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Universidade Nove de Julho

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO À SAÚDE:

Poliomielite

Nome do aluno

Amanda Lopes de Moraes RA 321103553

Daniele Patrícia Cardoso da Silva RA 321102318

Giovanna Heringer RA 321102680

Nicole Espinosa dos Santos da Silva RA 321102390

Rafaela Inohue Kurakiti RA 2121101031

Rhayanne Alves Magalhães RA


321102655

Vithoria Lacerda Bonfim RA 321100670


Ketlin Carvalho Feitosa Doca RA 2221108996

São Paulo
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2020

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO À SAÚDE:


Poliomielite

Trabalho apresentado à disciplina de


Projeto 1º semestre de 2021 do Curso
de Biomedicina da Universidade Nove
de Julho, sobre Modalidades
Prevenção e promoção à saúde:
Poliomielite sob orientação do Prof.ª.
Ms. Rosemeire Alves.

Nome do aluno

Amanda Lopes de Moraes RA 321103553

Daniele Patrícia Cardoso da Silva RA 321102318

Giovanna Heringer RA 321102680

Nicole Espinosa dos Santos da Silva RA 321102390

Rafaela Inohue Kurakiti RA 2121101031

Rhayanne Alves Magalhães RA


321102655

Vithoria Lacerda Bonfim RA 321100670


Ketlin Carvalho Feitosa Doca RA 2221108996
3

São Paulo
2020

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................4
1.1 RESUMO…………………………………………………………………………..4
1.2 OBJETIVOS..................................................................................................4
1.2.1 METODOLOGIA.........................................................................................4
2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................5
2.1 POLIOMIELITE NO BRASIL E NO MUNDO................................................5
TABELA 1: NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS DE POLIOMIELITE E
NOTIFICADOS NO BRASIL, 1979 A 2008 ........................................................7
2.2 A POLIOMIELITE..........................................................................................7
2.3 SINDROME PÓS-POLIOMIELITE................................................................9
IMAGEM 1: PROPOSTA 0313 (BRASIL) RECOMENDADA NA UCR PARA
INCLUSÃO DA SPP NA CID10 .......................................................................11
3. DESCOBERTA E DESENVOLVIMENTO DAS VACINAS...........................11
3.1 CHEGADA DA VACINA A ERRADICAÇÕA DA
PÓLIO................................................................................................................12
TABELA 2: PRINCIPAIS ESTRATEGIAS PARA A ERRADICAÇÃO GLOBAL
DA POLIOMIELITE...........................................................................................14
TABELA 3: CARACTERISTICAS DAS VACINAS CONTRA
POLIOMIELITE..................................................................................................15
GRÁFICO 1: INDICE DE VACINAÇÃO (1992/2000)........................................16
TABELA 4: PERCENTUAL DE VACINAÇÃO EM MENORES DE UM ANO
(2001/2012) .......................................................................................................16
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................16
5. CONCLUSÃO................................................................................................17
6. REFERENCIAS.............................................................................................17
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RESUMO
O presente trabalho visa contribuir com as discussões a respeito do que é o vírus
poliomielite, falando sobre seus tipos, suas causas, seus sintomas, seus tratamentos, o
nome da vacina e seu modo de transmissão. A coleta de dados foi feita por meio de
pesquisa quantitativa online.

PALAVRAS - CHAVES
Poliomielite. Tratamentos. Vacina. Virus. Pesquisa online.

1. INTRODUÇÃO

A poliomielite passou a ser estudada e reconhecida como doença, por volta do século
XIX, quando epidemias começaram a ser registradas em vários países do mundo.
Estima-se que na década de 1980 havia cerca de 1000 crianças que desenvolviam a
paralisia diariamente, o que alarmou a Organização Mundial de Saúde (OMS), que
estabeleceu metas para a erradicação da doença até o ano 2000. Em meados de 1910,
houve um aumento mundial nos casos de poliomielite, com epidemias tornando-se algo
comum e deixando milhares de pessoas paralíticas, o que causou uma corrida para o
desenvolvimento de uma vacina. A primeira vacina foi desenvolvida por Salk em 1953,
chegando no Brasil apenas em 1955. Em 1960, Sabin teve a autorização para o uso de
sua vacina, gerando um debate sobre qual seria mais eficaz. A vacina de Sabin começou
a ser utilizada no Brasil em 1961, com a importação de 3 milhões de doses, dando início
a “Campanha Nacional de Vacinação Oral contra a Poliomielite no Brasil”. A vacina
oral trivalente contra a Poliomielite deve ser administrada aos 2, 4 e 6 meses de vida.
No Brasil, essa vacina é dada rotineiramente nos postos de saúde e durante as
campanhas nacionais de vacinação em crianças menores de cinco anos, sendo
necessário vacinar-se em todas as campanhas, independentemente de já estarem com
suas vacinas em dia. A poliomielite é uma doença causada por um vírus do gênero
Enterovírus, denominado Poliovírus (sorotipos 1, 2 e 3. Tendo a sua reinfecção mais
comum pelos tipos 1 e 3), que atinge neurônios motores inferiores e pode levar a morte.
Sua etiologia infecciosa foi descoberta somente em 1908. É mais comum em crianças
(paralisia infantil), mas também ocorre em adultos. A transmissão do poliovírus
“selvagem” pode se dar de pessoa a pessoa através de contato fecal-oral, o que aumenta
as chances de infecção em locais onde as condições sanitárias e de higiene não são
5

adequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos sofrem
um risco maior de contágio, diante disso, as campanhas de vacinação possuem papel
importante para controle de novos surtos, e com isso preservar o certificado de
erradicação recebido pelo Brasil em 1994.

1.1 OBJETIVOS
Este trabalho tem a finalidade de abordar um breve histórico do cenário da poliomielite
no mundo, bem como as medidas adotadas na campanha de prevenção e imunização da
doença no Brasil e os riscos da falta de acompanhamento clínico para controle de novos
surtos.

1.1.1 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho, pesquisamos diversos artigos sobre a
Poliomielite, trazendo diversas análises e informações que se completam ao invés de
simplesmente reafirmar uma ideia, permitindo um conhecimento mais amplo com
informações mais básicas.
Foi desenvolvido uma análise de dados coletados por meio de revisões bibliográficas,
revisando artigos e elaborando comparações de artigos sobre o tema. Conseguindo-se
analisar assim os requerimentos, como vacina, métodos de prevenção e curiosidades
sobre a doença. Os dados serão sites de hospitais de referência e trabalhos publicados
por especialistas.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Poliomielite no Brasil e no mundo


Em “Síndrome pós-polio: renascimento da poliomielite?”, os autores Abrahão
Augusto Juviniano Quadros, Acary Souza Bulle Oliveira, Antônio Carlos da Silva,
Bolivar Saldanha Sousa, Claudio André Barbosa de Lira, Fábio Carderelli Minozzo,
Francisco Romero Cabral, Rodrigo Luiz Vancini e Vânia D’Almeida, alegam que a
poliomielite, denominada de pólio ou paralisia infantil, foi reconhecida pela primeira
vez como doença em 1840, por um médico ortopedista alemão, Jakob Von Heine. O
termo poliomielite é oriundo do grego, no qual ‘pólio’ significa cinza, ‘mielo’ refere-se
à medula espinal e ‘ite’ denota inflamação. Trata-se de uma doença aguda e infecciosa
causada por um vírus composto por cadeia simples de ácido ribonucleico (RNA), cuja
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transmissão ocorre primariamente pela via oral-fecal (por meio de objetos, alimentos
e/ou água contaminados com fezes) ou por transmissão direta, de pessoa a pessoa (por
meio de secreções nasofaríngeas).
Segundo André Luiz Vieira de Campos, Dilene Raimundo do Nascimento e
Eduardo Maranhão, em “A história da poliomielite no brasil e seu controle por
imunização”, enquanto o higienismo e a bacteriologia conquistavam vitórias sobre as
doenças infecciosas, a poliomielite desafiava médicos e cientistas, pois, além de não se
enquadrar no modelo higienista que associava sujeira e pobreza à doença, o laboratório
não foi capaz de decifrá-la até meados do século XX.
Em concordância, Ana Luísa Teixeira da Costa Durante e Mário Roberto Dal
Poz, em “Saúde global e responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da
poliomielite, no Brasil”, conta que foram relatados os primeiros casos raros de
poliomielite no começo de 1911, em São Paulo pelo Dr. Luiz Hoppe - Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo, e, no Rio de Janeiro, pelo Dr. Oswaldo Oliveira - Hospital
Misericórdia. Contudo, a primeira descrição de um surto no País, foi feita pelo pediatra
Fernandes Figueira, também em 1911. Seis anos depois, em 1917, Francisco de Salles
Gomes descreveu outro surto em Vila Americana, em São Paulo. Mas somente em
1986, foi criado no Brasil, um grupo de trabalho para a eliminação da poliomielite,
dando maior eficiência ao programa de vacinação. Em 1989 foi registrado o último caso
de infecção pelo poliovirus selvagem no Brasil, na cidade de Souza (PB).
André Luiz V.de Campos et al, diz que Francisco de Salles Gomes foi categórico
ao afirmar que os casos de Vila Americana já mereciam ser classificados como
epidemia. Seus argumentos eram semelhantes aos do pediatra carioca: o número de
casos crescia de forma constante e repetiam-se os padrões observados em epidemias
internacionais. Um dos resultados da epidemia de 1917 foi a lei que tornava a
poliomielite doença de notificação compulsória no estado de São Paulo. Com isso,
apontou Salles Gomes, as autoridades sanitárias poderiam promover "o isolamento dos
pacientes e as mais rigorosas precauções no que diz respeito às secreções nasais e
bucais, fazendo desinfetar todos os objetos que por eles tinham sido contaminados e
fazendo proceder uma rigorosa polícia de focos ou viveiros de moscas".
Conforme descreve Ana Luisa T.C Durante et al, em 1990, foi iniciado o
programa para o cumprimento dos critérios estabelecidos pela comissão internacional de
certificação da erradicação da poliomielite. Foi feito campanhas de vacinação em massa
com a vacina oral (VOP), que, além de viabilizar imunidade individual, aumenta a
imunidade para a população em geral, através da disseminação do poliovirus vacinal no
meio ambiente, em pouco tempo. Em 2000/2001, foi detectado um surto causado por
um vírus derivado vacinal (PVDV) na ilha de Hispaniola, e teve uma grande
importância no processo de erradicação da poliomielite, foi registrado casos em torno de
50% das crianças de 1 a 4 anos. No período de 1988 e 2002, foram registrados no Egito,
em Guizhou (China), nas Filipinas e em Madagascar surtos de menor magnitude. De
2004 a 2009, ocorreram outros surtos envolvendo seis países (Nigéria, Congo,
Mianmar, Níger, Camboja e Indonésia) totalizando 226 casos.
Já segundo o Prof. Dr. Luzimar Teixeira, em “Poliomielite e síndrome pós
poliomielite”, apesar de erradicada na maior parte dos países, o poliovirus continua
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circulando na Asia e África, o que impõe a manutenção de uma vigilância ativa para
impedir sua reintrodução nas áreas erradicadas. Em 2003 e 2004, devido a epidemia
africana, além de se espalhar em países com casos devido a baixa cobertura vacinal, o
vírus reinfectou outros países que estavam sem casos de pólio desde 1995. Até o ano de
2006, 16 países apresentavam casos derivados da importação do vírus, destes, 6 tiveram
a transmissão restabelecida: Sudão, Mali, Burkina Faso, Chad, República Africana
Central e Costa do Marfim. Em 2004, 1265 casos de poliomielite foram registrados no
mundo, em comparação com os 784 de 2003, quando o número de países endêmicos
eram seis: Nigeria, Niger, Egito, Paquistão, Afeganistão e Índia, com os125 países em
1988 e um número de casos de 350.000.

