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Bioquímica

ESMOT – Escola de Medicina Oriental e Terapêuticas


2022/2023
Brigite Andrade Antunes de Almeida
Bioquímica
Objetivos
Os formando no final do modulo deverão:
• Conhecer e saber identificar as principais vias metabólicas
• Conhecer, saber identificar as propriedades de moléculas biológicas importantes
Bioquímica
O que é

• É o ramo da Biologia e da Química, que é responsável pelo estudo de todos os processos


químicos que acontecem nos organismos vivos. Aborda todos os compostos, orgânicos e
inorgânicos, presentes nos seres vivos e estuda todas as transformações moleculares,
chamadas de metabolismo, que são necessárias para a sobrevivência e reprodução dos seres
vivos.
• A bioquímica é voltada principalmente para a química dos processos biológicos que ocorrem
em todos os seres vivos, focando-se na estrutura e na função de componentes celulares
como proteínas, hidratos de carbono, lípidos, ácidos nucleicos e outras biomoléculas.
Bioquímica
O que é
• Dentre os diversos tipos de biomoléculas, muitas são moléculas grandes e complexas
(polímeros), cadeias longas formadas pela reunião de unidades fundamentais (monómeros).
Cada tipo de biomolécula polimérica apresenta unidades fundamentais diferentes. Por
exemplo, as proteínas são polímeros cujas unidades monoméricas são os aminoácidos,
enquanto os ácidos nucleicos (como o DNA) são polímeros compostos por cadeias de
nucleótidos.
• O estudo da bioquímica abrange as propriedades de moléculas biológicas importantes, como
as proteínas e os ácidos nucleicos e, em particular, a química de reações catalisadas por
enzimas através de diversos temas de estudo como do código genético, da síntese de
proteínas, do transporte de membrana celular e da transdução de sinal.
Bioquímica
Um pouco de história
• A Bioquímica é a única ciência que nasceu no século XX.

• A história da ciência bioquímica é recente. Começou no início do século XX, com os


primeiros estudos das vias metabólicas que sustentam a vida. Desde então, o avanço no
conhecimento bioquímico tem sido marcado por descobertas científicas e avanços
tecnológicos excecionais que englobam o desenvolvimento da biologia molecular, da
engenharia genética, da biotecnologia, das técnicas de clonagem, das terapias
moleculares e celulares, da investigação com células estaminais, da engenharia de
tecidos, da investigação das bases moleculares de patologias.
Bioquímica
Um pouco de história
• No início do século XXI, a bioquímica é considerada uma ciência forte e reconhecida pelo
estudo e capacidade de intervenção nos mecanismos moleculares que regulam a vida.
• O primeiro a oficializar a palavra “BIOQUÍMICA” nas publicações cientificas, foi o cientista
alemão Carl Neuberg, em 1903. Contudo, outros pesquisadores europeus já realizavam
estudos de química biológica e fisiológica desde a primeira metade do século XIX.
• Em 1828 outro pesquisador alemão, Friedrich Wöhler, sintetizou a ureia por acidente no
seu laboratório. Anteriormente, o composto químico era conhecido apenas na urina de
mamíferos.
• Em 1872 a França criou o primeiro centro dedicado ao estudo da química da vida: o
Instituto de Química Fisiológica da Universidade de Strasbourg.
Bioquímica
Um pouco de história
• A bioquímica (química da vida) nasce como uma variante da química
orgânica. A história da química orgânica, por sua vez, nasce no século 18
com Lavoisier (1743- 1794) quem formula a lei da conservação da
matéria (1785) e relaciona a combustão, a respiração animal e a produção
de calor no organismo.
• No século 18 vários fatos são decisivos para o estudo da química:
• Priestley (1733-1794) e Scheele (1742-1786), de forma independente,
descobrem o oxigénio, sendo que Scheele também descobriu o CO2,
enquanto Cavendish (1731-1810) descobre o hidrogênio e o nitrogénio.
Bioquímica
Um pouco de história
No inicio do século 19, muitos eventos acontecem na história
da química:
• Berzelius (1779-1848), classifica as moléculas em
orgânicas (aquelas que contêm carbono) e inorgânicas, e
estabelece a noção do caráter elétrico da energia que une os
átomos. Conceitos sobre moléculas e átomos são
esclarecidos em torno de 1860.
• Mendeleiev, em 1869, classifica os elementos e os seus
átomos no sistema periódico (tabela periódica dos
elementos).
Bioquímica
Um pouco de história
• A química orgânica como disciplina separada da química inorgânica é sistematizada por
Liebig (1803-1873) no século 19. Ele trabalhou com Wöhler, que profetizou a possibilidade
da síntese de moléculas orgânicas e, de fato, foi ele quem sintetizou a ureia a partir de
amónia e CO2.
• Alguns historiadores citam o descobrimento de Wöhler como o início da bioquímica,
ainda mais que ele postula a possibilidade de sintetizar compostos orgânicos em sistemas
extracelulares, numa época em que se acreditava que esta situação apenas ocorria no interior
dos seres vivos. A obra de Liebig A química e a sua aplicação na agricultura e a fisiologia
(1842) sentou as bases da relação entre a química e a fisiologia, isto é, da bioquímica.
Bioquímica
Um pouco de história
• A rigor, a história da bioquímica começa o seu despertar com a descoberta das enzimas e das
suas características e funções, uma vez que o metabolismo está baseado na ação enzimática.
• Os primeiros estudos sistemáticos neste sentido tinham sido realizados com o processo da
digestão no século 18 por Reaumur (1683-1757) e Spallanzani (1729- 1799), estudos que, à
época, não tiveram muito impacto na comunidade científica, devido à influência do
vitalismo, teoria que estabelecia que os processos fisiológicos eram controlados por um
impulso vital de natureza imaterial, diferente de interações físico-químicas.
Bioquímica
Um pouco de história
• Fischer (1852-1919), discípulo de Von Baeyer, determina a estrutura molecular da glicose e da
frutose. Também propõe o modelo chave-fechadura no estudo sobre a especificidade das enzimas. O
conceito de ter células vivas para realizar a fermentação foi questionado por Wöhler e Von Liebig, os
quais eram reconhecidos pesquisadores à época.
Bioquímica
Um pouco de história
• Ainda no século 19, Kirchoff (1764-1833), no processo de elaboração da cerveja, demonstra que o
amido é convertido em açúcar pela ação fermentativa de extratos de grãos de trigo.
• No mesmo século 19, Cargniard-Latour (1777-1859), Schwann (1810- 1882) e Kützing (1807-1893)
demonstram que as leveduras devem estar vivas para realizar o processo de fermentação. Schwann
também é considerado como o pai da histologia, na qual se reconhecem as células nervosas que
levam seu nome. Foi ainda o criador do termo “metabolismo” para se referir aos processos químicos
nos seres vivos.
Bioquímica
Um pouco de história
• No início do século 20 já se formulava a hipótese de que a diabetes mellitus poderia dever-se
a uma falha na hemóstase por alguma substância que modulava o seu metabolismo e que se
localizava no pâncreas.
• Em 1921, Banting (1891-1941) e os seus colaboradores Best (1899-1978) e MacLeod
(1876-1935) obtêm extratos de pâncreas para tratar cães diabéticos. O extrato é batizado de
insulina (do latim insula = ilha) e com auxílio do bioquímico Collip (1892-1965)
conseguem a purificação do extrato em 1922, dando-se o primeiro sucesso num teste com
um paciente humano diabético, uma criança de 14 anos de idade.
Bioquímica
Um pouco de história
• Em 1923, Banting e McLeod recebem o prémio Nobel pela descoberta da insulina. Numa
demonstração de solidariedade académica, Banting divide o prêmio com seu colega Best, e
McLeod faz o próprio com Collip.
Bioquímica
Um pouco de história
• A insulina seria a primeira hormona a ser isolada em forma pura e,
posteriormente, em 1954, seria a primeira hormona a ter sua sequência de
aminoácidos elucidada, graças aos trabalhos de Sanger (1918-2013), o que
lhe valeu o prémio Nobel de química em 1958.
• Sanger merece um lugar de destaque na história da bioquímica, uma vez
que também desenhou uma técnica para o sequenciamento dos ácidos
nucleicos, com o qual obtém o seu segundo prémio Nobel em química
em 1980.
Apenas mais três cientistas receberam duas vezes a honra do prémio Nobel: Marie Curie (Física
em 1903 e Química em 1911), Linus Pauling (Química em 1957 e Paz em 1962) e John Bardeen
(Física em 1956 e 1972).
Bioquímica
Um pouco de história
• A partir da segunda metade do século 20 as descobertas da
bioquímica são tantas que resultaam numa lista vasta de eventos.
• O conhecimento em bioquímica e biologia molecular na segunda
metade do século 20 é impulsionada principalmente pelo
desenvolvimento de técnicas analíticas como cromatografia,
centrifugação e ultracentrifugação, eletroforese, técnicas
radio isotópicas, microscopia eletrónica, cristalografia de
raios X, ressonância magnética nuclear, reação em cadeia de
polimerase (PCR), imunotécnicas, entre outras.
Bioquímica
Um pouco de história
• Mitchell (1920-1992), descreve a teoria químico-osmótica da fosforilação oxidativa (síntese
do ATP) pelo qual ganha o prémio Nobel de química em 1978. Após a definição da
estrutura do DNA, é decifrado o código genético graças aos estudos de Crick, Ochoa (1905-
1993, Nobel de fisiologia de 1959), Khorana (1922-2011), Holley (1922-1993) e Nirenberg
(1927- 2010). Os três últimos pesquisadores compartilharam o prémio Nobel de
fisiologia de 1968.
Bioquímica
Um pouco de história
• Em 1973, Cohen (1922-2020) e Boyer (1936) produzem o primeiro ser vivo recombinante,
dando início à engenharia genética. Cohen ganhou o prémio Nobel de fisiologia de
1986.
Bioquímica
Um pouco de história
Bioquímica
Entender a Bioquímica
• A bioquímica é um estudo presente na Biologia, responsável por analisar a reação química
que ocorre dentro dos seres vivos. É a parte que estuda o que acontece com as substâncias
dentro das células.
• As células que compõem os seres vivos, por sua vez, são formadas por:
• moléculas de carbono,
• oxigénio,
• hidrogénio,
• nitrogénio,
• enxofre,
• fósforo.
Bioquímica
Entender a Bioquímica
• As transformações moleculares dão origem ao que chamamos de metabolismo. Logo, o
metabolismo é responsável por manter a sobrevivência dos seres vivos. Para que as
transformações moleculares ocorram, o corpo necessita de biomoléculas, como proteínas,
lípidos e hidratos de carbono, por exemplo.
• A Bioquímica, além de estudar a estrutura das moléculas e a função exercida pelo
metabolismo, também está presente noutras áreas. Ou seja, as descobertas bioquímicas
propiciaram o desenvolvimento, por exemplo, da biotecnologia, da medicina e da agricultura.
Bioquímica
Entender a Bioquímica
• Metabolismo - conjunto de reações bioquímicas que ocorrem no interior de um organismo
vivo. Estas reações vitais estão presentes nas células e nos seus compostos orgânicos,
conhecidas como biomoléculas, tais como:
• hidratos de carbono
• lípidos
• Proteínas
• ácidos nucleicos
Bioquímica
Biomoléculas
• Proteínas: é a mais importante das macromoléculas biológicas, compondo mais da metade
do peso seco de uma célula. Compostas por subunidades de aminoácidos. Desempenham
várias funções no organismo:
o fornecimento de energia;
o catalisam reações químicas;
o transportam substâncias;
o atuam na defesa;
o regulam processos metabólicos;
o etc.
Bioquímica
Biomoléculas –Proteínas
• As proteínas são macromoléculas orgânicas formadas pela junção de muitos aminoácidos.
Os aminoácidos são os monómeros que constituem as proteínas (polímeros).
• Os aminoácidos encontrados em peptídeos e proteínas são constituídos por um grupo
funcional ácido carboxílico (COOH), um grupo amino (NH2) e um hidrogénio (H) ligados
ao átomo de carbono
Bioquímica
Biomoléculas –Proteínas
• A fórmula geral de um aminoácido está representada abaixo:

