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Avaliação Educacional

Material Teórico
Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Práticas Avaliativas
e Instrumentos de Avaliação

• Instrumentos e Técnicas de Avaliação.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer os instrumentos e as técnicas da avaliação escolar;
• Compreender as reais finalidades da aplicação dos instrumentos e das técnicas no ato
de avaliar;
• Compreender a importância da utilização dos instrumentos e das técnicas de avaliação na
perspectiva de uma avaliação formativa;
• Analisar as possibilidades de aplicação das diversas técnicas e dos instrumentos para
melhorar o processo de avaliação;
• Conhecer as possibilidades de utilização das tecnologias na avaliação escolar.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Instrumentos e Técnicas de Avaliação


Considerando a necessidade de se repensar a avaliação escolar, frente às no-
vas concepções de educação, é fundamental que ela seja compreendida como
um ato indissociável do processo de ensino e aprendizagem, dando-se o devido
valor aos instrumentos e às técnicas aplicados nesse processo. Dessa forma, ao
pensarmos nos instrumentos e nas técnicas para avaliar, é importante refletir,
sobretudo, sobre as funções ocultas que a avaliação exerce e a importância
de respondermos aos questionamento para que e quem avaliamos, “ pois o
valor da avaliação não está no instrumento em si, mas no uso que se faz dele”
(­M ENDEZ, 2002, p. 98).

Quais instrumentos e técnicas são mais adequados para ressignificarmos o processo avaliati-
Explor

vo em sala de aula de forma a superarmos a função classificatória da avaliação e promover-


mos a aprendizagem dos alunos?

A discussão sobre o conceito de avaliação revela que ela não é um processo


neutro, estando sempre subjacente ao papel do avaliador uma concepção de
educação e um posicionamento ideológico em relação ao processo educativo.
O professor, ao assumir um posicionamento crítico frente à educação e ao ato
de avaliar, compreende que o importante não é meramente a constatação do
que o aluno aprendeu pelo ato de memorizar, mas o processo como essa apren-
dizagem ocorreu.

Ao avaliar, o professor exerce uma atividade de julgamento, relacionada não


apenas com os objetivos imediatos de seu objeto de ensino, mas também com
finalidades maiores que definem as características de um projeto educacional e co-
erentes com o Projeto Político-Pedagógico da escola.

É evidente que a avaliação não se restringe à medição: é um processo mais


amplo, que implica na atribuição de um julgamento de valor. Todavia, para poder
avaliar, o professor deve partir da verificação da aprendizagem, ou seja, da coleta
de evidências necessárias ao julgamento valorativo. Considerando a complexidade
do ato avaliativo, é preciso que o professor saiba escolher a técnica e o instrumento
adequados a cada situação, visto que a avaliação pode assumir várias formas no
contexto escolar, mais ou menos sistemáticas, formais ou informais.

Leia as situações a seguir:


Explor

1 – O professor observa que um aluno está confuso e com dificuldades para realizar o exer-
cício de matemática proposto em sala de aula, aproxima-se para saber qual a sua dúvida e o
orienta para execução correta da tarefa;
2 – O professor, ao final de uma unidade didática, aplica uma prova com exercícios de mate-
mática para averiguar o conhecimento do aluno.

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Nas duas situações descritas acima, o professor utilizou da avaliação empre-
gando técnicas e instrumentos diferenciados, sendo que, no acompanhamento diá-
rio dos alunos, foi empregada uma avaliação informal por meio da observação, en-
quanto que na segunda, foi utilizada da prova em uma situação formal de avaliação.

Em Síntese Importante!

A finalidade do uso de técnicas e instrumentos não é meramente para a constatação dos


resultados, mas para oferecer informações aos professores e aos alunos sobre o processo
de aprendizagem. A escolha das técnicas e dos instrumentos deve estar sempre alinhada
aos objetivos educacionais.

Mas antes de conhecermos sobre os diferentes instrumentos e as técnicas que


podem ser utilizados no processo avaliativo, compreenderemos o significado desses
nas práticas avaliativas.
A técnica é um conceito mais amplo; é a primeira categorização que
pode abarcar e utilizar vários instrumentos. É o método operativo geral
que põe em jogo diversos procedimentos para obter a informação ne-
cessária sobre a aprendizagem dos alunos. O Instrumento, porém, é
uma ferramenta específica, um recurso específico, ou um material estru-
turado que se aplica executoriamente para recolher os dados de forma
sistematizada e objetiva acerca de algum aspecto claramente definido.
(CASTILHO; CABRERIZO, 2013, p. 264)

Castilho e Cabrerizo (2013, p. 264) en-


fatizam alguns requisitos importantes para
ajudar o professor na seleção das técnicas
e dos instrumentos:
• Serem múltiplos e variados;
• Darem informações válidas do que
se pretende conhecer;
• Utilizarem diferentes formas de ex-
pressão (orais, gráficas, escritas etc.);
• Serem aplicáveis em situações esco-
lares habituais;
• Permitirem comprovar a transferência Figura 1
de aprendizagem; Fonte: GettyImages

• Poderem ser utilizados em diversas situações e modalidades de avaliação: hete-


roavaliação, autoavaliação e coavaliação.

