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Bruna Dias – MD1

ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
de seu próprio TNF-alfa. Isso amplifica a resposta
PROCESSO inflamatória.
MECANISMO
INFLAMATÓRIO VASODILATAÇÃO E AUMENTO DA
PERMEABILIDADE VASCULAR:
- O dano causado aos tecidos do corpo dispara uma
resposta defensiva local chamada de inflamação. - Imediatamente após lesão tecidual, os vasos sanguíneos
- É uma resposta defensiva do corpo desencadeada pela se dilatam na área do dano e sua permeabilidade
lesão ou invasão dos tecidos (sinal de alerta p/ ativação aumenta.
do sistema imune). - A dilatação (vasodilatação), aumenta o fluxo de sangue
- Faz parte do sistema imune INATO; resposta para a área e é responsável pelo rubor (eritema) e pelo
inespecífica. calor associados com a inflamação.
- O dano pode ser causado por uma infecção microbiana, - O aumento da permeabilidade permite que as
por agentes físicos (como calor, energia radiante, substâncias defensivas normalmente retidas no sangue
eletricidade ou objetos pontiagudos) ou por agentes atravessem as paredes dos vasos sanguíneos e cheguem
químicos (ácidos, bases e gases). até a área da lesão. Tal ocorrência é responsável pelo
- Geralmente é caracterizada por 4 sinais e sintomas: dor, edema (acúmulo de fluido) da inflamação. A dor, pode ser
calor, rubor e tumor. Algumas vezes, um 5o sintoma, a causada por dano ao nervo, irritação por toxinas ou
perda de função, está presente. pressão do edema.
- Se a causa for removida em um período relativamente - A vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular
curto, a resposta inflamatória será intensa, sendo referida são causados por vários químicos liberados pelas células
como aguda. Se, em vez disso, a causa de uma inflamação danificadas em resposta a um trauma.
for difícil ou impossível de ser removida, a resposta - Uma das substâncias é a histamina, presente em muitas
inflamatória será mais duradoura, porém menos intensa células do corpo, sobretudo em mastócitos no tecido
(embora em geral mais destrutiva); é referida como conjuntivo, basófilos circulantes e plaquetas. Como
crônica. resposta direta à lesão, é liberada pelas células que a
- Tem as seguintes funções: contêm; também é liberada em resposta à estimulação
1. recrutar elementos do sistema imune p/ o local da por componentes do sistema complemento.
lesão, p/ que o agente lesivo seja destruído e se possível, - As cininas constituem outro grupo de substâncias que
e removê-lo do corpo com seus derivados. causam a vasodilatação e o aumento da permeabilidade
2. caso a destruição não seja possível, limitar os efeitos no vascular. Estão presentes no plasma e uma vez ativadas
corpo por confinamento ou limitação do agente causador desempenham função importante na quimiotaxia,
e de seus derivados. atraindo granulócitos fagocíticos.
3. reparar ou substituir o tecido afetado pelo agente - As prostaglandinas, substâncias liberadas pelas células
causador ou seus derivados. danificadas, intensificam os efeitos da histamina e das
- É um mecanismo que envolve: células, moléculas, cininas e ajudam os fagócitos a se moverem através das
proteínas, vasos sanguíneos e mediadores. paredes dos capilares.
- Durante os estágios iniciais, estruturas microbianas - Os leucotrienos são substâncias produzidas pelos
como a flagelina, o lipossacarídeo (LPS) e o DNA mastócitos e basófilos. Eles causam o aumento da
bacteriano estimulam os TLRs dos macrófagos a permeabilidade vascular e ajudam a atrair os fagócitos até
produzirem citocinas, como o fator de necrose tumoral os patógenos.
alfa. - Os macrófagos fixos ativados também produzem
- Em resposta ao TNF-alfa liberado no sangue, o fígado citocinas, que causam a vasodilatação e o aumento da
passa a sintetizar proteínas de fase aguda. Estas induzem permeabilidade que ajudam a liberar os elementos da
respostas locais e sistêmicas que incluem a proteínas C coagulação sanguínea para a área danificada.
reativa, lecitinas que se ligam à manose, e muitas outras - O coágulo sanguíneo que se forma ao redor do local de
proteínas especializadas, como o fibrinogênio para a atividade permite que o micróbio (ou suas toxinas) se
coagulação e a cinina para a vasodilatação. espalhe para outras partes do corpo.
- Todas as células envolvidas apresentam receptores para - Como consequência, pode haver acúmulo de pus, uma
o TNF-alfa, sendo por ele ativadas para produzirem mais mistura de células mortas e fluidos corporais, em uma
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cavidade formada pela degradação do tecido. Esse foco MASTÓCITOS (liberação de histamina, prostaglandinas,
de infecção é chamado abscesso. leucotrienos, IL-4, IL-5 e IL-13).
MIGRAÇÃO DE FAGÓCITOS E FAGOCITOSE : EOSINÓFILOS (principalmente na crônica).
CÉL. ENDOTELIAIS (selectinas).
- Geralmente, uma hora após o início da inflamação, os
fagócitos entram em cena. MEDIADORES:
- Como o fluxo de sangue diminui gradualmente, os • Serotonina/histamina
fagócitos (neutrófilos e monócitos) começam a se aderir à • Metabólitos do ácido araquidônico (prostaglandinas,
superfície interna do endotélio (revestimento interno) dos leucotrienos e tromboxano).
vasos sanguíneos. Esse processo de adesão em resposta • Proteínas do sistema complemento (C3a, C5a e C3b).
às citocinas é a marginação. • Citocinas (interleucinas, TNF, IFN).
- As citocinas alteram as moléculas de adesão celular • PAF – Fator de Ativação Plaquetário.
(CAMs) nas células que revestem os vasos sanguíneos, • NO – vasodilatador; ação microbicida.
fazendo com que os fagócitos se fixem no local da
TIPOS
inflamação.
- Então, os fagócitos acumulados começam a se INFLAMAÇÃO AGUDA:
comprimir entre as células endoteliais dos vasos - De início rápido e curta duração, de poucos minutos a
sanguíneos para alcançar a área de lesão (adesão). Essa poucos dias.
migração, que se assemelha ao movimento ameboide, é - INATA.
chamada de diapedese; dura apenas cerca de 2 minutos. - Possui exsudação de líquido e proteínas plasmáticas.
