Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Investigação e Perícia
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE INVESTIGAÇÃO
2
Investigar não é apenas procurar à toa, e sim perseguir uma
hipótese, que é implicitamente aceita, e procurar saber se ela
está ou não correta.
O verdadeiro sentido de “investigar” consiste em alcançar
conclusões que são novidades não apenas para ele, mas para
muitos outros.
A investigação criminal é um conceito mais histórico do que científico,
pois é da história, que se obtém acesso às suas questões intelectuais
iniciais, sobretudo aquelas que dizem respeito à verdade acerca de
fatos passados. Assim, qualquer ciência que se pretenda a partir dela
não pode ignorar as questões sobre a possibilidade de uma ciência da
história.
A compreensão das normas jurídicas da investigação, em diálogo tanto
com o discurso da história quanto com o da ciência, permite-nos, não
apenas esboçar o estatuto disciplinar do domínio de saber
investigativo-criminal, mas também evidenciar a perspectiva
epistemológica dessas normas para além da função garantista que
cumprem no âmbito do direito.
Diferença entre investigação cientifica e
criminal
Existem diferenças básicas entre a investigação científica e a investigação
criminal. Um crime usualmente é investigado por poucas pessoas, enquanto
na ciência, o “crime” é a própria natureza e muitos se questionam ao mesmo
tempo sobre o tema, em várias grandes equipes, “competindo” pela mesma
resposta e, normalmente, divulgando os resultados uns para os outros.
Na investigação criminal, quem, afinal, atribui a culpabilidade não é o
investigador, mas sim um juiz. Na investigação científica, quem anuncia uma
determinada conclusão termina sendo a comunidade científica da área
estudada, que trabalha como um tipo de conjunto de juízes, quando
finalmente se entendem sobre fato a ser divulgado.
Outra diferença pode ser notada quanto aos erros, que apesar
de serem possíveis quando se tratam de investigações
criminais, podem culminar com o crime resolvido e a
investigação pode ser dada por encerrada.
Na investigação científica, as conclusões obtidas só são aceitas
temporariamente, até que novos estudos permitam rever as
decisões feitas anteriormente e consigam que outras
conclusões de alguma forma compreendam as antigas.
A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe,
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada
por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690, de
2008) (BRASIL, 1941b, s.p.).
Para que o procedimento de investigação criminal se efetive
adequadamente, é necessário que o Estado observe os
preceitos constitucionais de direitos individuais.
O GARANTISMO PENAL
A teoria do garantismo penal, pensada pelo jurista italiano
Luigi Frajola, em sua obra Direito e razão, é o conjunto de
teorias penais e processuais que consiste basicamente em
garantir ou proteger os direitos fundamentais (vida,
liberdades civis e políticas, expectativas sociais de subsistência
dos direitos individuais e coletivos).
O termo garantismo ingressou no vocabulário jurídico pelos
italianos dos anos de 1970, mais especificamente no campo
do Direito Penal, ainda que possa ser ampliada a todo o
sistema de garantias dos direitos fundamentais.
O sistema de garantismo penal se apoia em alguns princípios
básicos (axiomas) que devem servir para limitar o abuso da
punição e garantir direitos e credibilidade jurídica. De acordo
com a clássica obra de Luigi Ferrajoli, Direito e razão (2014),
são eles:
• Nulla poena sine crimine (não há pena sem crime): princípio
da retributividade ou da consequencialidade da pena em
relação ao delito.
• Nullum crimen sine lege (não há crime sem lei): princípio da
legalidade, tanto no sentido lato quanto no sentido estrito.
• Nulla lex (poenalis) sine necessitate (não há lei penal sem
necessidade): princípio da necessidade ou da economia do
direito penal.
• Nulla necessitas sine injusria (não há necessidade sem
ofensa ao bem jurídico): princípio da lesividade ou
ofensividade do evento.
• Nulla injuria sine actione (não há ofensa ao bem jurídico sem
ação): princípio da materialidade ou da exterioridade da ação.
• Nulla actio sine culpa (não há ação sem culpa): princípio da
culpabilidade ou da responsabilidade pessoal.
• Nulla culpa sine judicio (não há culpa sem juízo): princípio da
jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito.
• Nulla judicium sine accustone (não há juízo sem acusação):
princípio acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação.
• Nulla accusatio sine probatione (não há acusação sem
prova): princípio do ônus da prova ou da verificação.
• Nulla probatio sine defensione (não há prova sem defesa):
princípio do contraditório ou da defesa ou da falseabilidade.
Primeiramente, cabe falarmos sobre a fundamentação das
decisões judiciais, que visam proporcionar para as partes
envolvidas no processo pena a garantia de que existiu, por
parte do magistrado, o devido cumprimento das normas e o
respeito aos direitos e garantias do acusado. E, também, a
demonstração da existência de provas satisfatórias para o
abatimento do princípio da presunção da inocência de tal
modo que se efetue uma condenação adequada.
Deste modo, é possível efetuar uma avaliação sobre a
investigação criminal observando se a figura do “poder”
predominou sobre a “racionalidade” da decisão judicial.
Princípios