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RESUMO
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, com 7,43 bilhões
de galões produzidos em 2021, correspondendo a 27% da produção mundial de etanol (RFA,
2022). Devido às condições terrestres e climáticas vantajosas, bem como à boa infraestru-
tura e mercados, cerca de 85% da produção de etanol do país está concentrada na região
centro-sul (KARP et al., 2021).
A maior parcela do bioetanol produzido no Brasil é classificado como primeira geração,
que são aqueles produzidos a partir de matérias-primas usadas também como alimentos,
para humanos e animais (KARP et al., 2021; RODRIGUES, 2011). Esse produto é produzido
principalmente por caldo de cana e/ou melaço, que representa cerca de 80-90% da massa
dos colmos da cana-de-açúcar e é rico em açúcar (12-18% sacarose, glicose e frutose) e
nutrientes como proteínas, vitaminas, ácidos orgânicos e minerais que podem ser utilizados
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diretamente como substrato no processo de fermentação. A produção de bioetanol é realizada
em três etapas principais que são o pré-tratamento, a fermentação e separação/purificação
(KARP et al., 2021).
O Estados Unidos é o maior produtor mundial de bioetanol, com cerca de 15,02 bi-
lhões de galões produzidos em 2021, correspondendo a 55% da produção mundial (RFA,
2022). A maior parte desse etanol vem do amido de milho como matéria-prima que foi
estimado em quase 95% do total de etanol combustível produzido naquele país no ano de
2016, seguido por cerca de 3% oriundo do trigo. A disponibilidade de matéria-prima de baixo
custo em quantidades suficientes durante todo o ano é sempre uma grande vantagem para
qualquer processo biotecnológico economicamente (MOHANTY; SWAIN, 2019), portanto,
o Brasil e o Estados Unidos são referências na produção de etanol de primeira geração.
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Produção de glicerol de alta pureza e aplicações
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do Laboratório de Produção de Biodiesel, Biolubrificantes e Biograxas - LAPROBIO da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) tem envidado esfor-
ços no desenvolvimento de formulação de álcool em gel glicerinado contendo salicilato de
metila ou extrato de arnica-do-mato (Pseudobrickellia brasiliensis), uma vez que, estudos
demonstram que a adição de princípios ativos com atividade bactericida apresentam ativi-
dade sinérgica na proteção contra agentes patogênicos.
Diferentes formulações contendo produtos naturais com propriedades bioativas já fo-
ram relatados, dentre elas, Piper betle Linn. (AZNURY; SOFIAH; SARI, 2021), Argemone
Mexicana (BAGADE et al., 2021), Ficus lyrata (WIRA et al., 2019), Psidium guajava L.,
Matricaria chamomilla, Azadirachta indica, Ocimum sanctum e Citrus limon (ALGHAMDI,
2021), Rosmarinus officinalis e Mentha piperita (MADHURYA et al., 2021; MALABADI
et al., 2021).
Salicilato de metila
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o desenvolvimento de metodologia para a síntese de salicilato de metila por metilação do
ácido salicílico empregando o catalisador SiO2-SO3H (BARBOSA et al., 2022).
A escolha do salicilato de metila em combinação com formulação do álcool em gel
glicerinado se deve em virtude de sua capacidade contra cepas fúngicas e bacterianas que,
inclusive, é empregado na composição de antissépticos bucais (BANERJEE et al., 2020).
A utilização de produtos naturais com propriedades conhecidas vem sendo cada vez
mais explorada e tem se mostrado eficaz contra diversos microrganismos, incluindo vírus e
bactérias, dado o conteúdo de compostos bioativos encontrados em espécies vegetais, além
de serem considerados seguros para a saúde humana e ao meio ambiente (ALGHAMDI,
2021). A utilização de óleos ou extratos de plantas medicinais em formulações deve-se,
principalmente, às propriedades antimicrobianas presentes nos metabólitos (MAHISH et al.,
2022). O estudo inédito conduzido por Cardoso et al. (2020) demonstrou, in vitro, a eficácia
antimicrobiana de P. brasiliensis, justificando assim, a sua indicação para o tratamento de in-
fecções tópicas. Todos os microrganismos testados, como E. coli, P. aeruginosa e S. aureus,
apresentaram susceptibilidade ao extrato etanólico das folhas, com valores de concentração
inibitória mínima entre 6,25 mg.mL-1 e 12,5 mg.mL-1.
Além da propriedade antimicrobiana, estudos anteriores utilizando diferentes extratos
preparados a partir de P. brasiliensis também demonstraram atividades biológicas. Estudos
in vitro mostraram que os extratos etanólico das folhas, flores e caule da P. brasiliensis
exerceram atividade anti-inflamatória, através da diminuição da expressão de citocinas
pró-inflamatórias, TNF-α, IFN-γ e IL-10 em monócitos e linfócitos humanos. Além disso, o
extrato aquoso das folhas reduziu a resposta proliferativa de linfócitos T, incluindo células
CD4+ e CD8+, em linfócitos humanos (ALMEIDA et al., 2017).
Portanto, com a adição do extrato de arnica-do-mato (P. brasiliensis), que de acordo
com a literatura apresenta propriedades antimicrobianas (CARDOSO et al., 2020), o poder
antisséptico presente no álcool em gel seria potencializado, tornando o uso do mesmo bem
conveniente e prático em relação ao método de lavagem tradicional das mãos realizada
com água e sabão antisséptico. Desse modo, vale ressaltar que o extrato de arnica-do-ma-
to que tem sido empregado para o desenvolvimento e produção de álcool em gel gliceri-
nado foi produzido e gentilmente cedido pela docente e pesquisadora Cristiane Fernanda
Fuzer Grael, vinculada ao laboratório de extração de Produtos Naturais do Departamento
de Farmácia da UFVJM.
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METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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sanitizantes visando a desinfecção da pele e superfícies com o intuito de evitar ou minimizar
a transmissão de infecções por contato, incluindo SARS-CoV-2.
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