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MÉTODOS DE PESQUISA MOHAMMAD GULAM LORGAT

Faculdade de Engenharia

MÉTODOS DE PESQUISA
METODOLOGIA DE ESTUDO

PREMISSA: 1.2. Objectivo da disciplina:


O objectivo que se pretende alcançar com a
 Descartes (1596-1650) Metodologia de Estudo é de ajudar o
estudante a:
«Não chega ter uma boa cabeça. O principal é saber
usá-la bem.» ▪ Desenvolver um conjunto de
1.1. DEFINIÇÃO DO MÉTODO
competências fundamentais para uma
melhor aprendizagem;
 Etimologicamente: vem do latim methodu e do
grego méthodos, que significa caminho para ▪ Adquirir hábitos e métodos de estudo
chegar a um fim. adequados;

Empiricamente, perfazer um caminho exige: ▪ Construir algumas pistas que o possa


ajudar a organizar as atividades
o PROCESSO: gasto de energia, de tempo e fidelidade académicas.
ao sentido da meta estabelecida;
1.3. Problemas na Aprendizagem:
o CIRCUNSPECÇÃO : acautelar-se de perigos e Grande parte de problemas de aprendizagem
desafios, e escolhas mais acertadas para no ensino superior tem a ver com:
maximizar o tempo;
➢ A inexistência ou uso inadequado de
o ORDEM : cumprimento de regras e de lógicas métodos de estudo;
estabelecidas.
➢ A ausência de ruptura com as práticas
Portanto, metodológicas do nível secundário
(Aluno vs. Estudante)
➢ Método é processo racional e ordenado que se
segue para chegar a um fim. ➢ A inexistência de hábitos de trabalho
que favoreçam a aprendizagem;
Ou ainda, segundo Marconi e Lakatos:
➢ A dificuldade de superação da cultura
➢ Método é "o conjunto das atividades sistemáticas oral para a cultura escrita.
e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo – ➢ A desmotivação ou pouco tempo
conhecimentos válidos e verdadeiros". (2007:46). dedicado aos estudos.

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1.4. Eficácia nos estudos:
A eficácia nos estudos depende de vários factores que implicam a saúde pessoal, o grau
motivacional, a gestão do tempo, o estabelecimento de condições físicas e materiais e a assunção
de atitudes adequadas que concorrem para melhor capitalização de todos recursos necessários e
disponíveis.

1.5. Condições pessoais:


A alimentação e a saúde mental são elementos importantes para a maior eficácia nos estudos. A
fome prejudica o rendimento no trabalho intelectual. O estudante deve organizar-se de modo a
garantir que não realize o seu trabalho de estudo com fome. O desejado é de comer alguma coisa em
cada duas horas.

1.6. Motivação
O segredo do sucesso nos estudos está na qualidade da motivação.

❖ Motivação Forte: favorece maior concentração no trabalho. Permite igualmente que


o estudante guarde por muito tempo na memória tudo o que é significativo e
interessante.

❖ Motivação excessiva: pode conduzir à ansiedade e ao medo do fracasso, que


prejudicam o rendimento.

❖ Motivação fraca: conduz a atitudes negativas face ao estudo e menor investimento de


tempo.

1.6.1. Reforço da motivação:


O ideal é que o estudante seja capaz de oferecer a si mesmo reforços positivos, tais como:

(i) Hábito de pensar no futuro, ou seja, o hábito de encarar o estudo como forma de realização
pessoal e profissional (construir o seu próprio futuro);

(ii) Autoconfiança: a autoconfiança é uma atitude psicológica saudável que aumenta o interesse pelo
estudo e diminui as angústias próprias dos momentos difíceis. A autoconfiança permite ao estudante
uma reação positiva perante uma dificuldade ou pequeno fracasso. Dois exercícios mentais são
importantes para a construção da autoconfiança: assegurar-se nas conquistas académicas e acreditar
no sucesso.

(iii) Seguir o curso adequado: as preferências e os gostos oferecem maior interesse. Por isso resulta
sempre melhor escolher o curso certo, de acordo com as aptidões pessoais.

(iv) Persistência: o essencial para alcançar o sucesso é o empenho do estudante, e não apenas a
ajuda dos professores e outros.

Estudar é um empreendimento que implica forte investimento do tempo. Por isso, o estudante deve
obrigar-se a fazer uma gestão racional do tempo em favor dos seus estudos.

