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Sócrates FILÓSOFOS

1 Biografia
de
Biografia de Sócrates:
Sócrates
o mestre da reflexão
2 Sócrates
e Críton e do diálogo
3 Questões Por William Godoy 6
sobre 12 de maio de 2023 - 8 min leitura
diálogo
de
Sócrates
e Críton

4 Sócrates
e
Eutífron

5 Questões
sobre
diálogo
de
Sócrates
e
Eutífron

6 Sócrates
e Lísis

7 Questões
sobre
diálogo
entre
Sócrates Índice do conteúdo
e Lísis

8 Sócrates Sócrates, um dos mais célebres filósofos da Grécia


e Antiga, viveu entre 470 e 399 a.C. em Atenas. Ele é
Laques
conhecido por seu hábito de questionar as pessoas sobre

Questões temas éticos e morais, buscando despertar nelas a


9
sobre capacidade de reflexão e autoexame. Ele não deixou
diálogo nenhum registro escrito de seu trabalho, mas sua filosofia
entre
Sócrates e vida foram documentadas pelos escritos de seus
e Laques
10 Sócrates e discípulos, principalmente Platão. Apesar de sua
Trasímaco Professor
abordagem filosófica ter sido amplamente admirada,

11 Questões enfrentou oposição e foi condenado à morte sob a


sobre acusação de corromper a juventude e desrespeitar os
diálogo deuses. 
entre
Sócrates e
Trasímaco Origens e educação 
12 Método Sócrates nasceu no subúrbio ateniense de Alopece em
socrático: 470 a.C. Ao contrário de outros filósofos da antiguidade
como
que conhecemos, não pertencia a uma família rica. Seu
Sócrates
dialogava pai, Sofronisco, era um artesão que trabalhava com
com as pedras, e sua mãe, Fenarete, parteira. Na antiga Atenas,
pessoas
em cortadores de pedra e escultores eram artesãos
Atenas? habilidosos que trabalhavam para criar objetos funcionais
e decorativos. Embora não fossem ricos, seu trabalho era
13 Questões
valorizado. Os artesão pertenciam a uma classe média
do ENEM
ateniense e tinham direito de participar das decisões
políticas

Pouco se sabe sobre a educação inicial de Sócrates. Nos


diálogos de Platão, ele é frequentemente retratado como
versado em várias disciplinas, como matemática,
geometria, música e poesia. Ele também demonstra um
conhecimento extenso da mitologia e história grega. Isso
sugere que tinha uma base sólida no currículo
educacional tradicional de seu tempo.

Serviço militar 
Sócrates serviu como hoplita no exército ateniense
durante a Guerra do Peloponeso, participando de várias
batalhas importantes, como a Batalha de Potideia (432
a.C.). Nessa época, o filósofo já tinha 46 anos e ainda
assim foi lembrado por sua resistência e coragem no
campo de batalha.

No “Banquete”, livro escrito por Platão, vemos Alcibíades,


um jovem aristocrata que se tornaria importante político
ateniense, explicar que Sócrates salvou sua vida,
protegendo-o dos inimigos quando estava ferido em
combate. O filósofo teria permanecido ao lado de
Alcibíades e garantido sua segurança até que ele pudesse
ser retirado do campo de batalha. Professor

Alcibíades também relata outros feitos do filósofo.


Durante o frio intenso do inverno, este demonstrava uma
resistência notável, suportando as baixas temperaturas
com muito menos roupas do que seus companheiros
soldados.  Durante os períodos de fome, ele parecia ser
capaz de suportar a falta de comida melhor do que os
outros, mantendo-se firme e tranquilo apesar das
dificuldades. 

Durante a fuga após a Batalha de Delium, quando as


forças atenienses foram derrotadas, Sócrates mostrou
grande coragem e serenidade, ajudando a guiar seus
camaradas por um caminho seguro, mesmo enquanto
outros soldados entravam em pânico e se dispersavam.

Esposa e filhos
Sócrates foi casado com Xântipe e Mirto, e teve três
filhos: Lamprócles, Sofronisco e Menéxeno. Sobre as
esposos as fontes são incertas, algumas afirmam que o
filósofo viveu com Mirto e depois Xântipe, que era bem
mais jovem, outras o contrário e há ainda quem afirme
que ele viveu com as duas ao mesmo tempo.

Xântipe era conhecida por seu temperamento forte e


enérgico, frequentemente retratada como uma mulher
difícil e briguenta. Fontes antigas, como Xenofonte e
Platão, a pintaram como uma megera, possivelmente para
enfatizar o contraste entre seu caráter e o comportamento
calmo de Sócrates. No entanto, é essencial ter cautela ao
interpretar esses relatos, pois eles podem ter sido
influenciados pelos preconceitos culturais da época.

