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Idade Moderna – Antigo Regime – Parte II

Aulas 21 e 22 Prof. Rafinha

IV Formação do Estado Absolutista


a) As teorias sobre a formação do Estado absolu-
tista
 A formação dos Estados Modernos
– Centralização política do poder x Estados Mo-
dernos
• Definição de “Estado” até o século XVI:
 Estado ou condição em que se encontra o
governante (stats principis) ou condição do
reino (status regni)
• Definição de “Estado” posterior ao século XVI:
 Ideia de que existe um aparelho político in-
dependente, o Estado, que o governante
deve preservar
– Centralização política Ibérica
• Centralização dos Estados pautadas em tradi-
ções canônicas medievais
• Aliança com a religiosidade católica (Ex.: In-
quisição Habsburga)
• Monarquia compósita espanhola
 Multiplicidades de políticas, leis e línguas
– Por que tantos obedecem a um só?
• Étienne de La Boétie (1530 – 1563) “Discours “Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um aparelho de do-
de la servitude volontaire” (1549) minação feudal alargado e reforçado, destinado a fixar as massas
camponesas na sua posição social tradicional (...). Por outras pala-
“Quero para já, se possível, esclarecer tão-somente o fato de tantos vras, o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e
homens, tantas vilas, cidades e nações suportarem às vezes um tirano a burguesia, ainda menos um instrumento da burguesia nascente
que não tem outro poder de prejudicá-los enquanto eles quiserem su- contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma no-
portá-lo; que só lhes pode fazer mal enquanto eles preferem agüentá- breza atemorizada (...).”2
lo a contrariá-lo.
Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto b) Principais características
impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente
curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito  Mercantilismo
grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo
nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que – Forte interferência do monarca nas questões
é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata de- econômicas
sumana e cruelmente. • Conjunto de práticas econômicas das monar-
Tal é a fraqueza humana: temos frequentemente de nos curvar perante
a força, somos obrigados a contemporizar, não podemos ser sempre
quias absolutistas
os mais fortes.” 1  Metalismo
 Balança comercial favorável
 Três diferentes perspectivas sobre a construção  Protecionismo alfandegário
do Estado absolutista:
 Colonização
 Concessão de monopólios à particulares
 Retomada sobre o uso das leis escritas
– Direito Romano e Corpus Juri Civili
• Substituição às leis consuetudinárias
• Manutenção e reforço ao direito à proprie-
dade
– As leis começam a interferir na moral religiosa
– O Rei estava isento de obrigações jurídicas
• “A vontade do rei tem força de lei”3
 Homogeneização administrativa
– Criação de um organismo burocrático

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LA BOÉTIE, Etienne (1530 - 1575). Discurso da Servidão Voluntária. Provérbio português
2
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Editora Brasiliense, pp. 16-17.

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“O próprio termo ‘absolutismo’ era uma denominação imprópria. Ne-
nhuma monarquia ocidental gozara jamais de poder absoluto sobre
 Modelo patriarcal
seus súditos, no sentido de um despotismo sem entraves. Todas • Fazer o Estado pôr fim às Guerras de Religião
elas eram limitas, mesmo no máximo de suas prerrogativas, pelo  Desarmamento dos camponeses
complexo de concepções denominado direito ‘divino’ ou ‘natural’. A
teoria da soberania de Bodin (...) [dizia]: está fora do poder do prín-
cipe cobrar impostos livremente de seu povo, ou sequestrar os bens
 Thomas Hobbes (1588 – 1679)
de outra pessoa arbitrariamente, pois desde que príncipe soberano – Inglaterra
não tem poderes para transgredir as leis da natureza ordenadas por • Contexto da Guerra Civil inglesa
Deus – de quem ele é a imagem na Terra – não pode tomar a pro-
priedade de outrem sem um motivo justo e razoável”4 – (1661) “O Leviatã”
• Estado de Natureza
• Ex.: cargo de cobrador de impostos  Medo da morte
– Unificação do sistema tributário  Homo homini lupus
• Aumento dos tributos • Contrato social
– Origem do aparelho diplomático  Troca: Liberdade por segurança
 Monarquia e Guerra • Estado “absoluto”
– Exército profissional permanente  Monarquia ou assembleia com poderes ab-
• Alto comando - nobreza solutos
• Mercenários  A liberdade política pela liberdade do indiví-
duo
• Camadas mais pobres
“O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam natural-
 Controle sobre a religião mente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela
– Intolerância religiosa alternada com períodos de restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o
cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita.
relativa tolerância Quer dizer, o desejo de sair daquela miséria condição de guerra que é
– Exemplos: a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões natu-
• Criação da Igreja Anglicana na Inglaterra rais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter
em respeito, forçando-os por medo do castigo, ao cumprimento de
• Apoio à Inquisição pelos reinos Ibéricos seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza (...)”8