- Os fagócitos então começam a destruir os micro- - Leucócitos e proteínas plasmáticas são levadas para os
organismos invasores pela fagocitose. locais da lesão, uma vez lá, removem invasores, os
- À medida que a resposta inflamatória continua, os fagocitam e eliminam tecidos necróticos.
monócitos acompanham os granulócitos até a área - É controlada e autolimitada, com as células sendo
infectada. ativadas apenas em reposta ao micróbio e quando for
- Após os granulócitos ou macrófagos terem engolfado eliminado, as moléculas e células são degradas e
grandes quantidades de micro-organismos e tecido inativadas.
danificado, eles finalmente morrem. Como consequência, - Tem como componentes principais:
forma-se pus, e sua formação geralmente continua até • Alterações vasculares; vasodilatação para o aumento do
que a infecção diminua. fluxo, tal como aumento da permeabilidade dos vasos;
REPARO TECIDUAL: • Eventos celulares; recrutamento de leucócitos e seu
- É o estágio final no qual os tecidos substituem as células acúmulo no foco da lesão (ativação celular).
mortas ou danificadas. - Seus estímulos são: Infecções (pelos agentes
- O reparo inicia durante a fase ativa da inflamação, microbianos como bactérias); Trauma (corte e
porém não pode ser terminado até que todas as penetração) e vários agentes químicos e físicos
substâncias nocivas tenham sido removidas do local da (queimaduras, substâncias tóxicas); Necrose tecidual,
lesão. incluindo esquemia (como o infarto); Corpos estranhos
- A capacidade de um tecido de se regenerar ou de ser (farpas, poeira, surutas); Reações imunológicas
reparado depende do tipo de tecido. (hipersensibilidade) contra substâncias ambientais ou
- Um tecido é reparado quando o seu estroma ou contra os próprios tecidos, os quais não podem ser
parênquima produz novas células. O estroma é o tecido eliminados ou evitados, apresentando frequentemente
conjuntivo de sustentação e o parênquima é a parte características de inflamação crônica.
funcional do tecido. Obs: EXSUDATO
CÉLULAS E MEDIADORES ENVOLVIDOS - É a saída de líquidos orgânicos com proteínas do plasma,
leucócitos, plaquetas e hemácias p/ fora do corpo.
CÉLULAS: - Purulento (pus): rico em neutrófilos, restos de células
MONÓCITOS → MACRÓFAGOS (TNF-α, IL-1, IL-6 e IL-8). mortas e micróbios.
NEUTRÓFILOS (diapedese; combate ao patógeno e reparo
INFLAMAÇÃO CRÔNICA:
tecidual).
- Mais longa, de dias a anos.
- INATA + ADQUIRIDA.
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- Com o influxo de linfócitos e macrófagos com → Podem se desenvolver a partir de doenças inflamatórias
proliferação vascular associada e fibrose (cicatrização). imunomediadas, como é o caso da doença de Crohn,
- Ocorre caso o agente não seja eliminado; pode trazer que é uma doença inflamatória intestinal;
consequências patológicas nocivas. → Outra forma é com a presença de corpos estranhos
- Ao contrário da aguda, a inflamação crônica tem difíceis de fagocitar, como fios de sutura e farpa. É visto
características distintas: também em uma doença de etiologia desconhecida
• Infiltração de células mononucleares, como fagócitos, chamada sarcoidose. Ambos levam à resposta
linfócitos e plasmócitos, ao passo que na aguda é inflamatória, gerando os granulomas de corpos
neutrofílica multinucleada. estranhos que são mais frouxos, e as células epitelioides
• Destruição tecidual, ocasionada pelo produto de células não formam paliçadas típicas.
inflamatórias. SINAIS CARDINAIS
• Reparo, envolvendo a angiogênese e a fibrose.
- São manifestações externas da inflamação:
Obs: a inflamação aguda pode evoluir para uma crônica,
• Calor: causado por expansão vascular;
algo que ocorre quando a resposta aguda não pode ser
• Tumor (inchaço): causado por Acúmulo de líquido nos
resolvida, pela persistência do agente agressor, tal como
espaços extravasculares, sendo este transudato ou
interferência no processo normal de cura.
exsudato;
- Pode se originar de:
• Rubor (hiperemia/vermelhidão): causado por expansão
• Infecções persistentes por micróbios de difícil
vascular;
erradicação;
• Dor: liberação de bradicinina;
• Doenças inflamatórias imunomediadas, como em
• Perda da função.
doenças autoimunes, visto que a resposta imune é ao
próprio e como esses antígenos não podem ser Obs:
eliminados, as doenças tendem a ser crônicas RUBOR + CALOR = vasodilatação (↑ flux.o sanguíneo no
intratáveis; local; sangue passa + lento)
• Exposição prolongada a agentes tóxico-potentes, como EDEMA = ↑ permeabilidade vascular dos vasos (sai mais
a sílica, causando a silicose e cristais de colesterol, líquido do vaso p/ tecido).
contribuindo para aterosclerose. DOR = compressão de terminações nervosas (edema) +
hiperalgesia (↑ da sensibilidade dolorosa promovida pela
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA:
bradicinina e potencializada pelas prostaglandinas).
- Esse tipo de inflamação ocorre quando há agentes
PERDA DE FUNÇÃO* = inflamação crônica.
agressores difíceis de serem erradicados, formando uma
aglomeração de células de defesa para envolver o agente CASCATA DO ÁCIDO ARACDÔNICO
agressor na tentativa de contê-lo. Por ser um mecanismo - O ácido araquidônico é um componente normal das
de defesa, uma boa resposta imunitária celular é essencial nossas membranas celulares. Quando ocorre alguma
para a organização dos granulomas. lesão ou estímulo celular, nossa membrana celular
- A inflamação granulomatosa pode formar-se de três também é lesada, e, então, há ativação da fosfolipase A2,
maneiras, sendo que uma delas ocorre em certos estados que fosforila e libera o ácido araquidônico. A partir daí,
patológicos, tornando importante conhecê-las para inicia-se uma cascata.
reconhecer condições que possam ser ameaçadoras à - O ácido araquidônico é substrato para produção de
vida do paciente. De acordo com a patogênese, podem várias substâncias que serão produzidas por diferentes
formar-se das seguintes maneiras: vias: a via da Lipoxigenase (LOX), e a vida da
→ Quando há respostas persistentes de células T a ciclooxigenase (COX).
determinados microrganismos que estimulam a - A via da LOX produz os leucotrienos, que possuem
liberação de citocinas responsáveis pela ativação crônica funções como quimiotaxia, vasoconstricção,
do macrófago. Os microrganismos que produzem essa broncoespasmo e aumento da permeabilidade vascular.
resposta são: Mycobacterium tuberculose, Treponema Geralmente, o aumento de sua produção está relacionado
pallidum ou fungos. A tuberculose é a principal doença a doenças inflamatórias, como, por exemplo, a asma.
granulomatosa causada por infecção e sempre deve ser - A outra via que pode usar o ácido araquidônico como
eliminada quando esses granulomas são identificados; substrato é a via da COX, que é a principal via a ser
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estudada hoje. Quando o ácido araquidônico é convertido substância faz? Vasodilatação e função antiagregrante
pela COX, ele produz as prostaglandinas e tromboxano. plaquetária, ou seja, potencial antitrombogênico.
- Quais prostaglandinas são produzidas? Diferentes tipos COX 3:
são produzidos, como a PGI2 (prostaciclina), a PGD2, - A COX 3 (ou COX 1b) é expressa principalmente no
PGE2, PGF2α, entre outras. E também é produzido o sistema nervoso central, e está presente em processos de
tromboxano A2 (TXA2). febre e dor.
