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Material para uso exclusivo de aluno matriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.
Dietoterapia
para pacientes
oncológicos –
Parte II
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O acompanhamento do paciente crítico é muito importante para tra-
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çar o plano terapêutico para sua recuperação, mas também é impor-
tante para dar conforto e qualidade de vida ao paciente que estiver fora
de possibilidade terapêutica, que merece, nesse estágio da doença, ser
tratado com respeito e dignidade.
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defesas contra o tumor. Porém, outros estudos indicaram que a argi-
nina isoladamente pode ser nociva para pacientes críticos por ocasio-
nar hipotensão temporária, aumento no débito cardíaco e diminuição
da resistência vascular e pulmonar sistêmica, além de poder aumentar
a resposta inflamatória e ter efeitos tóxicos maiores no paciente com
infecção grave ou sepse.
QUANTIDADE
IMUNOMODULADORES
DIETA FABRICANTE USO UTILIZADA NOS
E QUANTIDADE
ESTUDOS CITADOS
Impact ®
Nestlé Dieta para Arginina: EPA:
nutrição oral 1,31 g/100 mL 0,8 g/100 mL
ou enteral Ômega-3: • Buijs et al. (2010)
0,3 g/100 mL Arginina:
Nucleotídeos: 1,25 g/100 mL
0,16 g/100 mL • Izaola et al.
(2010)
Cubitan® Danone Dieta para Arginina:
nutrição oral 1,5 g/100 mL Arginina:
1,77 g/100 mL
Glutamina:
2,1 g/100 mL
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Fórmulas imunomoduladoras com arginina, ômega-3 e glutamina
não devem ser utilizadas rotineiramente para os pacientes críticos
oncológicos, com exceção dos pacientes cirúrgicos, que se benefi-
ciam com essas fórmulas no período perioperatório.
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ou com desnutrição leve e para os pacientes com câncer avançado sem
resposta positiva aos tratamentos, por não mostrar benefícios com a
sua introdução. É importante lembrar que as vias oral, sonda e parente-
ral podem ser usadas concomitantemente.
10-20 g/dia, porém, não se deve utilizar dietas com mistura de fibras
solúveis e insolúveis para prevenção da diarreia ou para manter a
regularidade intestinal, e as dietas com misturas de fibras solúveis e
insolúveis devem ser evitadas para os pacientes com risco de isquemia
intestinal ou dismotilidade intestinal grave.
NA PRÁTICA
• terapia nutricional enteral: quando a ingestão oral for > 60% das
necessidades nutricionais por 3 dias consecutivos;
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todo mais recomendado para determinar as necessidades de energia
para os pacientes críticos. Porém, é um método de menor viabilidade e
disponibilidade para muitos serviços, portanto, acaba-se optando pelas
equações preditivas, como a de Harris-Benedict, Mifflin-St Jeor, Ireton
Jones e Curreri, ou a fórmula simples de bolso, que utiliza caloria por
quilograma de peso atual por dia. Com base nessa fórmula, recomenda-
-se a utilização de cerca de 25 a 30 kcal/kg de peso atual/dia (MCCLAVE
et al., 2016). Na fase aguda da resposta ao trauma, a oferta deve ficar
entre 20 e 25 kcal/kg de peso atual/dia (MILLER et al., 2012). No caso
de pacientes obesos críticos que apresentem índice de massa corpo-
ral (IMC) entre 30 e 50 kg/m², a oferta calórica deve ser mantida entre
11 e 14 kcal/kg de peso atual/dia, e para os obesos que apresentam
IMC maior do que 50 kg/m², a oferta calórica é de 22 a 25 kcal/kg de
peso ideal/dia (MCCLAVE et al., 2016). Para os pacientes com edema ou
em anasarca, opta-se por usar o peso seco ou o peso usual.
NA PRÁTICA
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elevado ou desnutridos graves, quando não existe a possibilidade de se
utilizar o trato gastrointestinal, e não deve ser utilizada caso o paciente
apresente instabilidade hemodinâmica. Normalmente, o uso da nutrição
parenteral é suspenso, progressivamente, assim que for possível utilizar
o trato gastrointestinal novamente. Se a nutrição parenteral estiver as-
sociada a terapia enteral via sonda ou via oral, a nutrição parenteral será
suspensa progressivamente quando a terapia enteral ou a oral estiver
oferecendo cerca de 60% das necessidades nutricionais.
