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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Das Provas em Espécie


Anderson Ferreira

As provas mencionadas são típicas, porquanto encontram previsão no Código de Proces-


so Civil de 2015. Saliento que esse rol é exemplificativo, uma vez que o artigo 369 da Lei de
Ritos permite que as partes empreguem todos os meios legais e legítimos, mesmo que sem
previsão na Codificação hodierna, para provar a veracidade dos fatos alegados e influenciar
na convicção de Juiz, ou seja, permite a produção de provas atípicas, a fim de convencer o
Julgador sobre aquilo que é alegado, desde que o elemento probatório não afronte a eticidade
e moralidade.

Da Ata Notarial
A ata notarial era considerada uma prova atípica no Código de Buzaid (1973). No entanto,
com o advento da nova legislação processual, ela está expressa a partir do artigo 384.
Essa prova em espécie possui o condão de atestar ou documentar a existência ou modo
de existir de algum fato percebido por um tabelião (que possui fé pública), o qual verifica uma
situação e a descreve mediante ata (certifica o fato por meio de instrumento público).

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a
requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.

Diante do raciocínio apresentado, suponha que Bill celebrou um contrato de compra e ven-
da de cem gravatas borboletas verde cana com Pepe. Conquanto Bill tenha pagado pelo ador-
no, Pepe não entregou o objeto da relação contratual. Inconformado, Bill resolve ajuizar uma
ação e solicita ao Tabelião que veja as mensagens entre os contratantes, por meio das quais
Pepe negocia as gravatinhas e afirma que mesmo tendo recebido o valor acordado, não iria
entregá-las. Bem, o tabelião poderá atestar a situação mediante a lavratura da ata.

Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos pode-
rão constar da ata notarial.

A ata verifica a existência ou modo de existir de algum fato, porém, não comprova a veracidade
deles (dos fatos).

001. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Não havendo processo anterior que trate


da situação, a demonstração de que determinado fato ocorreu em rede social acessível pela
Internet poderá ser realizada com a juntada aos autos
a) de declaração pessoal do autor.
b) de prova emprestada.
c) do computador.

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d) da prova pericial.
e) de ata notarial

A assertiva E se harmoniza com o que estabelece o artigo 384 do Novo Código de Processo Civil.
Letra e.

Do Depoimento Pessoal
Bem, ocorrerá o depoimento pessoal quando as partes (autor e réu) forem chamadas a
prestar esclarecimentos acerca de fatos relativos ao processo. Antes de verticalizar um pouco
mais acerca do depoimento das partes, é necessário que se estabeleça uma diferença entre
depoimento pessoal e interrogatório, haja vista o artigo 385 do Código de Processo Civil citá-
-los em seu texto.
Veja, o depoimento visa o esclarecimento da parte acerca de fatos relativos ao processo,
poderá ser requerido pelo adverso (a parte contrária) e ocorrerá na audiência de instrução e
julgamento. Noutro giro, o interrogatório se presta a esclarecer algum ponto que não tenha
ficado claro e pode ser determinado pelo Juiz a qualquer momento.
Veja que interessante!
O novo CPC trouxe o depoimento pessoal de ofício, que é chamado de interrogatório. Um
dos poderes do Juiz é interrogar as partes sobre a causa (artigo 139, VIII). A distinção prin-
cipal é o fato de que o depoimento pessoal da parte admite a pena de confissão ficta (a parte
não comparece ou se nega a responder), enquanto o interrogatório não pode ser feito sob
pena de confissão ficta (artigo 139, VIII). Veja o que estabelece o artigo 385 do Novo Código
de Processo Civil:

Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interro-
gada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.

O autor possui legitimidade para requerer o depoimento do réu e o réu do autor. No entanto, a
parte não poderá requerer o próprio depoimento pessoal.

002. (CESPE/TRE-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/2017/ADAPTADA) No


que se refere às provas no processo civil, assinale a opção correta.
É permitido ao advogado requerer o depoimento pessoal da parte que esteja sob o seu
patrocínio.

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Segundo o artigo 385 da Lei de Ritos:

Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja inter-
rogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
Errado.

Ok, a parte será intimada pessoalmente para prestar o depoimento e Juiz irá adverti-la
sobre a pena de confesso, a qual significa que serão presumidos verdadeiros os fatos alega-
dos pela parte contrária (presunção relativa, juris tantum) caso o intimado não compareça à
audiência ou compareça, mas se recuse a depor, se a parte não responder as perguntas a ela
dirigidas ou for evasivo (se desviar das perguntas feitas) o Juiz irá avaliar os outros elementos
probatórios e, com base neles, irá declarar se a parte se recusou a depor.

A confissão, no depoimento pessoal, decorre não apenas do não comparecimento, mas decor-
re também do comparecimento sem depoimento.

Amigo(a), muitas vezes o pretenso depoente reside em local diverso de onde tramita o
processo e, em razão disso, por meio dos recursos tecnológicos disponíveis, é admissível a
colheita do depoimento via videoconferência ou outro recurso de transmissão de dados em
tempo real, situação possível na audiência de instrução.
No momento do depoimento a parte irá responder acerca dos fatos que interessem ao
processo. Porém, para isso, não poderá levar o depoimento escrito, afinal, imagine as partes
levarem um Best Seller com o mesmo número de páginas de um Vade Mecum para a audiên-
cia... Aí, não! Contudo, a boa notícia, para o depoente, é que o artigo 387 da Lei de Ritos permite
a consulta a breves apontamentos, cujo objetivo seja complementar esclarecimentos.
Agora, o artigo 388 da Lei de Ritos prevê alguns casos em que as partes não precisarão de-
por e sobre elas não incidirá a pena de confesso. Vamos analisar o dispositivo e seus incisos,
venha comigo!

Art. 388. A parte não é obrigada a depor sobre fatos:


I – criminosos ou torpes que lhe forem imputados;

Quer dizer, a parte não estará obrigada depor sobre fatos que acarretem autoincrimina-
ção (olha aí o princípio do nemo tenetur se detegere, visto nas aulas de Direito Penal e Pro-
cesso Penal)

II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;

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