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2. Gestão do tempo de estudo
Para estudar bem é importante estabelecer pesquisas complementares.
uma tabela que visualize globalmente as
suas ocupações diárias e semanais. Isso ➢ Intercalar assuntos: é melhor que uma
ajuda a fazer uma gestão racional do tempo empreitada de estudo individual esteja
disponível através de priorizações para se repartida em pequenos períodos de esforço
poder dedicar a cada tarefa o tempo intenso e concentração. [Dica 1, Intervalos:
necessário. 10 minutos de intervalo por cada hora de
estudo. É melhor que se evitem atividades
i. Definir com ambição o tempo que distraiam excessivamente, como ver
dedicado ao estudo. Um estudante televisão, por exemplo; Dica 2, Fuga da
que gere racionalmente o seu tempo Saturação: mudar de assunto de estudo].
de estudo tem de elaborar um
horário semanal eficaz para o estudo ii. Criar autodisciplina. Todo tipo de trabalho
e um plano de estudo prático. O regular e planificado implica alguma dose
horário funciona como guia que pode de sacrifício, mas traz enormes
levar o estudante a trabalhar com recompensas: previne a fadiga, as
regularidade . Um horário eficaz confusões e a ansiedade de quem guarda o
deve ser realista e que se ajusta às estudo para a última hora. A autodisciplina
necessidades individuais. O plano de é um trunfo fundamental para o sucesso nos
estudo deve ter em conta a estudos e na vida e a sua aquisição é
variedade de disciplinas, a favorecida pelo cumprimento rigoroso do
relevância temporária, testes, horário.
trabalhos a entregar, etc.. Deve
igualmente ser flexível aos outros iii. Buscar complementaridade entre o estudo
compromissos. individual e o estudo em grupo. O estudo
individual favorece a leitura, a organização
O desejável é que o estudante, de apontamentos, a resolução de exercícios
recomendados, etc. O estudo em grupo
➢ Dedique ao estudo individual pelo favorece o debate e o enriquecimento
menos 4 horas diárias. Caso não seja mútuo de conhecimentos adquiridos no
possível deve dedicar, em média, estudo individual. Um grupo de estudo deve
um mínimo de 10 horas semanais. ser constituído por um máximo de 6
estudantes, para permitir maior trabalho
➢ Descubra as horas mais rentáveis
em conjunto.
para os estudos (o período de maior
rendimento intelectual). As horas iv. Ter atividades extra-académicas. A boa
mais rentáveis deverão ser escolha de atividades extra-académicas
dedicadas ao trabalho mais difícil, deve ter presente certos critérios: a saúde
que exige maior concentração. física (desporto) e a saúde psicológica
Deixando para as horas de menor (convívio). Porém, a prioridade deve ser
vivacidade mental revisões ligeiras e dada ao trabalho académico.

3. Condições de trabalho
3.1. Local de estudo: Para que um local seja apropriado para o estudo deve garantir o seguinte:

a. Condições ambientais que favoreçam maior atenção e concentração no estudo; portanto, deve
ser um ambiente de trabalho. Ideal é que exista um local destinado apenas ao estudo. Quando
não for possível, então será melhor que o estudante identifique os estímulos do meio ambiente
que podem contribuir para perturbar atenção, para encontrar, em seguida, estratégias para os
eliminar ou evitar.

b. Condições materiais básicas necessárias, como o conforto, a boa iluminação, os materiais


didáticos, etc. Também é preciso desligar ou colocar fora do local o que pode distrair (TV, rádio,
jogos do computador, etc.).

c. Não Interrupção por outras pessoas. Para evitar isso é melhor fazer pequenos acordos e criar
entendimentos na gestão da “coisa doméstica”. (dica 3, colocar um aviso na porta).
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3.2. Atitude que leva o estudante a adquirir domínio e competências na aquisição de
conhecimento.
✓ Participação ativa nas aulas; ✓ Saber pesquisar;
✓ Autonomia e aprendizagem. Trabalhar ✓ Assumir responsabilidade sobre a própria
individualmente para aprender; aprendizagem;
✓ Aplicar as técnicas de registo dos estudos ✓ Saber trabalhar em equipa;
realizados;
✓ Desenvolver atitudes e valores com ética,
✓ Interagir com os colegas, sabendo debater e respeito pelos outros e suas opiniões;
dialogar
✓ Estar aberto ao novo;
✓ Ver professores e colegas como parceiros e
colaboradores no processo de aprendizagem; ✓ Desenvolver capacidade crítica.