A observação é uma técnica muito presente no contexto escolar e possibilita


a investigação das características individuais e grupais dos alunos, suas fragilida-
des e potencialidades, bem como aspectos facilitadores e dificultadores do trabalho

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

pedagógico­. Ela pode ocorrer em diversos momentos e situações de aprendizagem,


em sala de aula e em outros espaços da escola, enquanto o professor interage com
os alunos e durante as atividades pedagógicas.

Embora seja mais empregada na educação infantil e nas séries iniciais do ensino
fundamental, a observação pode ser aplicada em alunos de qualquer idade e em
qualquer nível de ensino.

Quanto mais organizada, dirigida e objetiva for a observação, menor será o risco
de um falso juízo de valor, portanto o professor deve trabalhar com a observação
sistemática. Por outro lado, entretanto, não deve o professor desprezar a obser-
vação assistemática, que acrescentará informações aos dados reunidos através da
observação sistemática.

Observação sistemática: quando o observador tem objetivos previamente definidos e, em


Explor

consequência, sabe que aspectos observará. Esses aspectos devem ser relacionados com os
objetivos de ensino já definidos e, por isso mesmo, requerem planejamento específico.
Observação assistemática: se refere a experiências casuais, levando o observador a re-
gistrar o maior número possível de dados sem correlacioná-los, a priori, com objetivos
claros e definidos.

É importante compreender que a observação está sujeita à subjetividade do pro-


fessor, sendo necessária a vigilância quanto aos erros de percepção e tendenciosi-
dade que podem interferir na utilização dessa técnica. Libâneo (2013, p. 237) asse-
vera a importância de o professor evitar conclusões e julgamentos apressados, bem
como interpretações preconceituosas para julgar os comportamentos manifestados
pelos alunos, para que a observação não seja mera opinião, mas resultado de uma
avaliação fundamentada.

A técnica de observação pode empregar vários instrumentos em sua operacio-


nalização, tais como diários, relatórios, questionários, entre outros.

Libâneo (2013, p238-239) destaca uma relação de itens que podem ser emprega-
dos durante a observação, considerando os objetivos e conteúdos de aprendizagem.
• Desenvolvimento intelectual:
» Presta atenção nas aulas e no trabalho independente;
» É persistente na realização das tarefas;
» Tem facilidade de assimilação da matéria;
» Demonstra atitude positiva em relação ao estudo;
» Tem facilidade de expressão verbal;
» Tem pensamento crítico e independente.
• Relacionamento com os colegas e com o professor:
» Tem facilidade em fazer amizade;

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» É leal e sincero com os outros;
» Respeita os colegas e o professor;
» Tem espírito de solidariedade e cooperação;
» Observa as normas coletivas de disciplina;
» Coopera com o professor e os colegas nas tarefas.
• Desenvolvimento afetivo:
» Tem interesse e disposição para o estudo;
» Resolve suas próprias dificuldades;
» É responsável em relação às tarefas de estudo;
» Controla suas emoções e seu nervosismo;
» Tem iniciativa;
» Faz uma imagem positiva de suas próprias possibilidades;
» É bem-humorado e alegre;
» É expansivo e espontâneo.
• Organização e hábitos pessoais:
» Mantém em ordem seus cadernos e materiais;
» Cuida da higiene pessoal (roupas, cabelos e unhas etc.);
» Tem presteza para iniciar as tarefas no prazo solicitado;
» Apresenta as tarefas no prazo solicitado;
» Tem boa postura do corpo;
» Tem boa disposição física e aparenta boa saúde;
» Tem hábitos de urbanidade e cortesia.

Questionário
O questionário é o instrumento que consiste em uma série de perguntas or-
ganizadas às quais o aluno escolhe uma entre várias respostas, responde sim
ou não, ou responde livremente às questões. É muito útil para a obtenção de
informações sobre percepções, gostos, interesses, sentimentos, necessidades e
atitudes de modo geral.

