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Capítulo 7

Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.

Dietoterapia
para pacientes
em estados
hipermetabólicos

Os diversos tipos de traumas, como sepse, queimaduras e politrau-


matismos, desencadeiam no organismo uma inflamação sistêmica
mediada por citocinas inflamatórias e hormônios de estresse que in-
duzem a uma resposta hipermetabólica intensa e duradoura. Essa res-
posta se caracteriza pelo aumento da taxa metabólica basal, aumento
do trabalho cardíaco, aumento do consumo de oxigênio, degradação de
proteínas musculares e resistência a insulina. Esse quadro pode levar
o paciente a desnutrição grave aguda, o que o predispõe a alterações
orgânicas, infecções, sepse e aumento da morbimortalidade.

Diante da situação descrita, fica evidente a importância do supor-


te nutricional para o paciente crítico em estado hipermetabólico. A

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alimentação deve ser planejada, pensando em atenuar a resposta

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metabólica ao estresse, prevenir a lesão celular oxidativa e modular as
respostas imunes.

Uma terapia nutricional, com oferta adequada de macro e micronu-


trientes e um controle rígido da glicemia, pode ser uma estratégia tera-
pêutica que vai auxiliar na redução da gravidade da doença, diminuindo
complicações e favorecendo a recuperação do paciente.

1 Desequilíbrio metabólico e hormonal em


pacientes em grande estresse fisiológico
Quando o organismo é exposto a algum evento traumático agudo,
que cause grande estresse fisiológico, com grande repercussão para
todo o organismo, como grandes cirurgias, queimaduras, sepse, poli-
traumatismos, hemorragia, entre outros, o equilíbrio do organismo é
rompido e, para restabelecê-lo, ou seja, para atingir a homeostase e
manter funções fundamentais para a sobrevivência, como volemia, dé-
bito cardíaco, oxigenação de tecidos, oferta e utilização de substratos
energéticos, o organismo desencadeia uma série de reações neuroen-
dócrinas, metabólicas e imunobiológicas que ocasionam alterações
em todo o metabolismo e na função cardiorrespiratória. Essas reações
acontecem em duas fases:

•• Ebb phase: primeira fase, inicia-se imediatamente após a lesão,


com duração de 12 a 24 horas, durante a qual ocorre instabilidade
hemodinâmica com diminuição do débito cardíaco e do consumo
de oxigênio, observando-se hipovolemia, hipotensão, diminuição
do fluxo sanguíneo, aumento da resistência vascular sistêmica,
além do aumento da insulina, das catecolaminas, de gluco e de
mineralocorticoides circulantes, esgotamento do glicogênio hepá-
tico e alterações no transporte de oxigênio para as células. Ao final
dessa fase, o consumo de oxigênio passa a aumentar novamente.

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•• Flow phase: é a fase sucessora. Tem início logo após a estabili-
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zação cardiocirculatória. É uma fase hiperdinâmica, representada


por retenção hídrica, aumento da permeabilidade vascular, dimi-
nuição da resistência vascular sistêmica, com aumento crescente
das catecolaminas e glicocorticoides, produzindo hiperglicemia e
proteólise, resultando em hipermetabolismo. O estado hiperme-
tabólico se instala procurando resolver a inflamação e curar o
organismo.

Hoje em dia, ainda não foram descobertas todas as interações entre


o sistema neuroendócrino e os mediadores humorais como: citocinas,
prostaglandinas, proteínas de fase aguda, bradicinina, entre outros me-
diadores da inflamação, e a atuação da terapia nutricional e de nutrien-
tes na fase em que se instala o estado hipermetabólico.

A resposta metabólica ao trauma, inicialmente, é similar ao processo


de jejum, no qual o objetivo do organismo ao desencadear as alterações
é alterar o padrão metabólico para garantir a sobrevivência. Tanto no
jejum quanto no trauma, há uma diminuição do consumo energético
sistêmico, porém, na resposta ao trauma, a ativação neuroendócrina
que acontece para manter o volume circulatório vai priorizar o fluxo
sanguíneo para os órgãos vitais, como o cérebro e o coração. Outro
processo que ocorre de maneira diferente no jejum e no trauma é que,
no caso do jejum, logo que é oferecido substrato energético o padrão
metabólico desencadeado é finalizado e regularizado, enquanto no trau-
ma o processo de proteólise, gliconeogênese e resistência a insulina
continua, em decorrência de fatores humorais.

