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Cannabis

Nos anos 1960 e 1970, um cigarro comum de maconha continha cerca de 10 mg de THC;

Maior parte dos estudos com THC e seus efeitos realizados na década de 70 – doses de 5 a 25
mg (quantidade menor de THC)

Efeitos do THC no cérebro é dose dependente;

 Skunkweed (subespécie de Cannabis sativa) pode conter cerca de 150 mg de THC;


 Óleo de haxixe – 300 mg;
 Skunk - até 35% de THC - obtida em laboratórios pelo cruzamento de vários tipos de
maconha
 Hash Oil (óleo de Cannabis) - Até 60% - Produto raro no comércio; obtido por extração
com solventes orgânicos ou por destilação
 Haxixe - 1,4 a 18,8% - Exsudato resinoso seco, coletado das inflorescências. Apresenta-
se em tabletes, placas e bolas

Principais problemas do consumo

1. A maconha é mais prejudicial quanto mais precoce o uso;


2. Quanto mais anos se usa;
3. Exposição intrauterina.

Δ9-THC - Metabolito secundário da planta usado como psicoativo e medicinalmente (protetor


solar da planta). O Δ9-THC é o principal composto psicoativo encontrado na planta de cannabis
(maconha). Ele interage com os receptores canabinoides CB1 no sistema nervoso central,
resultando em efeitos psicoativos, como relaxamento, euforia e alterações na percepção
sensorial. O Δ9-THC também tem propriedades medicinais e é usado para tratar uma variedade
de condições, incluindo dor crônica, náuseas e estimulação do apetite em pacientes com
câncer e AIDS.

Prometazina - Antagonista do receptor H1 da histamina com propriedades antialérgicas,


antivertiginosas e sedativas. A prometazina é um antihistamínico usado principalmente para
tratar alergias, coceira, náuseas e vômitos. Além disso, ela é frequentemente usada em
combinação com antipsicóticos para reduzir os efeitos extrapiramidais, como tremores, rigidez
e movimentos involuntários, que podem ser causados pelos antipsicóticos.

Ciclo entero-hepático - Processo em que certas substâncias, após serem metabolizadas pelo
fígado, são excretadas na bile e chegam ao intestino. No intestino, as bactérias presentes
retiram o ácido glicurônico (que é um componente adicionado às substâncias pelo fígado
durante o processo de conjugação) e a substância é reabsorvida. Esse processo de reabsorção
pode ocorrer várias vezes, permitindo a recirculação da substância no organismo antes de ser
completamente excretada.

Absorção

 O THC é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, tanto no estômago quanto


no intestino delgado.
 A absorção é afetada pela forma de administração (inalação, ingestão oral), presença
de alimentos e concentração do THC na formulação.
 Na inalação, o THC é detectável no plasma poucos segundos após a primeira tragada
de um cigarro de maconha.
 O pico de concentração é geralmente atingido entre três e dez minutos, devido à
grande área de absorção alveolar e extensa rede capilar nos pulmões.
 A biodisponibilidade da inalação varia entre 10% e 35%, dependendo da profundidade
de inalação e duração da tragada.
 A maioria do THC é absorvida em nível entérico, no intestino delgado.
 A biodisponibilidade oral do THC é muito baixa, com valores entre 6% e 7%, devido ao
extenso efeito de primeira passagem hepático.

Exposição oral à Cannabis:

 A absorção oral do THC é influenciada pela presença de alimentos e concentração do


THC na formulação.
 O consumo de óleo de cânhamo, produzido a partir de sementes de Cannabis, é uma
forma de exposição oral.
 O óleo de cânhamo é uma excelente fonte de aminoácidos essenciais e ácidos graxos
ω-linoleico e linolênico.
 Possui baixa concentração de THC em comparação com outras formas de Cannabis.

Comparação entre via oral e pulmonar

Velocidade de absorção:

 Inalação: THC detectável no plasma em poucos segundos.


 Oral: Absorção mais lenta, levando de 30 minutos a 1 hora para o início dos efeitos
subjetivos.