 Limites do absolutismo  Jacques-Bénigne Bossuet (1627 – 1704)


“O poder efetivo da monarquia como instituição não correspondia – França – Igreja Católica
necessariamente, de forma alguma, ao do monarca”5
– (1700) (6 livros) “A política extraída das sagradas
– Cortes (FRA: Estados “Gerais” e “Provinciais”) escrituras”
– Tradições • Direito divino
“O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus.
c) Os “teóricos” do absolutismo Os reis são deuses e participam de alguma maneira da independência
divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele
 Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) vê melhor (...)”9
– Itália (Florença) Orientação de Estudos:
– (1513) “O Príncipe”
1) Redigir um texto dissertativo (curto) que construa uma relação en-
• Preservação da ordem e do poder tre os tópicos abordados em sala. Para que o texto traduza uma boa
• Diferenciação entre a Ética Cristã e a Ética Po- compreensão da aula, as seguintes perguntas devem ser respondi-
lítica das ao longo da escrita:
 Constatação da existência de uma plurali- - Qual a problemática presente na utilização do termo “absolutismo”?
dade de diferentes modelos éticos Explique, com suas palavras, as três interpretações diferentes acerca
da centralização do poder. Qual a relação entre o Renascimento e os
 Príncipe: Amado x Temido teóricos políticos do século XVI e XVII? Qual a diferença entre as te-
“Na verdade, quem num mundo cheio de perversos pretende seguir orias de Hobbes e Maquiavel com a ideia de Bossuet?
em tudo os princípios de bondade, caminha para a própria perdição.
2) Lista de Exercícios [HD Virtual]: Lista 11 – Idade Moderna – Antigo
Daí se conclui que o príncipe desejoso de manter-se no poder tem de Regime – Parte II
aprender os meios de não ser bom e a fazer uso ou não deles, con-
forme as necessidades.”6 3) Exercícios do Livro de Teoria Livro 2, Cap. 6, pp. 134 – 137, exs.:
6, 7, 10, 12, 13, 16 e 18.
 Jean Bodin (1530 – 1596) 4) Leitura do Livro de Teoria: Livro 2 pp. 121 – 125.
– França
5) [APROFUNDAMENTO] Podcast História Pirata #44 – Absolutismo
• Contexto da Guerra Civil religiosa na França e Estado Moderno / Podcast História Pirata #64 – Maquiavel – Inter-
– (1576) “6 Livros da República” pretações sobre o “Príncipe”

“Conjunto de várias famílias ou colégios submetidos a uma só e


mesma autoridade”7

• Naturalidade da monarquia

4 8
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Editora Brasiliense, pp. 48-49. HOBBES, Thomas. Das causas, geração e definição de um Estado. In: Leviatã. São
5
Ibdem. p. 42. Paulo: Abril Cultural, 2a. ed.,1979, p. 103.
6 9
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Ed. Jardim dos Livros, 2007. pp. 123-124. BOSSUET, Jacques. Políticas Extraídas das Sagradas Escrituras.
7
BODIN, Jean. 6 Livros da República. Capítulo VIII. Da Soberania.

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