O organismo vai responder ao trauma com a ativação de uma res-


posta neuroendócrina e a intervenção de fatores humorais relacionados
com a resposta imunológica e inflamatória.

A figura 1 a seguir mostra as características da resposta ao estresse


fisiológico ocasionado por algum tipo de trauma.

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Figura 1 – Alterações metabólicas no trauma

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Trauma
(cirurgia, queimadura,
sepse, politraumatis-
mo, hemorragia)

Resposta Fatores humorais


neuroendócrina relacionados com
ao trauma resposta imunológica e
inflamatória ao trauma
Hipermetabolismo

Aumento do Aumento do
anabolismo central catabolismo periférico

Aumento da
gliconeogênese

A resposta neuroendócrina ao estresse é bastante eficaz para re-


estabelecer, especialmente, a homeostase circulatória, e essa res-
posta é desencadeada por diversas alterações, como hipovolemia,
dor e desidratação.

A resposta neuroendócrina é ativada por uma complexa rede refle-


xa iniciada no sistema nervoso central, que vai agir estimulando vaso-
constrição arteriolar com aumento da resistência periférica, aumento
da contratilidade e frequência cardíaca e retenção de sódio e água nos
rins, com o objetivo de reestabelecer a homeostase. Para reestabelecer
os padrões respiratórios, age estimulando a broncodilatação e a hiper-
ventilação, e para regularizar o metabolismo, estimula a mobilização de
substratos energéticos, particularmente das reservas de glicose.

Além da resposta neuroendócrina, ocorre também uma complexa


resposta imunobiológica do organismo, que será responsável pela pro-
dução local de citocinas.

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As citocinas disparam uma série de reações biológicas para a res-
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posta metabólica, hemodinâmica, imunológica e reparadora do organis-


mo ao trauma. As citocinas, juntamente com o sistema neuroendócrino
e outros fatores humorais de menor importância, são responsáveis por
estimular a resposta inflamatória do organismo. As principais citocinas
mediadoras da resposta ao trauma são a interleucina 1 (IL-1) e o fator de
necrose tumoral alfa (TNF-alfa), sendo que a TNF-alfa é o principal en-
volvido na redistribuição de substrato energético, particularmente pelo
catabolismo proteico, que ocorre tipicamente no trauma, com perda de
reservas periféricas e mobilização de proteínas de órgãos, como fígado,
rins e intestino. É responsável também pelas alterações de resistência
e permeabilidade vascular, redução de contração do músculo cardíaco,
aumento da atividade da medula óssea e anorexia.

O hipermetabolismo, que é o principal foco na dietoterapia desses


pacientes, tem as seguintes características: aumento da oxidação dos
substratos energéticos, grau de hipermetabolismo proporcional à gravi-
dade da lesão, aumento do gasto energético generalizado, mobilizando
todos os tecidos do organismo. Os mecanismos responsáveis pelo
hipermetabolismo estão parcialmente ligados à ativação neuroendó­
crina e ao efeito das citocinas.

A alteração do metabolismo de carboidratos, gorduras e de proteí-


nas, induzido pelas alterações neuroendócrinas e imunobiológicas,
ocorre resumidamente da seguinte maneira:

•• Carboidratos: por meio da ativação da glicogenólise e da gliconeo-


gênese hepática, que ocorre por estímulo das catecolaminas e
pela liberação do glucagon, há o aumento da oferta de glicose
aos tecidos, garantindo a oferta principalmente para os órgãos
que dependem da glicose como substrato, por exemplo, o siste-
ma nervoso central.

•• Gorduras: o aumento da lipólise é estimulado pelo aumento de


glucagon, adrenalina e cortisol, e esses ácidos graxos livres ser-
virão de substrato energético preferencial para diversos tecidos
que não são glicose-dependentes, como o músculo esquelético.