TABELA 1: Número de casos confirmados de poliomielite e notificados no Brasil,


1979 a 2008

2.1.1 A Poliomielite
Segundo Alessandra Viana Cardoso; Edson Elias da Silva; Eliane Veiga da Costa;
Flávio da Silva Araújo; Marcia Lopes de Carvalho e Zirlei Maria Matos, em “Guia de
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Vigilância Epidemiológica”, do Ministério da Saúde, a poliomielite ou “paralisia


infantil” é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de
paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e a evolução
dessa manifestação, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os
membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez
muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia no segmento atingido. Seu agente
etiológico é o poliovírus pertencente ao gênero Enterovírus, da família Picornaviridae,
composto de três sorotipos: 1, 2 e 3, tendo o homem como seu hospedeiro. A
transmissão ocorre principalmente por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral
(a principal), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou
portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao
falar, tossir ou espirrar). As más condições habitacionais, a higiene pessoal precária e o
elevado número de crianças numa mesma habitação constituem fatores que favorecem a
transmissão do poliovírus.
Ainda segundo Alessandra Vieira Cardoso et al, seu período de incubação geralmente é
de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias. Seu período de transmissibilidade ainda
não se conhece com exatidão, podendo iniciar-se antes do surgimento das manifestações
clínicas, sendo o vírus encontrado nas secreções da orofaringe após 36 a 72 horas a
partir da instalação da infecção. Em indivíduos infectados, a eliminação do vírus pela
orofaringe persiste por um período de aproximadamente 1 semana e nas fezes por cerca
de 3 a 6 semanas, enquanto nos indivíduos reinfectados a eliminação do vírus se faz por
períodos mais reduzidos. Todas as pessoas não imunizadas são suscetíveis de contrair a
doença. A infecção natural ou a vacinação conferem imunidade duradoura, tipo-
específica (ou seja, de acordo com o poliovírus responsável pelo estímulo antigênico).
Contudo, embora não desenvolvendo a doença, as pessoas imunes podem reinfectar-se e
eliminar o poliovírus, ainda que em menor quantidade e por um período menor. Essa
reinfecção é mais comum pelos tipos 1 e 3. O recém-nascido é provido de anticorpos
séricos maternos da classe IgG, transferidos da mãe sensibilizada para o feto por via
placentária, conferindo proteção transitória à criança, nos primeiros meses de vida
extrauterina.
Os autores ainda dizem que a infecção pelo poliovírus selvagem pode apresentar-se sob
diferentes formas clínicas: inaparente ou assintomática: não apresenta manifestação
clínica, podendo ser demonstrada apenas por exames laboratoriais específicos. Ela
ocorre entre 90 a 95% das infecções; abortiva: ocorre em cerca de 5% dos casos;
caracteriza-se por sintomas inespecíficos, tais como febre, cefaleia, tosse e coriza, e
manifestações gastrointestinais, como vômito, dor abdominal e diarreia. Como na forma
inaparente, só é possível estabelecer diagnóstico por meio do isolamento do vírus;
meningite asséptica: o início apresenta-se com as mesmas características da forma
abortiva, com sintomatologia inespecífica. Posteriormente, surgem sinais de irritação
meníngea (Kernig e Brudzinski positivos) e rigidez de nuca. Ocorre em cerca de 1% das
infecções por poliovírus; forma paralítica: podem ser observados diversos quadros
clínicos, a depender do local de comprometimento do sistema nervoso central e, em
alguns casos, quadros de paralisia grave que podem levar à morte. As formas paralíticas
são pouco frequentes, em torno de 1 a 1,6% dos casos. Apenas as formas paralíticas
possuem características clínicas típicas, que permitem sugerir o diagnóstico de
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poliomielite, quais sejam: instalação súbita da deficiência motora, acompanhada de