Em solução aquosa os
aminoácidos são iões

• A ligação química entre dois aminoácidos chama-se ligação peptídica, e


acontece sempre entre o C do radical ácido de um aminoácido e
o N do radical amina do outro aminoácido.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
• Quando a ligação ocorre entre dois aminoácidos, chamamos à molécula que se
forma dipeptídeo. Quando ocorre com três aminoácidos, chamamos de tripeptídeo. Acima
de quatro aminoácidos, a molécula é chamada de polipeptídeo. As proteínas são sempre
polipeptídeos (costumam ter acima de 80 aminoácidos).
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
• Grupos-R (cadeia lateral) distintos, também estão associados ao carbono-alfa, desta forma, o
carbono encontrado nos aminoácidos é tetraédrico ou assimétrico (exceto no caso da glicina
onde o grupo-R é o hidrogénio).
• Um aminoácido difere de outro precisamente pelo grupo-R (cadeia lateral).
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
• A glicina e alanina podem-se ligar por meio da eliminação da molécula de água para
produzir um dipeptídeo. Esta ligação pode ser feita de duas maneiras diferentes, resultando
em dois dipeptídeos diferentes.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
• Existem vinte tipos diferentes de aminoácidos que fazem parte das proteínas. Estes são
denominados aminoácidos naturais. Um mesmo aminoácido pode aparecer várias vezes
na mesma molécula.
• Parte destes aminoácidos são essenciais (precisam ser obtidos da alimentação), os restantes
o organismo pode sintetizar (aminoácidos naturais).
• Os aminoácidos são designados pelas primeiras três letras do seu nome em inglês, com
excepção de quatro deles, a Glutamina (Gln), a Asparagina (Asn), a Isoleucina (Ile) e o
Triptofano (Trp), conforme se representa no Quadro seguinte.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
• O estudo da composição e polaridade do grupamento R permite agrupar os aminoácidos em
quatro classes distintas:
a) Aminoácidos com grupamento R não polar ou hidrofóbico
b) Aminoácidos com grupamento R polar não-carregado
c) Aminoácidos com grupamento R polar carregado positivamente (básicos)
d) Aminoácidos com grupamento R polar carregado negativamente (ácidos)
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R não polar ou hidrofóbico
• são os menos solúveis, devido à ausência de grupamentos hidrofílicos no agrupamento R.
São eles:
• Cadeia alifática hidrocarbonada: alanina, leucina, isoleucina, valina e prolina;
• Anel aromático: fenilalanina e triptofano;
• Tioéter: metionina.
• Hidrogénio: glicina.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R não polar ou hidrofóbico
• A alanina representa o aminoácido mais solúvel deste grupo e a prolina é, na realidade, um
aminoácido onde o grupamento R é um substituo do aminogrupo.
• A glicina é o aminoácido mais simples em virtude de possuir como R apenas um átomo de
hidrogénio (apolar), sendo também o único aminoácido que não possui carbono assimétrico.
Algumas vezes é classificado como polar, pois o grupamento funcional confere-lhe certa
solubilidade.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R polar não-carregado
• Possuem grupamentos hidrofílicos na cadeia carbonada que não se ionizam, porém
conferem maior solubilidade ao aminoácido.
São eles:
• Hidroxilo: serina, treonina e tirosina;
• Grupo Amida: asparagina e glutamina;
• Sulfidrila ou Tiol: cisteína.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R polar não-carregado
• A cisteína e a tirosina tem os grupamentos R mais polares, sendo portanto os mais solúveis
desta classe. A cisteína, frequentemente, ocorre nas proteínas na sua forma oxidada, a
cistina, na qual a sulfidrila (- SH) estão unidas e formam pontes dissulfeto (S-S) que são
ligações covalentes importantes na estabilização da molécula proteica.
• A asparagina e a glutamina são amidas do ácido aspártico e do ácido glutâmico,
respetivamente.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R polar carregado positivamente (básicos)
o Lisina,
o arginina
o histidina;
Todos possuem grupamento R de 6 carbonos e a carga positiva localiza-se num átomo de
nitrogénio do R.
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas
Aminoácidos com grupamento R polar carregado negativamente (ácidos)
o Ácido aspártico e ácido glutâmico.
São citados como aspartato e glutamato em virtude de se ionizarem em pH fisiológico
adquirindo carga negativa no grupamento carboxilo (- COO-).
Bioquímica
Biomoléculas – Classificação das proteínas
• As proteínas agrupam-se em duas categorias principais:
• proteínas fibrosas
• proteínas globulares.
• As proteínas globulares são mais ou menos esféricas. São geralmente solúveis nos solventes
aquosos e os seus pesos moleculares situam-se entre 10.000 e vários milhões. Nesta categoria
situam-se as proteínas activas como as enzimas, transportadores como a hemoglobina, etc.
Bioquímica
Biomoléculas – Classificação das proteínas
• Na sua maioria, as proteínas fibrosas são insolúveis nos solventes aquosos e possuem pesos
moleculares muito elevados.
• São formadas geralmente por longas moléculas mais ou menos rectilíneas e paralelas ao eixo da fibra.
A esta categoria pertencem as proteínas de estrutura:
• colagénio do tecido conjuntivo,
• queratinas dos cabelos,
• esclerostinas do tegumento dos artrópodes,
• conchiolina das conchas dos moluscos, ou ainda a fribrina do soro sanguíneo ou a miosina dos músculos.
• Algumas proteínas fibrosas, porém, possuem uma estrutura diferente, como as tubulinas, que são
formadas por múltiplas subunidades globulares dispostas helicoidalmente.
Bioquímica
Biomoléculas – Classificação das proteínas

Noutra perspetiva, as proteínas podem ser classificadas


em simples e conjugadas.
As proteínas simples, quando hidrolisadas, só libertam
aminoácidos.
Pelo contrário, as proteínas conjugadas são formadas por uma
parte polipeptídica e por outra de natureza não proteica (grupo
prostético) .
Bioquímica
Biomoléculas – Classificação das proteínas
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas conjugadas
Muitas proteínas apresentam na sua composição, moléculas não proteicas ligadas de forma
covalente ou não aos aminoácidos das proteínas, denominados, genericamente, de grupo
prostético.

A hemoglobina é uma proteína conjugada cujo agrupamento


prostético são quatro grupamentos hemes que se ligam às cadeias
peptídicas
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas conjugadas
Um grupo importante de proteínas conjugadas são as glicoproteínas que estão presentes na
superfície celular (p.ex.: mucina), fazem parte de proteínas estruturais (p. ex.: o colagénio), são
hormonas (p.ex.: glucagon) ou recetores de membrana.
A glicose liga-se de maneira irreversível a uma fração da hemoglobina (hemoglobina glicada) e
permite a monitoração da concentração de glicose plasmática (glicémia) até 120 dias (vida
média da hemoglobina) antes da colheita de sangue. Outra fração de glicose fixa-se à albumina
formando as frutosaminas que, à maneira da hemoglobina glicada, monitoriza a glicémia
anterior da colheita até 30 dias (vida média das albuminas).
Bioquímica
Biomoléculas – Proteínas conjugadas
As lipoproteínas são importantes transportadoras dos lipídios plasmáticos, principalmente os
triglicerídeos e o colesterol.
De acordo com a variação das lipoproteínas pode-se avaliar o risco para doenças cardíacas
coronárias.
Bioquímica
Biomoléculas – Estrutura Proteínas
• Devido à característica anfótera dos aminoácidos (podem ser catiões ou aniões) e a
capacidade de modificação da carga elétrica do grupamento R observada em vários
aminoácidos, as proteínas têm conformação estrutural bastante diversificada uma vez que os
aminoácidos relacionam-se entre si de maneira variada.
• A flexibilidade dada pelo C deve-se ao fato de ele ser assimétrico (ligado a quatro grupos
diferentes: NH3 +, COO-, H e R) o que lhe garante livre rotação no seu eixo.
Bioquímica
Biomoléculas – Estrutura Proteínas