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•• Proteínas: ocorre a mobilização de aminoácidos dos músculos

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periféricos para a síntese hepática de proteínas de fase aguda,
que são importantes para estimular o sistema imunológico, e
para a produção de glicose a partir da gliconeogênese, necessária
para o fornecimento de substrato energético.
A principal característica do paciente em estresse fisiológico é, sem
dúvida, a hiperglicemia, ocasionada pelo aumento dos hormônios con-
trarregulatórios (cortisol, glucagon, adrenalina, hormônio de crescimen-
to) que têm a secreção aumentada em resposta ao estresse fisiológi-
co ocasionado pelo trauma. Quanto ao estado hiperglicêmico desses
pacientes, duas situações devem ser consideradas: a primeira é que,
apesar do estado de hipermetabolismo, os pacientes agudos graves
têm a capacidade de oxidação de glicose limitada e a oferta de grandes
quantidades de glicose (maiores que 5 mg/kg/dia) podem contribuir
ainda mais para a hiperglicemia por exceder a capacidade dos tecidos
de utilizar a glicose; a segunda é que, no paciente agudo grave, a oferta
de glicose pela nutrição não é capaz de suprimir a oxidação lipídica e a
oferta de glicose acaba aumentando ainda mais o hipermetabolismo
sem suprir a necessidade do organismo de substrato – nesse momen-
to, isso ocorre porque no paciente agudo grave os mecanismos regu-
ladores estão alterados. Diante desse quadro, para pacientes graves,
pode ser mais interessante o fornecimento de lipídeos como fonte de
energia, no valor de 30% a 50% do valor calórico total, para garantir ofer-
ta adequada de energia e diminuir os problemas causados pela oferta
excessiva de glicose, que desencadeia intolerância à glicose, estimula o
hipermetabolismo e provoca excessivo aumento de CO2.

Durante o estresse fisiológico ocasionado pelo trauma, o catabolis-


mo proteico aumenta por causa da proteólise muscular, o que reduzirá
a massa muscular esquelética.

A oferta de nutrientes, embora não possa reverter o hipermetabolis-


mo associado ao trauma, pode reduzir as consequências do catabolis-
mo exacerbado, melhorando a evolução clínica do paciente sob estres-
se fisiológico.

140 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer


2 Dietoterapia em pacientes com sepse
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A sepse pode ser definida como uma infecção acompanhada de


inflamação sistêmica.

A resposta inflamatória sistêmica ocorre por alterações do metabo-


lismo que geram perda acelerada de massa magra, fazendo com que o
paciente tenha dificuldade de utilizar o aporte nutricional para anabolis-
mo. São características dos pacientes sépticos a função gastrointesti-
nal comprometida e o hipermetabolismo, o que os leva a um maior risco
de desnutrição. Portanto, é importante que a terapia nutricional seja ins-
tituída entre 24 e 48 horas, estando o tubo digestivo viável, e depois de
o paciente apresentar estabilidade hemodinâmica.

O paciente séptico apresenta uma grande variabilidade no gasto


energético e, para determinar suas necessidades, o mais recomendado
seria a utilização de calorimetria indireta (CI), porém, na impossibilidade
prática de utilizá-la, são utilizadas as equações preditivas, que mostram
boa correlação com o resultado da CI, como as equações de Harris-
-Benedict ou de Schofield, ou utilizar uma equação simples baseada no
peso do paciente (25 kcal/kg/dia). Sendo que o recomendado é iniciar
com nutrição enteral trófica, na fase inicial da sepse, fornecendo 20
calorias/hora ou 500 calorias/dia e ir aumentando a oferta, conforme
tolerância, até alcançar cerca de 80% do valor calórico programado, em
24 a 48 horas (MCCLAVE et al., 2016). Caso não seja possível atingir
100% das necessidades calóricas, após 7 a 10 dias de nutrição enteral
exclusiva, deve-se considerar a suplementação das calorias por meio de
nutrição parenteral (PASINATO et al., 2013). Porém, segundo a American
Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) (MCCLAVE et al.,
2016), não se recomenda a utilização de nutrição parenteral exclusiva
ou suplementar durante a fase aguda da sepse, pelo fato de os pacien-
tes sépticos, nessa fase, apresentarem uma resposta exagerada ao
estresse e não conseguirem utilizar adequadamente a oferta calórica.

Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 141


As necessidades de proteínas no paciente séptico são muito difíceis

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de serem determinadas, portanto, extrapolam-se as recomendações
de pacientes graves para os pacientes sépticos, que variam entre 1,2 e
2 g/kg/dia na sepse.