O paciente em terapia nutricional deve ser monitorado diariamente
quanto à condição hemodinâmica, drogas e medicamentos, interação
drogas-nutrientes, presença de infecção e sepse, além dos transtornos
do trato digestório. Quando for realizada a transição ou o desmame das
vias de nutrição, o risco de broncoaspiração deve ser avaliado, assim
como o nível de consciência e a deglutição dos pacientes com indica-
ção de retorno para a via oral. Muitos pacientes, durante o período de
internação, necessitam trocar a fórmula prescrita, reduzir ou aumen-
tar a quantidade de calorias e proteínas, portanto a equipe deve estar
atenta às fases da evolução do paciente para atender às necessidades
metabólicas.
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intensificar-se à medida que a terapêutica não esteja sendo efetiva até
não existir mais recursos e o paciente não apresentar melhora ou re-
versão da doença. A assistência dos pacientes em cuidados paliativos
deve priorizar o controle da dor, o conforto físico e emocional, alívio
dos sintomas e do sofrimento, por meio de um plano de cuidados que
seja individualizado, adaptado às condições do paciente e à etapa da
doença, promovendo bem-estar global e dignidade no fim da vida.
A alimentação por via oral deve ser priorizada por ser mais natural e
fisiológica, desde que o paciente tenha condições e apresente a vontade
de realizá-la. Porém, existem várias situações em que o indivíduo não
está apto para se alimentar por via oral, necessitando receber nutrien-
tes por outras vias, como a dieta por sondas. A decisão de que tipo de
terapia será fornecida precisa respeitar os desejos do paciente e co-
nhecer as expectativas não só dos pacientes, como também a de seus
familiares e cuidadores. Não há um consenso entre os profissionais
paliativistas sobre instituir ou não suporte nutricional, tampouco sobre
o momento da retirada ou a continuidade do suporte, principalmente
por não existirem estudos que comprovem aumento de sobrevida e/ou
melhora da qualidade de vida dos pacientes fora de possibilidade de
cura. Portanto, a resolução desse dilema deve levar em consideração
os princípios da bioética:
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sinais e sintomas e ingesta alimentar para todos os pacientes.
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do paciente na fase final da doença. Portanto, a indicação de terapia nutri-
cional deve ser avaliada pela equipe multiprofissional, quanto aos riscos e
aos benefícios para a sobrevida do paciente, e ser discutida com a família
e com ele próprio. Essa decisão também deve ser baseada nos aspectos
bioéticos de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça.
PARA PENSAR
Fitoterapia e câncer
Não existem estudos clínicos suficientes para que se possa reco-
mendar o uso, com segurança, de fitoterápicos em pacientes oncoló-
gicos, porém o estudo dos fitoterápicos nessa população tem avan-
çado e parece ser promissor.
As investigações mostram que o gengibre pode ser eficaz no alívio
de náuseas e vômitos, mas apesar dos relatos em literatura e do uso
em muitas culturas como remédio popular para o alívio desses dois
sintomas da quimioterapia, sua indicação ainda é contraditória.
Apesar de o mecanismo de ação ser desconhecido, os componentes
ativos do gengibre, como gingerols, shogals, zingiberene e paradol,
têm sido os componentes relacionados à fisiopatologia das náuseas
e dos vômitos induzidos pela quimioterapia.
Estudo de Ryan et al. (2012) mostrou que doses de gengibre em cáp-
sulas, entre 0,5 e 1 g, foram eficazes no alívio de náuseas e vômitos
(INCA, 2016).
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A prescrição da terapia nutricional correta para pacientes oncológi-
cos críticos é um grande desafio para a equipe e particularmente para
o nutricionista. Essa terapia deve levar em consideração as diferentes
fases da resposta inflamatória aguda, a presença de infecção ou sepse,
a falência orgânica e a condição nutricional prévia ocasionada pelo pro-
cesso oncológico, que, quanto mais grave, pior será o prognóstico e o
desfecho clínico do paciente de UTI. Mais recentemente, a terapia nutri-
cional tem ocupado não só o papel de nutrir, mas também o de diminuir
a resposta inflamatória ao estresse, haja vista a quantidade de estudos
que possibilitam a recomendação de forma cada vez mais segura de
imunonutrientes.
Referências
BUIJS, Nikki et al. Perioperative arginine-supplemented nutrition in malnourished
patients with head and neck cancer improves longterm survival. The American
Journal of Clinical Nutrition, v. 92, n. 5, p. 1151-1156, 2010. Disponível em:
<http://ajcn.nutrition.org/content/92/5/1151.long>. Acesso em: 16 nov. 2017.
MILLER, K. et al. Critical Care Sepsis. In: MUELLER, C. M. et al. The A.S.P.E.N
Adult nutrition support Core curricullum. 2. ed. Washington, DC: American
Society for Parenteral and Enteral Nutrition, 2012. p. 377-391. Disponível em:
<https://pt.scribd.com/document/356313540/Guidelines-ASPEN>. Acesso em:
21 nov. 2017.