3.3. Atitude na sala de aula

É muito importante levar sempre para as aulas o material necessário para seguir as explicações do
professor e tirar adequadamente os apontamentos, ou sublinhar metodicamente o manual.

i) Preparação antecipada da matéria da aula seguinte


Se tiver conhecimento do assunto que irá ser tratado na lição seguinte, o estudante terá toda a
vantagem em preparar-se com antecedência. Com este tipo de preparação prévia da aula, o aluno
consegue:
▪ Captar de forma mais rápida e profunda a matéria dada;
▪ Participar de forma mais eficiente na aula, dando contributos ou colocando dúvidas;
▪ Registar apontamentos com maior facilidade.
O Pouco tempo empregue neste tipo de atividade (serão suficientes cerca de 15 minutos ) é bem
compensado pelas vantagens posteriores.

ii) Escuta atenta


A atenção é um factor essencial. Prestar atenção implica evitar distrações, brincadeiras, conversas
ou ocupações despropositadas (realizar trabalhos de outra disciplina, por exemplo). Os alunos
atentos concentram-se nas aulas, contribuindo para a motivação dos professores, captando o
essencial das matérias, tirando bons apontamentos e poupando horas de trabalho posterior. Para
melhorar a atenção é importante escolher, sempre que possível, um lugar à frente e próximo do
professor.

iii) A descoberta do essencial


Quando existe um manual adoptado, é mais fácil descobrir o essencial das matérias, que aparecem
organizadas no manual. Mas quando não existe manual, é muito mais importante tirar bons
apontamentos, porque vai ajudar a compreensão da lógica dos conteúdos, mesmo se terá
necessariamente consultar os livros da bibliografia recomendada.
o É importante também conhecer o método do professor. Cada professor tem a sua maneira
específica de dar aulas e sua maneira de formular o discurso de leccionação.
o É muito importante a interpretação das palavras usadas pelo professor. Quando alguma
palavra ou expressão suscitar dúvidas, o estudante deverá solicitar o esclarecimento do seu
exato sentido.
o Estudante deve também escutar até ao fim as explicações do professor, mesmo que a
matéria não lhe agrade ou não concorde com o que está a ser dito.

iv) O espírito de reflexão crítica


• Estudante deve refletir e avaliar aquilo que escuta. Isto significa que as coisas não devem ser
aceites nem rejeitadas sem reflexão. A reflexão crítica é um processo ativo de aprendizagem
e uma condição indispensável para uma boa participação nas aulas.
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• O que é desejável é que os estudantes não se limitem a assistir e a escutar, mas
participem activamente nas aulas. Os estudantes participativos aprendem mais e
estimulam os professores. Podem participar fazendo perguntas e intervindo nos
debates.

v) Participação

◆ Fazer perguntas

Fazer perguntas é um bom processo de participação nas aulas. Mas elas devem ser
interessadas, concretas e oportunas.

◆ Intervir nos debates

Intervir nos debates facilita a assimilação da matéria, já que a memória guarda melhor
aquilo de que se fala do que aquilo que apenas se escuta ou lê. Serve também de treino
para a comunicação com os outros e dá autoconfiança.

◆ Tirar apontamentos

O normal é fixarmos cerca de 20% do que apenas ouvimos. A única técnica que permite
não perder o que se escuta é escrever apontamentos. É muito importante possuir nas
aulas um caderno onde estes apontamentos possam ser registados. O bom aluno tem
orgulho nos seus apontamentos e conhece as vantagens dos apontamentos bem
organizados, sobretudo na altura das avaliações.

◆ Selecionar

É fundamental saber selecionar o que é mais importante. Tirar mais ou menos notas
depende da matéria, do método do professor e da existência ou não de um manual.

❑ Se existe um manual que contém o essencial da matéria, bastará anotar aquilo que
completa ou clarifica o que está escrito. Para tal podem fazer-se anotações no próprio
manual (isto implica, evidentemente, saber antecipadamente o que lá está escrito). Se
não existir um manual, torna-se importante escrever o mais possível, centrando a
atenção nas ideias, e não nas palavras do professor.

❑ Existindo ou não um manual, o aluno não deve deixar nunca de anotar:

❑ Esquemas (quadros, gráficos, desenhos que resumem o essencial).

❑ Definições, fórmulas, sínteses e comentários feitos pelo professor (estes elementos dão
pistas sobre os elementos mais valorizados nos testes , por exemplo).
BIBLIOGRAFIA:
• Faulstich, E. L. J. (1994). Como ler, entender e redigir um texto ( 6ª ed.). Petrópolis: vozes.

• Issak, A. M. (2009). Guia de estudo de metodologia do trabalho científico. Maputo: ESA.

• Lasterra, J. (1989). Estratégias para estudar. Madrid: Editorial Alhambra.

• Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007). Metodologia científica (5ª ed.). São Paulo: Editora Atlas.
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• Vasconcelos, M.L.M.C., & Brito, R. P. (2006). Conceitos de educação em Paulo Freire. S.Paulo: Ed.
Vozes.

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4. TRABALHO INTELECTUAL

académico é de ajudar o estudante a:


Premissa
▪ Posicionar-se adequadamente
Paulo Freire: diante da leitura, como um ato
indispensável na produção de
A informação precisa se traduzir em formação – conhecimentos no ensino superior;
informação digerida, pensada, introjetada e posta em
prática, ou seja, informação que cria um novo mundo a ▪ Adquirir métodos e hábitos de
partir do dado (…). A informação é comunicante, ou
gera comunicação, quando aquele, a quem se informa
leitura;
algo, apreende a substantividade do conteúdo sendo
informado, quando o que recebe a informação vai mais
além do ato de receber e, recriando a recepção, vai
transformando-a em produção de conhecimento do 4.3. Problemas
comunicado, vai se tornando também sujeito do Grande parte de problemas tem a ver
processo de informação que vira por isso formação. com:
(Vasconcelos & Brito, 2006: 126).
➢ Ausência de um hábito
4.1.Trabalho intelectual, o que é? (natural) de leitura;

É aquele que se realiza com a mente. É ➢ Preguiça de consultar


trabalho imaterial, ou seja, trabalho que dicionários;
produz produtos imateriais, como a
➢ A dificuldade de superação
informação, o conhecimento, ideias, etc. O
da cultura oral para a
trabalho intelectual difere, por isso, do
cultura escrita;
trabalho manual.
➢ Etc.,
4.2.Objectivo:
O objectivo que se pretende alcançar com a
metodologia de trabalho intelectual e

4.4. A LEITURA

Importância da Leitura:

Informação: a leitura favorece a obtenção de informação;

Conhecimento: a maior parte do conhecimento é adquirido por meio da leitura; a


leitura propicia a ampliação de conhecimentos;

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4.4.1. Como se deve ler
Uma boa leitura é feita com:

✓ Atenção : aplicação cuidadosa da mente/espírito em determinado objectivo

✓ Intenção: interesse/propósito

✓ Reflexão: consideração e ponderação, relações e dinâmicas

✓ Espírito Crítico: julgamento, comparação, aprovação ou não de pontos de vista

✓ Análise: divisão do tema, as partes e correlações

✓ Síntese: aspectos essenciais

✓ Velocidade: quanto maior for a velocidade de leitura grande é a vantagem.

4.4.2. Atitudes a evitar na leitura


❖ Dispersão de espírito: divagação;

❖ Inconstância: falta de perseverança;

❖ Passividade: ausência da mente e discussão;

❖ Excessivo espírito crítico: fixação na crítica/censura;

❖ Preguiça: incompreensão de terminologia específica;

❖ Deslealdade: defraudação da ideia do autor.


4.4.3. Operações Implicadas na Leitura

Para que a leitura seja veículo de informação e elemento de geração de conhecimento


tem de implicar: a decifração e a interpretação.

(i) A decifração: trata-se do reconhecimento, isto é, "entender o significado dos


símbolos gráficos utilizados no texto". Deve-se saber penetrar nos glossários
e léxicos especializados;
(ii) A interpretação: é a ação de ter presente o contexto real no qual se baseiam os
significados do que se lê (representação gráfica). Na interpretação estão
presentes a organização, a elaboração e a valoração.
o A organização: ato do alinhar os significados das palavras frase,
parágrafo, capítulos…
o A elaboração: "estabelecer significados adicionais em torno do
significado imediato e original dos símbolos gráficos utilizados no texto";
o A valoração: confrontar os dados da leitura com os meios ideais,
conceitos e sentimentos, a fim de aceitar ou refutar as afirmações ou
supostas verdades.

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4.4.4. Natureza ou Espécies de Leitura

As leituras podem ser de:

▪ Entretenimento ou Distração: passatempo, lazer; leitura-descanso;


▪ Cultura Geral ou Informativa: adquirir conhecimento sem grande
profundidade; inclui habitualmente crítica simples (leitura-crítica) e
elaboração imediata de juízo de valor (leitura-subjetiva);
▪ Aproveitamento ou Formativa: tem por finalidade aprender ou adquirir
conhecimentos aprofundados. Trata-se de Leitura-Trabalho, que visa
conhecimento científico. Por isso, este tipo de leitura:
É lenta (repetida várias vezes)
Acompanhada de anotações, fichas e resumos;
Implica análise e síntese.