Biodisponibilidade média:

 Inalação: Varia entre 18%.


 Oral: Muito baixa, com valores entre 6% devido ao efeito de primeira passagem
hepático.

Início de efeito subjetivo:

 Inalação: Pico de concentração entre 8 a 15 minutos após o início.


 Oral: Início dos efeitos subjetivos ocorre de 30 minutos a 2 horas após a administração.

Máximo de efeito subjetivo:

 Inalação: Alcançado rapidamente após o pico de concentração (8 a 15 minutos)


 Oral: Depende da velocidade de absorção e metabolização individual (2,5 a 3,5 horas)

Duração de efeito subjetivo:

 Inalação: Geralmente mais curta em comparação com a via oral (2 a 3 horas)


 Oral: Pode ter efeitos prolongados, devido à absorção mais lenta e metabolização (4 a
6 horas)

Distribuição:

 O THC é altamente lipofílico e possui afinidade por tecidos ricos em lipídios.


 Ele se distribui rapidamente para órgãos com alta concentração de gordura, como o
cérebro, pulmões, fígado e baço.
 O THC também pode se ligar às proteínas plasmáticas no sangue.
 Ele atravessa a barreira placentária com facilidade, resultando em concentrações
semelhantes no sangue fetal e materno.

Metabolismo:

 O THC passa por um extenso metabolismo hepático.


 A principal via metabólica é a hidroxilação do grupo alquil lateral, formando 11-
hidroxi-THC (11OHTHC).
 O 11-OH-THC é posteriormente convertido em 11-nor-9-carboxi-THC (THCCOOH), que
é o principal metabólito inativo excretado na urina.
 Antes da excreção, esses metabólitos são conjugados com ácido glicurônico.
 A excreção ocorre principalmente pela bile, fezes e, em menor grau, pela urina.
 A velocidade de eliminação do THC é lenta, e pode levar semanas para uma remoção
completa dos metabólitos após a interrupção do uso da Cannabis.
 Em usuários crônicos, pode levar de trinta a sessenta dias para uma eliminação
completa.
 Em usuários agudos, a eliminação geralmente ocorre em aproximadamente sete dias.

Eliminação:

 A eliminação do THC e de seus metabólitos ocorre principalmente pela via renal,


através da excreção na urina.
 A meia vida de eliminação do THC varia de cerca de 1 a 3 dias.
 No entanto, a presença de metabólitos pode ser detectada por um período mais longo,
dependendo do padrão e da frequência de uso.

Toxicodinâmica

O sistema canabinóide endógeno é composto pelos receptores CB1 e CB2.

A anandamida e o 2-arachidoniglicerol (2-AG) são dois dos principais canabinóides endógenos.

Esses canabinóides são sintetizados sob demanda e liberados pelos neurônios pós-sinápticos.

Eles atuam como sinalizadores retrógrados, modulando diversas funções no sistema nervoso.

A ativação dos receptores CB1 pode ter efeitos comprovados de redução da ansiedade e
antidepressivos em estudos pré-clínicos.

O sistema endocanabinoide funciona através de sinapses retrógradas, onde os


neurotransmissores canabinoides liberados pelo neurônio pós-sináptico atuam no neurônio
pré-sináptico, controlando a liberação de vários neurotransmissores.

Os canabinóides endógenos influenciam a atividade de vários neurotransmissores, como


GABA, glutamato, noradrenalina, serotonina e dopamina.

O tetrahidrocanabinol (THC) e os canabinóides endógenos são conhecidos por estimular o


apetite através da ativação dos receptores canabinoides CB1.

O rimonabanto, um antagonista do receptor CB1, reduz a ingestão de alimentos e foi aprovado


para o tratamento da síndrome metabólica. No entanto, devido a efeitos adversos centrais,
como aumento da depressão, ideação suicida e transtornos de ansiedade, o rimonabanto foi
retirado do mercado.