Cada tipo de proteína possui uma


configuração tridimensional peculiar que é
determinada pela sequência de aminoácidos
e pelo grau de inclinação entre as ligações
químicas (proporcionada pelos arranjos
intermoleculares). A estrutura molecular das
proteínas é muito complexa, por essa razão é
conveniente dividi-la em níveis distintos de
organização.
Bioquímica
Biomoléculas – Desnaturação Proteica
A exposição de proteínas a pH extremos ou temperaturas elevadas, mesmo por períodos
curtos, faz com que a maioria delas apresentem modificações físicas na sua conformação
tridimensional e na sua função fisiológica. Este processo é conhecido como desnaturação.
Desta forma, a perda da configuração espacial modifica completamente sua função, podendo
até significar a destruição da proteína.
Bioquímica
Biomoléculas – Desnaturação Proteica
• Fisiologicamente, condições extremas de desnaturação proteica obtêm-se com variação
bruscas de temperaturas acima de 50ºC e pH abaixo de 5, ambas condições incompatíveis
com a vida. Desta forma, o desnivelamento proteico em hipertermia ou acidoses leva à
diminuição ou até à perda da função proteica, mas que se mostra reversível quando cessa a
causa da variação de temperatura e/ou pH.
• Este processo de renaturação, entretanto não é visualizado em condições experimentais
extremas onde a desnaturação proteica é irreversível.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• Para que uma reação ocorra espontaneamente, é condição necessária, mas não suficiente,
que a variação de energia livre seja negativa.
• Por exemplo, a gasolina possui uma energia livre de oxidação muito negativa; todavia
mantém-se estável em presença do ar. Para reagirem, a maior parte das moléculas precisam
de ser activadas. No caso da gasolina, a chama de um simples fósforo fornece a energia de
activação necessária.
• De um modo geral, a energia térmica acelera as reacções, aumentando a agitação molecular
e, consequentemente, a frequência de colisões entre as moléculas reagentes.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• Uma via alternativa para acelerar uma reacção, consiste em fazer baixar a energia de
activação necessária. Essa é, genericamente, a função dos catalisadores.
• Na biosfera, porém, as reacções não podem efectuar-se a temperaturas elevadas e a maior
parte delas exige a intervenção de catalisadores orgânicos, designados por enzimas.
Contrariamente aos outros catalisadores, as enzimas são altamente específicos dos substratos
e das reacções em que estes intervêm.
• Existem moléculas biológicas capazes de aumentar bastante a velocidade de reacções
químicas, i.e., são catalizadores. Estas moléculas são genericamente denominadas “enzimas”,
e são (na sua quase totalidade) proteínas.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
São moléculas orgânicas de natureza proteica e agem nas reações químicas das células
como catalisadoras, ou seja, aceleram a velocidade dos processos sem alterá-los. Geralmente são
os catalisadores mais eficazes, pela sua alta especificidade. A sua estrutura quaternária
determina a sua função, e a que substrato ela se acoplará para acelerar determinada reação.
O nosso organismo é mantido vivo por uma série de reações químicas em cadeia, que
chamamos de vias metabólicas, nas quais o produto de uma reação serve como reagente
posteriormente. Todas as fases de uma via metabólica são mediadas por enzimas.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• Quase todas as enzimas são de origem proteica, com exceção de algumas RNA catalíticas.
Algumas funcionam sem adição de nenhuma outra molécula à sua cadeia polipeptídica,
outras necessitam de se ligar a outro grupo, que chamamos de cofator, iões inorgânicos, ou a
um grupo de moléculas orgânicas que chamamos de coenzima (ácido fólico, vitaminas, por
exemplo).
• Em alguns casos, ela pode-se ligar aos dois tipos e em outros podem sofrer alterações por
processos como a glicosilação ou fosforilação.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• As enzimas não proteicas conhecidas são constituídas por RNA. As enzimas são altamente
específicas: cada enzima apenas reage com um conjunto muito restrito de moléculas (os seus
“substratos”). As enzimas não alteram o equilíbrio químico das reacções catalizadas, apenas
diminuem a sua energia de activação.
• As enzimas são proteínas globulares, geralmente conjugadas. Nestes casos, as substâncias
associadas às enzimas recebem designações diferentes, consoante as funções que
desempenham no processo catalítico: coenzima, cofactor ou grupo prostético.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• A Acão enzimática é altamente específica do substrato e da reação em que este intervém,
isto é, a uma determinada reação em que intervém um substrato, corresponde um enzima
particular.
• Tal significa que as enzimas actuam:
a) sem se encontrarem alteradas no final da reacção;
b) sem modificarem as condições termodinâmicas de uma determinada reacção (uma
reacção que seria termodinamicamente inviável, não passará a poder realizar-se por
acção de enzimas);
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
c) sobre a cinética das reacções, incrementando enormemente a velocidade, o que
poderá tornar possíveis, reacções que, de outro modo e à temperatura dos seres vivos,
seriam tão lentas que, para efeitos práticos, não chegariam a ter lugar;
d) especificamente sobre o binómio substrato/reacção: o mesmo substrato, podendo ser
objecto de várias reacções, cada uma será catalizada pela sua própria enzima.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
• O mecanismo da catálise enzimática, na sua expressão mais simples, compreende a formação
de um complexo enzima-substrato, ES, altamente específico. A especificidade enzimática
levou Fisher (em 1894) a enunciar o princípio segundo o qual a enzima está para o substrato,
como a chave está para a fechadura.
E +S ↔ ES → E + P
• Neste modelo a enzima (E) liga-se ao substrato (S) para formar um complexo enzima-
substrato (ES). Este pode separar-se novamente em enzima e substrato livre ou transformar
o substrato em produto (P).
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
Cada enzima é única para uma determinada reação.
• Possui uma região específica de ligação ao substrato chamada de sítio ativo, a conformação
desta região forma um encaixe perfeito e único entre determinada enzima e um substrato,
normalmente por ligações covalentes transitórias.
• Ao terminar a reação, solta-se do substrato e continua perfeita, na sua forma, para novas
atividades. Como todas proteína, ela pode-se desnaturar em algumas condições, como altas
temperaturas, variação extrema de pH, perdendo assim sua função. Como todas proteína,
precisam de uma temperatura e pH ideal para serem ativas nas reações.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
Fatores que regulam a atividade enzimática
As enzimas podem ter sua atividade influenciada por alguns fatores. Dentre esses podemos
destacar a temperatura, o pH e as enzimas reguladoras.
• Temperatura: Grande parte das enzimas aumenta as suas taxas de reações na medida em que a
temperatura em que elas atuam eleva-se em 10ºC. Entretanto, esta taxa começa a decair a partir
do momento em que a temperatura atinge os 40ºC. A partir desta temperatura, observa-se que as
enzimas passam a sofrer desnaturação, um desdobramento de sua estrutura.
• pH: Alterações no pH do meio em que a enzima se encontra leva a alterações nas suas cargas. A
manutenção da forma das enzimas deve-se à atração e repulsão entre as cargas
dos aminoácidos que a constituem. Mudanças nestas cargas alteram a forma da enzima, afetam a
ligação entre ela e o substrato e, assim, a sua funcionalidade.
Bioquímica
Biomoléculas – ENZIMAS
Fatores que regulam a atividade enzimática
• Enzimas reguladoras: Estas atuam regulando a taxa das vias metabólicas. Muitas vezes,
elas ocupam o primeiro lugar da sequência da via metabólica e aumentam ou diminuem a
atividade mediante alguns sinais, como os níveis de substrato ou a solicitação energética
da célula.
Bioquímica
Biomoléculas
• Lipídos: Apresentam estrutura molecular variada, e possuem diversas funções orgânicas.
São moléculas orgânicas insolúveis em água e solúveis em certas substâncias orgânicas, tais
como álcool, éter e acetona. São compostas por carbono, oxigénio e hidrogénio. São uma
importante reserva de energia, , isolante térmico, para além de fazerem parte da composição
da membrana plasmática das células. Podem ser encontrados nas células animais e vegetais.
Bioquímica
Biomoléculas - Lípidos
• Caracterizam-se por possuírem, na sua estrutura molecular, ácidos gordos com, pelo menos,
8 átomos de carbono. Na maioria dos casos, o ácido esterifica um álcool, o qual é,
frequentemente, o glicerol. Noutros casos, os ácidos ligam-se a uma amina alcoólica.
• Todavia, a característica essencial dos lípidos é a sua fraca, ou mesmo muito fraca
solubilidade na água e a grande solubilidade nos solventes orgânicos, como o éter, a acetona,
o álcool, o sulfureto de carbono, o tetracloreto de carbono.
• Os lípidos desempenham funções biológicas de extrema importância, quer ao nível das
estruturas (membranas celulares), quer como reserva energética, quer ainda, entre outras
funções, como mensageiros (hormonas).
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos
• Os lipídios ou gorduras são moléculas orgânicas insolúveis em água e solúveis em certas
substâncias orgânicas, tais como álcool, éter e a acetona.
• São moléculas compostas por carbono, oxigénio e hidrogénio.
• Podem ser encontrados em alimentos de origem vegetal e de origem animal e o seu
consumo deve ser feito de forma equilibrada.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos - Funções
• Reserva energética dos animais e sementes oleaginosas - Os lípidos são armazenados nas
células de animais e plantas na forma de triglicerídeos (popularmente conhecidos como
gorduras);
• São componentes estruturais das membranas biológicas - As membranas das células animais
e vegetais são estruturas formadas por proteínas e lipídios. Os lípidos que compõem a membrana
biológica são moléculas anfipáticas (que apresenta natureza dupla: polar e apolar) e formam uma
bicamada lipídica separando dois ambientes aquosos; o líquido intracelular (o citoplasma, na parte
interna) e o extracelular (a matriz extracelular, que fica fora da célula).
• Oferecem isolamento térmico, elétrico e mecânico para proteção de células e órgãos e para
todo o organismo.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos - Funções
• Absorção de vitaminas: a absorção de vitaminas, como A, D, E e K, é auxiliada
pelos lípidos, já que estes compostos são lipossolúveis e, portanto, dissolvem-se em
óleos.
• Produção de hormonas: o colesterol é um lipídio responsável pela produção de
hormonas esteroides, como o cortisol e a testosterona.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos
É importante iniciar o estudo dos lípidos pelo conhecimento das estruturas
químicas dos ácidos gordos. Assim, os ácidos gordos são as unidades
básicas da maioria dos lípidos.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos
Cada molécula de um ácido gordo apresenta numa extremidade (alfa) um grupo carboxilo
(COOH) e na outra (ómega) um grupo metilo (CH3) não funcional.
A classificação destes compostos é feita de acordo com o comprimento da cadeia carbonada, o
número, a posição e a configuração das duplas ligações.
Existem duas nomenclaturas diferentes para designar os ácidos gordos, contudo, é frequente
dar prioridade à localização da ligação dupla mais próxima do grupo terminal metilo, por se
considerar que as características nutricionais de um ácido gordo dependem da constituição
junto da extremidade metílica e não da extremidade carboxílica.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos
• As fórmulas dos ácidos gordos apresentam-se, normalmente, de forma simplificada,
segundo a fórmula n1:n2wn3, indicando n1 o número de átomos de carbono, n2 o número
de ligações duplas e n3 o número do átomo de carbono mais próximo do grupo terminal
metilo em que se encontra a primeira ligação dupla.
• Os ácidos gordos encontram-se principalmente nos triglicéridos e nos fosfolípidos, mas
alguns podem estar esterificados com o colesterol e os isómeros mais vulgares na natureza
são os cis.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos
• A isomeria ocorre com compostos que possuem a mesma fórmula molecular, mas são
moléculas diferentes, possuindo estrutura e propriedades químicas e físicas distintas. A
condição para que a isomeria geométrica aconteça é a existência de duplas ligações entre
carbonos ou de cadeias carbónicas fechadas (cíclicas).
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos
• Para determinar se um estereoisómero é cis ou trans é necessário saber a disposição espacial
dos átomos que constituem suas moléculas.
No primeiro caso os ligantes iguais estão do
mesmo lado do plano, sendo isómeros cis. Já
na segunda molécula, os ligantes iguais estão
em lados opostos do plano, sendo, portanto,
isómeros trans. Esta diferença da localização
espacial dos átomos faz com que o
composto cis possua propriedades diferentes
de seu isómero trans.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos
Podem ser classificados em saturados e insaturados.
Os ácidos gordos saturados não apresentam duplas ligações nas suas cadeias, enquanto os
insaturados apresentam uma ou mais duplas ligações.
Ácidos gordos saturados - São sólidos à temperatura ambiente e são encontrados em gorduras
animais
Ácidos gordos insaturados - São líquidos à temperatura ambiente e são encontrados em óleos
vegetais
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos Saturados
• Os ácidos gordos saturados não apresentam ligações duplas carbono-carbono e são
designados de acordo com o número de átomos de carbono e com o sufixo -óico do ácido
carboxílico correspondente. A fórmula geral é CH3-(CH2)n-COOH, em que n varia, em
geral, de 2 a 22. Por exemplo, o ácido gordo de 16 átomos de carbono CH3(CH2)14COOH
é designado por ácido hexadecanóico, no entanto, a designação mais comum é a de ácido
palmítico enquanto que na nomenclatura simplificada este ácido gordo representa-se por
16:0.
• Os ácidos gordos saturados mais abundantes nos lípidos do pescado são o mirístico (14:0), o
palmítico (16:0) e o esteárico (18:0).
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos Insaturados
• Tendo em conta o número de insaturações, estes ácidos gordos podem ser mono ou
polinsaturados. Os ácidos gordos monoinsaturados caracterizam-se por terem apenas uma
ligação dupla, variando o número de átomos de carbono entre 10 e 30. O ácido gordo
monoinsaturado mais abundante é o oleico, cuja fórmula estrutural é
CH3(CH2)7CH=CH(CH2)7COOH, também designado por 9-octadecenóico, e descrito em
nomenclatura abreviada por 18:1w9 (ou 18:1n9).
• Nos produtos da pesca, os ácidos gordos monoinsaturados mais abundantes nos lípidos são,
normalmente, o ácido palmitoleico (16:1w7) e o ácido oleico (18:1w9).
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos InSaturados
• Os polinsaturados contêm, em geral, um número par de átomos de carbono, de duas a sete
ligações duplas, separadas por uma ponte metilénica e apresentam a configuração cis. A título
de exemplo, o ácido linoleico CH3(CH2)4(CH=CH-CH2)2(CH2)6COOH representa-se por
18:2w6 (ou 18:2n-6).
• Nos peixes, o 20:5w3 (EPA, ácido eicosapentaenóico) e 22:6w3 (DHA, ácido
docosahexaenóico) são os ácidos gordos polinsaturados mais importantes, constituindo
cerca de 90 % do total destes compostos.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos essenciais
• Os ácidos linoleico (18:2w6) e a-linolénico (18:3w3) são chamados ácidos gordos essenciais
em virtude de não poderem ser sintetizados pelo organismo humano e serem indispensáveis
para o funcionamento e crescimento normal de todos os tecidos, para a reprodução e, em
particular, para a formação de prostaglandinas que são responsáveis pela regulação de vários
processos associados a inflamações e trombos.
• Os organismos animais podem converter aqueles dois compostos noutros ácidos gordos
importantes, nomeadamente o araquidónico (20:4w6), o ácido eicosapentaenóico ou EPA
(20:5w3) e o ácido docosahexaenóico (22:6w3).
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos essenciais
• A existência de duplas ligações nos ácidos gordos insaturados permite a possibilidade de
isomeria geométrica ou cis-trans nas suas estruturas.
• Os isómeros cis são essenciais para o corpo, por exemplo o omega-3 (ácido linolenílico) e
omega-6 (ácido linoleico).
• Os isómeros trans são prejudiciais à saúde, sendo utilizado com o objetivo de aumentar a
durabilidade de produtos industrializados e melhorar sua consistência. As
gorduras trans podem ser produzidas pela hidrogenação parcial de óleos vegetais,
transformando ligações duplas em ligações simples. Esta transformação garante uma
consistência mais pastosa de diversos produtos, como a margarina, sendo este processo
bastante difundido industrialmente.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ácidos Gordos essenciais
• O consumo de produtos que possuem na sua composição gordura trans está diretamente
associado a problemas de saúde já que ocorre redução dos níveis do bom colesterol (HDL) e
aumenta os níveis do mau colesterol (LDL), potencializando o risco de doenças
cardiovasculares e AVC, além de estar relacionada com o aumento do risco de doença de
Alzheimer, diabetes e outras doenças.
• A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de gordura trans na
dieta deve ser 1% do valor energético da dieta.
Classificação dos
Bioquímica principais ácidos
gordos presentes nos
Biomoléculas produtos da pesca.