- A PGI2 é uma prostaciclina que possui algumas funções
FEBRE
essenciais, como vasodilatação e redução da agregação
plaquetária (ou seja, evita a formação de trombos). - Papel nas defesas orgânicas.
- Já o tromboxano A2 é um vasoconstritor e aumenta a - Aceleração da quimiotaxia de neutrófilos e da secreção
agregação plaquetária, tendo, portanto, um caráter de substâncias antibacterianas (peróxidos, superóxidos,
trombogênico. lisozima e lactoferrina).
- E as PGD2, PGE2, PGF2α promovem vasodilatação e - Aumento da produção e das ações antiviral e
edema. Mas as PGF2α possuem uma característica antitumoral dos interferons.
importante, pois elas agem principalmente nas células - Estimulação das fases de reconhecimento e
uterinas, promovendo contração uterina, atuando no sensibilização da resposta imunológica, resultando em
processo de cólicas menstruais. uma interação mais eficiente entre macrófago e linfócito
T.
DIFERENTES TIPOS DE COX:
- As fases efetoras da resposta imune, como a citoxicidade
COX 1: de linfócitos T e NK, são inalteradas ou mesma deprimidas
- A COX 1 é uma enzima constitutiva, ou seja, ela é de pelo aumento de temperatura.
suma importância para processos fisiológicos e - Diminuição da disponibilidade de ferro, a qual limita a
homeostáticos. Pela ação dessa enzima, são produzidas proliferação bacteriana e de alguns tumores. Este
prostaglandinas que atuam na mucosa gástrica, fenômeno ocorre devido a hipotransferrinemia da RFAg,
promovendo proteção da mesma, uma vez que reduzem a pelo aumento da afinidade do Fe pela lactoferrina
secreção de HCl, e aumentam a produção de muco rico intracelular e pela menor produção de proteínas
em bicarbonato, para, assim, regular a acidez gástrica. quelantes de ferro pelas bactérias.
- A COX 1 também promove a produção de tromboxano - A febre e alguns estímulos inflamatórios estimulam a
A2, que é uma substância pró agregante. A agregação produção de uma família de proteínas conhecidas como
plaquetária, controlada, é de suma importância para a proteínas do choque térmico.
vida, faz parte da primeira etapa do processo de MECANISMO:
hemostasia, controlando processos hemorrágicos.
- A febre ocorre pela ação de algumas citocinas (os
- Também há a produção de prostaglandinas
pirogênios endógenos) sobre os centros
vasodilatadoras que atuam a nível renal, aumentando a
termorreguladores do hipotálamo, elevando o limiar
taxa de filtração glomerular (pelo aumento do fluxo
térmico (que normalmente é controlado rigidamente em
sanguíneo nos rins) a níveis normais.
torno de 37oC) e desencadeando respostas metabólicas
COX 2: de produção e conservação de calor (tremores,
- Ao contrário da COX 1, a maior parte da COX 2 é vasoconstrição periférica, sudorese e perspiração) que
induzida, ou seja, não está constitutivamente presente tendem a reduzi-la novamente.
em nosso organismo. É produzida frente a um estímulo. - Deste modo, na resposta febril a termorregulação é
- A COX 2 induzida está relacionada principalmente aos preservada, ainda que em nível mais elevado, mantendo-
processos inflamatórios. Relacionada a febre, dor e se inclusive o ritmo circadiano fisiológico (to máxima
inflamação. entre 16 e 20h, mínima entre 4 e 6h).
- Mas há também a COX 2 constitutiva, que possui - Há uma enorme variedade de pirogênios exógenos
funções importantes. A primeira delas é que, na mácula (micro-organismos intactos, produtos microbianos,
densa, há uma expressão importante de COX 2, e essa complexos imunes, antígenos não-microbianos, drogas e
atua fazendo controle da taxa de filtração glomerular, e outros agentes farmacológicos), mas apenas um número
excreção de sódio. limitado de pirogênios endógenos foram identificados: as
- Outro local que possui COX 2 é no endotélio vascular, e citocinas IL-1, TNF, IFN e IL-6.
sua ação leva a produção de PGI2, você lembra o que essa
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VIAS DA FEBRE:
HUMORAL I:
DIAPEDESE
- Está relacionada aos fatores exógenos. - A diapedese é caracterizada pela passagem dos
- O patógeno ativa os receptores TLR-4 na BHE (na leucócitos através da parede dos capilares sanguíneos,
barreira hematoencefálica), fazendo com que ocorra a vénulas e até arteríolas, penetrando através das junções
liberação de prostaglandinas. entre as células endoteliais. Este processo é possível
- Estas prostaglandinas vão encontrar os receptores que graças à capacidade que os leucócitos apresentam de
estão lá no núcleo pré-óptico do hipotálamo (centro alterar a sua forma, deslocando-se por movimentos
regulador) e vão ativar os receptores para prostangladinas ameboides.
e, assim que os receptores forem ativados, vai ocorrer - A lesão ou invasão tecidular, por microrganismos, dá
uma elevação no ponto de ajuste hipotálamo. início a uma reação inflamatória. Este processo
HUMORAL II: caracteriza-se por alterações da microcirculação, gerando
- É a parte mais endógena, que funciona por meio de duas um maior aporte sanguíneo ao local, vasodilatação,
vias. edema (devido a processos de exsudação a partir dos
→ Via indireta: vasos sanguíneos) e aumento da permeabilidade vascular,
- Há citocinas pirogênicas que direto na barreira permitindo a saída de moléculas (por exemplo, do sistema
hematoencefálica e liberando as porstaglandinas, complemento) e plasma para os tecidos afetados.
ativando, dessa forma, o receptor lá no núcleo, elevando - Ao nível da zona afetada ocorre a emissão de moléculas
o ponto de ajuste hipotalâmico. com propriedades quimiotáxicas, que vão atuar sobre os
→ Via direta: leucócitos, estimulando-os a sair dos vasos em direção ao
- Nessa via essas citocinas vão diretamente ativar os local lesionado, através do processo de diapedese. Como
receptores no núcleo pré-óptico do hipotálamo, elevando exemplo de moléculas com propriedades quimiotáxicas
o ponto de ajuste hipotalâmico. podem-se referir elementos do sistema complemento,
cininas, substâncias de origem bacteriana e produtos
COMPORTAMENTO DA RESPOSTA FEBRIL:
originados por outras células envolvidas no processo de
- Aumentando o ponto de ajuste, ele vai ativar o centro defesa do organismo, como leucotrienos.
vasomotor, que gera vasoconstrição, desviando o sangue - O processo de diapedese implica três fases consecutivas:
da periferia para os órgãos internos, uma vez que dentro marginação, pavimentação e migração.
do corpo está mais quente, então, dessa forma, você - Em resultado da inflamação, ocorrem alterações na
preserva órgãos e consegue esquentar melhor o sangue, corrente sanguínea, diminuindo a velocidade de
principalmente no fígado que tem geração de calor. circulação. Esta alteração faz com que os leucócitos, que
SINTOMAS: normalmente circulam na zona central do fluido, se
- Vasoconstrição. aproximem da parede do vaso, num processo
- Aumento da contração muscular. denominado de marginação.
