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Explicação estudo de caso.

Maria Clara
-A gente vê nesse estudo de caso uma paciente que demonstra uma organização
psíquica comprometida, por falhas de cuidado durante toda sua vida.
Winnicott fala que a adolescência traz à tona os efeitos dessas falhas iniciais e
para esse caso, foi proposto uma intervenção psicológica que durou cerca de 2 anos,
com sentido de clarificar, organizar e transformar os elementos internos em
elementos pensáveis e entrar em contato com o verdadeiro self de Jacqueline.

Carla
-Para isso, a psicóloga utilizou o “holding terapêutico”, ela ofereceu um sustento,
uma base segura para conseguir acessar a paciente, promovendo a ela um ambiente
“suficientemente bom”, que permitiu que Jaqueline se sentisse segura e conseguisse
acessar seu self verdadeiro no mundo real, sem mais precisar recorrer às fantasias
(falso selfie) para aguentar suas sobrecargas emocionais e físicas.

Maria Clara
-Jaqueline cresceu em um ambiente sem suporte, com falhas no cuidado,
principalmente pela ausência da mãe e depois com a doença da avó. Ela se viu
responsável pelo cuidado da avó aos 7 anos apenas. Toda essa sobrecarga fez com que
ela criasse um mundo particular e imaginário, onde se sentia aceita e cuidada, mas
que era separado da realidade (esse era seu verdadeiro self). No mundo real
Jaqueline apresentava o falso selfie (uma maneira automática e sem personalidade,
apenas reativa). Em situações de muito estresse, Jaqueline tendia a se refugiar
nesse mundo imaginário e resistir em retornar à realidade.

Carla
-O holding terapêutico oferecido pela psicóloga, possibilitou que Jaqueline se
aprofundasse em si mesma, entrasse em contato com seu verdadeiro eu e buscasse
integrá-lo à sua personalidade. O holding terapêutico implica na disponibilidade do
psicólogo em oferecer apoio e acolhimento, atendendo as necessidades do paciente, a
fim de promover segurança e manejo necessários para o avanço.
 
Maria Clara
E a gente finaliza esse estudo de caso ressaltando a importância da escuta atenta e
presente da terapeuta que possibilitou a construção de um vínculo e foi se
fortalecendo. Logo nos inícios dos relatos, Jacqueline quando vai falar do seu
mundo imaginário, diz que havia uma árvore que era a terapeuta e que ela gostava
muito de ficar sentada á sua sombra. Isso foi considerado um avanço terapêutico e
também há um diálogo entre paciente e terapeuta:
Terapeuta: Realmente, Jacqueline, me parece fantástico esse universo seu! E sabe de
uma coisa? Eu acho que ele faz parte de você, uma parte muito bonita e criativa,
aliás. Você tem recursos incríveis dentro de si.
Jacqueline: Você acha? Talvez eu seja realmente criativa. Gosto de inventar
histórias. Eu leio livros e depois fico imaginando. É verdade, eu gosto de criar,
gosto de desenhar e imaginar. Na escola, sempre participo da equipe de criação do
festival e da feira de artes...

Carla
Então assim, no início a paciente passava maior parte do tempo em silêncio, não
olhava para terapeuta e a terapeuta procurou ocupar um lugar de escuta atenta,
dando sinais de que ali Jacqueline seria plenamente feliz e aceita.

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