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UNIVERSIDADE DE FRANCA – UNIFRAN


Física Licenciatura

WELLINGTON PAIM

PRÁTICA DE ENSINO DE FÍSICA


Resumo do livro: “O bom professor e sua prática” Maria Isabel da Cunha

FRANCA
2014
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WELLINGTON PAIM

PRÁTICA DE ENSINO DE FÍSICA


Resumo do livro: “O bom professor e sua prática”
de Maria Isabel da Cunha

Objetivo: Resumo de livro como forma de trabalho a obter


avaliação parcial semestral.

Orientador(a): Professora Talita Guiraldelli

FRANCA
2014
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RESUMO DO LIVRO “O BOM PROFESSOR E SUA PRÁTICA”

Este livro é baseado na pesquisa de Maria Isabel da Cunha, onde tem


como objetivo, buscar a compreensão da prática do bom professor.
A autora se utiliza em sua pesquisa, do método de pesquisa
etnográfica, muito utilizado nas pesquisas norte-americanas, este método advém da
Antropologia Social, que estuda um objeto por vivência direta da realidade onde está
inserido.
Mabel, como era referida com estima por seu orientador Newton César
Balzan, formou-se no Curso Normal com base escola novista e lecionou, nos anos
iniciais. Mais tarde venho a se formar em Ciências Sociais passando assim a
lecionar no secundário de onde abandonou a essência escola novista e passou a
trabalhar sob a concepção tradicional, sempre a inquietou a falta de criticidade com
que trabalhava, e foi essa a motivação para a Pedagogia e para a pesquisa em
educação.
“O senhor... mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é
isso, que as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas, mas que elas
vão sempre mudando. Afinam ou desafinam – verdade maior. É o que a vida me
ensinou. Isto me alegra de montão”.
Guimarães Rosa

ORIGENS DO ESTUDO
Com o intuito de evoluir em seus estudos, a autora procurou aspectos
na formação dos professores que mais deveriam ser aprofundados.
Dizia Mabel que a sala de aula era um lugar privilegiado, onde se
realiza o ato pedagógico escolar. Para ela, na sala de aula existem diversas
contradições do contexto social no qual cada um vive, existem conflitos psicológicos,
as questões científicas e as concepções dos que compõe o ato pedagógico,
professores e alunos. Estudar este contexto da sala de aula é primordial aos que se
envolvem na educação de professores.
A escola é um local contextualizado, ou seja, sua realidade, seus
valores, sua configuração variam segundo as condições histórico-sociais em que
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estão envolvidas. O professor na escola é o determinante e o determinado.


As relações escola-sociedade precisam ser claras para haver
compreensão da prática pedagógica.
O ensino sempre se situa em alunos reais em situações definidas.
O desejo de se questionar as certezas pedagógicas e as ideias pré
concebidas foram grandes motivadores para a realização desta pesquisa.

POR QUE O PROFESSOR?


O principal objetivo da autora é estudar o professor na escola, dentre
situações e condições histórico-sociais. É inevitável afirmar que sem professor não
se faz escola, portanto se faz de fundamental importância aprofundar os estudos
sobre este profissional.
O valor da escola deverá ser atribuído pela sociedade que a compõe.
A evolução posterior da ideia que o constitui um profissional liberal,
privilegia o seu saber específico dando-lhe uma independência, que na prática ele
nunca alcançou.
O professor hoje é visto como um trabalhador assalariado, que vende
seu trabalho ao estado, o produto do seu trabalho. É o reconhecimento do papel do
professor que poderão favorecer a intervenção no seu desempenho.
A escola atual é fruto das influências positivistas sobre as práticas lá
desenvolvidas, e o professor é o principal veiculador dessas práticas.
Unir o ensino e pesquisa significa caminhar para que a educação seja
integrada, envolvendo estudantes e professores.

SIGNIFICADO DO COTIDIANO
Conhecer o cotidiano do professor pode auxiliar na construção de
conhecimentos.
A vida cotidiana é a objetivação dos valores e conhecimentos do sujeito
dentro de uma circunstância.

