.40 De fato: a direção superior da
Administração é atribuída, no inciso II do art. 84 da CF/88, ao Chefe do
Executivo, autoridade eleita pelo povo. Perceba-se: cabe ao Governo, che-
fiado pela autoridade eleita, ditar os rumos da Administração.
A forma como os Poderes foram estruturados pelo texto originário
da CF/88 está, em linhas gerais, petrificada, pois a separação dos Poderes é
cláusula pétrea. Ora, imunizar um ente público da tutela viola a democra-
cia e a separação dos Poderes. Só o constituinte originário poderia fazê-lo.
Assim, ainda que a literalidade da lei indique o contrário, sempre é possí-
vel o chamado controle extraordinário.41 O móvel do agente normativo, no
caso, é irrelevante. Os próprios economistas, num primeiro momento, e os
juristas, posteriormente, reconheceram que essa imunização ao controle
administrativo nem sempre gera bons frutos. É bastante comum que as
Agências sejam capturadas pelos regulados e, ao invés de atuarem em prol
do interesse público, passem a atuar em prol de seus interesses.42
Olhando para trás, a instituição das Agências Reguladoras no Brasil
seguiu um plano muito bem orquestrado. Fernando Henrique Cardoso
exerceu a Presidência da República de 1995 a 1998. Conseguiu a apro-
vação da EC nº 16/95 e possibilitou, com a nova redação dada ao §2º do
art. 14 da CF/88, a reeleição para um único período subsequente, que era
40
Como bem explica José María Rodríguez de Santiago: “Desde a perspectiva del principio democrático,
la legitimidad democrática de la actuación administrativa suele explicarse a través de una línea
directiva que va de arriba (órganos del ejecutivo con mayor legitimidad democrática: gobierno-
ministros o consejeros, etc.) hacia abajo (terminando en la burocracia funcionarial). La fijación
de criterios de actuación por parte de los órganos administrativos superiores es una de las vías
tradicionalmente utilizadas para conectar con el principio democrático la actuación administrativa”
(Metodología del derecho administrativo. Madrid: Marcial Pons, 2016, p. 115-116).
41
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Teoria geral da interpretação jurídica: considerações críticas à
obra de Black. Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura (RDAI). São Paulo, ano 1, v. 3,
p. 299-331, out.-dez. 2017, p. 317-318. O chamado “controle extraordinário” é o controle não
previsto em lei. Por todos: BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op.
cit., p. 168.
42
Sobre a teoria da captura vide MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da
Constituição Federal, op. cit., p. 98-99. Para um aprofundamento: BAGATIN, Andreia Cristina. Cap-
tura das agências reguladoras independentes. São Paulo: Saraiva, 2013.
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BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 180. O STF considerou
constitucional a criação de Agências Reguladoras, tendo em vista a regra da letra “f” o inciso III do
art. 52 da CF/88 que permite à lei condicionar a nomeação de cargos à aprovação do Senado Federal.
Destacam-se dois julgados: ADI 1668 MC, Relator(a) Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado
em 20/08/1998; ADI 1949, Relator(a) Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2014. No
primeiro, a Corte examinou a Lei da ANATEL e proferiu acórdão de lamentável técnica: praticamente
não possui ementa, o que dificulta bastante a compreensão do entendimento da Corte.
Alexandre Mazza defende – por analogia ao art. 12 da Lei 9.782/99, 9º da Lei 9.861/00 e 10 da Lei
9984/00, que preveem a possibilidade de exoneração imotivada do dirigente nos quatro primeiros
meses de seu mandato –, o limite temporal de quatro meses, contados do início do mandato,
para que o novo Chefe do Executivo delibere por manter ou exonerar os dirigentes nomeados no
Governo anterior (Agências reguladoras. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 168).
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É a posição, por todos, de: ARAGÃO, Alexandre Santos de. Descentralização administrativa, op. cit.,
p. 138.
45
É a posição de BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 238;
OLIVEIRA, Gustavo Justino de. Contrato de gestão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 188-191.
46
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 234-237;
MARTINS, Ricardo Marcondes. Princípio da liberdade das formas no Direito Administrativo, op. cit.,
p. 641-687.
47
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 186.
48
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 238. Mesmo se
fosse válida a qualificação, a duplicação dos limites de dispensa seria inconstitucional, pois não pode
o Legislador dispensar arbitrariamente a realização do certame. Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes.
Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit., p. 352-359.