As concentrações plasmáticas de vários micronutrientes, com capa-


cidade antioxidante, estão diminuídas no paciente séptico e não se sabe
exatamente se as concentrações mais baixas refletem simplesmente
uma resposta de fase aguda, uma deficiência relativa ou uma disponibi-
lidade reduzida. O selênio é um dos micronutrientes que se apresentam
em níveis particularmente baixos, e sabe-se que o zinco em pacientes
sépticos pode ajudar a prevenir a supressão imune inata e o risco de
infecção secundária, mas não há evidências científicas suficientes para
se estabelecer uma recomendação sobre suplementos de selênio, zinco
e antioxidantes para pacientes sépticos (MCCLAVE et al., 2016).

Além disso, segundo a ASPEN (MCCLAVE et al., 2016), não existe re-
comendação para o uso rotineiro de fórmulas imunomoduladoras, pois,
particularmente, a arginina, em teoria, pode representar uma ameaça
para o paciente séptico crítico hemodinamicamente instável, devido ao
aumento da atividade enzimática da óxido nítrico sintase, que aumenta
a produção de óxido nítrico e causa maior instabilidade hemodinâmica
e disfunção orgânica. Além disso, os estudos que avaliaram o uso de
fórmulas imunomoduladoras e fórmulas-padrão não puderam mostrar
conclusões claras sobre os benefícios do uso dessas fórmulas.

3 Dietoterapia em pacientes queimados


No Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde (2017), esti-
ma-se a ocorrência de cerca de 1 milhão de acidentes com queimaduras
por ano, sendo que 79% dos acidentes ocorrem no ambiente domiciliar.
As queimaduras são lesões, na pele, parciais ou totais, que podem atin-
gir camadas como derme e epiderme e, no caso de queimaduras mais
graves, atingem tecido celular subcutâneo, músculo, tendões e até os

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ossos. São classificadas quanto à sua causa, sendo térmicas, elétricas,
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químicas e por radiação, e sua gravidade é influenciada por vários fato-


res como a duração da exposição, a intensidade do calor, a área expos-
ta, a espessura da pele, a vascularização e a idade. Quanto à gravidade,
são classificadas de acordo com a profundidade e a extensão da super-
fície corpórea queimada (SCQ). Desse modo, é possível classificar os
pacientes em pequeno queimado ou queimado de pequena gravidade;
médio queimado ou queimado de média gravidade; e grande queimado
ou queimado de grande gravidade (PICCOLO et al., 2008).

O paciente queimado sofre várias e graves alterações fisiológicas,


imunológicas, hormonais e metabólicas, as quais vão variar quanto à in-
tensidade e duração, dependendo da extensão e profundidade da SCQ,
da presença de infecção e da eficácia do tratamento inicial. A fase inicial
da resposta metabólica é denominada fase de refluxo e tem por carac-
terística um consumo mais baixo de oxigênio total e uma menor taxa
metabólica. A fase seguinte, de fluxo, caracteriza-se pelo alto consumo
de oxigênio e pelo elevado gasto energético de repouso. A terceira fase,
de recuperação, despende altos níveis de energia para a reabilitação fí-
sica e a cicatrização completa das feridas, sendo que, em queimaduras
graves, essa fase pode durar até dois anos.

A resposta metabólica acontece pelo hipercatabolismo ocasionado


pelo aumento da temperatura corporal, aumento do consumo de gli-
cose e oxigênio, aumento da formação de CO2, glicogenólise, lipólise e
proteólise, podendo o paciente queimado ter seu metabolismo aumen-
tado em até 200%. O hipermetabolismo tem como resultado um grande
catabolismo proteico com aumento de excreção de nitrogênio urinário,
além de perdas proteicas pelo exsudato das feridas, o que ocasiona di-
minuição da imunidade e, consequentemente, retardo na cicatrização
da ferida. A síntese de proteínas de fase aguda e de algumas proteínas
viscerais aumenta nessa fase, o que ocasiona balanço nitrogenado ne-
gativo. Com o tratamento clínico adequado e uma terapia nutricional
bem planejada, as alterações metabólicas podem ser amenizadas, auxi-
liando na recuperação do paciente.

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A necessidade de proteínas desses pacientes é muito alta. No caso

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de infecções, passa a ser maior ainda. Os fatores que mais favorecem
as complicações infecciosas nos queimados são a imunossupressão
decorrente da lesão térmica, a possibilidade de translocação bacte-
riana gastrointestinal, a internação prolongada e o uso inadequado
de antimicrobianos.

