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SERVIÇO

RESIDENCIAL
TERAPÊUTICO
Arlene Silva
A C S , A s s ist ent e S o c i al , E s p ec ial ista em G er o n to l ogi a e S a ú d e Men ta l , P ó s
gr a d u anda em S a ú d e P ú b l ica, Mes tr a nd a em P s i caná lise, D N I d a S R T - R egi o n al I.
e c r i a dor a d o S o c i ali zando S a b er es.
DEFINIÇÃO DE SRT

As residências terapêuticas constituem-se como alternativas de moradia para um grande


contingente de pessoas que estão internadas há anos em hospitais psiquiátricos por não
contarem com suporte adequado na comunidade. Além disso, essas residências podem servir
de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contem com suporte familiar e
social suficientes para garantir espaço adequado de moradia.

O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) – ou residência terapêutica ou simplesmente


"moradia" – são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às
necessidades de moradia de pessoas portadoras de transtornos mentais graves,
institucionalizadas ou não. O número de usuários pode variar desde 1 indivíduo até um
pequeno grupo de no máximo 10 pessoas, que deverão contar sempre com suporte
profissional sensível às demandas e necessidades de cada um.
Residências terapêuticas: o que são, para que servem / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2004.
Linha do Tempo do SRT no
Brasil
II Conferência
Nacional da Saúde
Mental, ressaltou a
importância da Lei Nº
implementação dos Portaria 106/2000, 10.708/2003,
então “lares que introduz os Programa De
abrigados” SRTs no SUS Volta Para Casa

Anos
1992 2000 2001 2003 2004
90

Experiências de Lei Federal Nº Criação de


sucesso nas 10.216, que diretrizes que
cidades de dispõe sobre a estabelecem a
Campinas, Proteção e direitos redução
Ribeirão Preto, das pessoas progressiva de
Santos (SP), Rio portadoras de leitos psiquiátricos
de Janeiro (RJ) e transtornos no Brasil
Porto Alegre (RS) mentais
REGULAMENTAÇÃO
◦ Lei Federal n.º 10.216/2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos
mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental (especialmente artigo 5º).
◦ Lei n.º 10.708/2003, que institui o auxílio reabilitação para pacientes egressos de internações psiquiátricas
(Programa De Volta Para Casa).
◦ Diretrizes de redução de leitos constantes nas Portarias GM n.º 52 e 53/2004, do Ministério da Saúde, que
estabelecem a redução progressiva de leitos psiquiátricos no País.
◦ Portaria n.º 106/2000, do Ministério da Saúde, que introduz os Serviços Residenciais Terapêuticos no SUS para
egressos de longas internações.
◦ Portaria n.º 1.220/2000, que regulamenta a portaria 106/2000, para fins de cadastro e financiamento no
SIA/SUS.
PROGRAMA DE VOLTA PARA CASA
O Programa de Volta para Casa foi instituído por meio da assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a
regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas.
O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a
organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de
assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania.
Além disso, o De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 que determina que os pacientes longamente internados ou para
os quais se caracteriza a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e
reabilitação psicossocial assistida.
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o programa conta hoje com mais de 2600 beneficiários em todo o território nacional,
os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00.
Em conjunto com o Programa de Redução de Leitos Hospitalares de longa permanência e os Serviços Residenciais Terapêuticos, o
Programa de Volta para Casa forma o tripé essencial para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das
pessoas acometidas por transtornos mentais submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros.
O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pelo Programa de Volta para Casa, também tem um caráter indenizatório àqueles que,
por falta de alternativas, foram submetidos a tratamentos aviltantes e privados de seus direitos básicos de cidadania.
Cabe aqui ressaltar, na consolidação desta política, a importância do Programa de Volta para Casa, criado pela Lei
Federal 10.708, que significou a concretização de uma reivindicação histórica do movimento pela reforma
psiquiátrica brasileira, e que vem dando novo e positivo significado à vida dos familiares e usuários do sistema
público de saúde mental.
Qual o perfil de moradores de SRT?
◦ Portadores de transtornos mentais, egressos de internação psiquiátrica em hospitais cadastrados
no SIH/SUS, que permanecem no hospital por falta de alternativas que viabilizem sua reinserção
no espaço comunitário.
◦ Egressos de internação em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em conformidade
com decisão judicial (Juízo de Execução Penal).
◦ Pessoas em acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para as quais o
problema da moradia é identificado, por sua equipe de referência, como especialmente
estratégico no seu projeto terapêutico. Aqui se encontram aquelas localidades que, a despeito de
não possuírem hospitais psiquiátricos, frequentemente se defrontam com questões ligadas à falta
de espaços residenciais para alguns usuários de serviços de saúde mental.
◦ Moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos
especiais acompanhados nos CAPS.