Lípidos – Ácidos Gordos


Nomenclatura abreviada e
estrutura química dos principais
ácidos gordos presentes nos
produtos da pesca.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Classificação
• Os lipídios classificam-se em cinco classes
• triglicéridos
• Ceras
• Glicerofosfolipídios;
• Esfingolipídios
• Esteroides
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Classificação
• A grande heterogeneidade dos lípidos justifica a existência de diversas classificações. Uma
delas, por ventura a mais simples, agrupa os lípidos, à partida, em três classes:
• lípidos simples – Glicéridos e ceras
• lípidos conjugados - Glicerofosfolípidos, os esfingolípidos e os glicolípidos
• lípidos derivados.
Bioquímica
Biomoléculas - Lípidos – Classificação
• Lípidos simples
• Os lípidos simples compreendem os glicéridos e as ceras. Os glicéridos são ésteres do
glicerol e de ácidos gordos; são habitualmente designados por óleos ou gorduras,
consoante se encontrem em estado líquido ou sólido, à temperatura ambiente. As ceras
são igualmente ésteres, mas de mono-álcoois de elevado peso molecular.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – triglicéridos
São formados por três moléculas de ácidos
gordos, que se ligam covalentemente aos grupos
hidroxilos (OH) do álcool glicerol.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – triglicéridos
• Um éster é o produto da reação de um ácido (geralmente orgânico) com um álcool (o
hidrogénio do ácido R-COOH é substituído por um grupo alquilo R"). Os ésteres mais
comuns que se encontram na natureza são as gorduras e os óleos vegetais, os quais são
ésteres de glicerol e de ácidos gordos.
• Os ésteres resultam frequentemente da condensação (uma reação que produz água) de um
ácido carboxílico e de um álcool. Ao processo dá-se o nome de esterificação.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – triglicéridos
Os triglicéridos são moléculas apolares ou hidrofóbicas essencialmente insolúveis em água. Os
lípidos apresentam uma densidade específica menor do que a água e, por essa razão, as misturas
de óleo e água separam-se em duas fases.
Isto pode ser facilmente constatado quando o óleo fica flutua sobre a água. O mesmo ocorre
na mistura de óleo-vinagre, habitualmente utilizado para temperar saladas.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – triglicéridos - Funções
• Função de reserva energética. Nos animais vertebrados, os adipócitos (as células que
armazenam as gorduras) armazenam grandes quantidades de triglicéridos como gotículas de
gordura. São também armazenados como óleos nas sementes de muitos tipos de plantas que
ajudam na germinação. Nos seres humanos o tecido adiposo é composto principalmente de
adipócitos situados sob a pele, na cavidade abdominal e nas glândulas mamárias (neste último
caso, de grande importância para viabilizar o aleitamento materno).
• Isolante térmico para animais de climas muito frios. Esta é uma função especialmente
importante para os animais que habitam as zonas polares do globo que suportam baixíssimas
temperaturas. Animais como o urso, foca e pinguins apresentam uma espessa camada de gordura
sob a pele que impede a troca de calor do animal com o ambiente, mantendo assim os corpos
aquecidos.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – triglicéridos – classificação
Os triglicéridos são classificados em simples e mistos.
Os simples apresentam o mesmo tipo de ácido gordo ligado às três hidroxilos do glicerol.
Os mistos apresentam pelo menos dois ácidos gordos diferentes ligados à molécula de glicerol.