febre; assimetria acometendo, sobretudo, a musculatura dos membros, com mais
frequência os inferiores; flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos
profundos na área paralisada; sensibilidade conservada; persistência de alguma paralisia
residual (sequela), após 60 dias do início da doença.
André Luiz Vieira de Campos et al, já citados neste artigo, dizem que em 1960, uma
tecnologia de fundamental importância para o controle da poliomielite foi implantada
no Brasil: a introdução da técnica de diagnóstico laboratorial do poliovírus. Por meio de
um convênio estabelecido entre a OPAS e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), foi criado o
primeiro laboratório de diagnóstico para enterovírus, com as seguintes funções: o
diagnóstico da poliomielite, pelo isolamento do poliovírus em amostras de fezes, e a
diluição, envasamento e distribuição das primeiras vacinas orais contra a poliomielite
que chegavam ao Brasil. Em fins de 1964, o laboratório foi reformulado, voltando-se
para pesquisas sobre o vírus herpes; contudo, o diagnóstico laboratorial da poliomielite
não sofreu descontinuidade, pois os exames passaram a ser realizados no Instituto Noel
Nutels. Com o apoio do CDC, de Atlanta, o laboratório foi novamente montado, dessa
vez na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), e em 1977, tornou-se laboratório
central para enterovírus do Ministério da Saúde, voltando, no mesmo ano, a fazer parte
do IOC. A Fiocruz teve fundamental contribuição para o controle e erradicação da
poliomielite, com o laboratório de enterovírus do IOC no que se refere à utilização de
técnicas cada vez mais sensíveis e rápidas de diagnóstico do poliovírus. O mesmo
ocorreu, mais adiante, com Bio-Manguinhos, em relação ao aperfeiçoamento da
formulação da vacina antipoliomielite oral.
2.2 Síndrome pós-poliomielite
Conforme Abrahão Augusto Juviniano Quadros et al, em “Síndrome pós-polio:
renascimento da poliomielite?”, a síndrome pós-poliomielite (SPP) foi descrita pela
primeira vez em 1875 por Raymond, quando descreveu o caso de um homem de 19 anos
de idade, acometido anteriormente pela poliomielite paralítica e que estava
desenvolvendo um quadro caracterizado por nova fraqueza e atrofia muscular. O
paciente apresentava paresia no braço e perna esquerdos. Cerca de100 anos depois,
estudos demonstraram que pacientes com história médica prévia de poliomielite
paralítica poderiam desenvolver, após anos de estabilidade clínica e funcional, novos
sinais e sintomas, tais como perda da força muscular e atrofia. A partir deste momento,
a SPP passou a ser reconhecida pela comunidade médico-científica como uma condição
clínica que pode afetar indivíduos anteriormente acometidos pela poliomielite paralítica.
A SPP pode ser definida e caracterizada por novos sintomas neuromusculares que
ocorrem ao menos 15 anos após um período de estabilidade clínica e funcional ter sido
atingida em pacientes com história prévia de poliomielite sintomática.
Em contrapartida, Juliana Scarpatto Mondardo e Alcioney Valeski Ferreira, em
“Síndrome pós-poliomielite”, dizem que em cerca de 50% dos pacientes, novos
sintomas se iniciam 30 a 40 anos após a poliomielite aguda.
De acordo com o Prof. Dr. Luzimar Teixeira, em “Poliomielite e síndrome pós-
poliomielite”, há várias hipóteses para a SPP, porém a mais aceita é a de que a SPP não
é causada por uma nova atividade do poliovirus, mas sim pelo uso excessivo de
10