O desequilíbrio hidroeletrolítico causado pelas queimaduras é mui-


to intenso e pode levar a um quadro agudo de choque hipovolêmico,
que é agravado pela perda constante de água pela SCQ, e se mantém
até a completa cicatrização das lesões. A intensidade da perda hídri-
ca está diretamente relacionada com a profundidade da lesão e com
a temperatura ambiente, ou seja, quanto maior a profundidade e a
temperatura, maiores são as perdas. O conhecimento das alterações
metabólicas que ocorrem nos pacientes queimados auxilia muito
no planejamento da terapia nutricional e, consequentemente, para
um melhor atendimento, proporcionando maior sobrevida e melhor
qualidade de vida.

3.1 Necessidades energéticas


Ao estimar as necessidades calóricas do paciente queimado, o foco
deve estar no estado hipermetabólico que a maioria desses pacientes
apresenta. O gasto energético do grande queimado, por exemplo, varia
conforme o estado nutricional prévio, o tipo da agressão, o grau de ativi­
dade do paciente e o estágio da doença.

Os métodos mais comumente utilizados para determinar as neces-


sidades energéticas são as equações preditivas. Atualmente, a fórmu-
la mais utilizada é a equação de Toronto, que considera os seguintes
fatores para o cálculo: porcentagem de superfície corpórea queima-
da (%SCQ); ingestão calórica do dia anterior (IC); gasto energético
calculado por Harris-Benedict (GERE); temperatura corporal e número
de dias pós-trauma.

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NA PRÁTICA
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Equação de Toronto
4.343 + (10,5 × %SCQ) + (0,23 × IC) + (0,84 × GERE) + (114 × X °C) –
(4,5 × dias pós-trauma)
SCQ = área da superfície corporal queimada
IC = ingestão calórica do dia anterior
Harris-Benedict GERE = GEB × fator atividade × fator lesão
GERE = gasto energético estimado por Harris-Benedict, em que:
P = peso em kg / A = altura em cm / I = idade em anos
Fator atividade = paciente confinado ao leito = 1,2 / paciente fora do
leito = 1,3
Homem GEB = 66,47 + (13,7 × P atual) + (5 × A) – (6,755 × I)
Mulher GEB = 655 + (9,6 × P atual) + (1,85 × A) – (4,676 × I)
Fator lesão = queimaduras graves = 1,4 – 1,8
X °C = temperatura corporal

3.2 Proteínas
As proteínas são componentes básicos das células, portanto, são
muito importantes para a recuperação das lesões. A carência de proteí-
nas influencia em todas as fases de cicatrização das lesões do paciente
queimado. A recomendação de proteínas para o paciente queimado vai
depender da porcentagem da área queimada, variando de 1 a 2 g/kg/dia,
de 3 a 4 g/kg/dia se a queimadura for extensa (SILVA et al., 2012).

A glutamina é o aminoácido mais abundante no plasma e no tecido


muscular de indivíduos sadios, por isso é classificada como aminoá-
cido não essencial. Porém, mesmo que o organismo tenha reserva de
glutamina e possa sintetizá-la em grande quantidade, nos estados ca-
tabólicos, como o dos pacientes queimados, ocorre maior taxa de con-
sumo desse nutriente, podendo haver redução de até 25% de glutamina
intracelular. Por esse motivo, é recomendada a oferta de 0,5 g/kg/dia
(SILVA et al., 2012).

Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 145


A arginina, assim como a glutamina, pode ser considerada um ami-

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noácido essencial ou não, dependendo do estágio do desenvolvimento
do indivíduo ou de seu estado de saúde, e exerce papéis importantes
na divisão celular, na cicatrização de feridas e no sistema imunológico.
Os níveis de arginina caem quando o organismo está em estresse me-
tabólico. A recomendação de arginina é de cerca de 2% a 4% do valor
calórico total, limitada a 30 g/dia. Porém, para os pacientes queimados,
ainda não foi determinada a quantidade adequada de suplementação
com arginina, o tempo de uso, o método de administração e o nível de
segurança (WINKLER; MALONE, 2010).