Apesar de sua reputação, há evidências que sugerem que


o filósofo valorizava sua esposa e seu relacionamento.
Dizia-se que comentou que ser casado com Xântipe o
ajudava a desenvolver a paciência e a resistência. Ele
acreditava que, se pudesse tolerar o temperamento dela,
estaria bem preparado para lidar com quaisquer desafios
que encontrasse em suas atividades filosóficas.
Professor

Xântipe esvaziando um pote sobre Sócrates é uma cena


que remonta a uma famosa anedota da história da
filosofia. Esta ilustração específica faz parte do
Emblemata Horatiana, uma obra publicada em 1607 e
ilustrada por Otho Vaenius. A anedota conta que, em uma
ocasião, Xântipe, irritada com seu marido, derramou um
pote de água sobre sua cabeça. Em resposta, Sócrates
apenas comentou que após o trovão, vem a chuva,
mostrando assim sua paciência e sabedoria.

Trabalho e vida austera


Sócrates vivia de maneira simples e modesta. Ele não
buscava riquezas materiais e era conhecido por sua vida
austera. Algumas fontes sugerem que, antes de se
dedicar inteiramente à filosofia, o filósofo trabalhava
como pedreiro, o que provavelmente lhe proporcionava
um sustento básico. Seu pai, Sofronisco, também era
pedreiro, e é possível que tenha seguido a profissão da
família antes de se voltar para a filosofia.

Além disso, é possível que Sócrates tenha recebido algum


apoio financeiro de seus amigos e seguidores. Platão, por
exemplo, era de uma família aristocrática e pode ter
contribuído para o seu sustento. Outros amigos e
discípulos também poderiam ter lhe apoiado de alguma
forma, embora não haja registros detalhados sobre como
exatamente ele recebia esse apoio. Professor

Para não precisar se submeter a um trabalho e poder


dedicar seu tempo para dialogar e refletir, Sócrates vivia
com apenas o estritamente necessário. Um fato que
ilustra essa escolha de vida é o relato de que ele
costumava andar descalço pelas ruas de Atenas,
independentemente das condições climáticas.

Atuação filosófica em
Atenas
Em vários aspectos, Sócrates é um filósofo único. Ele não
escreveu livros de filosofia, nem ministrou palestras
formais como muitos filósofos de sua época e
posteriores. Em vez disso, ele praticava a filosofia de
maneira mais pessoal e interativa, através de diálogos e
discussões com as pessoas nas ruas e nos espaços
públicos de Atenas. Desde jovens estudantes e artesãos
até políticos e intelectuais renomados, não discriminava
seus interlocutores e estava sempre disposto a envolver-
se em discussões filosóficas com qualquer pessoa
interessada.

Os diálogos socráticos ocorriam em vários espaços


públicos de Atenas. Esses locais eram pontos de encontro
comuns onde as pessoas se reuniam para discutir
questões políticas, sociais e filosóficas.

Os temas abordados por Sócrates em suas discussões


tinham relação direta com as ações humanas, conceito
como “coragem”, “virtude”, “amor”, “justiça” eram assuntos
recorrentes. Toda sua reflexão gira em torno de questões
éticas, sobre como devemos ou não viver, por isso o
filósofo é considerado um divisor de águas na filosofia. Se
os filósofos anteriores discutiam sobretudo a natureza do
universo, de onde veio e do que era feito, com ele é o
próprio homem que ocupa o centro da reflexão filosófica.

Cícero, filósofo romano do século I a.C., resumiu assim


essa mudança
“Sócrates foi o primeiro a chamar a Filosofia das
Professor
alturas dos céus, estabelecê-la nas cidades, introduzi-la
nas casas das pessoas e forçá-la a investigar a vida
cotidiana, a ética, o bem e o mal.”

Alguns dos diálogos escritos por Platão mostram de


forma muito viva como Sócrates fazia filosofia em Atenas.
No diálogo “Eutífron”, por exemplo, o filósofo encontra
Eutífron quando estava a caminho do tribunal para
responder às acusações levantadas contra ele. Nesse
encontro, o filósofo aproveita a oportunidade para debater
com Eutífron sobre a natureza da piedade e da
impiedade. 

Nessa ocasião, o debate não surge do nada. Conversando


com Eutífron, Sócrates descobre que ele estava ali para
acusar o próprio pai de negligenciar um trabalhador e
deixá-lo morrer. Ao ser questionado sobre porque iria
acusar o próprio pai de um crime, Eutífron responde que é
assim que deve ser e fazer o contrário seria um
desrespeito à vontade dos deuses. Ao ouvir isso, e
considerando que ele mesmo estava sendo acusado de
desrespeitar os deuses da cidade, vai mais fundo na
discussão e questiona Eutífron sobre o que seria uma
pessoa piedosa, ou seja, uma pessoa que respeita os
deuses.