- Posição fetal. - Seguidamente, na fase de pavimentação, os leucócitos
- Ambiente e roupas quentes. achatam-se contra a parede do vaso, aderindo ao
- Sudorese. endotélio.
- A migração ocorre com a passagem do leucócito, por
CLASSIFICAÇÃO E TIPOS :
movimentos ameboides, através dos espaços entre as
• Contínua – quase não muda.
células que formam a estrutura do vaso sanguíneo,
• Intermitente – presente só em algumas horas por dia. movimentando-se através do tecido conjuntivo até
• Remitente – flutuação maior que 2oC durante o dia. atingiram o foco da infeção. A passagem não afeta as
• Baixa - menor ou igual a 39oC células endoteliais nem as ligações entre elas.
• Moderada – menor ou igual a 40oC. - Os neutrófilos são os primeiros leucócitos a chegar ao
• Alta – menor ou igual a 41,1oC. local, fagocitando os agentes invasores. Seguem-se os
• Hiperexia – maior que 41,1oC. monócitos, que se convertem em macrófagos,
• Aguda – menos de 7 dias. apresentando uma elevada capacidade fagocitária e
• Subaguda – menos de 14 dias. sendo capazes de apresentar antigénios às células do
• Crônica – mais de 14 dias. sistema imunitário específico, os linfócitos. Os eosinófilos,
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PROBLEMA 2
basófilos e linfócitos atuam apenas em fases mais migração e adesão de leucócitos podem ser iniciadas por
avançadas. C3a, C5a e/ou IL-8; células endoteliais podem ser ativadas
- As substâncias quimiotáxicas, para além de estimularem e P-selectina expressa, bem como e-selectina, através da
a diapedese, provocam também alterações metabólicas ativação parácrina pela histamina, enzimas tipo trombina
que aumentam a capacidade fagocitária das células e TNF-alfa; acúmulo de basófilos e leucócitos podem ser
defensivas. mediados por IL-8; ruptura das células do músculo
- A diapedese permite que os leucócitos com capacidades esquelético podem ser acionados diretamente por
fagocitárias (granulócitos e monócitos) e os linfócitos, proteases como PLA2, hemorraginas ou compostos
produtores de anticorpos, possam combater a infeção do citolíticos presentes nos venenos, ou indiretamente por
organismo imediatamente, in situ, contendo assim a sua mediadores liberados por leucócitos Escocard et al. (2006)
proliferação e minimizando os danos. De outro modo, investigaram os efeitos da depleção de neutrófilos na
apenas seria possível despoletar a resposta imunitária expressão de citocinas, quimiocinas e iNOs induzida pelo
quando o agente infecioso atingisse o sangue. veneno de B. atrox (espécimes provenientes do
Serpentário do Instituto Butantan) com o objetivo de
RESPOSTA IMUNE P/ compreender a lesão tecidual causada por este veneno.
- Os níveis de IL-6, MIP-1, MIP-2 e NO, mas não de IL-1,

COBRAS foram significativamente maiores no soro de animais


depletados.
- Vários estudos descrevem a participação das citocinas - Quando o RNAm de citocinas de animais depletados e
nos envenenamentos por serpentes. não-depletados foi analisado, os autores concluíram que a
- Os indivíduos picados por Bothrops jarara e C.d. IL-1 , IL-6, iNOS, RANTES, MIP-2 e CXCR2 foram
terrificus apresentaram aumento nos níveis de IL-6 e IL-8 detectados nas células dos dois grupos de camundongos,
(interleucinas – citocinas). TNF-alfa e TGF-beta não foram detectados e CCR1, CCR5 e
MIP-1 β foram detectados apenas em células de animais
Obs: interleucinas produzidas principalmente por
depletados.
leucócitos cada uma com suas funções, sendo que a
- Estes resultados indicam que neutrófilos regulam
maioria delas está envolvida na ativação ou supressão do
negativamente a expressão de MIP-1, CCR1 e CCR5 por
sistema imune e na indução de divisão de outras células.
células na localização de lesões, o que é importante para
Também possuem função na memória e são usados como
a migração celular na inflamação.
medicamento.
- Investigando os efeitos de jararagina-c na indução de
- O aumento da IL-6 poderia explicar a linfopenia (baixa
rolamento de leucócitos e liberação de citocinas pró-
nos linfócitos) e leucocitose (aumento de leucócitos), uma
inflamatórias no local da injeção, Clissa et al. (2006)
vez que essa citocina é capaz de aumentar a secreção de
mostraram que a mesma estimula a interação entre
ACTH (polipeptideo que controla a produção de cortisol) e
leucócitos em vasos capilares, pois o número de
glicocorticoides (hormônios esteroides caracterizados
leucócitos circulante aumentou 250% após o tratamento
pela habilidade de se ligar com o receptor de cortisol e
in vivo com a toxina isolada. Além disso, a toxina foi capaz
desencadear efeitos similares.).
de induzir a liberação de citocinas como IL-1, IL-6 e TNF-.
- É sugerido que os envenenamentos ofídicos remetem ao
.Lopes et al. (2009) investigaram a indução da inflamação
trauma agudo.
por neuwiedase, uma hemorragina classe PI isolada do
- A injeção subcutânea do veneno de B. Atrox em
veneno de B. neuwied (sinônimos: B. n. goyazensis, B. n.
camundongos induziu inflamação crônica com sinais de
meridionalis, B. N. paranaensis e B. n. urutu) (SILVA;
edema, com migração de leucócitos e de dano vascular,
RODRIGUES, 2008). Este estudo foi realizado em culturas
que resultou em hemorragia e ruptura das células do
de células de músculo gastrocnêmio.
músculo esquelético.