3.3 Carboidratos

As células da pele dependem de glicose para conseguir energia. Para


a cicatrização, as glicoproteínas são fundamentais, pois são compos-
tas de hidratos de carbono. Caso o paciente grande queimado não re-
ceba um suprimento adequado de carboidratos, o organismo depletará
tecido muscular e adiposo para suprir essa necessidade, atrapalhando
o processo de cicatrização. A oferta de carboidrato deve ser em torno
de 50% a 60% do valor energético total do dia, podendo chegar a 70%,
caso seja necessário (SILVA et al., 2012).

3.4 Lipídeos

As recomendações lipídicas ficam em torno de 30% do valor ener-


gético total do dia. A principal função dos lipídeos é o fornecimento de
energia, mas eles também estão relacionados à regulação do tônus car-
diovascular e do sistema imunológico (WINKLER; MALONE, 2010).

A necessidade de ácidos graxos é maior após uma lesão, pois as


gorduras, componentes das membranas celulares e componentes
dos ácidos graxos livres, são responsáveis pela produção de tecido e

146 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer


remodelação dos ferimentos. Portanto, a deficiência de ácidos graxos
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pode piorar a cicatrização das feridas. Por serem importantes na consti-


tuição da membrana celular, a recomendação de ômega-3 é de 0,1 a 0,2
g de óleo de peixe/kg/dia (ROSINA; DA COSTA, 2010).

3.5 Vitaminas e minerais

É recomendada a oferta de pelo menos 100 mg/dia de vitamina E,


pois ela previne a oxidação das membranas e auxilia na aceleração da
cicatrização (SERRA et al., 2011).

A vitamina A é importante para a manutenção da epiderme normal


e para a síntese de glicoproteínas e prostaglandinas. Os pacientes quei-
mados podem necessitar de até 20 vezes mais da recomendação diária
de vitamina A, sendo que sua carência pode atrasar a reepitelização de
feridas, atrapalhar a síntese de colágeno e a função imunológica. Porém,
são necessários mais estudos para se determinar uma recomendação
mais específica desse nutriente. Alguns serviços utilizam suplementa-
ção de vitamina A na medida de 1,5 mg/1.000 kcal como rotina para o
tratamento de queimados (SILVA et al., 2012).

A vitamina C é cofator para duas enzimas essenciais na biossíntese


do colágeno, promovendo a síntese de uma trama colágena madura e
normal. Estudos apontam que uma suplementação de vitamina C de
500 mg duas vezes ao dia contribui de maneira positiva na cicatrização
de feridas (WINKLER; MALONE, 2010). O selênio tem ação antioxidante
e anti-inflamatória, protegendo as células de danos oxidativos. Os pa-
cientes queimados têm uma redução de aproximadamente 10% do con-
teúdo de selênio, por causa das perdas exsudativas cutâneas. Por isso,
é importante que os pacientes recebam suplementação de selênio, po-
rém, não existem estudos suficientes para estabelecer doses específicas
desse nutriente com segurança.

Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 147


O zinco tem participação na síntese de colágeno, acelera o processo

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de cicatrização das feridas e também é utilizado na produção de anti-
corpos. A concentração baixa de zinco predispõe o paciente a um maior
risco de infecções. Levando-se em consideração que de 15% a 20% do
estoque de zinco encontra-se na pele, o paciente queimado tem o seu
estoque prejudicado pela destruição da pele e pelas perdas exsudativas
cutâneas, sendo recomendada a oferta de 45 mg a 50 mg de zinco/dia
(SERRA et al., 2011).

Vários trabalhos evidenciam que o uso dos antioxidantes e imuno-


moduladores, como glutamina, arginina, ômega-3, vitamina A, vitamina
C, vitamina E, zinco e selênio, ajudam na recuperação de lesões, redu-
zem o tempo de cicatrização da ferida, fortalecem o sistema imunológi-
co e, por consequência, reduzem o tempo de internação. Nenhuma pes-
quisa mostrou contraindicações na suplementação desses nutrientes.
Porém, para a recomendação de doses específicas, são necessários
mais estudos.

3.6 Terapia nutricional ou nutrição enteral e parenteral

Alguns pacientes queimados podem apresentar um grande gasto


energético e, dependendo das condições clínicas, baixo apetite, não in-
gerindo quantidade suficiente de calorias e nutrientes por via oral. Esses
pacientes podem necessitar de alimentação por sonda, que deve ser
balanceada e individualizada, e introduzida o mais rápido possível, com
o intuito de reverter as alterações metabólicas e hormonais mais ra-
pidamente. A alimentação por sonda é sempre preferível por ser mais
fisiológica, porém a nutrição parenteral também pode ser necessária,
em conjunto com a sonda ou isoladamente.