neurônios motores ao longo dos anos. O vírus pode danificar até 95% dos neurônios
motores de corno anterior da medula, matando pelo menos 50% deles. Com a morte
destes neurônios os músculos de sua área de atuação ficam sem inervação, provocando
paralisia e atrofia. Embora danificados, os neurônios remanescentes compensam o dano
enviando ramificações para ativar esses músculos órfãos. Com isso a função muscular é
recuperada, parcialmente ou totalmente, dependendo do número de neurônios
envolvidos na “adoção”. Um único neurônio pode lançar derivações para conectar 5 a
10 vezes mais neurônios do que fazia originalmente. Assim, um neurônio inerva um
número muito maior de fibras neuromusculares do que ele originalmente faria,
restabelecendo a função motora; porém, sobrecarregado, após muitos anos de
estabilidade funcional, começa a se degenerar, surgindo um novo quadro
sintomatológico.
Complementando os estudos, Alexandre Magno Rei, Jardel Rochai, Reny de Souza
Antonioli, Jhon Petter B. Reis, Marco Antônio Orsini Neves, Marcos R.G. de Freitas,
Mariana Pimentel de Mello e Osvaldo J.M. Nascimento, em “A síndrome pós-polio e o
processo de reabilitação motora: relato de caso”, inúmeros pacientes que desenvolveram
a poliomielite anterior aguda durante as epidemias nas décadas de 1940 e 1950
passaram a apresentar os efeitos tardios da PAA, que incluem um novo quadro de
fraqueza muscular associada a fadiga, atrofia e dor, caracterizando a síndrome pós-
poliomielite. Esses efeitos estão relacionados aos danos causados pelo vírus na fase
aguda e à relativa atividade física durante a fase de estabilidade, provocando a
degeneração dos brotamentos axonais das unidades motoras gigantes que se
desenvolveram durante a recuperação da PAA. A incidência e prevalência da SPP são
desconhecidas no mundo e no Brasil. Estima-se a existência de 12 milhões de pessoas
em todo o mundo (OMS) com algum grau de limitação física causada pela poliomielite.
Abrahão Augusto Juviniano Quadros et al, ainda demonstram que em geral, os pacientes
com maior risco para desenvolver a SPP são aqueles que experimentaram uma história
de poliomielite aguda mais grave. Entretanto, vários pacientes com história típica de
SPP tiveram uma história de poliomielite aguda leve com excelente recuperação clínica.
Alguns fatores estão associados à nova fraqueza progressiva: a idade inicial da infecção
(quanto mais velho o indivíduo maior o risco para o aparecimento de novos sintomas
neurológicos); histórico de hospitalização e uso de suporte ventilatório durante a fase
aguda da poliomielite; envolvimento paralítico em todos os membros (quadriparesia);
fraqueza intensa na fase aguda da poliomielite; aumento recente de peso; dor muscular
associada a esforço físico, e idade atual do indivíduo; e tempo de estabilidade clínica.
Conforme Abrahão Augusto Joviniano Quadros, Acary Souza Bulle Oliveira, Heloisa
Brunow Ventura Di Nubila, Mônica Tilli Reis Pessoa Conde e Ruy Laurenti, em “A
Classificação Internacional de Doenças, a Família de Classificações Internacionais, a
CID-11 e a Síndrome Pós-Poliomielite”, as dificuldades vivenciadas no Setor de
Investigação de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo
(SIDNM) da UNIFESP para atender os pacientes que dependiam da emissão de laudo
médico para atender suas necessidades no contexto da saúde, social e judicial, foram
muitas, já que a revisão da CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) de 1989
contemplava os diversos tipos de poliomielite aguda e sequela de poliomielite paralítica,
mas não contemplava a Síndrome Pós-Poliomielite. Diante dessa realidade o SIDNM
11

baseado no documento técnico da SPP, elaborado em parceria com o Centro de Controle


e Prevenção de Doenças da Coordenação de Vigilância em Saúde da Prefeitura do
Município de São Paulo e a Associação Brasileira da Síndrome Pós-Pólio, submeteu em
2004 a solicitação de inclusão da SPP na CID ao Centro Brasileiro de Classificação de
Doenças (CBCD) ou como é oficialmente denominado junto à OMS, “Centro
Colaborador da OMS para a Família de Classificações Internacionais em Português”
que faz parte do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da
USP – Universidade de São Paulo.
A proposta para criação de um código específico para a síndrome pós-poliomielite, foi
apresentada pelo CBCD na reunião do Comitê de Revisão e Atualização (URC) em
2005, discutida e defendida na reunião do MbRG na Suécia em fevereiro de 2008. A
proposta foi bem recebida pelos membros do MbRG que também fazem parte do URC,
sendo aprovada em outubro de 2008, para a inclusão do código G14 na CID 10, a partir
de 2010. Foi adicionada na Categoria de Atrofias Sistêmicas que Afetam Principalmente
o Sistema Nervoso Central (G10–G14).
Ainda segundo os autores, a inclusão da SPP na CID10 em 2008 se dá 133 anos após a
primeira descrição clínica feita por Jean Martin Charcot em 1875. A partir do ano de
2010, foi incluído na CID-10 o código G14 para a SPP.

