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Gerenciamento de desastres e vítimas


em massa
Larissa Prado
FASA - BA
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INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) define-se desastre como uma grave
ruptura no funcionamento de uma comunidade ou sociedade, que causa perdas humanas, matérias,
econômicas e ambientais, que excedem a capacidade da comunidade afetada de lidar utilizando
seus próprios recursos. Já na perspectiva médica é uma situação na qual o número de pacientes
que necessitam de assistência médica em tempo e local determinados supera a capacidade dos
provedores de atendimento médico e recursos disponíveis, requerendo assistência adicional, por
vezes extensas.

Essa situação é muitas vezes chamada de evento com vítimas em massa (EMV), é
importante não confundir com incidentes com múltiplas vitimas que consiste em duas ou mais
vítimas, mas que nesse caso podem ser tratadas com recursos da comunidade. No desastre, há
independência do número de vítimas e excede os recursos disponíveis para a resposta médica. O
principio do atendimento médico ao desastre é fazer o melhor possível pelo maior numero de
pacientes com os recursos disponíveis. O objetivo de conhecer e compreender o EMV é reduzir a
morbidade e mortalidade causadas pelo desastre.

CLASSIFICAÇÃO DOS DESASTRES

1. Quanto à evolução os desastres

1.1-Desastres súbitos ou de evolução aguda: Caracterizados pela rapidez com que evoluem e,
normalmente, pela violência dos fenômenos que os causam.

1.2-Desastres de evolução crônica, gradual: evoluem progressivamente ao longo do tempo, como


por exemplo no caso das secas e estiagens.

1.3-Desastres por somação de efeitos parciais: Caracterizados pela acumulação de eventos


semelhantes, cujos danos, quando somados ao término de um determinado período, representam
também um desastre muito importante, como por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito.
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2. Quanto à intensidade dos desastres

2.1-Desastres de nível I: São de pequeno porte, com danos facilmente suportáveis e superáveis
pelas próprias comunidades afetadas.

2.2- Desastres de nível II: São de médio porte, com danos e prejuízos que podem ser superados
com recursos da própria comunidade, desde que haja uma mobilização para tal.

2.3- Desastres de nível III: São de grande porte e exigem ações complementares e auxílio externo.

2.4- Desastres de nível IV: São de muito grande porte e nesses casos, os danos e prejuízos não são
superáveis e suportáveis pelas comunidades sem ajuda de fora da área afetada.

3. Quanto à origem os desastres

3.1-Desastres naturais: provocados por fenômenos e desequilíbrios da própria natureza.

3.2-Desastres humanos: caracterizam por serem provocados por ações ou omissões humanas.

3.3- Desastres mistos: caracterizam por ocorrerem quando as ações ou omissões humanas
contribuem para intensificar, complicar e/ou agravar desastres naturais

CICLO DO DESASTRE

A duração de cada fase do ciclo de vida do desastre vai variar de acordo com a frequência
com que incidentes ocorrem em dada comunidade.

a) Fase de quiescencia: é o período entre os desastres, durante o qual as avaliações de risco e as


atividades de mitigação devem ser executadas. Esse período pode ser bastante longo e levar anos
em alguns locais enquanto em outros está condicionada em meses.

b) Fase de pródromo (pré-desastre): Nesse momento um evento foi identificado como inevitável,
durante este período passos específicos podem ser tomados para mitigar os efeitos do evento
subsequente, como ações para fortificar estruturas físicas, iniciar planos de evacuação e mobilizar
recursos na resposta pós-evento.

c)Fase de impacto: Corresponde a ocorrência do evento propriamente dito, durante esse período
pouco pode ser para alterar o resultado do que está acontecendo.
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d)Fase de resgate: É o momento logo após o impacto, durante a qual a resposta ocorre e as
intervenções apropriadas pode salvar vidas.

e) Fase de recuperação: Durante o qual os recursos são requisitados para enfrentar os danos
causados pelo desastre, por meio de esforços combinados em várias áreas.

GERENCIAMENTO ABRANGENTE DAS


SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS

Para realizar o gerenciamento de um incidente é necessário seguir 4 componentes:

1. Mitigação: Geralmente ocorre durante a fase de quiescência, os perigos em potencial ou


etiologias prováveis do EVM em cada comunidade são identificados, a partir disso providências são
tomadas para evitar que esses perigos causem um incidente ou minimizar os seus efeitos.

2. Preparação: Essa etapa envolve identificação, antes do desastre, dos suprimentos, equipamentos
e pessoal, assim como plano de ação específico a ser adotado na ocorrência de um incidente.

3. Resposta: Fase envolve a ativação e implantação dos diversos recursos avaliados na fase de
preparação, com objetivo de administrar um incidente que já aconteceu.

4.Recuperação: Enfatiza as ações necessárias para trazer a comunidade à condição que se


encontrava antes do evento.