(a) Triglicérido simples, formado apenas por um tipo de


ácido gordo (R) que se liga as três OH do glicerol,
representados por R1 , e (b) R1, R2 e R3 .
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ceras
• São ésteres de ácidos gordos saturados ou insaturados de cadeia longa (com 14 a 36 átomos
de carbonos), com álcoois de cadeia longa (contendo de 16 a 30 carbonos) como pode ser
visto na Figura abaixo. A reação de formação de éster é denominada reação de esterificação.
A esterificação resulta da reação de um éster pela união de um álcool e um ácido (neste caso
um ácido gordo)
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Ceras - Funções
• Reserva energética – especialmente importante para a população de organismos marinhos flutuando
livremente e que estão na base da cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos (o plâncton).
• Impermeabilizante – Alguns animais vertebrados possuem glândulas na pele que secretam ceras. A
cera secretada por estas glândulas protegem o pelo e a pele desses mantendo-os flexíveis, lubrificados e
à prova de água (impermeáveis). Os pássaros marinhos, inclusive, secretam ceras de suas glândulas para
manter suas penas repelentes à água, evitando o acumulação de sobrepeso – representado pelo líquido –
sobre as asas que comprometeria a mobilidade no ar e na água.
• Proteção contra evaporação e ataque de parasitas. As folhas brilhantes de azevinhos, marfim
venenoso e muitas outras plantas tropicais são cobertas por uma grossa camada de cera. Essa camada
de cera serve para impedir a evaporação excessiva da água – evitando a desidratação – e proteger a
planta do ataque de parasitas.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos conjugados
• Contrariamente aos lípidos simples, os lípidos conjugados contêm na sua molécula, outras
substâncias para além do álcool estrutural e dos ácidos gordos, como fosfato, bases
azotadas, açúcares, etc. Os mais importantes no contexto da biologia da célula, são
os glicerofosfolípidos, os esfingolípidos e os glicolípidos.

• Os glicerofosfolípidos (vulgarmente referidos como fosfolípidos) são igualmente ésteres


do glicerol, mas em que apenas dois radicais alcoólicos se encontram esterificados por
ácidos gordos; o terceiro (sempre um álcool primário) está esterificado pelo ácido fosfórico.
Além disso, possuem sempre uma base azotada ou um álcool esterificado a um dos
oxidrilos do ácido fosfórico.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos conjugados - glicerofosfolípidos

A L-a-lecitina. A vermelho, assinala-se o glicerol original, esterificado por dois ácidos gordos e
pelo ácido fosfórico
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos derivados
Nesta classe encontram-se substâncias muito variadas, que possuem características dos lípidos,
nomeadamente a insolubilidade na água e a solubilidade nos solventes orgânicos. Englobam-se
aqui:
• ácidos gordos,
• álcoois de elevado peso molecular,
• hidrocarbonetos,
• vitaminas D, E e K,
• compostos isoprénicos
• prostaglandinas.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos derivados

Os compostos isoprénicos constituem um importante grupo de compostos orgânicos


presentes tanto em animais como nas plantas. Têm em comum o facto de resultarem da
condensação de unidades de isopreno, um hidrocarboneto insaturado com 5 átomos de
carbono.

Entre os compostos isoprénicos, merece-nos destaque, o grupo dos esteroides, do qual


fazem parte diversas hormonas e o colesterol.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos derivados

O colesterol é um importante elemento constituinte da membrana celular, ombreando com os


fosfolípidos na dupla camada lipídica, dada a sua condição de molécula anfipática.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Esteroides
• São lipídios que se caracterizam por conter o núcleo
esteroide composto de quatro anéis fundidos, A, B,
C e D. Os esteroides não são formados por ácidos
gordos. O colesterol é o principal esteroide presente
nos tecidos animais, frequentemente encontrado nas
membranas das células animais. O colesterol é uma
molécula anfipática, cujo grupo polar é um hidroxilo
que se liga ao C-3 do anel A. O grupo apolar do
colesterol compreende tanto parte do núcleo
esteroide quanto a longa cadeia hidrocarbonada que
se liga ao carbono 13 do anel D.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Esteroides
Os ácidos biliares são esteroides formados a partir
do colesterol.

Os ácidos biliares atuam como detergentes nos


intestinos, emulsificando as gorduras provenientes
da dieta alimentar. Desta forma, a ação dos agentes
emulsificantes facilita a ação das lipases digestivas,
enzimas que hidrolisam as gorduras obtidas da
alimentação.
Bioquímica
Biomoléculas
Lípidos – Esteroides

As hormonas sexuais e do córtex da glândula


adrenal são lipídios da classe dos esteroides.
Exemplos desta classe de esteroides são a
testosterona (hormona sexual masculina), o
estradiol (hormona sexual feminina), o cortisol e a
aldosterona (hormonas do córtex adrenal).
Bioquímica
Biomoléculas
• Hidratos de Carbono:
o fazem parte de um grupo de macronutrientes que se constitui na mais significativa,
senão principal, fonte de energia obtida por meio da alimentação. A presença deste
nutriente na dieta do homem é tão marcante que, com exceção das regiões polares,
onde a ingestão de carnes e peixes predomina na população esquimó, os hidratos de
carbono representam uma grande percentagem das calorias presentes na maioria dos
hábitos alimentares. Desta forma, o entendimento da origem, importância, digestão,
absorção e outros torna-se extremamente necessário.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• São as moléculas orgânicas mais numerosas da Terra e são formadas por carbono, oxigénio e
hidrogénio. Também podem ser chamadas glícidos, hidratos de carbono ou açúcares.
compostos por subunidades de monossacarídeos. A principal função é fornecer energia.
Possuem uma função estrutural uma vez que auxiliam na formação das estruturas celulares e
dos ácidos nucleicos.
• são moléculas formadas por carbono e água. Átomos de carbono, hidrogénio e oxigénio (nas
proporções de 1:1:2) combinam-se para formar os componentes deste grupo de nutrientes.
Devido à proporção mantida entre os elementos hidrogénio e oxigénio, semelhantes à da
água (H2O), os hidratos de carbono são representados de uma maneira geral como CnH2nOn,
onde "n" representa a quantidade proporcional destes elementos (por exemplo: C6H12O6).
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Os hidratos de carbono podem ser classificados em três diferentes tipos, de acordo com o nível
de complexidade das moléculas que os representam. Desta forma, os hidratos de carbono são
diferenciados pelo número de açúcares simples em combinação dentro da molécula. Os
hidratos de carbono são subdivididos em:
o Monossacarídeos (com um açúcar por molécula)
o Dissacarídeos (com dois açúcares por molécula)
o Polissacarídeos (com inúmeros açúcares por molécula)

Curiosamente, ao contrário dos HC simples (mono e dissacarídeos), os HC complexos


(polissacarídeos) não possuem sabor doce.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• Monossacarídeos: composição mais simples. Foram encontrados mais de 200 monossacarídeos
na natureza. Possuem a fórmula química geral (CH2O)n, onde “n” é o número de átomos de
carbono. A glicose (C6H12O6 ) é um exemplo de monossacarídeo essencial para a nossa vida,
como fonte de energia.

À esquerda apresenta-se a molécula da glucose, e à


direita a correspondente fórmula de Fischer
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Os monossacarídeos podem ser subclassificados de acordo com o número de átomos de
carbono:
o Triose (C3)
o Tetrose (C4)
o Pentose (C5)
o Hexose (C6)
o Heptose (C7), e assim sucessivamente

Podem ainda ser classificados com base no seu grupo funcional primário:
Aldose: contém um grupo aldeído
Cetose: contém um grupo cetona
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono

Exemplos de oses: Isómeros D e L de Gliceraldeído (A,


B) e Di-hidroxiacetona (C)
(verde: função aldeído; roxo: função cetona)
A B C
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono A B C
Isomeria dos monossacarídeos
• Podem existir duas configurações, dependendo da posição do oxidrilo do carbono
assimétrico, se encontrar à direita (D de dextra) ou à esquerda (L de levogira).
Estes isómeros, designados enantiómeros, possuem a característica de serem entre si como
um objeto e a sua própria imagem num espelho.
• Estas duas formas do gliceraldeído podem considerar-se na base de duas séries de aldoses: a
série D e a série L. As letras D e L referem-se somente à configuração do penúltimo átomo
de carbono do extremo da cadeia oposto ao grupo carbonilo.

Por razões não esclarecidas, a grande maioria dos monossacarídeos que intervêm na
composição e no metabolismo das células, pertencem às séries D.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• A glicose, a frutose e a galactose são os mais comuns e representativos monossacarídeos
existentes na nossa dieta.
• As hexoses (elementos que contém seis carbonos) glicose e frutose têm sido apontadas por
alguns autores como os únicos monossacarídeos de importância dietética.
• A galactose não tem sido considerada um monossacarídeo de grande importância, já que ao
contrário das duas hexoses anteriores, não ocorre sob a forma livre na natureza.
• Outro tipo de monossacarídeo é a pentose, elemento formado por cinco átomos de carbono na
sua estrutura molecular. Este grupo de monossacarídeos é representado por ribose, xilose e
arabinose.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• Dissacarídeos: são formados pela combinação de duas moléculas de monossacarídeos, e
são os principais tipos de oligossacarídeos. Assim como os monossacarídeos, este grupo de HC
é classificado como açúcar simples.
• Os dissacarídeos são representados principalmente pela sacarose, lactose e maltose. Nos
três casos a glicose faz parte da estrutura molecular.
• A sacarose é o dissacarídeo mais comumente encontrado na composição da nossa dieta e
contribui com até 25% da quantidade total de calorias ingeridas nos Estados Unidos.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• Mediante a digestão, produz uma molécula de glicose e uma de frutose.
sacarose = glicose + frutose

É o açúcar extraído da cana sacarina.


Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• A lactose é o dissacarídeo menos doce, e que quando hidrolisada resulta em dois
monossacarídeos, glicose e galactose.
lactose = glicose + galactose
É o açúcar presente no leite. Na maior parte dos mamíferos, a enzima
responsável pela sua hidrólise (a lactase) só é sintetizada durante o
período de aleitamento. Na ausência de lactase, a lactose não pode ser
digerida, tornando-se por isso uma fonte de alimento abundante para a
flora intestinal (que então começa a crescer descontroladamente), e
originando por isso náuseas e vómitos, assim como diarreia (por afetar a
osmolaridade do intestino delgado). No entanto, desde a domesticação do
gado, algumas populações humanas desenvolveram a capacidade de
continuarem a sintetizar a lactase durante toda a vida.
Galactose β-1,4 glucose
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• A maltose é formada no organismo humano durante a digestão do amido como um produto
intermediário. A s,ua contribuição para o conteúdo glicídico da dieta de pessoas comuns é
bastante reduzida. O produto final da digestão da maltose é a glicose.
Maltose = glicose + glicose

(Glucose α-1,4 glucose)


É o produto da degradação do amido pelas amilases.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• Polissacarídeos: são formados pela união de inúmeros monossacarídeos. São formados por cadeias
longas e podem apresentar moléculas de nitrogénio ou enxofre. Não são solúveis em água.

