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Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc

Campus Xanxerê

Psicologia 1 ͣ fase

Componente curricular: Filosofia

Professor: Anderson Tedesco

Acadêmico: Leandro L. da Rosa

EM BUSCA DO DISCÍPULO TÃO AMADO

Resumo. Esta é uma análise do prólogo Assim falava Zaratustra, onde se propõe uma
reflexão de modo filosófico, sobre as escolhas, relações e formação humanas, a
singularidade de se comunicar e os elos de vivência em uma sociedade. De forma
muitas vezes análoga, Nietzsche, nos mostra por outro prisma esses conceitos tão
evidentes no cotidiano de cada indivíduo, e de forma mais ampla a sociedade como um
todo.

Existe uma grande dificuldade em se compreender a mensagem que Nietzche


estabelece aos seus leitores, justamente por ser a intenção própria do autor expressada
em cada linha, onde seus assuntos são abordados com analogias peculiares, que
desencadeiam uma trama, muito bem elaborada, tendo em vista o tema propriamente
marcante, onde através de Zaratustra, que procura construir um vínculo através de suas
vivências e experiências de encontrar realmente um discípulo, um seguidor, alguém
realmente que entenda esse propósito.

Para se ter essa compreensão se faz necessário uma aproximação maior com o
autor, o que poderíamos caracterizar como comungar, ou comunhão, pela importância, e
o fato de seus escritos estarem direcionados a um grupo especifico de pessoas, quando
fazemos esta análise de comunhão, aproximação, fica evidenciado a relação de mestre e
discípulo, quanto mais próximo, mais junto, mais se absorve desse mestre, mais se
aprende, mais se parece com ele, é uma via de mão dupla, de relacionamento, e
ensinamento para a vida.

Quando não se estabelece esse vínculo ou não se entende, não haverá condições
de um ato de comungar, fica impossível existir essa relação mestre/discípulo. Essa é a
razão de Nietzsche dificultar propositalmente a compreensão de seus escritos, a forma
encontrada de afugentar críticos e curiosos que dispensam tempo e investimentos.

Por fim a maneira mais sensata que o autor coloca para essa relação ou
construção desse individuo, seria se tornar, ou ser digno de ouvi-lo, escutar não é o
suficiente, ouvir é a diferença, pois quando se ouve, se aprende, promove mudanças, se
amplia o nível de ensinamento e conhecimento, muitas pessoas querem mudar o mundo,
mas não estão dispostas a ouvir, seria um grande feito se mudassem o “mundo” de suas
vidas, exemplo disso é a nossa política, em campanha muitos candidatos falam, mas não
são ouvido, por estarem desacreditados pelo povo de suas promessas, e o povo muito
fala, e também não são ouvidos pelos políticos quando reivindicam seus direitos, ambos
só escutam, quando passarmos a ouvir, novas mudanças acontecerão.

Apesar de toda essa trama de analogias, e diálogos fica registrado o silêncio de


Zaratustra, que nos faz refletir sobre a sua busca, onde nesse silêncio também se
aprende.

Nenhum ser humano, ou indivíduo pode desenvolver-se isento de uma relação,


nossa própria formação demanda de relacionamentos, somos seres sociáveis, que
dependemos uns dos outros, exemplo disso é o sentimento de compaixão pelo próximo
diante de tragédias e catástrofes. Um dos malefícios dessa era digital, é que está nos
tornado menos humanos, não ocorre aproximação, não há toque, não há um aperto de
mão, não há abraço, as pessoas estão se isolando cada vez mais, criando um vínculo
egoísta com seus smartphones e tablets, irônico pensar na era da extinção dos
relacionamentos e formação humana. Zaratustra tem razão, e a busca continua pelo
discípulo tão amado.

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