- Os resultados desses autores mostraram que culturas de
- O estudo mostrou que a IL-10 foi produzida por
células tratadas com neuwiedase apresentaram PMN na
macrófagos e células peritoneais; IFN-gama foi produzido
fase aguda e macrófagos em estágios mais tardios. Esses
por células peritoneais.
reultados foram corroborados por Fernandes et al. (2006),
- Além disso, autores hipotetizam que a exsudação de
usando BAP-1, que induziu acúmulo de leucócitos nos
plasma (formação de edema inflamatório) pode ser
ensaios com camundongos.
mediada pela liberação local de histamina e bradicinina; a
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- No que diz respeito à liberação de citocinas induzidas humano normal, esta hemorragina perde a sua atividade
por neuwiedase, Lopes et al. (2009) mostraram um hemolítica.
aumento significativo no KC (quimiocina similar a IL-8 - Este efeito foi dependente da dose e foi acompanhado
humana) em homogeneizado de músculo, 2 horas após a pelo consumo de C3 e C4. No mesmo estudo, C3
inoculação. O aumento significativo de IL-6 e IL-1 semipurificado foi incubado com Hi5 para ser clivada em
corroboram com os estudos em BAP-1, com o aumento da fragmentos menores. Proteína A hemorragina HI- 5 foi
IL-6 e IL-1 em homogeneizado muscular (RUCAVADO et então injetada em músculo gastrocnêmio de camundongo
al., 2002) e o aumento dos níveis de IL1- e exsudato induzindo inflamação caracterizada por edema e afluxo de
peritoneal de camundongos injetados com a mesma PMN.
hemorragina (FERNANDES et al., 2006). - A hemorragia não foi alterada. Os autores sugerem o
- Investigações posteriores mostraram que a jararagina sistema complemento, como uma fonte de mediadores
estimula diretamente a expressão de RNAm, de TNF- , IL-1 endógenos dos principais efeitos da inflamação aguda,
e IL-6 por macrófagos (CLISSA et al., 2001). tais como C3a e C5a, e também participa do recrutamento
- Isto sugere que os macrófagos são alvos importantes de de leucócitos, mas não na indução de hemorragia.
SMVPs. A pesquisa com camundongos knock-out para - Assim, estudos envolvendo a participação do NO,
TNF- e IL-6 mostrou que ambos os receptores de citocinas citocinas e do complemento confirmam as evidências
são relevantes para o desenvolvimento da necrose experimentais de que a ação direta das toxinas do veneno
induzida por jararagina, mas não no edema ou na em vários tecidos tem um papel relevante na patogênese
hemorragia (LAING, 2003). Investigando se o veneno de B. de alterações sistêmicas características do
asper (proveniente da região atlântica da Costa Rica) envenenamento ofídico.
poderia ativar complemento, Farsky et al. (2000) RESUMO
mostraram que C5a está envolvido na locomoção de
- A função, portanto, da resposta imune humoral é a
leucócitos na presença do veneno in vivo e in vitro. Além
mesma função desempenhada pelos anticorpos:
disso, BaP-1, isolada do mesmo veneno, ativou o sistema
neutralização dos antígenos (ligação íntima do anticorpo
complemento, o que pode ser observado pela diminuição
com o antígeno fazendo com que este perca sua
da atividade hemolítica do soro. Os autores também
constituição espacial elementar, eliminando a sua antiga
afirmam que a BaP-1 ativou a quimiotaxia de neutrófilos,
afinidade por um receptor alvo), opsonização (facilitação
o que não aconteceu com nenhuma PLA2 do veneno.
da fagocitose), citotoxicidade dependente de anticorpo e
- Luna et al. (2010) observaram que os venenos tanto B.
ativação do sistema complemento (responsável por
erythromelas como C. d. cascavella (espécimes
realizar a lise de microrganismos, fagocitose de
provenientes da região Nordeste do Brasil) induziram
microrganismos opsonizados com fragmentos do
maior produção de IFN- e IL-6 em culturas de esplenócitos
complemento e inflamação), sendo este ativado mediante
de camundongos. O óxido nítrico apresentou uma
o anticorpo ou não.
produção significativa apenas com veneno de B.
erythromelas, que também apresentou maior taxa de NEUTRALIZAÇÃO DOS MICRORGANISMOS E DAS
indução de morte celular quando comparado ao veneno TOXINAS MICROBIANAS :
de C. d. cascavella. Os resultados mostraram que os - Os anticorpos contra microrganismo e toxinas
venenos de B. erythromelas e C. d. cascavella induziram microbianas bloqueiam a ligação destes aos receptores
uma marcada resposta imunomoduladora in vitro, através celulares, impedindo a ação patogênica dos mesmos.
da produção de citocinas e NO. - Dessa forma, os anticorpos inibem ou neutralizam a
- No entanto, B. erythromelas induziu uma resposta pró- infecciosidade dos microrganismos, bem como os efeitos
inflamatória e uma maior taxa de morte celular em lesivos potenciais da infecção.
relação a C. d. cascavella. - Os anticorpos se ligam a estruturas específicas
- Com o objetivo de avaliar o quanto o sistema microbianas e interferem com a sua capacidade de
complemento estaria envolvido na patogênese da interagir com os receptores celulares: desse ponto de
inflamação e/ou hemorragia, Rodrigues et al. (2004) vista, os anticorpos agem como obstáculo estérico. Em
isolaram a hemorragina Hi5 de B. atrox (do Serpentário do alguns casos, poucas moléculas do anticorpo podem se
Instituto Butantan), que tem atividade hemorrágica e ligar a um microrganismo e induzir alterações de
ativa o sistema complemento. Quando incubada com soro conformação nas moléculas de superfície que impedem o
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
microrganismo de interagir com os receptores celulares; - A incorporação do FcγRIII por células alvo revestidas de
essas interações são exemplos de efeitos alóstéricos. anticorpo sativa as células NK para sintetizarem e
OPSONIZAÇÃO E FAGOCITOSE MEDIADA POR secretarem citocinas, tais como o IFN-γ, bem como
ANTICORPO: descarregarem o conteúdo dos seus grânulos, que são
mediadores da função citotóxica desse tipo de células.
- É por meio da ligação do microrganismo ao anticorpo
- Essa função citotóxica destrói as células previamente
que os receptores Fc dos fagócitos são capazes de
infectadas (por vírus ou tumorais) por apoptose.
reconhecê-los e destruí-los.
- Os eosinófilos medeiam um tipo especial de ADCC
- Os anticorpos do isotipo IgG revestem (osponizam), os
dirigido contra alguns parasitas helmínticos. Os helmintos
microrganismos e promovem a sua fagocitose pela ligação
são muito grandes para serem engolfados pelos fagócitos,
aos receptores Fc nos fagócitos.
e seu tegumento é relativamente resistente aos produtos
- Os microrganismos podem também ser opsonizados por
microbicidas dos neutrófilos e dos macrófagos, mas eles
um produto da ativação do sistema complemento
podem ser mortos por uma proteína básica principal
chamado C3b e são fagocitados pela ligação a um
presente nos grânulos dos eosinófilos. A IgE reveste os
receptor leucocitário para o C3b.
helmintos, e os eosinófilos podem então se ligar à IgE pelo
- Os receptores Fc dos leucócitos promovem a fagocitose
seu FcεRI. Os eosinófilos são ativados por sinais emitidos
das partículas opsonizadas e liberam sinais que estimulam
pelo FcγRI e liberam o conteúdo de seus grânulos, o que
as atividades microbicidas dos leucócitos. Dentre esses
resulta na morte dos helmintos.
receptores Fc, os que são mais importantes para a
fagocitose das partículas opsonizadas são os receptores
para as cadeias pesadas dos anticorpos IgG, designados ANIMAIS
receptores Fcγ.