3. Descoberta e desenvolvimento das vacinas


Conforme relatam André Luiz Vieira de Campos, Dilene Raimundo do Nascimento e
Eduardo Maranhão, em “A história da poliomielite no Brasil e seu controle por
imunização”, no intervalo de quarenta anos entre o isolamento do poliovírus em
macacos, conseguido por Landesteiner e Popper em 1908, e o desenvolvimento das
técnicas de cultura em tecido, foi feito considerável progresso para o entendimento da
poliomielite. Ficou evidenciado que o vírus se multiplicava no trato gastrointestinal e
que a infecção podia ser transmitida pela via fecal-oral, isto é, transmissão através da
água ou produtos contaminados por fezes e ingeridos pela boca. A época áurea do
desenvolvimento de vacinas iniciou-se em 1949, com a descoberta da propagação de
vírus em culturas de células. Embora muito se tivesse aprendido sobre a poliomielite e o
vírus que a causava, até 1949 não existia grande expectativa sobre a possibilidade de se
desenvolver a prevenção com as técnicas então disponíveis. Foi a publicação de um
artigo de Enders (1949) e colaboradores na Science, em que era descrito o cultivo do
poliovírus em culturas de tecido humano, que forneceu a ruptura e o achado
ansiosamente procurado pelos cientistas que pesquisavam uma vacina contra
poliomielite. Com a disponibilidade das técnicas de cultura de tecidos, fabricar vacinas
contra a poliomielite tornou-se uma possibilidade real, e um apreciável número de
laboratórios começou a trabalhar para conseguir tal finalidade. Salk e colaboradores,
assim como Milzer e colaboradores, escolheram prosseguir em direção à vacina
inativada, ou seja, feita a partir de vírus mortos; enquanto Cox, Koprowski e Sabin
optaram por obter uma vacina de vírus vivo atenuado.
Segundo Fernando Neto Tavares, em “O início do fim da poliomielite: 60 anos do
desenvolvimento da vacina’’, em 12 de abril de 1955, sob a coordenação do
12

epidemiologista Thomas Francis Jr., foi concluído o maior ensaio clínico para vacinas
na história e a vacina inativada (IPV) foi declarada segura, efetiva e potente. Entre os
anos de 1940 e 1950, enquanto a população estava implorando por uma vacina e doando
dinheiro (March of Dimes Foundation, EUA) para financiar as pesquisas, pesquisadores
se dividiram em duas frentes: vírus inativado e vírus atenuado. Jonas Salk pertencia à
escola de vírus inativado e defendeu o desenvolvimento de uma vacina partindo do
vírus completamente inativado ou morto. Ele acreditava que o corpo poderia adquirir
imunidade sem desenvolver a infecção, por meio da inoculação do vírus morto, cuja
presença no sangue iria estimular a imunidade através da produção de anticorpos. Em
1949, com a descoberta de John Enders, Thomas Weller e Frederick Robbins de que o
poliovírus podia ser propagado in vitro em tecido não-neural de embrião humano, Salk
viu a oportunidade de produzir grandes quantidades de vírus e iniciar os testes de
inativação. Durante os primeiros testes de segurança da IPV, entre maio de 1953 e
março de 1954, Salk administrou a vacina, ainda experimental, em mais de 5.300
indivíduos (participantes), incluindo ele mesmo, sua esposa e seus três filhos. Após
esses testes iniciais em menor escala nos EUA, o maior estudo clínico já realizado teve
início com mais de 1.8 milhões de participantes em 44 estados.
De acordo com Dilene Raimundo do Nascimento, em “As campanhas de vacinação
contra a poliomielite no Brasil (1960-1990)”, Salk e sua equipe foram os primeiros a
apresentarem resultados, e sua vacina injetável, com vírus inativado, obteve autorização
de uso pelos Estados Unidos em 1955. Sabin, a seguir, chegou à vacina com vírus
atenuado e de aplicação oral, recebendo autorização de uso em 1960. Assim, chegou-se
à descoberta de duas vacinas contra a poliomielite: a vacina Salk e a vacina Sabin,
ambas de laboratórios americanos. Com duas vacinas disponíveis e consideradas
eficazes na prevenção da poliomielite, somando-se ao desenvolvimento de técnicas
laboratoriais para diagnóstico da doença e procedimentos de vigilância epidemiológica,
foi possível formatar estratégias de vacinação para o controle da doença.
Ainda conforme a autora, no caso específico da erradicação da poliomielite, proposta
pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 1985, ficou patente que a
cooperação internacional foi um instrumento da mais alta relevância para desenvolver
as capacidades nacionais nos países da América Latina. A Opas, o Rotary Internacional
e o United Nations Children Fund (Unicef) atuaram de forma decisiva para a
implementação das políticas de imunização nos países, num trabalho cooperativo com
cada realidade nacional. Exceção feita a Cuba, que, vale lembrar aqui, implementou a
primeira campanha de vacinação em massa contra a poliomielite em 1962, com a
estratégia de dias nacionais de vacinação, e logo alcançou a eliminação da pólio no país.
3.1 Brasil: Chegada da vacina a erradicação da Pólio.
Dilene Raimundo do Nascimento, autora já citada neste trabalho, descreve que no
Brasil, a vacina Salk passou a ser utilizada desde 1955, por médicos pediatras e em
vacinações de amplitude reduzida, promovidas pelas secretarias de saúde municipais e
estaduais, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. A discussão aqui no Brasil
sobre os dois tipos de vacina ocupou vários fóruns médicos, principalmente a Sociedade
Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Higiene. Em 1961, o ministro da
saúde, Edward Catete Pinheiro, criou uma comissão composta por médicos de prestígio
13