PREPARAÇÃO PESSOAL

Cada socorrista deve se preparar individualmente para enfrentar os diversos problemas que
um desastre pode apresentar. Conhecimentos sobre queda de edificações, incidentes com materiais
perigosos, equipamentos de proteção pessoal e gerenciamento geral de incidentes. Além de
preparar as suas famílias sobre possíveis períodos de distância, já que muitos desastres vão durar
por longos períodos de tempo.

Ademais, preparar a população do que deve ser feito e para onde se deve ir durante tais
eventos desastrosos, além de sempre garantir que os suprimentos adequados estejam disponíveis
em casa para suprir as necessidades das famílias, principalmente dos familiares dos próprios
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socorristas, já que durante o seu trabalho nos desastres, saber que sua família está segura e
confortável aumenta o desempenho deles no combate aos desastres.

ELEMENTOS ESSENCIAIS PARA


EMERGÊNCIAS

a) Busca e resgate: Procurar sistematicamente os indivíduos que foram afetados em um evento e


resgatá-los de situações perigosas.

b) Triagem e estabilização inicial: É um processo de avaliação e categorização sistemática de cada


vítima, conforme a gravidade dos ferimentos ou enfermidades.

c) Rastreamento do paciente: Pacientes são identificados individualmente seguidos desde o


contato inicial, evacuação e transporte, até que receba alta.

e) Atendimento médico definitivo: Está relacionado à prestação de cuidados médicos


especializados, necessários para tratar lesões ou enfermidades especificas do paciente.

f) Evacuação: É o processo de transportar vítimas de desastre e pacientes feridos para local do


desastre, para um local segura ou centro de atendimento definitivo.

SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES


(SCI)

É um método criado para permitir que diversos órgãos e instituições similares, de múltiplas
jurisdições trabalhem juntas, eficientemente, usando uma estrutura organizacional para melhor
gerenciar a resposta a um desastre ou a outros grandes incidentes. Esse sistema deve ser ativado
precocemente, já na chegada dos socorristas ao local, antes que o gerenciamento do incidente fuja
do controle. O uso do SCI permite a integração da resposta médica com a resposta geral do
incidente.
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Esse sistema pode ter comando único, coordenado pelo comandante de incidente e o
comandado unificados representados por um conjunto de representantes de diferentes setores em
um plano de trabalho que assegura que todas as ações estão coordenadas. O termo comando único
é usado quando apenas uma pessoa, representando sua organização, assume formalmente o
comando da operação como um todo, sendo o responsável pelo gerenciamento de todas as
atividades relativas à situação crítica. O uso desse modelo ocorre quando apenas uma organização
conduz as ações de resposta ou quando a organização é a principal responsável pela resposta e as
outras organizações atuam apenas apoiando e colaborando com suas ações.

Já o termo comando unificado é usado numa abordagem mais cooperativa, na qual


representantes das organizações envolvidas na resposta a situação crítica atuam em conjunto, a
partir do estabelecimento de objetivos e prioridades comuns. O uso desse modelo ocorre quando
mais de uma organização tem participação destacada na operação como um todo. Esse sistema
evolui para analise de todos os perigos e todos os riscos como incêndio, alagamentos, furacões,
acidentes aéreos, terremotos, incidentes com materiais perigosos ou outros tipos de situações de
emergência.

A necessidade de um plano de ação, que fornece às pessoas e organizações envolvidas


uma ideia geral da situação, dos recursos disponíveis e, especialmente, dos objetivos e prioridades
a alcançar num determinado período operacional, otimizando os esforços e gerando sinergia.
Inicialmente, o plano de ação pode ser apenas verbal, mas à medida em que a operação se
desenvolve (e sua complexidade aumenta) ele acaba se tornando mais formal e exigindo o
preenchimento de formulários padronizados (plano escrito).

GERAL

Sabe-se que o gerenciamento de desastres é, por natureza, complexo e dinâmico, logo, tal
ferramenta precisa ser concebida a partir de uma visão sistêmica e contingencial, que permita ao
seu usuário um modelo: Adaptável a qualquer tipo de emergência ou situação crítica; Utilizável em
qualquer tamanho de emergência ou situação crítica; Utilizável em qualquer combinação de
organizações e jurisdições; • Simples para novos usuários; De baixo custo; e Adaptável a novas
tecnologias.
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REFERÊNCIAS

1. NAEMT et al. PHTLS American College of Surgeons. 8. ed. Burlington: Jones &
Bartlett, 2017.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de
Intervenção para o SAMU 192 - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
Brasília: Ministério da Saúde, 2a edição, 2016.
3. OLIVEIRA, Marcos de. Manual de gerenciamento de Desastres. Florianópolis:
Editora Atheneu, 2009.
4. BERGERON, J. David et al. Primeiros socorros. 2. ed. São Paulo: Atheneu Editora,
2007. 608p
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