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Sobre o tema vide: MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constitui-
ção Federal, op. cit., p. 213-214. O “interesse local”, critério previsto nos incisos I e V do art. 30
da CF/88, tem, segundo doutrina pacífica, a mesma amplitude de “peculiar interesse”, critério
consagrado nas Constituições anteriores. Segundo a tese consagrada por Sampaio Dória, inexiste
interesse exclusivamente local, o interesse local é caracterizado por ser “predominantemente” local
(Autonomia dos Municípios. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 24,
1928, p. 419-432).
50
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa que atualmente o Brasil possui 5.570
Municípios. Sobre os dados, consulte: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama. Acesso em: 29
set. 2018.
51
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit.,
p. 442-444.
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52
Reza o §1º do art. 6º da Lei 11.107/05: “O consórcio público com personalidade de direito público
integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”. A contrario sensu,
segundo alguns, o consórcio com personalidade de direito privado não integraria a Administração
indireta. É a posição, por todos, de: HARGER, Marcelo. Consórcios públicos na Lei 11.107/05. Belo
Horizonte: Fórum, 2007, p. 95-96. Sem desprestigiá-lo, a conclusão é absurda porque manifesta-
mente inconstitucional. A Constituição divide a Administração Pública em Direta e Indireta, não
admitindo entes públicos fora da Administração. Por todos: CARVALHO FILHO, José dos Santos.
Consórcios públicos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 39-40.
53
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit.,
p. 418-419.
54
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit.,
p. 418-419.
55
Trata-se de uma aplicação da teoria da troca de sujeito. Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos
de direito administrativo neoconstitucional, op. cit., p. 435-439.
56
Cf. BLACK, Henry Campbell. Construção das Constituições. Revista de Direito Administrativo e Infraes-
trutura – RDAI, São Paulo, n. 05, ano 2, p. 305-329, abr.-jun. 2018, p. 317.
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57
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal, op.
cit., p. 53 et seq.
58
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal, op.
cit., p. 75.
59
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal, op.
cit., p. 60-63.
60
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 692.
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61
Em sentido contrário ao equívoco generalizado manifesta-se MUKAI, Toshio. O Direito administrativo
e os regimes jurídicos das empresas estatais. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2004, p. 266.
62
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal, op.
cit., p. 63 et seq.
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63
JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria geral das concessões de serviço público. São Paulo: Atlas, 2003, p.
125; MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal,
op. cit., p. 69-74. Sobre a invalidade das concessões impróprias vide: MARQUES NETO, Floriano de
Azevedo. Concessões. 1. reimpr. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 321-322; GUIMARÃES, Fernando
Vernalha. Concessão de serviço público. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 166-167. Como bem observa o
último autor, trata-se de uma “composição teratológica e circular do ponto de vista da organização
administrativa do serviço público” (Idem, p. 166).
64
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Parcerias na administração pública, op. cit., p. 60 e 67-68. Sobre
o controle das concessionárias de serviço público vide: MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação
administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit., p. 304-312.
65
JUSTEN FILHO, Marçal. Teoria geral das concessões de serviço público, op. cit., p. 125.
66
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição Federal, op.
cit., p. 69-74.
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67
Por todos: MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Concessões, op. cit., p. 321-322.
68
Sobre o tema: MARTINS, Ricardo Marcondes. Estatuto das empresas estatais à luz da Constituição
Federal, op. cit., p. 24 a 36 e 74 a 95.
69
Cf. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, op. cit., p. 748, rodapé 23;
GUIMARÃES, Fernando Vernalha. Concessão de serviço público, op. cit., p. 168.
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70
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit.,
p. 221 a 224.
71
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Conceito de parceria público-privada à luz da Constituição.
Revista de Direito Administrativo e Infraestrutura (RDAI). São Paulo, ano 2, v. 5, p. 23-47, abr.-jun.
2018. Celso Antônio Bandeira de Mello faz uma clara comparação: assim como não basta chamar
uma cadeira de alto-falante para poder irradiar sons por meio dela, não basta chamar de concessão
um contrato para transformá-lo em concessão (Curso de direito administrativo, op. cit., p. 805).
Fernando Vernalha Guimarães argumenta que não se deve impedir o Poder Público de adotar outra
política de financiamento dos serviços públicos, pois no conceito tradicional de concessão quem
financia o serviço público é apenas o usuário; não é razoável impedir o Poder Público de impor a
quem não seja usuário o dever de contribuir para o financiamento de um serviço público (Parceria
público-privada. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 104-105). Concordar-se-ia com o autor se estivesse
escrito no art. 175 da CF/88 que os serviços públicos seriam prestados de forma direta ou indireta
nos termos da lei; mas a redação é outra: serão prestados de forma direta ou indireta por concessão
ou permissão nos termos da lei. O constituinte restringiu a discricionariedade do Legislador e não
cabe à doutrina afastar a restrição sem reforma constitucional.