para produzir um parecer sobre as vantagens e desvantagens de uma e de outra vacina


antipólio. A comissão se posicionou favorável ao uso da vacina Sabin, justificando seu
baixo custo, sua inocuidade, a maior facilidade de aplicação por ser via oral, seu efeito
protetor mais prolongado e sua capacidade de multiplicação no sistema digestivo,
possibilitando a eliminação do vírus vacinal no ambiente.
Ainda segundo a autora, mediante o parecer da comissão, o Ministério da Saúde adotou,
oficialmente, a vacina oral trivalente de vírus vivo atenuado a vacina Sabin e iniciou,
em julho de 1961, campanhas de vacinação da população infantil nas cidades de Santo
André, São Bernardo e São Caetano, no estado de São Paulo, com a expectativa de
vacinar 25 mil crianças. No Rio de Janeiro, após uma experiência piloto no Instituto
Fernandes Figueira (hoje a unidade materno-infantil da Fundação Oswaldo Cruz), onde
foram vacinados os filhos dos funcionários na faixa etária de quatro meses a seis anos,
ocorreu uma vacinação em massa, de 28 de agosto a 2 de setembro, em Petrópolis. Essa
vacinação, cuja expectativa era vacinar 15 mil crianças, recebeu ampla cobertura da
imprensa, noticiada como a inauguração oficial da "Campanha Nacional de Vacinação
Oral contra a Poliomielite no Brasil". O governo federal deu seguimento às campanhas
de vacinação e importou três milhões de doses de vacina oral para realizar uma grande
campanha na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 21 de outubro de 1961, e por
essa iniciativa recebeu moções de apoio de várias associações médicas do país, com
declarações favoráveis veiculadas pelos principais jornais, na época. Com o lema "Uma
gota, duas doses: uma criança sadia, livre da paralisia", a primeira vacinação contra a
poliomielite de grande amplitude foi levada a efeito em 278 postos instalados por todos
os bairros cariocas e contou com a colaboração de 2.500 voluntários. Do dia 16 ao dia
21 de outubro de 1961, a expectativa era vacinar 500 mil crianças, entre quatro e seis
anos de idade, mesmo aquelas que haviam recebido a vacina Salk.
Em acréscimo, André Luiz Vieira de Campos et al, em “A história da poliomielite no
Brasil e seu controle por imunização”, dizem que os jornais avaliaram a campanha
como bem-sucedida e manifestaram a expectativa de que tomasse um âmbito nacional.
Lembravam ainda a necessidade de as crianças vacinadas tomarem uma segunda dose
após sessenta dias para assegurar a imunização. A partir daí foram realizadas
campanhas de vacinação em várias capitais brasileiras, uma por vez, com vacinas
distribuídas pelo Ministério da Saúde. Esse processo não ocorreu sem percalços: ora o
município agendava a campanha para aplicação da primeira dose, e a liberação das
vacinas atrasava, como no caso de Belo Horizonte; ora desencontros entre o estado e o
Ministério da Saúde inviabilizavam a aplicação da segunda dose de vacinas, como no
caso do Rio de Janeiro, gerando polêmicas entre órgãos federais e estaduais.
Exatamente por causa dos problemas em relação ao suprimento e distribuição das
vacinas, as primeiras campanhas se caracterizaram mais pela descontinuidade do que
por um aumento gradativo da cobertura vacinal. Em 1971, face à ocorrência de
repetidos surtos da doença em vários pontos do território nacional, o Ministério da
Saúde instituiu o Plano Nacional de Controle da Poliomielite. Esse plano foi a primeira
tentativa organizada nacionalmente de controlar a poliomielite no Brasil. Naquele ano,
um projeto-piloto implantado no estado do Espírito Santo incluía um estudo para avaliar
a resposta sorológica à vacina e introduzir a metodologia de campanhas estaduais
realizadas em um só dia. Em 1971 ocorreu somente a experiência do Espírito Santo;
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porém, em 1972 e 1973, o plano foi executado em 14 estados. A avaliação, do ponto de