A QUESTÃO METODOLÓGICA
A pesquisa deve ser entendida como parte das atividades do educador,
inserindo o ato pedagógico em seu contexto social de atuação.
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O senso comum é de que o professor tenha um saber próprio, e este


saber tem duas grandes direções, o domínio do conteúdo de ensino, isto é, de seu
objeto de estudo, e o domínio das ciências de educação que lhe permitirão realizar o
processo pedagógico.
A autora ressalta a importância de se possuir um processo de
avaliação de professores eficaz.
Falta aos professores em geral a capacidade de fornecer aos seus
alunos uma visão crítica, o que também se dá, por conta de as instituições ditarem o
padrão de conduta pré-determinado.
Questionados os alunos sobre o que seria o “bom professor”, estes não
escolhem como “bom” o professor que não tenha conhecimento da matéria e
habilidades em organizar as aulas. Eles levam em conta sua prática social e seus
saberes histórico-sociais. Consideram também a relação professor-aluno, ou seja, a
parte afetiva tem grande proporção nessa escolha. Como por exemplo:
“é amigo”, “compreensivo”, se “preocupa conosco”.
Mas também levam em conta as práticas oferecidas durante as aulas
como: “torna as aulas atraentes”, “estimular a participação do aluno”, “induzir à
crítica” e etc.
Os alunos também não indicam como “bom professor” aqueles
chamados de “bonzinhos”, mas sim aquele que é exigente e cobra a participação
nas tarefas. Resumindo, para os alunos atuais o “bom professor” é aquele que
domina a matéria, apresenta de forma adequada e tem bom relacionamento com o
grupo.
Através de dados coletados em entrevistas com alguns professores,
podemos perceber um Bom Professor a partir de:

• Valores institucionais que influenciam a imagem do professor;


• Respostas às necessidades dos alunos;
• Gosto pelo que fazem;
• Apreciam o contato com os alunos;
• Teve algum professor como fonte de inspiração para se tornar no professor
que é hoje;
• Consideram a experiência como grande fonte de aprendizagem;
• Sua formação pedagógica possibilitou diversas opções em sua carreira, o
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modo como tratar os alunos, trabalhar em grupo, saber refletir sobre algum
acontecimento em sala de aula entre outros;
• A prática social sempre faz parte do comportamento docente;
• A conscientização do indivíduo para que percebe a as condições sociais e
que assim, possam modificar sua visão social;
• Estar com os alunos em sala de aula e saber entende-los, influenciando-os e
sendo por eles influenciado;
• Valorizar seu campo de conhecimento;
• Utilizar da práxis, enfatizando que tudo que é prático e real é mais
significativo;
• Planeja sua prática pedagógica;
• Reparte sua experiência com todos;
• Seu processo didático passa do concreto para o abstrato;
• Enfrenta dificuldades como desvalorização do magistério, da estrutura de
ensino e das condições de trabalho.
A autora do livro fez ao todo 42 observações, distribuídas entre 21
professores. As observações foram em sua maioria em sala de aula comum, mas
também houve observações em quadras de esportes, laboratórios e aulas de
campo.

OS PROCEDIMENTOS
A aula expositiva foi a que ela mais assistiu. Os professores se
utilizavam dela para dar início a novos assuntos e finalizar assuntos já estudados,
explicar aulas de laboratório entre outras. Foram apenas dois os casos onde os
professores apresentaram uma disposição em circulo da sala onde foram feitos
estudos de caso.
Segundo Maria Isabel, os professores tendem a repetir atitudes que
eles consideraram importantes de seus professores quando eles eram alunos, e que
provavelmente eles nunca tiveram uma aula em que o professor debatesse com os
alunos e que construíssem os conhecimentos juntos. Eles apenas repetem o ciclo, e
acreditam que eles precisam estar no “comando”, senão não estão cumprindo seu
papel.
Estudos feitos mostram que outro fator para a “repetição do ciclo” é que
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a posição de ouvinte do aluno é totalmente confortável.


Porém avaliando as aulas dos alunos ela constatou que eles
desenvolvem sim habilidades e técnicas de ensino.