72
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Regulação administrativa à luz da Constituição Federal, op. cit.,
p. 232-235.
73
Para uma crítica a essa denominação vide MARTINS, Ricardo Marcondes. Acesso à informação e
transparência nas parcerias voluntárias. In: MOTTA, Fabrício; MÂNICA, Fernando Borges; OLIVEIRA,
Rafael Arruda. Parcerias voluntárias com o terceiro setor: as inovações da Lei nº 13.019/14. 2. ed.
Belo Horizonte: Fórum, 2018, p. 273 a 307, em especial p. 274-275.
Int. Públ. – IP, Belo Horizonte, ano 21, n. 114, p. 47-73, mar./abr. 2019
74
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Teoria jurídica da liberdade. São Paulo: Contracorrente, 2015, p. 203.
75
Foi o que decidiu o STF na ADI 1923, Relator Min. Ayres Britto, Relator p/ Acórdão Min. Luiz Fux, Tri-
bunal Pleno, julgado em 16/04/2015, ao examinar a constitucionalidade da Lei 9.637/98. Maria Sylvia
Zanella Di Pietro (Parcerias na Administração Pública, op. cit., p. 71) e Alexandre dos Santos Aragão
(Descentralização administrativa, op. cit., p. 141-145) reconhecem que as Organizações Sociais con-
figuram uma descentralização por colaboração. Contudo, ambos negam essa caracterização para as
OSCIPs (DI PIETRO, op. cit., p. 59; ARAGÃO, op. cit., p. 142).
76
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit.,
p. 131-181.
77
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Estudos de direito administrativo neoconstitucional, op. cit., p. 144.
78
Cf. MARTINS, Ricardo Marcondes. Acesso à informação e transparência nas parcerias voluntárias,
op. cit., p. 286-287.
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6 Conclusões
1. A descentralização é política quando atribui competências legis-
lativas a uma pessoa sem sujeitá-la ao controle administrativo da entidade
central. A CF/88 consagrou-a, ao adotar a forma federativa. E mais: valori-
zou o princípio democrático ao petrificá-la e atribuir autonomia federativa
aos Municípios.
2. A descentralização é administrativa quando transfere competên-
cias públicas a outra pessoa jurídica, sujeitando-a ao controle administrativo
da administração central. Não se confunde com a desconcentração, repar-
tição de competências entre órgãos públicos, vinculados hierarquicamente.
Há três tipos de descentralização: dois deles por pessoa pública, a terri-
torial ou geográfica e a técnica ou funcional, e um por pessoa privada, a
descentralização por colaboração.
3. O suposto “novo conceito” de descentralização, chamado de
descentralização material, segundo o qual o relevante é a autonomia atri-
buída, por um lado, não é novo, e, por outro, é impertinente ao Direito.
Juridicamente, a descentralização pressupõe a atribuição de competências
a uma pessoa jurídica. Por isso, é descabida tanto a descentralização de
órgãos como a desconcentração de pessoas: só norma constitucional origi-
nária pode, de forma válida, criar “órgãos independentes”, desvinculados
da estrutura hierárquica; ademais, pessoas sem autonomia são contrafa-
ções de órgãos públicos.
4. A Constituição prevê os três tipos de descentralização adminis-
trativa. Em relação ao primeiro, previu a criação de Territórios federais.
A vontade constituinte de que eles fossem criados foi, até o presente, frus-
trada. Inexistem, atualmente, Territórios federais no Brasil.
5. Em relação à descentralização funcional ou técnica, a CF/88 divi-
diu a administração em direta e indireta e, em relação a esta, previu a
criação de autarquias, fundações e empresas estatais. Essa descentralização
sofreu uma série de deturpações nos últimos anos. A primeira deu-se com
a criação de agências reguladoras e executivas. Concluiu-se que tanto a
pretensão de imunizar as autarquias ao controle administrativo, como a
retirada da prerrogativa do Chefe do Executivo de nomear os dirigentes
autárquicos violam a CF/88.
6. Considerou-se, ademais, que a qualificação de agência executiva
atribuída às autarquias e fundações é, hoje, ilícita. Por um lado, inexiste lei
reguladora dos contratos de gestão; por outro, o aumento da autonomia
por contrato viola a legalidade e a indisponibilidade do interesse público.
7. A segunda deturpação da descentralização funcional ocorreu
com a admissibilidade generalizada de criação de consórcios públicos
Int. Públ. – IP, Belo Horizonte, ano 21, n. 114, p. 47-73, mar./abr. 2019
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Referências
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