Produtos polimerizados que contêm > 10 unidades monossacarídeo


Categorizados ainda em homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos
o Homopolissacarídeos:
• Compostos por um único tipo de monossacarídeo
• Exemplo: glicogénio (composto inteiramente por moléculas de glucose e serve como
reserva de HC em animais).
o Heteropolissacarídeos:
• Polissacarídeos contendo > 1 tipo de unidade de açúcar
• Exemplo: peptidoglicanos (sacarídeos ligados a polipéptidos)
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• No que diz respeito à característica de digestão, pode-se citar um grupo de polissacarídeos
denominado indigeríveis.
• Fazem parte deste grupo a celulose, a hemicelulose e a pectina. A celulose e a maioria dos outros
materiais fibrosos são, em geral, resistentes às enzimas digestivas humanas, daí a sua característica de
polissacarídeo indigerível.
• Embora não seja considerado um nutriente, a fibra dietética tem sido foco de discussões, já que alguns
estudos associam altos níveis de ingestão de fibras com uma menor ocorrência de doenças como
obesidade, diabetes, distúrbios intestinais e doenças cardiovasculares.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• A celulose é um dos componentes orgânicos mais abundantes.
• Este estatuto deve-se ao facto de ser o componente principal da parede das células vegetais.
• A celulose é constituída por cadeias muito longas, formadas por moléculas de D-glucose,
unidas por ligações glicosídicas ß-1,4., mas também por pontes de hidrogénio (entre o grupo
hidroxilo do C(6) de uma glucose e o grupo hidroxilo do C(2) do resíduo da glucose
anterior. Estas cadeias associam-se, lado a lado, através de pontes de hidrogénio e ligações de
van der Waals, formando microfibrilhas. As microfibrilhas associam-se, por sua vez, em
feixes.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Celulose – polímero linear de moléculas de glucose unidas entre si por ligações glicosídicas β-1,4.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• As fibras "absorvem" muita água e desta forma contribuem com o aumento do volume dos resíduos
alimentares no intestino delgado, aumentando o volume das fezes em 40 a 100%. Este aumento do
volume fecal contribui com o funcionamento gastrintestinal e exerce uma ação de "raspagem" sobre a
parede intestinal, fixando e diluindo as substâncias químicas prejudiciais ou inibindo sua atividade. Tal
fato é de suma importância nos dias de hoje, tendo em vista que nossa dieta cotidiana é rica em
gorduras e pobre em fibras alimentares.
• Um segundo subtipo de polissacarídeo é denominado parcialmente digerível. Constituem este grupo a
inulina, a galactose, as manoses, a rafinose e as pentoses. Neste grupo de polissacarídeos a
digestão é incompleta, podendo ocorrer separação mais profunda pela ação das bactérias do intestino
grosso.
• O terceiro e último subtipo de polissacarídeo, classificado pelas características de digestão, são os
pertencentes à classe dos digeríveis. Fazem parte deste grupo o amido, a dextrina e o glicogénio.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• O amido constitui-se na principal forma de armazenamento de HC no vegetal.
• São encontradas no amido dois tipos de moléculas: amilose, que consiste numa cadeia reta e
comprida, e a amilopectina, formada por unidades de glicose que se dispõem em cadeias
ramificadas.
• Os amidos não são solúveis em água fria, mas formam pastas quando fervidos. Tal fato
deve-se ao inchamento dos grânulos de amido decorrente do aumento da temperatura,
resultando numa mistura viscosa. Este processo é denominado gelatinização.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• Nas células, o amido apresenta-se em forma de grânulos de dimensões e formas
características.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
• As dextrinas são polissacarídeos digeríveis resultantes da degradação parcial do amido.
• São moléculas grandes, menores que as do amido, formadas tanto pelo processo de preparação
dos alimentos, como durante a digestão do amido. A continuação do processo de hidrólise faz
com que a dextrina produza maltose e finalmente glicose, que se constitui no produto final da
digestão do amido.
• O glicogénio é um polissacarídeo sintetizado a partir da glicose no processo da glicogénese. Este
tipo de substrato é encontrado em organismos animais e constitui-se de grandes moléculas. O
glicogénio não representa uma fonte dietética importante de HC. Tal fato deve-se à "perda" que
ocorre quando os animais são abatidos, o que somado ao ato de preparação do alimento reduz
significativamente a quantidade de glicogénio.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono

O glicogénio é a forma de reserva glucídica dos animais, mas encontra-se também nos fungos.
Possui uma estrutura ramificada semelhante à da amilopectina, mas com mais ramificações.
Nas células, o glicogénio forma grânulos relativamente idênticos, mas de dimensões variáveis.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Principais funções:
• Combustível metabólico – vários monossacarídeos utilizados como fonte de energia
química, através do seu catabolismo. No entanto, existem vários monossacarídeos que
podem também ser utilizados como combustível metabólico tais como a frutose, manose ou
galactose.
• Componentes de nucleótidos – esta função é desempenhada por duas pentoses
diferentes, a ribose e a desoxirribose. A ribose entra na composição dos ribonucleótidos (e,
consequentemente, do RNA) enquanto que a desoxirribose entra na composição dos
desoxirribonucleótidos (e, consequentemente, do DNA);
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Principais funções:
• Reserva de combustível metabólico – alguns polissacarídeos desempenham funções de
reserva de combustível metabólico. Neste contexto, há 2 moléculas que assumem um
destaque principal: o amido e o glicogénio. Ambos são compostos por um único tipo de
monossacarídeo, a glucose. O amido é o polissacarídeo de reserva de glucose nas células
vegetais, enquanto que o glicogénio é o polissacarídeo de reserva nas células animais;
• Função estrutural – alguns polissacarídeos desempenham funções estruturais,
nomeadamente a celulose e o peptidoglicano. O primeiro é o principal componente da
parede celular das células vegetais, enquanto que o segundo é o principal componente da
parede celular das células procarióticas.
Bioquímica
Biomoléculas - Hidratos de Carbono
Principais funções:
• Proteção – alguns polissacarídeos desempenham uma função de proteção, como é o caso da
quitina, que é o principal componente do exosqueleto dos insetos;
• Lubrificação e hidratação – devido à sua composição rica em grupos funcionais hidrofílicos, os
hidratos de carbono têm a capacidade de interatuar com uma grande quantidade de moléculas de
água. Devido a esta característica, vários polissacarídeos formam misturas viscosas e altamente
hidratadas. Esses polissacarídeos designam-se por glicosaminoglicanos e são fundamentais para a
pele, articulações, etc.
• Reconhecimento e adesão celular – são várias as moléculas que participam na adesão e
reconhecimento celular. Estas moléculas que encontram-se à superfície das células, possuem
componentes glicídicas, sendo designadas por glicoproteínas ou glicolípidos.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
• Podem ser definidos como polímeros (macromoléculas formadas a partir de
unidades menores) compostos por moléculas conhecidas como nucleótidos,
encontradas em todas as células vivas, e que constituem os genes, responsáveis pelo
armazenamento, transmissão e tradução das informações genéticas.
• Os dois ácidos nucleicos existentes são o ácido desoxirribonucleico (DNA) e o
ácido ribonucleico (RNA). Têm este nome devido ao seu caráter ácido e também
por terem sido descobertos no núcleo celular. Existem dois tipos de ácido nucleico:
• ácido desoxirribonucleico, mais conhecido pela sigla DNA
• ácido ribonucleico, conhecido como RNA.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos

• Os nucleótidos, constituintes dos ácidos


nucleicos, são moléculas compostas por três
componentes:
• Grupo fosfato;
• Açúcar de cinco carbonos (pentose);
• Base nitrogenada (base contendo nitrogénio).
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Função dos ácidos nucleicos
• Armazenar e transmitir as informações genéticas, bem como garantir sua tradução.
• O armazenamento e a transmissão dessas informações são garantidos por meio do
DNA.
• A tradução, por sua vez, é um papel do RNA e nada mais é do que a síntese de
proteínas, a qual é orientada pelas informações genéticas fornecidas pelo DNA.
Algumas moléculas de RNA também apresentam capacidade enzimática, sendo
conhecidas como ribozimas.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Açúcares
Além de terem conjuntos de bases ligeiramente diferentes, os nucleótidos de DNA e
RNA tem açúcares ligeiramente diferentes.
O açúcar de cinco carbonos no DNA é chamado de desoxirribose,
No RNA, o açúcar é ribose.
São muito similares na estrutura, com apenas uma diferença: o segundo carbono da
ribose liga-se a um grupo hidroxilo, enquanto o carbono equivalente da desoxirribose
tem um hidrogénio.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
As bases nitrogenadas de um nucleótido são também variadas.
São bases nitrogenadas:
• Adenina,
• Guanina,
• Timina,
• Citosina
• Uracila.
Encontram-se agrupadas em dois grupos: pirimidinas e purinas.
Cada base nitrogenada possui um ou dois anéis com átomos de nitrogénio.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Pirimidinas - observa-se a presença de um anel de seis átomos, incluindo carbono e
nitrogénio.

Purinas - verifica-se a presença de um anel de seis átomos fusionado a um anel que


contém cinco átomos.
Citosina, timina e uracila  pirimidinas
Adenina e a guanina  purinas.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Em biologia molecular abreviada, as bases nitrogenadas geralmente são mencionadas
pelas letras, A, T, G, C e U.

O DNA contém A, T, G e C (citosina, guanina, adenina e timina)


O RNA contém A, U, G e C (isto é, o U - uracila é colocado no lugar do T - timina).
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Fosfato
Os nucleótidos podem ter um único grupo fosfato, ou uma cadeia de até três grupos
fosfato, ligados ao carbono 5' do açúcar.
Algumas fontes, em química, utilizam o termo "nucleótido" apenas para o caso de
fosfato único, mas na biologia molecular, a definição mais ampla é geralmente aceite.

