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CLÍNICA PSICANALÍTICA:

atendimento adulto

Cybele Blauzius Ramos


Dáfine Meireles Dos Santos
Gustavo Mortean Filippi
Muriel Carolina Tonet Arruda Garcia
Murilo Augusto Schubert
Tania Regina Zamarchi Kukul
A PSICANÁLISE
Psicanálise é uma metodologia para se escutar o mundo,
assumindo-se posição de poder ler, escutar e incidir sobre
os eventos humanos.

A prática é concebida por Sigmund Freud que, em seus


estudos médicos e filosóficos, constata estruturas
presentes em seus pacientes.

Freud constata que, além do EU (EGO) apresentado pelos


pacientes, há também estruturas não presentes no nível
de consciência, mas que governam esses sujeitos: uma
instância que guia o indivíduo para realização de
necessidades – ID – e outra instância que modula as leis e
as regras nele introjetadas – SUPEREGO.
A PSICANÁLISE
Compreendendo-se portanto o ser humano a partir de
atitudes conscientes mas que também é regido pela instância
inconsciente, Freud desenvolve as primeiras técnicas para
acessar esse aparato até então indisponível ao paciente.

Por exemplo, em sua obra Interpretação dos Sonhos,


desenvolve que durante o estado de sono os mecanismos que
controlam a lógica, racionalidade e portanto regras sociais e
morais estão em inatividade. A experiência onírica revela,
assim, estruturas-chave do inconsciente do sujeito.
A PSICANÁLISE
na clínica

Além dos sonhos, Freud postula também que outras


maneiras de acessar o inconsciente e assim compreender
melhor a existência subjetiva de cada um.

Desenvolve, a partir do atendimento de seus pacientes, e com


auxílio do divã, o método de associação livre, em que o
paciente, em momento de menor atividade do superego,
permite o acesso às suas lógicas inconscientes.
"... no que a gente fala, opera uma lógica interna, que
nós não percebemos. Quanto menor nossa intervenção
na escolha e na organização do que falamos, tanto mais
essa lógica interna poderá nos levar a dizer coisas
inesperadas por nós mesmos, a descobrir algo que
estava em nossos pensamentos sem que
soubéssemos."

CALLIGARIS, C. L. - Cartas a um Jovem Terapeuta. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2004
CIENTIFICIDADE

É ciência pra uns, para outros não. Toda análise integra a base
de dados da psicanálise, de maneira pragmática; e essas
experiências analíticas são transmitidas entre a comunidade, mesmo
que nem sempre acadêmica.
PSICANÁLISE x PSICOLOGIA

Ao contrário do curso de Psicologia que, ao ser concluído, capacita


o indivíduo a exercer a profissão, com a psicanálise o processo se
dá de forma diferente. A faculdade não é habilitante à formação
psicanalítica.

A (o) psicanalista não se forma em um curso, mas ao longo de um


"per-curso". A especialização não esgota de forma alguma o
processo de formação.

A psicologia é o lugar para desenvolver as práticas psicológicas


aplicadas aos sujeitos/sociedades com demanda. A psicanálise
oferece ferramentas para tanto.
CLÍNICA LACANIANA
Antes de mais nada, é importante considerar que não
há Lacan sem Freud; a articulação entre eles se
dá constantemente.

Dito isso, a clínica a partir de Lacan, trabalha com a


linguagem, recortes e repetições, e é atenta
às afetações do sujeito (o que/quem afeta? qual a
dimensão? qual a ordem? o que do outro/mundo afeta, e ao
nos afetar, nos constitui?). Essas são o que chamamos de
indagações clínicas fundamentais.

O analista há de ser como um cirurgião, onde opera por


meio de bisturis, realizando cortes, abrindo caminhos e
costurando.
"É indispensável que o analista seja ao
menos dois. O analista para ter efeitos e
o analista que esses efeitos teoriza"

LACAN, M. E. L. - RSI., 1974-75.


ETAPAS DA ANÁLISE

A primeira fase, chamada de retificação subjetiva (tempo de ver), é


o momento de elaboração de perguntas analíticas, e de tomar as
demandas do paciente como pretexto, até que ele perceba que não
há uma causa única de sofrimento.

A segunda etapa de uma análise é chamada de vetorização de


sentido (tempo de entender) onde ocorre o ensaio de alguma
resposta e o analisando se implica na própria queixa.

A terceira fase se chama retorificação (tempo de concluir). É


o tempo onde se torna possível ao analisante entender e concluir o
que viu.