A nutrição parenteral é indicada isoladamente quando o trato gas-


trointestinal não pode ser utilizado, e como suplementação à dieta
por sonda quando esta não for capaz de suprir todas as demandas de

148 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer


nutrientes requeridas pelo paciente. A nutrição por sonda e/ou parente-
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ral pode ser uma maneira de fornecer grandes quantidades de micronu-


trientes que são necessários durante as primeiras duas semanas após
o trauma. Essas recomendações para a utilização de dietas por sonda
e/ou parenteral valem também para os pacientes politraumatizados,
pós-cirúrgicos e com sepse.

4 Dietoterapia em pacientes
politraumatizados e pós-cirúrgicos
Podemos considerar o trauma como um acontecimento agudo que
modifica o estado de equilíbrio do organismo. As intervenções cirúrgi-
cas são consideradas traumas, assim como o politraumatismo, a sepse,
as queimaduras, entre outras situações.

A resposta metabólica ao trauma está associada a mudanças drás-


ticas no metabolismo, como a utilização de tecido magro para servir
como substrato, para apoiar funções imunes e de reparo celular.

O planejamento da terapia nutricional e os cálculos das necessida-


des nutricionais dos pacientes politraumatizados e em tratamento pós-
-cirúrgico devem seguir as mesmas indicações dos outros pacientes
críticos, ou seja, a oferta de alimentação enteral precoce com uma dieta
polimérica de alto teor de proteína, iniciada no período pós-traumático
imediato (dentro de 24 a 48 horas de lesão), desde que o paciente es-
teja hemodinamicamente estável. Dependendo da extensão do trauma,
esses pacientes podem ter estadias prolongadas na UTI e devem ser
submetidos a reavaliação nutricional frequentemente.

A oferta de calorias deve ficar entre 20 e 35 kcal/kg/dia, dependendo


da fase do trauma. Uma menor quantidade de energia é sugerida na
fase aguda, com aumento da oferta de energia à medida que o paciente
entra na fase de reabilitação. As necessidades de energia dependem de

Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 149


vários fatores. Há aumento da taxa de metabolismo basal no primeiros

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4 a 5 dias pós-trauma, mas continua a permanecer alta por até 9 a 12
dias, podendo permanecer alta por até 21 dias. Aproximadamente, 16% da
proteína corporal total é perdida nos primeiros 21 dias, sendo que 67% des-
sa perda de proteína é proveniente do tecido muscular esquelético.

A recomendação de proteína fica na faixa entre 1,2 e 1,5 g de pro-


teína/kg/dia, mas a oferta pode ter que ficar próxima ao limite supe-
rior de 2 g/kg/dia, devido à deterioração da massa corporal magra
(KUDSK, 2016).

A oferta de glicose deve ficar em torno de 50% a 60% das necessida-


des calóricas totais, e a gordura deve ser ofertada entre 1 e 1,5 g/kg/dia,
completando a oferta de calorias não proteicas. As calorias derivadas
das gorduras podem ser aumentadas até 50% das necessidades calóri-
cas totais para pacientes com hipoglicemia grave (KUDSK, 2016).

A necessidade de micronutrientes para pacientes críticos ainda não


foram estabelecidas, pois necessitam de mais estudos para uma reco-
mendação correta. Porém, as pesquisas existentes apontam que doses
mais elevadas de vitaminas como A, C, D e E seriam benéficas (KUDSK,
2016). Isso também ocorre com os elementos-traços, que ainda não
têm uma recomendação estabelecida, no entanto, selênio, zinco, cobre,
cromo e manganês, minerais que estão envolvidos em inúmeras vias
metabólicas, merecem atenção e vêm sendo estudados para que se
possa determinar sua recomendação para esses pacientes.

O uso de formulações imunomoduladoras que contêm nutrientes


como EPA, DHA, glutamina, arginina e ácidos nucleicos tem sido ampla-
mente estudado em populações cirúrgicas, e segundo o consenso da
ASPEN (MCCLAVE et al., 2016), seu uso deve ser considerado.

150 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer


PARA SABER MAIS
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Outras considerações sobre pacientes críticos:

• O risco nutricional do paciente crítico pode ser estipulados pelas


seguintes ferramentas: NRS-2002 ou Pontuação NUTRIC.