vista de cobertura, foi bastante positiva. O impacto dessas campanhas na incidência da
doença revelou-se de difícil avaliação, uma vez que não se dispunha de dados
epidemiológicos prévios no país. Em 1974, a estratégia de campanha foi abandonada,
priorizando-se a vacinação de rotina pela rede básica de saúde.
Conforme Ana Luísa Teixeira da Costa Durante e Mario Roberto Dal Poz, em “Saúde
global e responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da poliomielite”, em
1986, foi criado, no Brasil, o Grupo de Trabalho para a erradicação da poliomielite (GT-
poliomielite), com os objetivos de dar maior eficiência ao programa de vacinação, fazer
um acompanhamento mais refinado do comportamento epidemiológico da poliomielite
e desencadear as medidas de controle necessárias, supervisionadas e avaliadas
adequadamente. Em 1990, o Brasil direcionou o programa para o cumprimento dos
critérios estabelecidos pela Comissão Internacional de Certificação da Erradicação da
Poliomielite. A estratégia adotada para a erradicação no País foi centrada na realização
de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP), que,
além de propiciar imunidade individual, aumenta a imunidade de grupo na população
em geral, através da disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em curto
espaço de tempo.
De acordo com Lucia Ferro Bricks, em “Vacina contra poliomielite: um novo
paradigma”, as principais estratégias da OMS para erradicação global da pólio (Tabela
2) têm como base o uso da vacina trivalente oral contra a poliomielite (VOP), que
contém os poliovírus do tipo 1 (P1), 2 (P2) e 3 (P3). A escolha dessa vacina se deve à
facilidade de administração, baixo custo e maior imunidade de mucosas, em
comparação com a vacina de vírus inativados (VIP) (1,2) (Tabela 3)

TABELA 2: Principais estratégias para a erradicação global da poliomielite:

Fonte: “Vacina contra poliomielite: um novo paradigma”

TABELA 3: Caracteristicas das vacinas contra poliomielite.


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Fonte: “Vacina contra poliomielite: um novo paradigma”

Segundo Fernando Neto Tavares, em “O início do fim da poliomielite: 60 anos do


desenvolvimento da vacina”, no Brasil foram notificados quase 3.600 casos de
poliomielite em 1975 e 1.290 em 1980, quando se iniciaram as campanhas nacionais de
vacinação. Em 1981 foram apenas 122 casos notificados. Entretanto, em 1984, houve o
recrudescimento de casos no Nordeste, quando se registrou baixa cobertura vacinal e
problemas na conservação de vacinas. Em 1989, foram registrados os últimos casos de
poliomielite no País, mantendo-se com incidência zero desde aquele ano. A Região das
Américas teve o seu último caso da doença em 1991 e em 1994 foi certificada como
área livre de circulação do poliovírus selvagem. Em agosto de 2012, o Ministério
da Saúde adotou a IPV como parte do esquema sequencial de vacinação contra a
poliomielite para todas as crianças que iniciavam a sua série de vacinação primária. O
esquema sequencial adotado inclui duas doses de IPV aos 2 e 4 meses de idade, seguido
por duas doses da OPV aos 6 e 15 meses de idade.
Conforme Ana Luísa Teixeira da Costa Durante e Mario Roberto Dal Poz, em “Saúde
global e responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da poliomielite”, em
1994, o Brasil recebeu da OMS/OPS o Certificado de Erradicação da Transmissão
Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas. Desde então, o Brasil tem reafirmado
seu compromisso de manter altas coberturas vacinais e uma vigilância epidemiológica
ativa sobre todo o quadro de paralisia flácida aguda (PFA), possibilitando, assim, a
identificação imediata e precoce da reintrodução do poliovírus, bem como a adoção de
medidas de controle para impedir sua disseminação.

GRÁFICO 1: Índice de vacinação (1992/200)


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TABELA 4: Percentual de vacinação em menores de 1 ano (2001/2012)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Ana Luísa Teixeira da Costa Durante et al, em “Saúde global e
responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da poliomielite”, O
Brasil tem sido um ator importante no processo de erradicação da pólio,
particularmente nos aspectos técnicos e políticos de apoio à Iniciativa Global de
Erradicação da Pólio. As estratégias adotadas no País têm sido utilizadas como
referências e foram replicadas em muitos outros países do mundo. Além disso, sua
liderança na erradicação ajudou a abrir caminhos para ampliar a imunização da pólio
nas Américas e no mundo.
O Brasil tem um importante papel a cumprir no cenário internacional para a
erradicação da poliomielite. Além de já ter erradicado a pólio em seu território, deve
continuar a cooperar internacionalmente para que o objetivo final, de erradicação
dessa doença, seja alcançado.

5. CONCLUSÃO
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"Concluimos neste trabalho que a poliomielite, ou mais conhecida como paralisia


infantil, foi uma doença viral de muito impacto. As campanhas de vacina foram
muito importantes e permanecem sendo essenciais para que a poliomielite continue
sendo uma doença praticamente erradicada no Brasil."

6. REFERENCIAS
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responsabilidade sanitária brasileira: o caso da erradicação da poliomielite.
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