Por fim, a quarta e última fase é conhecida como tempo da voz


neutra. O final da análise tem como produto final alguém que
ocupará essa posição de analista.
“A linguagem entra aqui não apenas como estrutura, mas
como mediação fundamental na dialética com o Outro.
Não é a linguagem como meio de comunicação, veículo
neutro para o transporte de ideias e sentimentos, ou a
linguagem como nomenclatura inerte para referir-se aos
fenômenos, nem mesmo a linguagem como produto motor
da emissão articulada de sons. É a linguagem como
alteridade, como campo simbólico que submete o sujeito,
que o constrange e onde ele não é mais senhor em sua
própria morada.”

DUNKER, C. I. L. - Clínica, Linguagem e Subjetividade.


Distúrbios da Comunicação. v.12, p.39 - 61, 2001.
AFETAÇÕES

Escutar o paciente no sentido "o que lhe afeta", conjugando


a questão da cena; que outra cena afeta esse paciente?
Perda de um ideal, de uma vitalidade, o parceiro, encontro
de um buraco. Além dessa primeira apresentação, cabe
ao analista verificar qual a dimensão e qual a ordem da
afetação.

Em um recorte é possível categorizar as incidências dessas


afetações. São elas: o outro, o desejo, lalangue, o gozo, e
o real.
RESISTÊNCIA NA ANÁLISE

Em Freud, a resistência está no analisante que chega na


análise em sofrimento. Ocorre dentro da transferência. Há
a resistência do discurso, onde o paciente repete com o
intuito de fugir daquilo que não se quer lembrar.

Para Lacan, a resistência se encontra no próprio analista.


Isso porque a resistência do paciente é inerente à condição
neurótica. Porém, é importante que o analista não resista,
ou seja, é esperado que o desejo do analista não esteja
enfraquecido.
FIM DA ANÁLISE

https://youtube.com/shorts/R1S514p900c?feature=share
PSICANALISTAS ATUAIS
Como qualquer outra área, é de suma importância conciliar os fundamentos e
especificidades da psicanálise às situações sociais atuais. A quem
interessar, listamos alguns nomes importantes que estão pensando a
sociedade através da ótica psicanalítica.

Christian Dunker

Joel Birman

Maria Homem

Maria Rita Kehl

Vera Iaconneli
Conclusões
Para a psicanálise um fator decisivo é o inconsciente manifestado de maneira livre, através dele
é possível chegar até a raiz do problema que aflige o paciente.
O psicanalista tem como material de estudo todo o conteúdo trazido para análise e assim é
feita a associação, onde o paciente consegue notar em suas próprias falas com o auxílio do
profissional, tudo que seu inconsciente guarda a respeito de suas queixas, sua história e sobre si
mesmo.

Ao tratarmos um paciente adulto, temos a noção de que estamos tratando a criança interna do
indivíduo, tendo em vista que a maioria das queixas trazidas são decorrentes desde a infância e
ao longo de seu desenvolvimento enquanto sujeito, no sentido de como a criança introjetou tais
situações neste período e como essas situações refletem em suas queixas atuais e sua maneira
de enfrentar e lidar com problemas enquanto adulto.

A psicoterapia psicanalítica preza muito pela escuta, desta forma o paciente tem total liberdade
para dizer tudo o que pensa e sente, sabendo que ali é um ambiente onde suas falas não serão
julgadas, mas sim ouvidas e acolhidas. O profissional permite as falas sem intervir muito, pois a
atenção aos detalhes revela o fator decisivo do inconsciente para a submersão ao ”fundo do
iceberg”, sendo possível desta maneira trabalhar a associação livre e mediar o indivíduo rumo as
causalidades por ele não percebidas antes.
AGRADECEMOS A ATENÇÃO
REFERÊNCIAS:
CALLIGARIS, C. L. - Cartas a um Jovem Terapeuta. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DUNKER, C. I. L. - Clínica, Linguagem e Subjetividade. Distúrbios da Comunicação. v.12, p.39 - 61, 2001.
FACCI, G. - A Loucura Nossa de Cada Dia. São Paulo, 2021.
FREUD, S. - A Interpretação dos Sonhos. Obras Completas Volume 4. São Paulo: Companhia das Letras, 2019
HOMEM, Maria. - Análise tem Fim? | Maria Homem #SHORTS. Youtube, 2021. Disponível em:
<https://youtube.com/shorts/R1S514p900c?feature=share>
JORGE, M. A. C. - Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan. As Bases Conceituais Volume 1. Rio de
Janeiro: Zahar, 2005
LACAN, M. E. L. - RSI., 1974-75.

Cybele Blauzius Ramos


Dáfine Meireles Dos Santos
Gustavo Mortean Filippi
Muriel Carolina Tonet Arruda Garcia
Murilo Augusto Schubert
Tania Regina Zamarchi Kukul

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