O mérito ou valor do questionário como instrumento de avaliação está na for-


mulação das perguntas. Desse modo, alguns aspectos precisam ser considerados:
• As perguntas devem revestir-se, sempre que possível, de um caráter de estímulo.
O aluno precisa sentir-se incentivado para respondê-las;
• Não se deve incluir no questionário perguntas inúteis ou desnecessárias, mas
somente aquelas que favoreçam a busca da informação desejada;

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

• As perguntas não devem insinuar as próprias respostas, isto é, não devem ser
tendenciosas ou conduzir o aluno para a resposta que se está “desejando”;
• Alguns assuntos não recomendam perguntas diretas. Criam inibição no aluno
e, consequentemente, levam-no a manifestar uma atitude diferente. Outros
assuntos, entretanto, já requerem perguntas objetivas, diretas e precisas;
• Enquanto possível, as perguntas devem ser simples, de fácil compreensão e
devem exigir respostas numéricas, ou um simples sim ou não;
• É recomendável, também, que as perguntas confirmem umas às outras.

Figura 2
Fonte: GettyImages

Importante! Importante!

Para se elaborar um questionário deve-se, inicialmente, planejá-lo. Esse planejamento


consiste em:
1. definição do objetivo do instrumento e delimitação do campo de conhecimento (conteúdo);
2. levantamento das informações desejadas, que devem ser compatíveis com o objetivo
do instrumento.

Figura 3
Fonte: GettyImages

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A entrevista é uma técnica básica de avaliação, na qual o diálogo é o recurso uti-
lizado para avaliação. A entrevista pode ajudar o professor a ampliar os dados que
já tenha, tratar de um problema específico identificado nas observações e esclarecer
dúvidas em relação a determinadas atitudes e hábitos das crianças (LIBÂNEO, 2013).

Nesse sentido, é esperado que o professor tenha adequada capacidade de comu-


nicação e argumentação para promover um diálogo aberto, colocando o aluno à
vontade para expressar-se.

A prova
Dentre as diferentes técnicas e instrumentos para realização da avaliação esco-
lar, a prova escrita é um dos instrumentos mais presentes em nossa cultura. Porém,
é fundamental a devida discussão desse instrumental para não seja reproduzida no
contexto escolar uma avaliação meramente focada na pedagogia de exames.

Figura 4
Fonte: GettyImages

Moretto (2001) faz uma discussão sobre a prova escrita dentro de uma pers-
pectiva construtivista sociointeracionista da educação, alertando sobre a impor-
tância da formulação da pergunta. Para que produza resultados confiáveis, esse
instrumento de avaliação deve ser cuidadosamente planejado, com a elaboração
de questões baseadas nos objetivos e conteúdos estabelecidos.

Segundo Moretto (2001, p. 100), é preciso que a avaliação seja eficiente e efi-
caz. Uma prova pode ser eficaz, atingir ao objetivo proposto, sem ser eficiente, por
exemplo, quando os alunos tiram 10 por terem decorado um determinado conteúdo
de forma isolada. Em pesquisa realizada pelo autor, com a análise de mais de seis
mil provas aplicadas em todo o país, foi possível estabelecer algumas características
para caracterização de um modelo tradicional ou construtivista da prova escrita.

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Vejamos o que Moretto (2001, p. 100-103) elenca como característica das pro-
vas na linha tradicional:

1 – Exploração exagerada da memorização: nesse caso, as questões são utilizadas recorrendo à


memorização mecânica do conteúdo estudado, sem que haja qualquer análise ou explicação. O que se
espera é a resposta memorizada do aluno;
2 – Falta de parâmetro para correção: é muito importante que o enunciado da questão deixe claro
para o aluno os critérios que poderão ser utilizados para correção, pois, ao contrário, o aluno pode ficar
na mão do professor;
3 – Utilização de palavras de comando sem precisão de sentido no contexto: Ao elaborar uma
pergunta com a utilização de palavras como comente, dê sua opinião, justifique ou caracterize, não
se faz isso estabelecendo uma relação exata com o contexto da questão.

Para melhor elucidação do modelo de prova tradicional, apresentaremos a se-


guir uma das situações relatadas pelo autor, enquanto resultado de sua pesquisa:
Questão (Geografia)

Dê sua opinião: o que você faria para acabar com a situação da seca
no Nordeste?

Resposta (absurda de um aluno)

“Nada, absolutamente nada, pois não gosto do Nordestino e quero que


todo mundo se lasque”.

Comentário

“A resposta, mesmo que absurda, responde ao comando: Dê sua opinião.


Este é o tipo de questão sem parâmetros para correção e que deixa o
aluno “na mão do professor”. Alguns professores podem alegar que é im-
portante saber da opinião dos alunos sobre determinado assunto. Ótimo,
nada de errado nisso. Mas se assim for, é preciso ter consciência de que
qualquer resposta dada merece receber os pontos atribuídos à questão,
mesmo uma resposta absurda como a colocada acima.

Outra forma de perguntar

Neste mês estudamos o quanto nossos irmãos do sertão nordestino so-


frem com a seca que assola. Imagine que você fosse uma autoridade com
poderes de resolver, mesmo em parte, a questão. Apresente ao menos 4
(quatro) medidas racionais e humanitárias que você tomaria para resolver
o problema.