AS HABILIDADES
Segue algumas habilidades citadas pela autora:
Habilidades dos “bons professores”:
• Organização do contexto da aula (deixam claro para os alunos as atividades
e objetivos da aula)
• Localização histórica dos conteúdos (saber onde o conhecimento foi
produzido)
• Relações com o conteúdo em pauta com as outras áreas do saber (contexto,
conhecimento como um todo)
• Apresentar ou escrever o roteiro das aulas
• Formulação de perguntas (participação do aluno)
• Coletivizar dos conteúdos
• Reforço positivo ás respostas dos alunos
• Partir dos conhecimentos dos alunos
• Apreender a linguagem dos alunos e tornar a linguagem acadêmica
acessível a eles
• Profundo conhecimento do que se propõe a ensinar (usar exemplos)
• Uso adequado de recursos de ensino
• Caminhar pelo espaço observando os alunos
• Clareza nas explicações
• Uso da linguagem com senso de humor
Estas características foram organizadas após observações. Não se
pode negar que em todos, houve um compromisso e seriedade com a prática
docente.

O CONTEXTO
Existem também, e são de grande importância, as características que
constituem o bom professor fora da sala de aula, como preparar bem suas aulas, um
momento extra para atender os alunos a busca da troca de experiências com outros
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professores, etc.
A autora também ressalta a importância de que alguns professores
valorizam a leitura e a linguagem, enquanto que outros têm verdadeira paixão pela
disciplina que lecionam, outros se posicionam em relação aos conteúdos, opinando,
tecnicamente e ou politicamente.
Existe uma coerência, entre a prática dos professores e o sistema de
hoje, uma separação entre conhecimento e trabalho. Os alunos e professores
devem refletir mais sobre esta questão para que haja mudanças.
Finalizando o livro Mabel faz conclusões e esclarece alguns conceitos,
além de exemplificar ao seu entendimento o que seria o bom professor e sua prática
em seu cotidiano.
O conceito de bom professor é ideológico, depende da visão de certa
sociedade sobre o professor, está relacionado a tempo e lugar e é valorativo.
São vinculados à imagem do professor, vários atributos, muitas vezes,
sem reflexão sobre o porquê. Com isso, cria-se a ideia do “dever ser”. O professor
deve ser responsável, honrado, tratar todos os alunos de forma igual, etc. Esses
atributos são firmados todos os dias pelos alunos, por alguns professores e pela
sociedade, que acaba por neutralizá-los, torná-los naturais. Como os atributos estão
relacionados diretamente com a sociedade, com o tempo passam por mudanças. O
que ficou comprovado nos estudos da autora: os professores estão lutando contra o
“dever ser” e a sociedade, criou novas ideias sobre o professor.
O professor, não é neutro, nasce e está constantemente inserido na
sociedade. Como todo indivíduo, é um ser de particularidades e de generalidade. As
duas partes, ora formam o trabalho do professor, ora provocam as mudanças.
Os alunos e a sociedade, de certa forma, esperam que um professor
seja intelectualmente capaz e afetivamente maduro, servindo de exemplo para a
vida futura, perpassando em sua conduta valores, normas, padrões de
comportamento e outros aspectos, seja de forma consciente ou inconsciente. Não é
mais esperado que o bom professor seja aquele bonzinho ou senhor da verdade.
Analisando os dados, é possível perceber que as respostas sobre o
bom professor são dadas de acordo com uma passagem pessoal. Em algum
momento a pessoa se imagina como aluno e analisa aqueles que foram seus
professores, para assim dar forma ao conceito. Até mesmo os professores fazem
essa reflexão. Com isso, tenta-se repetir os atos de bons professores e fazer o
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contrário dos atos daqueles considerados ruins.


Outro fator importante sobre o conceito de um bom professor está
relacionado com sua própria experiência, com a prática. Nela se espera aprender
com outros professores, com os alunos e também transformar suas atitudes, se
modificar se for preciso.
O professor dá valor ao prazer que sente ao ensinar, à relação com os
alunos, à ensinar o que gosta. E quando reclama, é por suas dificuldades: seja da
desvalorização da profissão, do fracasso do atual sistema escolar ou do baixo
salário.
As observações de aula trouxeram alguns pontos importantes:
- O professor é a principal fonte de saber sistematizado;
- Os bons professores possuem várias habilidades de ensino, como:
organização do contexto da aula, incentivo à participação dos alunos, trato da
matéria de ensino, variação de ensino e uso da linguagem.
Enfim, é necessário um professor consciente das questões sociais e
engajado na luta para a melhoria das condições de vida e aprendizagem.

CUNHA, Maria Isabel da:


O bom professor e sua prática / Maria Isabel da Cunha – Campinas, SP:
Papirus, 1989. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico) 16ª Edição
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2004.

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