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Caso Prático com tópicos- dir de personalidade e respons


civil pessoa coletiva
Teoria Geral Direito Civil 1 (Universidade Portucalense Infante D. Henrique)

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Caso prático com tópicos de correção

Direitos de personalidade/ responsabilidade civil pessoas singular e pessoa coletiva

Antónia, conhecida médica, que lidera um movimento contrário à descriminalização da eutanásia,


ao participar num intenso debate radiofónico, vê-se falsamente acusada por Baltazar, presidente
da <Associação pela Liberdade e Autonomia= favorável à morte medicamente assistida, de ser
hipócrita e de no passado ter acedido ao pedido de um paciente para que lhe tirasse a vida, na
qualidade de especialista na prestação de cuidados paliativos na clínica oncológica pertencente à
sociedade <Saúde e bem-estar, SA=.
Em consequência do sucedido, Antónia vê-se envolvida num escândalo público com o seu nome
enxovalhado e a sua honra manchada, alvo de investigação judicial e injustamente suspeita de um
crime, sendo obrigada ao afastamento do referido movimento e a cessar de imediato o exercício
das funções desempenhadas na clínica, também visada pelas acusações de Baltazar.

a) Em face do exposto, e indicando o fundamento legal, diga que direitos assistem a Antónia e
contra quem os poderá exercer.

b) Por seu turno, a clínica <Saúde e bem-estar, SA=, com a alegação de que os factos vindos a
público afetam gravemente o bom nome e a reputação da conceituada instituição e já levaram à
saída de inúmeros doentes que ali se encontravam internados, vem intentar uma ação judicial
exigindo uma avultada indemnização. Pronuncie-se acerca da viabilidade das suas pretensões e,
sendo o caso, por que danos.

Tópicos de correção

O Aluno deverá ter em consideração os factos do enunciado, justificar a aplicação dos preceitos
legais ao caso concreto, fundamentando devidamente as suas respostas no desenvolvimento dos
tópicos seguintes:

a)

Fundamento legal e os direitos que assistem a Antónia:

- qualificação jurídica: direitos de personalidade e responsabilidade civil


- definição, caracterização dos direitos de personalidade (conceito doutrinal) e tutela geral da
personalidade – artigo 70.º, n.ºs 1 e 2 do Código Civil (nota: todos os preceitos legais a seguir
indicados pertencem ao Código Civil)
- ofensa ilícita dos direitos à reputação e ao bom nome de Antónia (arts. 70.º, n.º 1 e 484.º)
- consequências da ilicitude: art. 70.º, n.º 2
1- em caso de atuação ilícita: providências adequadas às circunstâncias do caso (indicar
exemplos)
2- em caso de atuação ilícita e culposa responsabilidade civil extracontratual: arts. 483.º
e seguintes

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Contra quem, e em que termos, Antónia poderia exercer os seus direitos:

1 - contra Baltazar: para saber se recai sobre ele a obrigação de indemnização (artigo 566.º), o
Aluno deve analisar, a partir dos factos fornecidos no enunciado, se estão preenchidos todos os
pressupostos da responsabilidade civil – ilicitude, culpa, dano, nexo de causalidade e facto
voluntário do agente: art. 483.º, n.º 1 (responsabilidade por factos ilícitos e culposos)

2 - contra a <Associação pela Liberdade e Autonomia=: Baltazar é o presidente da Associação: as


pessoas coletivas são civilmente responsáveis - art. 500.º ex. vi o art. 165.º
- apuramento da responsabilidade civil extracontratual da Associação; análise e verificação em
concreto dos pressupostos do artigo 500º: 1) relação de comissão 2) danos causados no exercício
das funções do comissário; 3) existência da obrigação de indemnizar o lesado por parte do próprio
comissário
- na presente situação todos os pressupostos se confirmam, pelo que a Associação (equiparada a
comitente) também é responsável perante Antónia. Nos termos da responsabilidade pelo risco
(objetiva), a responsabilidade do comitente é solidária (artigos. 497.º e 513.º)
- a lesada Antónia, tanto pode exigir a indemnização a Baltazar (art.º 483.º) como à Associação
de que é presidente (artigo 500.º, n.º 1)
- caso fosse a Associação a pagar a indemnização, teria o direito de regresso nos termos do art.
500.º, n.º 3
- verificando-se os pressupostos da responsabilidade civil, surge a obrigação de indemnização,
nos termos dos artigos 562.º e seguintes

b)

- ofensa do crédito, da reputação e do bom nome da Clínica


- enquanto a pessoa coletiva (sociedade anónima), goza de personalidade jurídica desde o
reconhecimento, o qual é normativo condicionado (art. 158.º ex vi art. 157.º) e por via disso torna-
se titular de direitos de personalidade
- indicar as limitações à capacidade jurídica do art. 160.º e os direitos de personalidade que as
pessoas coletivas têm; a tutela jurídica de alguns direitos de personalidade das pessoas coletivas:
art. 70.º, n.º 1 e art. 484.º
- a sociedade anónima pode assim pedir uma indemnização - art. 70.º, n.º 2 -, quer a Baltazar quer
à Associação de que é presidente, estando verificados os pressupostos da responsabilidade civil
por factos ilícitos e culposos (art. 483.º ss) e os requisitos da responsabilidade do comitente (art.
165.º e art. 500.º), respetivamente

- por que danos?


- noção e modalidades de danos: patrimoniais e não patrimoniais (arts. 562.º e ss e art. 496.º)
- porém, o pedido indemnizatório apenas poderá abranger os danos patrimoniais sofridos em
consequência da lesão dos acima referidos direitos de personalidade: justificação e aplicação ao
caso concreto: perda de clientela e agravamento da situação financeira da Clínica
- portanto, as pessoas coletivas não poderão obter uma compensação dos danos não patrimoniais
(art. 496.º, 1), os quais implicam sentimentos como dor, vexame, humilhação, etc., inseparáveis
das pessoas humanas

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