- O principal receptor Fcγ de fagócito de alta afinidade é
chamado FcγRI (CD64). A fagocitose das partículas
PEÇONHENTOS
revestidas de IgG é mediada pela ligação das porções Fc PEÇONHENTOS X NÃO PEÇONHENTOS
dos anticorpos opsonizantes aos receptores Fcγ nos Peçonhenta Não peçonhenta
fagócitos. Já os microrganismos opsonizados com IgE, são Cabeça Achatada, Estreita,
facilmente fagocitados pelo FcεRI, presente nos triangular e longa e pouco
mastócitos, basófilos e eosinófilos, com a função principal bem destacada.
de ativação celular (degranulação). destacada.
- Em resumo, temos: Olhos Olhos Olhos
pequenos grandes, com
• FcεRI (reconhece microrganismo opsonizado por IgE):
com pupila pupila
presente nos eosinofilos, mastócitos, basófilos. Tem a em fenda circular.
função de ativação celular (degranulação). vertical.
• FcγRI (reconhece microrganismo opsonizado por IgG): Fosseta lacrimal Presente Ausente.
presente nos neutrófilos e macrófagos. Tem a função de Obs: exceção
estabelecer a fagocitose e ativação de fagócitos. cobra coral.
Dentes Presença de Sem dentes
CITOTOXICIDADE CELULAR DEPENDENTE DE
dentes Inoculadores.
ANTICORPOS–ADCC: inoculadores.
- O receptor Fc das células NK, chamado FcγRIII (CD16), Coloração Vívida. Mais fechada.
liga-se aos anticorpos IgG ligados às células, e o resultado Cauda Curta e afina Longa e afina
é a lise das células revestidas do anticorpo. Esse processo Bruscamente. Gradualmente.
Pele Áspera. Lisa.
é designado citotoxicidade celular dependente de
Corpo Grosso e não Fino e longo.
anticorpo (ADCC).
muito longo.
- O fato da FcγRIII ser um receptor de baixa afinidade que Atitude Atacam Fogem
se liga a moléculas de IgG, a ADCC só ocorre quando a quando quando
célula-alvo está revestida de anticorpo, e a IgG livre do perseguidas, perseguidas,
plasma não ativa as células NK, nem compete movimentam- movimentos
efetivamente com a IgG ligada à célula pela ligação com o se lentamente. rápidos.
FcγRIII. Hábitos Noturnas. Diurnas.
Reprodução Ovovivíparo Ovípara
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
(embrião vai (embrião se - Não têm por hábito atacar e, quando excitadas,
se desenvolve denunciam sua presença pelo ruído característico do
desenvolver no ovo, fora guizo ou chocalho.
dentro do do corpo da
ovo, porém mãe em LACHESIS (ACIDENTE LAQUÉTICO):
dentro do ambiente - Espécies: Lachesis muta (bacia Amazônica), Lachesis
corpo da externo). rhombeata (mata Atlântica).
mãe). - Nomes: surucucu, pico-de-jaca.
PEÇONHENTO X VENENOSO - É a maior das serpentes peçonhentas das Américas,
PEÇONHENTO: atingindo até 3,5 m.
- Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica
- Possuem um aparelho para inocular o veneno que se
e alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste.
ligam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões.
ELAPIDAE (ACIDENTE ELAPÍDICO):
VENENOSO:
- Espécies: Micrurus corallinus, Micrurus frontalis,
- Produzem veneno, porém não possuem estruturas para
Micrurus ibiboca, Micrurus lemniscatus, Micrurus spixii,
inoculação.
Micrurus surinamensis.
Obs: algumas espécies são venenosas mais o veneno só é
CORAL VERDADEIRA (MICRURUS):
liberado quando a glândula que o produz é pressionada.
- Não possui fosseta loureal (Atenção: ausência de fosseta
PRINCIPAIS COBRAS DA REGIÃO loureal é característica de não venenosas. Os corais são
BOTHROPS (ACIDENTE BOTRÓPICO): exceção).
- Principais espécies: Bothrops atrox (Amazônia), Bothrops - Coloração em anéis vermelhos, pretos, brancos e
erythomelas (áreas litorâneas e úmidas do Nordeste), amarelos.
Bothrops jararaca (Sudeste e Sul), Bothrops jararacuçu, - Nome: cobra coral verdadeira ou boicorá.
Bothrops mooejeni (cerrados), Bothrops alternatus. - O gênero Micrurus compreende 18 espécies, distribuídas
por todo o território nacional.
JARARACA (BOTHROPS):
- São animais de pequeno e médio porte com tamanho
- Possui fosseta loreal ou lacrimal, tendo a extremidade
em torno de 1 m.
da cauda com escamas e cor geralmente parda.
- Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos em
- Nomes populares: jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca.
qualquer tipo de combinação.
- Habitam principalmente zonas rurais e periferias de
- Na Região Amazônica e área limítrofes, são encontradas
grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como
corais de cor marrom-escura (quase negra), com manchas
matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para
avermelhadas na região ventral.
proliferação de roedores.
- Têm hábitos predominantemente noturnos ou
crepusculares. Podem apresentar comportamento
TIPOS DE VENENO
agressivo quando se sentem ameaçadas, esferindo botes BOTRÓPICO
sem produzir ruídos.
AÇÕES DO VENENO:
CROTALUS OU CAUDISONA (ACIDENTE
CROTÁLICO): AÇÃO PROTEOLÍTICA:
- Espécies: Crotalus durissus. - As lesões como edema, bolhas e necrose, atribuídas
inicialmente à “ação proteolítica” (provoca necrose
CASCAVEL:
tecidual), tem patogênese complexa. Possivelmente,
- Possui fosseta loreal ou lacrimal; a extremidade da
decorrem da atividade de proteases, hialuronidases e
cauda apresenta guizo ou chocalho de cor amarelada.
fosfolipases, da liberação de mediadores da resposta
- Nomes: Cascavel, cascavel- quatro-ventas, boicininga,
inflamatória, da ação das hemorraginas sobre o endotélio
maracamboia, maracá.
vascular e da ação pró-coagulante do veneno.
- São encontradas em campos abertos, áreas secas,
arenosas e pedregosas e raramente na faixa litorânea. AÇÃO COAGULANTE:
- Não ocorrem em florestas e no Pantanal. - A maioria dos venenos botrópicos ativa, de modo
isolado ou simultâneo, o fator X e a protrombina.