4.4.5. Procedimento
O objecto da leitura são ideias ou acontecimentos, e procede gradualmente desde a identificação
(sobrevoar) até à interpretação:

7º - Interpretação (conclusões e ilações do autor)

6º - Organizar em ordem hierárquica de importância;

5º - Identificar e comparar entre si (semelhanças e diferenças)

4º - Reler: busca de ideias chaves (implícitas e explícitas)

3º - Reler: Compreensão global

2º- Reler: assinalar /anotar palavras ou expressões desconhecidas e buscar seus significados
(imp. dicionário)

1º- Leitura da obra/assunto escolhido: visão do todo.

4.4.6. Fases da Leitura

1ª: Fase de Reconhecimento ou Pré-leitura: leitura de visão global e de sondagem. A


finalidade é de buscar um assunto de interesse ou verificar a existência de
determinadas informações; outros termos: leitura prévia, leitura exploratória;

2ª: Fase de Seleção: leitura que visa a seleção das informações de interesse (mais
importantes), tendo em vista o tema ou o objecto específico que se pretende adquirir
conhecimento;

3ª: Fase Reflexiva ou Crítica: leitura de entendimento dos significados, onde tomam
lugar as operações da análise, comparação, diferenciação, síntese e julgamento. Trata-
se da fase de avaliação das informações, entrando em jogo as intenções e os propósitos
do autor;

4ª: Fase Interpretativa: leitura com intuito de verificar a veracidade da informação


focalizada pelo autor e abrange 3 aspectos:(i) saber o que realmente o autor afirma;
(ii) correlacionar as informações do autor com problemas para os quais se procura a
8 solução; (iii) julgar o material lido em relação ao critério de verdade.
4.4.6.1. O que se faz na pré-leitura
Quando se decide fazer uma leitura de aproveitamento ou formativa a primeira
operação importante que se deve fazer é da identificação do texto, na seguinte
ordem:
1)O título : estabelece o assunto
2) A data da Publicação: atualização
3) Edição: aceitação
4) Índice ou Sumário: divisão, tópicos e subtópicos abordados
5) Introdução ou prefácio: metodologia e objectivos do autor
6) Bibliografia: obras consultadas
Aplica-se aos relatórios/trabalhos de pesquisa científica em todos os formatos.

4.4.7. O que se faz na fase da leitura


seletiva

Identificar as ideias principais no desenrolar da argumentação


do autor;
✓ Identificar a sentença-tópico, que constitui a base de
formação do texto, período, parágrafo. Um conjunto de
sentenças-tópicos formam o resumo;
✓ Identificar a palavra-chave (Conceito-Chave): quase
sempre se situa na sentença-tópico de um texto; é
em torno dela que o autor normalmente desenvolve a
ideia principal;
✓ Selecionar as palavras-chave secundárias, que
estruturam as frases que fundamentam a sentença-tópico.
Exemplo:

"O padrão de crescimento económico em Moçambique é excessivamente


concentrado, o que quer dizer que depende de um pequeno e limitado leque
de produtos, serviços e firmas. Esta concentração é realizada primariamente
em torno do complexo mineral-energético, o que reproduz uma economia
que é extractiva nas suas dinâmicas fundamentais" (Castel-Branco &
Ossemane, 2010:141).

Sentença-tópico :" O padrão de crescimento económico em Moçambique


é excessivamente concentrado”
Palavra/conceito chave Palavra/conceito Palavra/conceito
principal chave secundária chave secundária
Crescimento económico Concentrado Complexo mineral-
energético
Reprodução Economia extractiva

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4.5. MAPA CONCEPTUAL

“Os mapas conceptuais foram desenvolvidos no decurso da investigação de J.


Novak e D. Gowin, na qual procuraram seguir e perceber a evolução de
conhecimentos e ideias de ciência nas crianças.

Os mapas conceptuais são ferramentas usadas para organizar e representar um


corpo de conhecimento. Incluem conceitos, geralmente envolvidos por caixas, e
as relações entre os mesmos ou proposições, que aparecem como uma linha,
contendo uma palavra, que liga dois conceitos. Essa palavra (de ligação)
especifica a relação entre os dois conceitos, atribuindo um significado à relação.

Os conceitos são representados de uma forma hierárquica, com os conceitos mais


gerais e inclusivos no topo do mapa e os mais específicos, portanto os conceitos
menos gerais, dispostos hierarquicamente por baixo.

