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Art.

286 do Código Penal – Comentado

Por se tratar de um crime comum, qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo do
crime acima citado. Entretanto, por tratar-se de crime vago, o sujeito passivo
enquadrado neste crime é a coletividade.

A consumação, por sua vez, se dá com o conhecimento por terceiros da incitação ao


crime. Assim, não é necessário que os destinatários da conduta efetivamente cometam
delitos, pois a fattispecie do art. 286 é de mera conduta ou simples atividade. Para tanto,
é suficiente que a atitude tenha sido idônea a estimular o terceiro, não sendo necessário
que se tenha criado efetivamente a resolução criminosa.

No que se refere à tentativa, o conatus proximus dependerá do meio executivo


empregado. Se este for cometido por meio verbal ou gestual, a infração será
unissubsistente e, por tal motivo, não comportará tentativa. Caso opte o agente pela
forma escrita, poderá se dar a forma imperfeita de crime, de vez que se estará diante de
conduta plurissubsistente. Por exemplo: uma pessoa faz vários panfletos para distribuir
que dizem para pessoas roubarem bancos e antes de começar a entregar os panfletos, o
policial confisca os panfletos e o impede – há tentativa.

Outrossim, existem na legislação penal outras formas de induzimento a crime


especificamente tipificadas, tais como: a incitação ao genocídio enquadra-se no art. 3º
da Lei n. 2.889, de 1º-10-1956; a instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio é
definida no art. 122 do CP; a incitação à lascívia ou à prostituição configura os delitos
dos arts. 218-B, 227 e 228 do CP; o incentivo ao consumo de drogas enquadra-se no art.
33, § 2º, da Lei n. 11.343/2006 (Lei Antidrogas); e o incitamento à desobediência, à
indisciplina ou à prática de crime militar constitui fato especificamente apenado no art.
155 do Código Penal Militar.

Há de se falar ainda em conduta equiparada, pois de acordo com o parágrafo único,


incluído pela Lei n. 14.197, de 1º de setembro de 2021, incorre na mesma pena quem
incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes
constitucionais, as instituições civis ou a sociedade.

Ao se tratar da classificação jurídica, podemos identificar que este é um crime de


conduta livre (admite qualquer meio executório), comum (qualquer pessoa pode praticá-
lo), unissubjetivo ou de concurso eventual (pode ser praticado por uma pessoa ou várias
em concurso), de mera conduta (a consumação ocorre com a prática do comportamento
delitivo, independentemente da ocorrência de algum resultado naturalístico, ao qual o
tipo nem sequer faz referência), instantâneo (a consumação dá-se instantaneamente, sem
se prolongar no tempo), monossubjetivo ou de concurso eventual (pode ser cometido
por uma só pessoa ou várias, em concurso) e unissubsistente ou plurissubsistente (a
depender do meio empregado para a incitação).

Por fim, em sede de pena, constata-se que o fato é apenado com detenção, de três a seis
meses, ou multa. Constitui infração de menor potencial ofensivo (Lei n. 9.099/95, art.
61), sujeitando-se ao procedimento sumaríssimo e às medidas despenalizadoras contidas
no citado Diploma. Vale lembrar que a ação penal é de iniciativa pública
incondicionada.

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