• Para determinar as necessidades energéticas do paciente, seria


ideal realizar o cálculo por calorimetria indireta, mas, na impossibili-
dade de utilizá-la, usa-se uma fórmula simples, como as que consi-
deram somente o peso (25-30 kcal/kg/dia), exceto na presença de
anasarca e edema, na qual se deve utilizar o peso seco ou usual.

• O cálculo da oferta de energia deve ser refeito mais de uma vez na


semana, devido às constantes alterações do paciente crítico.

• A oferta de proteínas para o paciente crítico deve ser avaliada con-


tinuamente; nos pacientes hipermetabólicos, a oferta de proteína
é muito importante para recuperação de lesões e manutenção da
massa muscular e da função imunológica.

• A necessidade de proteína é proporcionalmente superior à necessi-


dade de energia, portanto pode não ser facilmente alcançada.

• O suporte nutricional deve ser iniciado entre 24 e 48 horas para


manter a integridade da mucosa intestinal, modular a resposta ao
estresse e a resposta imune e atenuar a gravidade da doença.

• A maioria dos pacientes críticos tolera o início de dieta por sonda


na posição gástrica, que tem a vantagem de diminuir o tempo de
início da terapia nutricional.

• Deve-se ter como meta alcançar mais de 80% da energia e proteí-


nas estimadas, dentro de 48 e 72 horas após a introdução da dieta
enteral.

• Para a maioria dos pacientes críticos, a oferta de uma fórmula


polimérica padrão de 1-1,5 cal/mL, isotônica ou quase isotônica, é
adequada e bem tolerada.

• As fórmulas com imunomoduladores não devem ser utilizadas


rotineiramente para todos os pacientes críticos, mas seu uso deve
ser avaliado nos pacientes em período perioperatório.

Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 151


• Não existe a recomendação do uso rotineiro de fórmulas com

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perfil lipídico, considerado anti-inflamatório (com óleo de peixe, por
exemplo), e antioxidantes, para os pacientes críticos, mais estudos
são necessários.

• Quanto ao uso de fibras, recomenda-se que não sejam usadas


fórmulas comerciais com mix de fibras (solúveis e insolúveis) roti-
neiramente. Isso porque, no paciente crítico, existe a preocupação
com a isquemia intestinal ou dismotilidade grave devido a relatos
de obstrução intestinal em pacientes cirúrgicos e traumáticos que
receberam formulações contendo fibra insolúvel; recomenda-se
que se use rotineiramente um suplemento de fibra solúvel (por
exemplo, fruto-oligossacarídeos e inulina) em todos os pacien-
tes hemodinamicamente estáveis, acrescido na fórmula enteral
padrão. É sugerida a quantidade de 10 a 20 g de um suplemento
de fibra solúvel, administrado em doses divididas, durante 24 horas
como terapia adjuvante se houver evidência de diarreia.

• Segundo estudos, as vitaminas E e C, que têm papel antioxidante,


e os minerais selênio, zinco e cobre podem melhorar o quadro do
paciente, especialmente no caso de queimaduras, traumatismos
e pacientes em ventilação mecânica; e são sugeridos em doses
consideradas seguras.

• Também não é recomendada a utilização rotineira de glutamina em


pacientes críticos, pois os estudos sobre seu uso são inconclusivos
quanto aos seus benefícios.
(MCCLAVE et al., 2016)

PARA PENSAR

É adequado utilizar as proteínas séricas (albumina, pré-albumina, trans-


ferrina) para diagnóstico nutricional do paciente crítico?

152 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer


Considerações finais
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O profissional nutricionista, como membro da equipe multiprofis-


sional de terapia nutricional, deve tomar parte nas decisões do pla-
nejamento da terapia nutricional, visando à recuperação do paciente.
Além disso, é também seu dever elaborar o diagnóstico nutricional com
base nos dados apresentados, prescrever a dietoterapia conforme seu
conhecimento, orientar e supervisionar a distribuição e a administração
da dieta prescrita, assim como prescrever os suplementos nutricionais
necessários, respeitando a conformidade do paciente.

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Dietoterapia para pacientes em estados hipermetabólicos 153


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154 Dietoterapia nas doenças do sistema cardiorrespiratório, doenças renais e câncer

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