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
- Possuem também ação semelhante à trombina, - Caracterizado por edema local endurado, podendo
convertendo o fibrinogênio em fibrina. Essas ações atingir todo o segmento picado, eventualmente com
produzem distúrbios da coagulação, caracterizados por presença de equimoses e bolhas.
consumo dos seus fatores, geração de produtos de - Em decorrência de edema podem aparecer sinais de
degradação de fibrina em fibrinogênio, podendo isquemia local devido a compressão dos feixes vásculo-
ocasionar incoagulabilidade sanguínea. nervosos. Manifestações sistêmicas importantes como
- Este quadro é semelhante ao da coagulação hipotensão arterial, choque, oligoanúria ou hemorragias
intravascular disseminada. Também pode levar a intensas definem o caso como grave, independente do
alteração da função plaquetária, bem como quadro local.
plaquetopenia. LAQUÉTICO
AÇÃO HEMORRÁGICA:
AÇÕES DO VENENO:
- Decorre da presença de hemorraginas, que provocam
lesões na membrana basal dos capilares, associada à - O veneno apresenta atividade proteolítica, hemorrágica
plaquetopenia e alterações da coagulação. e coagulante.
- É relatado também ação neurotóxica, porém ainda foi
QUADRO CLÍNICO:
isolada a fração específica responsável por esta atividade.
→ Manifestações Locais: - A ação proteolítica pode ser comprovada “in vitro” pela
- Dor e edema endurado no local da picada, de presença de proteases.
intensidade variável, geralmente de instalação precoce e
QUADRO CLÍNICO:
caráter progressivo.
- Equimoses e sangramentos no ponto da picada são → Manifestações Locais:
frequentes. Infartamento ganglionar e bolhas podem - Semelhantes às do acidente botrópico, predominando
aparecer na evolução, acompanhados ou não de necrose. dor e edema.
→ Manifestações Sistêmicas: - Podem surgir vesículas de conteúdo seroso ou sero-
- Além de sangramentos em ferimentos pré-existentes, hemorrágico nas primeiras horas do acidente.
são observadas hemorragias à distância como - Manifestações hemorrágicas, na maioria dos casos no
gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria. local da picada.
- Em gestantes, há risco de hemorragia uterina. Podem → Manifestações Sistêmicas:
ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial, - Hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão,
hipotermia e mais raramente, choque. bradicardia, cólicas abdominais e diarreia (“síndrome
- Nos acidentes causados por filhotes de Bothrops vagal”).
predominam as alterações de coagulação; dor e edema - São classificados como moderados e graves.
locais podem estar ausentes. CROTÁLICO
→ Leve:
AÇÕES DO VENENO:
- Forma mais comum do envenenamento, caracterizada
por dor e edema local pouco intenso ou ausente, → Ação neurotóxica:
manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com - Fundamentalmente produzida pela crotoxina, uma
ou sem alteração do Tempo de coagulação. neurotoxina de ação pré-sináptica, que atua nas
- O Tempo de Coagulação alterado pode ser o único terminações nervosas, inibindo a liberação de acetilcolina.
elemento que possibilite o diagnóstico, principalmente - Esta inibição é o principal responsável pelo bloqueio
em acidentes causados por filhotes de Bothrops (< 40 cm neuromuscular, do qual decorrem as paralisias motoras
de comprimento) apresentadas pelos pacientes.
→ Moderado: → Ação miotóxica:
- Caracterizado por dor intensa e edema local evidente, - Produz lesões de fibras musculares esqueléticas
que ultrapassa o segmento anatômico picado, (rabdomiólise), com liberação de enzimas e mioglobina
acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais para o sangue, que são posteriormente excretadas pela
ou sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e hematúria. urina.
→ Grave: → Ação coagulante:
- Decorre de atividade do tipo trombina que converte o
fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo do
fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea.
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
- Geralmente há redução do número de plaquetas. As - São rapidamente absorvidos para a circulação sistêmica
manifestações hemorrágicas, quando presentes, são e difundidos para os tecidos, devido ao baixo peso
discretas. molecular, explicando a precocidade dos sintomas do
QUADRO CLÍNICO: envenenamento.
- As NTXs competem com a acetilcolina (Ach) pelos
→ Manifestações Locais:
receptores colinérgicos da junção neuromuscular,
- Podem ser encontradas as marcas das presas, edema e
atuando de modo semelhante ao curare.
eritema discretos.
- Nos envenenamentos onde predomina essa ação, o uso
- Não há dor, ou se existe, é de pequena intensidade.
de substâncias anticolinesterásicas pode prolongar a vida
- Há parestesia local ou regional, que pode persistir por
do neurotransmissor (Ach), levando a uma rápida melhora
um tempo variável, podendo ser acompanhada de edema
da sintomatologia.
discreto ou eritema no ponto da picada.
→ NTX de ação pré-sináptica:
- Procedimentos inadequados como garroteamento,
- Estão presentes em algumas corais e também em alguns
sucção ou escarificação locais com finalidade de extrair o
Viperídeos, como a cascavel sul-americana.
veneno, podem provocar edema acentuado e lesões
- Atuam na junção neuro-muscular, bloqueando a
cutâneas variáveis.
liberação de Ach pelos impulsos nervosos, impedindo a
→ Manifestações Sistêmicas:
deflagração do potencial de ação.
- Gerais: Mal-estar, sudorese, náuseas, vômitos, cefaleia,
- Esse mecanismo não é antagonizado pelas substâncias
secura da boca, prostação e sonolência ou inquietação,
anticolinesterásicas.
são de aparecimento precoce e podem estar relacionados
a estímulos de origens diversas, nas quais devem atuar o QUADRO CLÍNICO:
medo e a tensão emocional desencadeada pelo paciente. → Manifestações Locais:
- Neurológicas, decorrentes da ação neurotóxica do - Dor local e discreta (muitas vezes ausente)
veneno: apresentam-se nas primeiras horas e acompanhado de parestesia de progressão proximal.
caracterizam o “fácies miastênica” (fácies neurotóxica de → Manifestações Sistêmicas:
Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou - Inicialmente vômitos, posteriormente fraqueza muscular
bilateral, flacidez da musculatura da face, há progressiva, ptose palpebral, sonolência, perda de
oftalmoplegia e dificuldade de acomodação. equilíbrio, sialorréia, oftalmoplegia e presença de fácies
- Musculares, decorrentes da Atividade Miotóxica: miastênica.
caracterizam-se por dores musculares generalizadas - Podem surgir mialgia localizada ou generalizada,
(mialgias), de aparecimento precoce. dificuldade de deglutir e afonia, devido a paralisia do véu
- A urina ode estar clara nas primeiras horas e assim palatino.
permanecer, ou tornar-se avermelhada (mioglobinúria) e - O quadro de paralisia flácida pode comprometer a
progressivamente marrom nas horas subsequentes, musculatura respiratória, evoluindo para apnéia e
traduzindo a eliminação de quantidades variáveis de insuficiência respiratória aguda.
mioglobina, pigmento liberado pela necrose do tecido
muscular esquelético (rabdomiólise).
- Não havendo dano renal, a urina readquire sua
PROTOCOLO DE
coloração habitual em 1 ou 2 dias.