Residências terapêuticas: o que são, para que servem / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2004.
TIPOS DE SERVIÇO RESIDECIAL
TERAPÊUTICO
SRT TIPO I
Modalidade de moradia destinada a pessoas com transtornos mentais crônicos com necessidade de cuidados de
longa permanência, prioritariamente egressos de internações psiquiátricas e de hospitais de custódia, que não
possuam suporte financeiro, social e/ou laços familiares que permitam outra forma de reinserção, com menor grau
de dependência. Tem como características:
• Acolher no máximo 08 (oito) moradores;
• Prestar cuidados substitutivos familiares, com recursos humanos presentes 24h/dia;
• Estar vinculado a um CAPS Adulto de referência para suporte técnico profissional;
• Acompanhar cada morador de acordo com o seu respectivo Projeto Terapêutico Singular;
• Promover reapropriação do espaço residencial como moradia, construção de habilidades para a vida diária
(autocuidado, alimentação, vestuário, higiene, formas de comunicação), aumento das condições para
estabelecimento de vínculos afetivos e inserção dos moradores na rede social existente (trabalho, lazer,
educação, entre outros).
TIPOS DE SERVIÇO RESIDECIAL
TERAPÊUTICO
SRT TIPO II
Modalidade de moradia destinada a pessoas com transtornos mentais crônicos com necessidade de cuidados de
longa permanência, prioritariamente egressos de internações psiquiátricas e de hospitais de custódia, que não
possuam suporte financeiro, social e/ou laços familiares que permitam outra forma de reinserção, e que
necessitam de cuidados intensivos, com monitoramento diário. Tem como características:
▪ Acolher no máximo 10 (dez) moradores;
▪ Prestar cuidados substitutivos familiares, com recursos humanos presentes 24h/dia;
▪ Estar vinculado a um CAPS Adulto de referência para suporte técnico e supervisão de enfermagem;
▪ Acompanhar cada morador de acordo com o seu respectivo Projeto Terapêutico Singular;
▪ Promover reapropriação do espaço residencial como moradia, construção de habilidades para a vida diária
(autocuidado, alimentação, vestuário, higiene, formas de comunicação), aumento das condições para
estabelecimento de vínculos afetivos e inserção dos moradores na rede social existente (trabalho, lazer,
educação, entre outros).
ESTRUTURA DE EQUIPE DE SRT

Cada módulo residencial deverá estar vinculado a um serviço/equipe de saúde mental de referência que dará o
suporte técnico profissional necessário ao serviço residencial.
Cada módulo residencial deverá contar com cuidadores de referência e um profissional técnico de enfermagem.
Para cada grupo de 10 (dez) moradores orienta-se que a RT seja composta por 5 (cinco) cuidadores em regime
de escala e 1 (um) profissional técnico de enfermagem. Esta equipe deve estar em consonância com a equipe
técnica do serviço de referência
O PAPEL DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM
EM UM SRT
O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de
Enfermagem sob a supervisão do Enfermeiro do CAPS Adulto de referência.
ATRIBUIÇÕES
a) Assistir ao Enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência
de Enfermagem:
b) - na prevenção e controle das doenças transmissíveis, em geral, em programas de vigilância epidemiológica;
- na prevenção e controle sistemático de rotinas de sanitização; - na prevenção e controle sistemático de
danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência à saúde e o autocuidado;
c) Executar atividades de assistência de Enfermagem;
d) Seguir os POPs (Procedimento Operacional Padrão) elaborado pelo Enfermeiro (RT) do CAPS de referência;
e) Integrar a equipe de saúde e colaborar com a equipe multidisciplinar do CAPS de referência;
A ORGANIZAÇÃO DE UMA CASA SRT
A organização da casa deve atentar para os seguintes pontos:

▪ Montar estratégias que permitam aos moradores estabelecerem vínculos de confiança com os profissionais e com a proposta;
▪ Existência de um ou mais profissionais de referência para cada morador;
▪ Estabelecimento de um Projeto Terapêutico Singular;
▪ Respeito à noção de “casa” de cada um dos moradores, permitindo que aflorem hábitos e formas de ocupar o espaço próprios dos
habitantes; Prevenção de riscos de acidentes domésticos;
▪ Concentrar-se em abordar na casa questões ligadas ao morar deixando as várias outras questões individuais e coletivas para serem
manejadas em outros espaços da RAPS, tais como CAPS e UBS;
▪ O respeito à individualidade e singularidade deve prevalecer em relação às ações junto ao grupo;
▪ Estabelecer a contratualidade – a parte de cada um, discórdias, disputas de espaço, namoro, barulhos, festas, crenças, etc;
▪ Suporte requerido: o acompanhamento terapêutico (AT). À medida que o usuário ganha autonomia, em vez de dispensar o suporte, passa
a requerer modos mais refinados e complexos de acompanhamento.
▪ A atenção clínica geral deve ser feita pela Estratégia de Saúde da Família ou UBS de referência, assim como outros serviços e suportes na
comunidade podem e devem ser utilizados pelos moradores.
Bibliografia

◦ ALMEIDA, Flávio Aparecido de, CEZAR, Adieliton Tavares - As residências terapêuticas e as políticas públicas de saúde mental, Revista IGT na
Rede, v. 13, nº 24, 2016. p. 105 – 114. Disponível em http://www.igt.psc.br/ojs

◦ L10708 (planalto.gov.br)

◦ Portaria nº 106/GM/MS, de 11 de fevereiro de 2000 (saude.gov.br)

◦ Residências terapêuticas: o que são, para que servem / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

◦ SAUDE_MENTAL_Protocolo_SRT.pdf (prefeitura.sp.gov.br)

◦ Saúde Mental e Serviço Residencial Terapêutico (ufrgs.br)


“Para navegar contra a
corrente são necessárias
condições raras: espírito de
aventura, coragem,
perseverança e paixão.”

NISE DA
SILVEIRA

06/10/2022

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