O Marinol, um análogo do THC, é usado para tratar anorexia associada à perda de peso e
náuseas e vômitos. A leptina, que regula a sensação de saciedade, é reduzida pelo uso de
canabinoides, o que pode aumentar a sensação de fome.

O sistema canabinóide também está envolvido no controle da náusea, através da inibição da


liberação de serotonina.

Problemas no sistema serotonérgico, como redução na liberação de serotonina, estão


associados à depressão.

Efeitos da Maconha

Efeitos a curto prazo:

 Euforia inicial seguida de relaxamento e sonolência


 Risos espontâneos
 Perda da discriminação de tempo e espaço
 Diminuição da coordenação motora
 Prejuízo da memória recente
 Falha nas funções intelectuais e cognitivas
 Retardo na capacidade de percepção sensorial
 Taquicardia
 Hiperemia da conjuntiva (olhos avermelhados)
 Xerostomia (boca seca)
 Aumento do apetite

Efeitos a longo prazo:

 Síndrome amotivacional (perda de motivação e interesse)


 Danos no sistema pulmonar e cardiovascular, como risco de câncer de pulmão,
bronquite e dificuldade respiratória
 Percepção do batimento cardíaco

Toxicidade

 A dose letal mediana (DL50) de THC oral em ratos é de 800 a 1.900 mg/kg
 Potencial de induzir dependência leve a moderada
 Tolerância ocorre apenas em altas doses
 Uso agudo pode levar a problemas de memória, diminuição da coordenação motora e
julgamento alterado
 Uso crônico pode causar paranoia, psicose, dependência, prejuízo cognitivo,
desenvolvimento cerebral alterado, redução na qualidade de vida, sintomas de
bronquite crônica e aumento do risco de distúrbios psicóticos crônicos em pessoas
predispostas.

Uso agudo:

 Prejuízo da memória: O uso agudo de maconha pode afetar a memória, tornando


difícil aprender e reter informações.
 Diminuição da coordenação motora: A maconha pode interferir na coordenação
motora, o que pode comprometer a capacidade de dirigir veículos e aumentar o risco
de lesões.
 Julgamento alterado: O uso agudo de maconha pode levar a alterações no julgamento,
o que aumenta o risco de comportamentos sexuais que facilitam a transmissão de
doenças sexualmente transmissíveis.

Uso crônico:

 Paranoia e psicose: Em doses elevadas, o uso crônico de maconha pode estar


associado ao desenvolvimento de sintomas de paranoia e psicose.
 Dependência: Cerca de 9% dos usuários globais de maconha desenvolvem
dependência. Esse número aumenta para 17% das pessoas que começam a usar
maconha na adolescência e pode chegar a 25% a 50% dos consumidores diários.
 Desenvolvimento cerebral alterado: O uso crônico de maconha durante a
adolescência pode alterar o desenvolvimento cerebral e resultar em um desempenho
educacional pobre, além de aumentar a probabilidade de abandono escolar.
 Prejuízo cognitivo: Os usuários frequentes de maconha durante a adolescência podem
apresentar prejuízo cognitivo, incluindo um menor quociente intelectual.
 Redução na qualidade de vida: O uso crônico de maconha pode levar a uma redução
na qualidade de vida, afetando aspectos como relacionamentos, trabalho e bem-estar
geral.
 Sintomas de bronquite crônica: Fumar maconha pode causar sintomas de bronquite
crônica, como tosse crônica e produção de catarro.
 Aumento do risco de distúrbios psicóticos crônicos: Pessoas com predisposição para
distúrbios psicóticos, incluindo esquizofrenia, podem ter um risco aumentado ao usar
maconha.

A isquemia é um estado em que há uma redução do fluxo sanguíneo e, consequentemente,


uma diminuição da oferta de oxigênio para os tecidos. Embora a maconha possa aumentar a
frequência cardíaca e, potencialmente, levar a uma diminuição temporária da oferta de
oxigênio, não há evidências conclusivas de que o uso agudo ou crônico de maconha seja uma
causa direta de isquemia.

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