→ Distúrbios da Coagulação: ATENDIMENTO
- Pode haver aumento do Tempo de Coagulação (TC) ou - Após um acidente ofídico, o paciente deve ser
incoagulabilidade sanguínea, com queda do fibrinogênio tranquilizado e removido para o hospital ou centro de
plasmático, em aproximadamente 40% dos pacientes. saúde mais próximo. O local da picada deve ser lavado
ELAPÍDICO com água e sabão. Na medida do possível, deve-se evitar
que a pessoa ande ou corra, ela deve ficar deitada com o
AÇÕES DO VENENO:
membro picado elevado. Não se deve fazer o uso de
- Os constituintes tóxicos do veneno são denominados torniquetes (garrotes), incisões ou passar substâncias
neurotoxinas (NTXs). (folhas, pó de café, couro da cobra etc.) no local da
- NTX de ação pós-sináptica. picada. Essas medidas interferem negativamente,
- Presentes em todos os venenos elapídicos.
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
aumentando a chance de complicações como infecções, SOROTERAPIA:
necrose e amputação de um membro.
- Da administração do soro heterólogo pode advir
- O único tratamento eficaz para o envenenamento por
complicações como choque anafilático e doença do soro.
serpente é o tratamento com o soro antiofídico, que é
- O Teste de Sensibilidade (cutâneo ou ocular) tem sido
específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto
excluído por apresentar baixa sensibilidade e baixos
antes for iniciada a terapia com soro, menor será a chance
valores preditivos, retardando o início do tratamento
de haver complicações.
específico.
- As escolhas do soro e sua dosagem dependem do
- Além disso, reações alérgicas graves não adiam ou
diagnóstico médico, que deve levar em consideração as
contra-indicam o uso da soroterapia.
peculiaridades de cada tipo de acidente.
- Antes de administrar o soro, o profissional de saúde SOROTERAPIA ESPECÍFICA:
deve avaliar se há manifestações clínicas que indiquem - Para ser eficaz, é necessário que seja específica para o
que o indivíduo foi picado por uma serpente peçonhenta. tipo de veneno do animal agressor (importante a
Há muito mais serpentes não-peçonhentas na natureza e, identificação do animal); seja administrado dentro do
para essas, não há necessidade de tratamento com soro. menor prazo possível e na dose necessária.
Deste modo, a soroterapia sempre deve ser indicada por - Se o número disponível de ampolas for inferior ao
um médico e a aplicação deve ser feita de acordo com a recomendado, a soroterapia deve ser iniciada enquanto
gravidade do envenenamento. se providencia o tratamento complementar.
- Sua administração é por via intravenosa (por meio das - A via de escolha da administração do soro é EV, caso não
veias) e não deve ser feita fora do ambiente hospitalar, seja possível, administrar via SC. O soro, diluído ou não
pois pode provocar reações alérgicas graves com deve ser infundido em 20 a 60min. A via IM não deve ser
necessidade de tratamento imediato. utilizada (exceto Soro Antilatrodectus que épor via IM) e o
soro nunca deve ser administrado no local da picada.
SORO - A diluição, a critério médico, pode ser na razão de 1:2 ou
1:5 em soro fisiológico ou glicosado 5%, infundido-se na
- Os soros heterólogos antivenenos são concentrados de velocidade de 8 a 12ml/min. Observar possível sobrecarga
imunoglobulinas (anticorpos – fazem parte da imunização em crianças e em pacientes com insuficiência cardíaca.
passiva), obtidos através da sensibilização de diversos - O número de ampolas dependerád a gravidade do caso.
animais, a maioria de origem equina.
- A soroterapia é indicada na neutralização de venenos
SOROS ANTIOFÍDICOS
inoculados após acidente por animal peçonhento. • Antibotrópico (SAB): Na falta deste, administrar o
- Como o objetivo é neutralizar a maior quantidade antibotrópico-crotálico (SABC) ou antibotrópico-
possível do veneno circulante, independentemente do laquético (SABL).
peso do paciente, o soro deve ser administrado o mais • Antibotrópico-laquético (SABL).
precocemente possível após o acidente e, adultos e • Anticrotálico (SAC): Na falta deste, administrar o
crianças devem receber a mesma dose. antibotrópico-crotálico (SABC).
CONTROLE DE QUALIDADE DO SORO • Antielapídico (SAE).
FABRICAÇÃO
ATIVIDADE BIOLÓGICA:
- Primeiro, retira-se o veneno da cobra (1).
- Verifica a quantidade de anticorpos existentes;
- Em seguida, injetam-se pequenas doses deste veneno no
INOCUIDADE:
cavalo em intervalos de 5 dias (2).
- Segurança para o uso humano; - Passados 30 dias, o sistema imunológico do animal cria
ESTERELIDADE: anticorpos que neutralizam a ação do veneno. Então,
- Evitar contaminações com germes; retiram-se de 6 a 8 litros de sangue do cavalo em
intervalos de 48 horas (3).
PIROGÊNICO:
- A única parte utilizada do sangue é o plasma, solução
- Detectar substâncias que alterem a temperatura dos rica em sais minerais, proteínas, hormônios e anticorpos.
pacientes. As hemácias (glóbulos vermelhos) são devolvidas ao
animal. Por meio de um processo de centrifugação retira-
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ATAQUE E DEFESA
PROBLEMA 2
se o fibrinogênio, principal proteína do plasma, que sem
ele se transforma em soro.
- Depois de uma série de testes químicos, o soro é
envasado e distribuído para hospitais (4).
SORO X VACINA
VACINA:
- As vacinas estimulam o organismo para produção de
anticorpos dirigida, especificamente, contra o agente
infeccioso ou contra seus produtos tóxicos; além disso,
desencadeiam uma resposta imune específica mediada
por linfócitos, bem como tem por objetivo formar células
de memória, as quais serão responsáveis por desencadear
uma resposta imune de forma rápida e intensa nos
contatos futuros.
- Quando o indivíduo é vacinado (ou “imunizado”), o seu
organismo tem a oportunidade de prevenir a doença sem
os riscos da própria infecção. O organismo do paciente
desenvolve proteínas denominadas “anticorpos” ou
“imunoglobulinas” que impedem a disseminação do
microrganismo juntamente com outras moléculas e
células do organismo.
- O sistema imunológico pode induzir “células de
memória” que circulam no organismo e guardam na
memória como produzir esses anticorpos durante muito
tempo, muitas vezes a vida toda. Desta forma, se o
indivíduo for exposto novamente à doença, as células do
sistema imune produzirão anticorpos e serão capazes de
inibir os microrganismos antes de desenvolverem a
doença.
SORO:
- Os soros heterólogos antivenenos são concentrados de
imunoglobulinas (anticorpos – fazem parte da imunização
passiva), obtidos através da sensibilização de diversos
animais.
- A soroterapia é indicada na neutralização de venenos
inoculados após acidente por animal peçonhento. Como o
objetivo é neutralizar a maior quantidade possível do
veneno circulante, independentemente do peso do
paciente, o soro deve ser administrado o mais
precocemente possível após o acidente e, adultos e
crianças devem receber a mesma dose.

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