Os mapas de conceitos dirigem a atenção, sobre um reduzido número de ideias


importantes nas quais se deve concentrar. Por isso, para construir um mapa de
conceitos, deve primeiro identificar os conceitos-chave, necessários para
entender o significado do assunto. Os conceitos-chave devem seguidamente ser
ordenados hierarquicamente, do mais geral ou inclusivo, para o mais específico
ou menos inclusivo. Ligue dois conceitos com as linhas ou setas unindo-os, e
rotule essa ligação com palavras de ação que definam a relação entre os
conceitos. Melhore o mapa de conceitos agrupando os conceitos mais
relacionados. Isto irá ajudar a reduzir o número de ligações que se estendem de
uma secção do mapa a outra. Escolher palavras de ligação mais descritivas.

Para mais informações acerca da teoria subjacente aos Mapas Conceptuais e como
os construir, consulte o site http://mapaconceptual.no.sapo.pt/sobre.htm

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EXEMPLO,(

Mapa conceptual

representa

Organização do saber
que
em
em
Dependente do contexto

Conceitos Para fazer-> Proposições


Está
Necessário para
São Ligado á afectividade

Rótulos
Aprender

Símbolos
Palavras Estudar

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4.6. RESUMO

6.1. O que é?

"é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto, destacando-se os


elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais ideias do autor da
obra"

6.2. Finalidade

➢ Condensação do conteúdo para posterior leitura rápida e utilização dos conteúdos


em trabalhos científicos dispensando o original.

6.3. O que deve conter?

❑ O resumo deve conter, de forma sintética e clara, colocando em destaque a


validade e originalidade dos achados:

A natureza da pesquisa ;

Os resultados;

As conclusões mais importantes.

6.4. Como resumir

1º- Captar o plano geral da obra e do seu desenvolvimento (fazer um esboço)

2º- Responder a duas questões principais: de que trata este texto? (ideia central); O
que pretende demonstrar? (propósito)

3º- Descobrir as partes principais em que se estrutura o texto

(v) Tipos de resumos

➢ Indicativo ou descritivo: faz referência às partes mais importantes, componentes


do texto; descreve a natureza, a forma e o propósito do texto

➢ Informativo ou analítico: quando salienta

▪ Os objectivos e os assunto

▪ Os métodos e as técnicas

▪ Os resultados e as conclusões

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4.7. ANÁLISE

4.8. SÍNTESE

4.7.1. O que é análise? fidelidade ao texto.


É estudar, decompor, dividir, interpretar; é
▪ 4.8.1. O que é síntese?
exame sistemático dos dados; ▪ Consiste na exposição abreviada
▪ É decompor um todo em suas partes, a fim (apresentação concisa) do
de efetuar um estudo mais completo. Para conteúdo de um livro, um
isso, é importante verificar as correlações capítulo ou artigo, uma tese,
existentes entre as ideias expostas. etc., oferecendo uma visão global
▪ Três elementos implicados: explicação, não só das conclusões, como
discussão e avaliação. também das relações
4.7.2. Finalidades determinantes da unidade do
o Chegar a níveis mais profundos de objecto de estudo;
compreensão; ▪ É uma operação mental que
- distinguindo as ideias principais (ou diretrizes) das procede do simples para o geral.
secundárias;
- identificar as conclusões e as bases que as 4.8.2.Regra da Síntese:
sustentam. Consiste em:
➢ "Conduzir os pensamentos por
4.7.3.Tipos de Análise: (ler: Marconi & Lakatos, ordem, começando pelos objetos
2007: 25-29) mais simples e mais fáceis de
❑ Análise dos Elementos; conhecer, para ir pouco a pouco,
❑ Análise das Relações; gradualmente, até os
❑ Análise da Estrutura (estática vs. dinâmica); conhecimentos mais complexos";
❑ Análise Textual; ➢ Analisar paulatinamente objetos
❑ Análise Temática; mais simples até se atingir os
❑ Análise Interpretativa; mais complexos.
❑ Análise de Problematização
❑ Análise com vista a Síntese Pessoal 4.8.3. Síntese vs. Análise:
▪ Síntese e análise são
4.7.4.Redação do texto de análise: operações inversos, mas
i.Evitar a mera descrição de problemas e complementares. Aquela é
conteúdos; redução e esta é ampliação.
ii. Ter presente o conteúdo como base; Síntese é próximo do resumo
iii. Observar regras de citações; e análise é interpretação. Os
iv. Redigir com clareza, com uma ordem lógica dois processos são essenciais
de pensamento; no trabalho científico.
v. Interpretar, estabelecer relações,
apontando aspectos importantes;
vi. Encontrar conclusões;
 Esta operação deve ser feita mantendo

BIBLIOGRAFIA:

• Faulstich, E. L. J. (1994). Como ler, entender e redigir um texto ( 6ª ed.). Petrópolis: vozes.