A conversa com Sócrates era cativante, envolvente. Não


vemos ele explicando teorias ou ideias, mas propondo
questões como essa, “o que é ser respeitoso com os
deuses?”, ouvindo atentamente as respostas e analisando,
com mais questões, seu conteúdo. 

Sua postura nesses diálogos é sempre de quem não sabe


de algo e deseja aprender com seu interlocutor. Daí o
conceito de “ironia socrática”. Ironia é um tipo de discurso
cujo significado é o contrário ao das palavras. É como se
dissesse “Sou um sujeito ignorante. Eu não sei nada. É por
isso que faço tantas perguntas.” Essa era uma tática para
envolver o interlocutor, que se sentia valorizado, e fazê-lo
examinar suas próprias ideias sobre questões
fundamentais da vida, mostrando como na verdade não
sabia aquilo que pensava saber.
No entanto, a atividade filosófica de Sócrates acabou
incomodando pessoas poderosas, e isso lhe rendeuProfessor
uma
condenação à morte.

A morte de Sócrates
Sócrates foi condenado à morte em 399 a.C., sendo
executado por meio da cicuta, um veneno mortal. Ele foi
acusado pela cidade de Atenas de corromper a juventude
e de não acreditar nos deuses da cidade. No entanto, essa
acusação deve ser entendida no contexto político mais
amplo da época, que desempenhou um papel significativo
em sua sentença.

Após o fim da Guerra do Peloponeso em 404 a.C., Atenas


foi derrotada por Esparta e passou por um período
turbulento de instabilidade política e social. Durante este
tempo, uma oligarquia conhecida como os Trinta Tiranos
assumiu o controle da cidade e começou a governar de
forma brutal e opressiva. Sócrates foi associado a alguns
membros desse grupo, principalmente devido à sua
relação com Crítias e Alcibíades (o mesmo que ele havia
salvado a vida durante a Guerra do Peloponeso), que eram
figuras políticas controversas em Atenas.

Quando a democracia foi restaurada, houve uma


atmosfera de desconfiança em relação a figuras
associadas ao antigo regime. Sócrates, embora não
tivesse participado ativamente da política, foi visto com
suspeita por seus laços com Crítias e Alcibíades. 

Assim, quando foi levado a julgamento, as acusações


formais de impiedade e corrupção da juventude refletiam,
na verdade, um desejo subjacente de punir uma figura que
representava o antigo regime. Muitos atenienses
provavelmente acreditavam que a condenação de
Sócrates serviria como um exemplo para outros
dissidentes e ajudaria a consolidar a ordem política
recém-restaurada.

No julgamento, se recusou a se retratar ou a se desculpar


por suas ações, reafirmando sua crença na importância
da busca da verdade e da justiça, mesmo diante da morte.
Apesar de seus esforços para se defender, Sócrates foi
Professor
considerado culpado e condenado à morte por maioria
dos votos.

Vivendo a filosofia
Ao contrário de Platão, Aristóteles e dezenas de filósofos
posteriores que criaram uma “filosofia”, um sistema
conectado de ideias, Sócrates era a própria encarnação do
pensamento. Seu legado filosófico não está em suas
ideias, afinal ele sempre insistiu saber apenas que não
sabia nada. Seu legado está em seu método de diálogo e
na coragem de acreditar nas próprias ideias, mesmo
quando isso lhe custou a morte.

Sócrates vivia a filosofia nas conversas que travava com


os cidadãos de Atenas, desafiando-os a questionar suas
crenças e a buscar um conhecimento mais profundo
sobre si mesmos. Ele perambulava pelas ruas e praças
públicas, engajando-se em discussões com pessoas de
todas as classes sociais, desde artesãos e comerciantes
até políticos e intelectuais. 

Quando condenado à morte, Sócrates não quis fugir,


mesmo tendo a oportunidade de fazê-lo. Seus amigos,
incluindo Críton, tentaram convencê-lo a escapar da
prisão e buscar refúgio em outra cidade-estado. No
entanto, recusou, argumentando que, como cidadão de
Atenas, ele tinha o dever de respeitar as leis e aceitar o
resultado do julgamento, mesmo que injusto. 

Sócrates ensinou que a verdadeira sabedoria começa com


a humildade de reconhecer a própria ignorância e a
coragem de buscar o conhecimento, mesmo quando isso
implica enfrentar adversidades e desafios.

Referências
JOHNSON, Paul. Socrates: a man for our times. New York:
Classic Penguin, 2013.

PLATÃO. Box Grandes Obras de Platão. [s.l.]: Mimética,


2023.
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Diálogo entre Sócrates e Críton sobre o dever de
obedecer às leis

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