Numa célula, um nucleótido prestes a ser adicionado no final de uma cadeia de


polinucleotídos estará ligado a uma série de três grupos fosfato.
Quando o nucleótido se junta a uma cadeia crescente de DNA ou RNA, perde dois
grupos fosfato. Portanto, numa cadeia de DNA ou RNA, cada nucleótido tem apenas
um grupo fosfato.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
O DNA é o ácido nucleico responsável por
armazenar as informações hereditárias. As
informações genéticas nessa molécula estão
organizadas em unidades chamadas de genes, os
quais são herdáveis.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
ADN
• Este ácido nucleico é formado por dois polinucleótidos dispostos de maneira espiralada em
torno de um eixo imaginário (dupla-hélice). As cadeias de açúcar-fosfato estão organizadas
mais externamente e estão unidas por meio de ligações de hidrogénio estabelecidas entre os
pares de bases nitrogenadas dispostos mais internamente.
• As bases nitrogenadas dos nucleótidos pareiam-se de maneira específica.
• A adenina só se pareia com a timina, enquanto a guanina sempre se pareia com a citosina.

Um fato curioso é que as moléculas de DNA são muito longas, sendo formadas por vários
nucleótidos. O DNA é a maior macromolécula da célula.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
O RNA é um ácido nucleico
relacionado com a síntese de
proteínas. Além disso, algumas
moléculas de RNA apresentam
função catalítica, sendo
denominadas de ribozimas.
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
As moléculas de RNA, diferentemente das moléculas de DNA, apresentam-se como
cadeias simples.
Em algumas situações, o pareamento ocorre, mas com bases presentes numa mesma
cadeia. Estas combinações conferem ao RNA a formação de estruturas
tridimensionais.
O açúcar do RNA é a ribose e as suas bases nitrogenadas são a citosina, guanina,
adenina e uracila.
A adenina só se pareia com a uracila, e a guanina sempre se pareia com a citosina.
Bioquímica
Bioquímica
Biomoléculas – Ácidos Nucleicos
Bioquímica
Metabolismo
• Durante todas as etapas do ciclo de vida de um organismo (nascimento,
desenvolvimento, reprodução e morte) ocorrem incontáveis reações bioquímicas no
seu corpo. Desta forma, estas reações visam realizar as alterações necessárias para a
manutenção da vida, seja a construir ou desconstruir moléculas.
• Assim, o metabolismo celular trata-se, basicamente, do conjunto destas reações de
construção ou desconstrução de moléculas realizadas pela célula com o intuito de se
manter viva.
Bioquímica
Metabolismo
• O metabolismo celular refere-se à soma de todas as reações químicas que ocorrem
no interior das células. Contudo, para que tais reações ocorram, é necessário energia,
pois só assim, os organismos conseguirão executar suas funções biológicas.
• O metabolismo terá como objetivo obter, armazenar ou utilizar a energia para a
realização dessas funções.
Bioquímica
Entender a Bioquímica - Metabolismo
• Existem diversas rotas metabólicas que as moléculas podem percorrer,
nomeadamente, construção ou desconstrução das moléculas orgânicas básicas, ou
seja, hidratos de carbono, lipídos e proteínas.
• Mesmo existindo estas diversas vias, o metabolismo pode ser dividido em apenas
duas vias ou em dois grupos
o catabolismo
o anabolismo.
Bioquímica
Entender a Bioquímica - Metabolismo
• O catabolismo, ou as vias catabólicas, engloba os processos que visam a
desconstrução ou a quebra das moléculas. Isso ocorre tanto para obter energia
quanto para gerar pequenas moléculas que a célula utilizará posteriormente.
• Exemplos que ilustram bem o catabolismo são a quebra da glicose ou de gordura
para produzir energia e a quebra de proteínas para se obter aminoácidos.
Bioquímica
Entender a Bioquímica - Metabolismo
• O anabolismo, por sua vez, é o oposto, ou seja, os processos que visam a
construção de moléculas.
• As vias anabólicas também são conhecidas como vias biossintéticas: rotas das
partículas que sintetizam biomoléculas.
• Exemplos do anabolismo são a construção de reservas, como a acumulação de
gordura nos lipócitos ou grânulos de glicogénio, e a própria síntese de proteínas a
partir de aminoácidos.
Bioquímica
Entender a Bioquímica - Metabolismo
• Existem milhares de reações bioquímicas conhecidas que compõem uma enorme
diversidade de vias metabólicas.
Assim, as principais do organismo humano são:
• Metabolismo de Hidratos de carbono
• Metabolismo dos Lípidos
• Metabolismo dos Aminoácidos
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• Glicólise – A glicólise é degradação anaeróbica da glicose com o intuito de gerar
energia. É um conjunto de reações mediadas por diferentes enzimas, nas quais
ocorrem gasto e produção de ATP.
• O ATP é uma molécula composta por uma base nitrogenada, adenina, açúcar e
três fosfatos. A energia que tanto se fala é oriunda, justamente, das duas ligações que
unem os fosfatos. Elas são ligações de alta energia que, quando necessário para
alguma função ou reação do corpo, quebram-se e libertam energia suficiente para
estes eventos.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
ATP
• ATP é uma sigla usada para indicar a molécula de adenosina trifosfato.
• Esta molécula constitui a principal forma de energia química, uma vez que sua hidrólise
é altamente exergónica. Isso quer dizer que, ao sofrer o processo de hidrólise (cisão por
ação da água), liberta grande quantidade de energia livre.
• A molécula de ATP é formada por uma base nitrogenada adenina, uma ribose e por três
grupos fosfato. A adenina ligada à ribose é chamada de adenosina. Quando a adenosina
está ligada a apenas dois grupos fosfato, temos a adenosina difosfato (ADP) e, quando
está ligada a um grupo fosfato, constitui a adenosina monofosfato (AMP).
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
ATP
A molécula de ATP é fundamental para a célula, pois fornece a energia livre de que as células
necessitam para realizar suas atividades. Sendo assim, esta molécula é responsável por garantir a
manutenção da hemóstase celular, permitindo a realização de diversos processos fundamentais
para o seu funcionamento.
No processo de obtenção de energia é produzida energia livre, além de uma molécula de ADP
e um ião fosfato inorgânico, frequentemente abreviado como Pi. A energia libertada será usada
numa reação endergónica (que consome energia).
A reação de hidrólise pode ser assim representada:
ATP+ H2O → ADP + Pi + energia livre
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• A glicose pode ser armazenada no interior das células na forma de polímero, como
o glicogénio, em locais específicos, como nos músculos e no fígado. Quando há o aumento
de necessidade de energia no organismo, ocorre a libertação da glicose, que será utilizada
para a produção de ATP. Neste processo, uma molécula de glicose é degradada pela ação
de enzimas, gerando duas moléculas com três átomos de carbono cada, denominadas
piruvato.
• A glicose é uma das principais fontes energéticas para a célula, sendo utilizada também na
síntese de outras moléculas orgânicas. O saldo final da glicólise é de duas moléculas de
piruvato, duas moléculas de ATP e duas de NADH (Nicotinamida Adenina Dinucleótido).
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• Na presença de oxigénio, o piruvato é completamente oxidado. Em organismos
procariontes, esse processo de oxidação ocorre no citosol da célula. Em organismos
eucariontes, o processo ocorre nas mitocôndrias.
• Cada molécula de piruvato que entra na mitocôndria é oxidada, formando grupo acetil
(-CH3CO) e sendo descarboxilada, libertando CO2. Nesta etapa, são formadas também duas
moléculas de NADH. O grupo acetil liga-se à coenzima A (CoA), formando o
acetilcoenzima A ou acetil-CoA, que, em seguida, torna-se substrato para o ciclo do ácido
cítrico ou ciclo de Krebs.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Ciclo de Krebs
• O Ciclo de Krebs, refere-se a uma série de reações anabólicas e catabólicas, com objetivo
de produzir energia para as células. Esta é uma das três etapas do processo de respiração
celular.
• Nas eucariontes, o Ciclo de Krebs ocorre em grande parte na matriz da mitocôndria, já nos
organismos procariontes esta etapa acontece no citoplasma. Estas reações são parte do
metabolismo dos organismos aeróbicos - que utilizam oxigénio na respiração celular.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono

O ciclo de Krebs inicia-se com a entrada


do acetil-CoA no ciclo, e cada uma de
suas etapas é catalizada por enzimas
específicas.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs é um circuito fechado, isto é, a molécula formada na última fase será utilizada
na primeira e acontece em oito fases:
• Primeira etapa: o acetilcoenzima A (acetil CoA), gerado na glicólise, liga-se a uma molécula
com quatro carbonos denominada de oxaloacetato, libertando o grupo CoA e gerando uma
molécula com seis carbonos chamada de citrato.
• Segunda etapa: o citrato é convertido no isómero isocitrato. Na verdade, esta fase ainda se
subdivide em duas: a remoção (2a) e a adição (2b) de uma molécula de água. Por isso é
comum um Ciclo de Krebs com nove fases.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Ciclo de Krebs
• Terceira etapa: o isocitrato que foi gerado passa por oxidação e gera uma molécula de
dióxido de carbono, restando então uma molécula com cinco carbonos chamada de
alfacetoglutarato. Nestsa etapa, a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) é reduzida e
gera a NADH.
• Quarta etapa: esta etapa é semelhante à anterior, no entanto, o alfacetoglutarato sofre
oxidação e o NAD+ é reduzido à NADH, fornecendo uma molécula de dióxido de carbono.
A molécula que sobrou com quatro carbonos liga-se à Coenzima A, gerando a succinol
CoA.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Ciclo de Krebs
• Quinta etapa: o CoA do succinil CoA é substituído por um grupo de fosfato, que logo após é movido
para o difosfato de adenosina (ADP) para formar o trifosfato de adenosina (ATP).
• Algumas células utilizam a guanosina disfofato (GDP) no lugar da AD, formando como produto a
guanosina trifosfato (GTP). A molécula de quatro carbonos formada nesta etapa é chamada de
succinato.
• Sexta etapa: consequentemente, o succinato gera mais uma molécula de quatro carbonos chamada de
fumarato. Nesta reação, dois átomos de hidrogénio são transportados para FAD, gerando FADH2.
• O FADH2 pode transferir os seus eletrões imediatamente para a cadeia transportadora, pois a enzima
que atua nesta etapa está localizada na membrana interna da mitocôndria.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Ciclo de Krebs
• Sétima etapa: nesta etapa, água é adicionada à molécula de fumarato que,
consequentemente, é transformada em outra molécula de quatro carbonos denominada de
malato.
• Oitava etapa: dando fim ao ciclo de Krebs, o oxaloacetato, o composto de quatro carbonos
inicial, é regenerado através da oxidação do malato. Além disso, uma nova molécula de
NAD+ é reduzida para NADH. Um novo ciclo recomeça.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• Vias das pentoses – Esta via tem como função a síntese de pentoses, a partir da glicose-6-
fosfato, que será utilizada na produção de nucleótidos e também de um substrato que atua no
combate aos efeitos deletérios das espécies mais reativas de oxigénio.