• Issak, A. M. (2009). Guia de estudo de metodologia do trabalho científico. Maputo: ESA.

• Lasterra, J. (1989). Estratégias para estudar. Madrid: Editorial Alhambra.

• Netto, J. P. (2006). Aprender a Aprender (2ª ed.). S. Paulo: Paulus.

• Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007). Metodologia científica (5ª ed.). São Paulo: Editora Atlas.

• Vasconcelos, M.L.M.C., & Brito, R. P. (2006). Conceitos de educação em Paulo Freire. S.Paulo: Ed.
Vozes.

• Brito, L. & Castel-Branco C. N. (2010), Desafios para Moçambique 2010, Maputo: IESE 13

5. METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÉMICO/CIENTÍFICO
Premissa

Manual de investigação da UCM: 1. Objectivo:


O objectivo que se pretende alcançar com a
Os trabalhos escolares são uma ferramenta para metodologia do trabalho académico/científico
desenvolver a autonomia dos estudantes em é de ajudar o estudante a:
matéria de pesquisa científica e permitir a
“transferência” (contextualização e aplicação) do ▪ Desenvolver um conjunto de
conhecimento produzido. competências metodológicas
fundamentais para produzir trabalhos
Trabalho académico, o que é? académicos com rigor científico;

É o texto que resulta de algum dos diversos ▪ Saber distinguir as partes de um texto
processos ligados à produção e transmissão académico, a sua formatação física e
de conhecimento executados no âmbito das textual, bem como saber fazer
instituições de ensino, pesquisa e extensão corretamente citações e referências
universitária. bibliográficas.

2. Problemas
- A cientificidade de um trabalho
Grande parte de problemas tem a ver com:
académico provém do facto deste ser
elaborado de acordo com normas ➢ Ausência de uma certa vigilância
preestabelecidas e com o fim a que se no uso das regras metodológicas
destinam; exigidas para o trabalho
académico;
- Os trabalhos académicos/científicos
podem ser realizados com base em Todo trabalho académico/científico deve
fontes de informações primárias ou seguir certos padrões internacionalmente
secundárias e elaborados de várias aceites e certas exigências particulares
formas, de acordo com a metodologia e da instituição ou do curso em que se
com os objectivos propostos. inscreve

3. O ASPECTO GRÁFICO (APARÊNCIA) DE UM TRABALHO ACADÉMICO

Em geral, o aspecto gráfico de um trabalho académico/científico deve comportar os seguintes


elementos:

✓ Dactilografado ou digitiforme;

✓ Paginado;

✓ Corpo de Texto: enumerado em Títulos, Subtítulos;

✓ Fonte (tipo de letra): Times New Roman;

✓ Tamanho do tipo de letra:12 para o texto e 10 para citações longas e notas de rodapé;

✓ Margens: Superior – 3 cm; Inferior – 2 cm; Esquerda – 3 cm; Direita – 2 cm;

✓ Espaçamento: 1,5

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.
4. AS PARTES CONSTITUINTES DE UM TRABALHO ACADÉMICO/CIENTÍFICO:

Duas partes fundamentais constituem o trabalho académico:


▪ O PARATEXTO:
▪ O TEXTO:

4.1. PARATEXTO

Compreende todos os elementos que estão para além do texto, ou seja, informações que
acompanham uma obra e que contribuem para a motivação da sua aquisição ou leitura. O
paratexto divide-se em dois: Pretexto (elementos pré-textuais) e pós-texto (elementos pós-
textuais).

4.1.1. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS: são os que antecedem o texto e fornecem informações


relevantes para a identificação e utilização do trabalho. Alguns dos elementos pré-textuais
frequentes:

Capa, título, dedicatória, agradecimentos, prefácio, sumário executivo, lista de


abreviaturas e siglas, glossário, índice (lista de figuras, tabelas), lombada.

4.1.2. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS: são os que se situam depois do texto; complementam o


trabalho e referenciam a sua produção. Alguns dos elementos pós-textuais frequentes:

➢ Bibliografia, posfácio, apêndice, Anexos, contracapa

Há certos elementos que são apenas paratextuais, pois não se situam no pretexto nem no pós
–texto, como por exemplo, a nota de rodapé e o cabeçalho.

CAPA:

“Revestimento inicial de um livro. Num trabalho académico a capa vai conter os seguintes
elementos: 1) Referências Institucionais; 2) Título/tema; 3) Nome do estudante; 4) Nome do
docente; 5) Local e data.

CONTRACAPA:

“Revestimento final do livro (em papel, cartão, pele...) onde surgem informações sobre o autor,
um excerto da obra ou ainda uma síntese ou comentário crítico do livro, o que torna apetecível a
sua leitura.”

