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1.

Maquiavel e autonomia política

Diferentemente de outras nações européias do século XVI, a Itália vivia sujeita a uma
fragmentação em di versos Estados, onde havia disputas internas entre cidades
vizinhas e hostilidade de outras nações, especialmente da Espanha e da França. Nesse
contexto, Nicolau Maquiavel desenvolve seu pensamento político, que se baseava em
a ação do príncipe na Itália visar a conquista do poder e manter esse poder e,
posteriormente, a instalação de um governo republicano.

1.1 Virtù e fortuna

Maquiavel afirmava que o “homem que quiser fazer a profissão de bondade é natural
que se arruíne entre tantos que são maus”. Aqui, se evidencia o conceito de virtù (em
português, virtude) onde, os que possuíssem tal capacidade, conseguiriam realizar
grandes obras e provocar mudanças históricas. Aqui, a virtude não se trata de
preceitos conforme algum segmento moralista, mas alguém capaz de perceber o jogo
político e agir conforme o jogo, a fim de conquistar e manter o poder.
Atrelado a esse conceito, temos também a fortuna (que significa ocasião, acaso, sorte),
aqui, Maquiavel afirma que o príncipe deveria aproveitar dos momentos oportunos,
visando à conquista do poder.
Portanto, não adiantaria de nada possuir virtude, mas não saber ser precavido e
aguardar a ocasião propícia. Da mesma forma, não adiantaria possuir a fortuna, mas
não ter a virtude para agir sobre.

1.2 Ética e política/Autonomia da Política

Para Maquiavel, o príncipe deveria separar a moral pessoal da moral política, uma vez
que a moral política definia-se pelo bem da comunidade, portanto, era dever dele
manter-se no poder. Desse modo, em determinados momentos, seria necessário o uso
do mal: “Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser
mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. [...]”(O príncipe).

Portanto, os valores da moral política não são dados de antemão, pois deveriam ser
desligadas da tutela das normas a priori (experiências pessoais anteriores) ou de uma
moral religiosa, mas deveriam ser desenvolvidas pelo governante visando a realização
dos interesses coletivos.

1.3 Democracia e conflito

O conflito constitui um fenômeno inerente à política (uma política não-utópica que


valorizavam a paz de uma sociedade sem antagonismo, que, para Maquiavel,
significava não reconhecer a realidade do mundo humano), que se faz justamente com
base na conciliação de interesses diferentes. Assim, resultando num processo
contínuo de equilíbrio tenso entre forças antagônicas: a liberdade.
2. Hobbes e o poder absoluto do Estado

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