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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

Exame escrito - Curso Noite

Duração do exame: 90 minutos 22 de junho de 2022


I
Andreas, venezuelano, habitualmente residente na Alemanha, e Bernardo,
brasileiro, residente habitualmente em Lisboa, pretendem casar-se. Bernardo conheceu
Andreas, enquanto este aqui se encontrava de férias.
Com vista à aplicação do Direito material português, decidem celebrar o seu
casamento em Lisboa. Porém, o Conservador do Registo Civil português comunica-lhes
que não os pode casar, atendendo a que, de acordo com o Direito venezuelano, o
casamento entre pessoas do mesmo género não é admitido.
Andreas e Bernardo contestam esta decisão, afirmando que a lei competente é
a portuguesa e alegando que a recusa do Conservador do Registo Civil a casá-los
sempre contrariaria a reserva de ordem pública internacional portuguesa.
Admitindo que:
1) A Conservatória do Registo Civil portuguesa é competente para celebrar o
ato;
2) Todos os ordenamentos jurídicos em contacto com a situação consideram
Andreas e Bernardo habitualmente residentes e domiciliados na Alemanha
e em Portugal, respetivamente;
3) De acordo com as leis alemã e brasileira é admitido o casamento entre
pessoas do mesmo género; já a lei venezuelana não o admite;
4) De acordo com as normas de conflitos venezuelanas e brasileiras, a
capacidade para contrair casamento é regulada pela lei do domicílio de cada
nubente; a norma de conflitos alemãs regula a questão pela lei da
nacionalidade de cada um dos nubentes;
5) No ordenamento jurídico brasileiro, pratica-se a referência material; os
tribunais da Venezuela e Alemanha, no caso concreto, praticariam a
devolução simples,
diga, fundamentadamente e apreciando os argumentos invocados, se o Conservador do
Registo Civil português deve ou não casar Andreas e Bernardo.

II
Comente apenas uma das seguintes afirmações:
1) No âmbito do Regulamento Roma I, os contratos celebrados com os
consumidores serão sempre regulados pela lei da residência habitual do consumidor,
pois será esta que apresentará a conexão mais estreita com a situação.
 
2) Colocando-se em Portugal um problema de determinação da nacionalidade
relevante, nos casos em que um cidadão tenha duas ou mais nacionalidades, sendo uma
delas de um Estado-Membro da União Europeia, será sempre esta a relevante.

Cotação:
I – 1) 12 valores; II – 6 valores
Domínio da língua portuguesa e organização das respostas: 2 valores.

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