• Fosforilação oxidativa – degradação aeróbica da glicose para, também, gerar energia. Trata-se de
uma sequência de reações bioquímicas que compõem a respiração aeróbica e ocorrem
nas mitocôndrias.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Vias das pentoses – também denominada de desvio da hexose-monofosfato é uma importante
via anaeróbica alternativa da utilização da glicose. Não é produtora de ATP, mas sim de
NADPH e é ainda reguladora da glicemia.
Para realizar o seu anabolismo, a célula não precisa apenas de energia (ATP), também precisa de
poder redutor, sob a forma de NADPH (fosfato de dinucleótido de nicotinamida adenina). O
NADPH é produzido durante a oxidação da glucose-6-P por uma via distinta da glicólise, a via
das pentoses-fosfato. Esta via é muito ativa em tecidos envolvidos na biossíntese de colesterol e
de ácidos gordos (fígado, tecido adiposo, córtex adrenal e glândulas mamárias). Esta via
também produz ribose-5-P, o açúcar constituinte dos ácidos nucleicos.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Vias das pentoses
Exerce duas funções básicas:
- Produção de pentoses para a biossíntese de nucleótidos. (D-ribose)
- Produção de NADPH, agente redutor utilizado para biossíntese de ácidos gordos e
esteroides (colesterol e os seus derivados), bem como para a manutenção da integridade das
membranas dos eritrócitos.
• É uma via citoplasmática, anaeróbica que ocorre no fígado, glândulas mamárias, tecido
adiposo e nas hemácias.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• Fosforilação oxidativa – É um processo obrigatoriamente aeróbico e podem ser observados
três processos diferentes, mas bastante importantes e relacionados: a produção de acetilcoenzima
A ou Acetil-CoA, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória. Nas primeiras etapas da respiração
celular (glicólise e ciclo de Krebs), parte da energia produzida na degradação de compostos é
armazenada em moléculas intermediárias, as coenzimas.
• Esta energia de oxidação das coenzimas é utilizada para a síntese de ATP. Para isso ocorre
a fosforilação do ADP, ou seja, ele recebe grupos fosfato. Por isso esse processo é chamado
Fosforilação Oxidativa.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
• Fosforilação oxidativa
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Metabolização
• Posteriormente à absorção e ao armazenamento, a glicose poderá ser utilizada como fonte
de energia pelas células através da conversão à piruvato e subsequente oxidação no ciclo de
Krebs. Este processo resulta na formação de ATP (adenosina trifosfato) que é a forma
primária de energia utilizada pelo homem.
• Outro processo, denominado gliconeogénese, é responsável pela formação de glicose através
de aminoácidos, gordura, ácido láctico e piruvato. A gliconeogénese, também conhecida
como neoglicogénese, ocorre no fígado e em menor nível no rim.
Bioquímica
Metabolismo de Hidratos de carbono
Fígado
• O processo de formação de glicogénio pelo fígado, ou a glicogénese hepática, resulta num
gasto de energia (ATP) normalmente proveniente da oxidação dos ácidos gordos livres
(AGL). Já durante a produção de glicose pela quebra de glicogénio no fígado (glicogenólise
hepática) ocorre o contrário, ou seja, o resultado é a produção de ATP. O lactato e piruvato
produzidos são convertidos novamente em glicogénio pelo próprio fígado.
• Tanto o lactato quanto o piruvato, resultantes da glicogenólise hepática, podem ainda ser
oxidados, originando CO2 e H2O no ciclo do ácido tricarboxílico. Este processo também é
responsável pela formação de ATP.
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• Nos animais, aminoácidos sofrem degradação oxidativa em três circunstâncias metabólicas diferentes :
o Durante o procedimento normal de síntese e degradação de proteínas celulares alguns
aminoácidos que são libertados a partir da proteína de degradação e não são necessários para a
nova síntese proteica sofrem degradação oxidativa.
o Quando uma dieta é rica em proteínas e aminoácidos e a ingestão ultrapassa as necessidades do
organismo para a síntese proteica, o excedente é catabolizado; aminoácidos não podem ser
armazenados.
o Durante o jejum prolongado ou de diabetes mellitus não controlada, quando hidratos de carbono
ou estão indisponíveis ou não devidamente utilizados, as proteínas celulares são utilizados como
combustível.
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• Os aminoácidos são importantes fontes de energia para o metabolismo celular, porém só são
utilizados quando há uma extrema carência energética ou durante a prática de exercício físico
intenso.
• É importante frisar que os hidratos de carbono e os lipídios são melhores produtores de
energia e a mobilização de aminoácidos pode estar relacionada a uma degradação de
proteínas musculares ou plasmáticas levando o organismo a uma depleção dessas proteínas,
o que pode trazer consequências desastrosas como a atrofia muscular.
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• Síntese de aminoácidos – via a responsável pela produção dos aminoácidos que o
organismo consegue produzir, ou seja, os aminoácidos não essenciais.
• Ciclo da ureia – Esta rota ocupa-se com a eliminação de compostos nitrogenados tóxicos
(tais como o amónio e a amónia) sob formas menos tóxicas.
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• Síntese dos aminoácidos
o Os aminoácidos essenciais são sintetizados nos vegetais através do aproveitamento do
nitrogênio na forma de NH4+, nitritos e nitratos presentes no solo e que são
produzidos por bactérias capazes de fixar o N2 atmosférico convertendo-os nos
produtos nitrogenados absorvidos pelos vegetais (p.ex.: Azobacter sp.e Rhizobium sp.
fixam o N2; Nitrossomonas sp. e Nitrobacter sp. convertem amónia em nitritos e
nitratos)
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• Síntese dos aminoácidos
o Os aminoácidos não-essenciais são
sintetizados nos animais a partir de
moléculas percussoras que fazem parte
do ciclo de Krebs e do grupamento
amino proveniente da degradação de
aminoácidos. Como vários aminoácidos
fornecem intermediários do ciclo de
Krebs, há uma interdependência entre
os aminoácidos no seu processo de
degradação e síntese.
Bioquímica
Metabolismo dos Aminoácidos
• A síntese da ureia é um dos processos metabólicos mais importantes, pois impede a
formação de amônia tóxica ao organismo a partir do nitrogênio proteico. É exclusiva do
fígado, o que o torna o centro da degradação de aminoácidos.
• Os músculos precisam ajustar o consumo de aminoácidos com a exportação da amônia para
o fígado na forma dos aminoácidos glutamina ou alanina, numa via metabólica
extremamente importante e que permite o equilíbrio fisiológico, principalmente durante a
realização de exercício físico.
Bioquímica
Metabolismo dos Lípidos
DIGESTÃO DE LIPÍDOS
• A digestão dos lipídos inicia no intestino delgado, onde os sais biliares emulsificam as
gorduras formando micelos, para facilitar a ação das enzimas lipases.
• As lipases hidrolisam as ligações éster dos lipídios saponificáveis, e libertam ácidos gordos e
os outros produtos como o glicerol, que atravessam a mucosa intestinal, sendo convertidos
em triglicéridos.
• Os triglicéridos, juntamente com o colesterol são incorporados às proteínas transportadoras,
as apolipoproteínas, formando os quilomícron. Os quilomicron movem-se pela corrente
sanguínea até chegar aos tecidos e orgãos que metabolizam os lipídos, sendo novamente
hidrolisados, penetrando nas células.
Bioquímica
Metabolismo dos Lípidos
DIGESTÃO DE LIPÍDOS
Bioquímica
Metabolismo dos Lípidos
DIGESTÃO DE LIPÍDIOS
• O principal órgão que metaboliza os lípidos é o fígado, entretanto eles também são
metabolizados pelo coração para produção da sua própria energia. O fígado exporta lipídios
metabolizados para outros tecidos como o cérebro na forma de corpos cetónicos, já que
estes não metabolizam lipídios mas convertem os corpos cetónicos em acetil-CoA, sendo
esta metabolizada no ciclo do ácido cítrico (Figura 1)
Bioquímica
Metabolismo dos Lípidos
• β-oxidação – Trata do caminho responsável pela transformação de ácidos gordos
em acetilcoenzima A (Acetil CoA). Assim, é importante mencionar a importância
desta via, também, para a geração de energia. Isso acontece pelo fato do seu
produto, a Acetil-CoA, ser utilizada no ciclo de Krebs.
Bioquímica
Ciclo de Krebs
Também conhecido como ciclo do ácido cítrico. É uma sequência de reações
mediadas por enzimas que compõem a fosforilação oxidativa. A eficiência
energética desta etapa não é alta, entretanto sua função primordial é a geração
de “substrato” para a etapa mais energética da respiração celular aeróbia,
a cadeia respiratória.
Bioquímica
Ciclo de Krebs
• Estas reações ocorrem na matriz da mitocôndria dos eucariontes e
no citoplasma dos procariontes. Como o próprio nome indica, são reações cíclicas,
ou seja, o produto final entra novamente no ciclo, que têm como função
a oxidação de açucares e lipídos a Carbono e água. Assim, durante as reações ocorre
a produção de metabólitos para outros processos, geração de energia e liberação de
iões e eletrões altamente energéticos. Estes processos contam com o auxílio
de moléculas recetoras como a nicotilamida adenina dinucleotideo (NAD) e o
flavina adenina dinucleotídeo (FAD).
Bioquímica
Metabolismo dos Lípidos
Os principais produtos da digestão de lipídios são o glicerol
e ácidos gordos.

O glicerol é metabolizado na via glicolítica. Para tal precisa


primeiro de ser ativado pela enzima glicerol-quinase, que
utiliza uma molécula de ATP para converter o glicerol em
L-glicerol-3-fosfato. Em seguida a enzima glicerol3-fosfato-
desidrogenase utiliza o NAD+ para converter o L-glicerol-
3-fosfato em diidroxiacetona-fosfato. Por fim a enzima
triose-fosfato-isomerase converte a diidroxiacetona-fosfato
em D-gliceraldeído-3-fosfato, que segue o seu caminho na
via glicolítica.
Obrigada

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