LOMBADA:

“Parte do livro que segura a capa e contracapa, funcionando como um dorso. Pode conter o nome
do autor, o título e outros elementos.”

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Título:
É elemento paratextual fundamental de identificação de um texto. o título expressa o conteúdo
semântico geral e dominante do texto, sendo simultaneamente informativo e apelativo;
corresponde geralmente a uma frase e reparte-se pelos seguintes tipos: título síntese (sem verbo
conjugado); títulos descritivos (com verbo conjugado); títulos sugestivos (predominam a função
fática e apelativa; vulgarmente, sem verbo).

ÍNDICE:

Listagem discriminada da denominação de unidades ou elementos constitutivos de uma publicação,


com indicação da página respectiva e com uma determinada ordem. O Índice pode estar no início
ou no fim da obra.

a) índice geral: os elementos surgem referenciados pela ordem em que surgem no corpo da obra -
(segue-se, portanto a ordem da paginação);

b) índice onomástico: os elementos inventariados são nomes de autores citados e surgem ordenados
alfabeticamente;

c) índice ideográfico ou remissivo: os elementos listados são assuntos tratados em momentos


diversos do texto e ordenam-se alfabeticamente;

ABREVIATURAS:

- Listagem de todas as abreviaturas usadas no trabalho com respectiva designação, organizada


em ordem alfabética.

- A primeira aparição da abreviatura texto será colocada depois do seu significado escrito por
extenso e a abreviatura deverá estar em entre parênteses.

- Deve-se manter rigorosamente a abreviatura na língua original

NOTA DE RODAPÉ:

- Conjunto de anotações/observações, necessárias à compreensão de um texto, surgindo,


geralmente, em formato ligeiramente mais reduzido, no fundo da página, separadas por um
filete ou no fim da publicação. Tem, entre outras finalidades, a de indicar a fonte das citações,
acrescentar indicações bibliográficas de reforço e informações suplementares ou marginais ao
texto principal, assim como alargar e/ou circunscrever afirmações do texto.

PREFÁCIO:

Quando é da responsabilidade do próprio autor:

➢ É reservado à exposição das motivações, circunstâncias, objectivos, justificações de opções ou


etapas que presidiram à constituição da produção textual, dada a público ;

- Quando é redigido por alguém, que não o autor, dado como conhecedor da obra, da área
temática em que aquela se inscreve e, possivelmente, do percurso de trabalho aí
implicado:

➢ É reservado à apreciação valorativa da obra, de âmbito literário ou científico, e do mérito do


autor.

POSFÁCIO:

É elemento paratextual de esclarecimento ou advertência que surge, na parte final de


uma obra, em secção autónoma, sem que tenha necessariamente de ser escrito pelo autor.
Aparece, por norma, assinado e com indicação do local e data de redação.

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GLOSSÁRIO:

Consiste num dicionário ou lista de vocabulário ordenado alfabeticamente que explica palavras
pouco comuns ou com alguma especificidade.

❖ Dicionário que reportaria palavras raras ou pouco conhecidas, acompanhadas de uma


pequena definição ou de uma tradução.

❖ Léxico formado de termos utilizados por um autor, por uma ciência ou uma técnica, dentro
de um domínio especializado.

As Teses e certos livros podem conter ainda os seguintes elementos paratextuais:

✓ A DEDICATÓRIA

✓ OS AGRADECIMENTOS

✓ O SUMÁRIO EXECUTIVO (Abstract)

BIBLIOGRAFIA:

É a enumeração das obras a que direta ou indiretamente se faz referência


num texto de natureza científica. Esta secção é localizada na parte final de
um trabalho e deve conter todos os dados bibliográficos necessários,
dispostos por ordem alfabética do apelido do autor, obedecendo a
determinadas regras gerais.

Na UCM a composição bibliográfica e as citações devem seguir normas APA.


(para a explicação deve seguir-se o Manual de Investigação da UCM).

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Bibliografia:

- Faulstich, E. L. (1994). Como ler, entender e redigir um texto (6ª ed.). Petrópolis:
vozes.

- Manual de investigação da UCM, (Junho,2012). Nampula: Instituto Integrado de Apoio à


Investigação Científica.

- Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007a). Metodologia do trabalho científico (7ª ed.).
São Paulo: Atlas.

- Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2007b). Metodologia científica (5ª ed.). São
Paulo: Atlas.

- Vasconcelos, M.L.M. C., & Brito, R. P. (2006). Conceitos de educação em Paulo Freire.
S.Paulo: Vozes.

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