Comentário

Neste caso o enunciado introduz ideia da cidadania na expressão “nos-


sos irmãos nordestinos”. Há um parâmetro de “4 medidas” (não importa
quais). O aluno deverá pensar positivamente, pois as medidas deverão ser
racionais e humanitárias. (MORETTO, 2001, p.107-108)

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Em relação à prova na perspectiva construtivista, podem ser elencadas as se-
guintes características:

1 – Contextualização: uma prova com enunciado contextualizado é aquela na qual o aluno tenha que
buscar no texto os dados necessários para fundamentar a sua resposta;
2 – Parametrização: significa a indicação clara e precisa dos critérios de correção. Ao propor o enun-
ciado da questão, o professor precisa explicitar com clareza os aspectos que serão avaliados, por exem-
plo, quando se pede para que o aluno apresente as características do povo brasileiro, o que poderia
indicar com clareza os critérios que seriam se fossem explicitadas quantas e quais características, sejam
elas físicas, sociais, culturais etc.;
3 – Exploração da capacidade de leitura e escrita do aluno: nesse sentido, é muito importante que
as provas tenham enunciados que provoquem no aluno a leitura, bem como a escrita no momento das
respostas, com questões que exijam a argumentação;
4 – Proposições de questões operatórias e não apenas transcritórias: as questões operatórias são
as que exigem do aluno ao responder operações mentais mais ou menos complexas, permitindo que
ele estabeleça relações significativas em um universo simbólico de informações, enquanto que as ques-
tões transcritórias exigem do aluno apenas respostas que foram decoradas sem contextualização e
relação com o seu cotidiano. (MORETTO, 2001, p. 110-121)

Existem dois tipos básicos de prova: a dissertativa, também chamada de resposta


livre, e a de múltipla escolha ou objetiva.

A prova dissertativa, de resposta livre ou com questões abertas, é constituída


de um conjunto de questões ou temas a serem respondidos pelos alunos com suas
próprias palavras. É importante que as questões sejam claras e mencionem uma ha-
bilidade mental a ser apresentada pelo aluno, como exemplos: compare, relacione,
descreva etc. Apesar de se esperar que os alunos apresentem nas respostas a assi-
milação do conteúdo, o professor não deve exigir a mera reprodução do conteúdo
escrito nos livros ou nos cadernos. É importante que o professor tome alguns cuida-
dos na correção das provas dissertativas, dentre eles: preparar um guia de correção
indicando as respostas esperadas em cada pergunta; se atentar para a objetividade
na correção e atribuir um peso a cada questão (LIBÂNEO, 2013).

Já na prova de múltipla escolha ou objetiva, é esperado do aluno uma resposta entre


as alternativas possíveis de resposta. Nesse tipo de prova, é possível que o professor
elabore um número maior de questões abrangendo um campo maior dos conteúdos
trabalhados em sala de aula. Apesar de possibilitar uma correção com maior rapidez,
esse tipo de prova exige técnicas apropriadas para sua elaboração (LIBÂNEO, 2013).

No livro Didática, de José Carlos Libâneo, você poderá encontrar diferentes tipos de questões
Explor

que podem ser propostas nas provas objetivas:


LIBÂNEO, J.C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Ao realizar as atividades de sistematização das unidades de cada disciplina do curso, você
também tem experiência com diferentes tipos de questões de provas objetivas.

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Apesar das múltiplas possibilidades de emprego da prova no processo avaliativo,


é importante destacar que somente esse instrumental não é suficiente para coletar
todos os dados do processo de ensino e aprendizagem e torna-se útil quando seus
resultados estão associados a outros procedimentos avaliativos.

Portfólio
O portfólio deve ser compreendido como uma estratégia de avaliação que se
apoia em uma concepção de ensino e aprendizagem diferente da que costuma ser
praticada na escola, sendo utilizado na educação a partir da década de 1990.

Segundo Villas Boas (2015), o portfólio pode ser definido com um conjunto das
produções ou ainda de documentos, atividades que demonstram o progresso da
aprendizagem, permitindo ao produtor o acompanhamento de suas produções.
O portfólio é, portanto, uma modalidade avaliativa que permite aos alunos partici-
parem ativamente de sua aprendizagem e avaliarem o seu progresso.

Para o professor, o portfólio oferece a possibilidade de compreender como os


alunos aprendem e de aprimorar o trabalho pedagógico, com reflexão sobre a sua
conduta profissional.

Para o aluno, o portfólio oferece a possibilidade de conhecer suas potencialida-


des e os aspectos que precisam ser melhorados.

Em Síntese Importante!

Três ideias básicas sobre o portfólio:


1 – A avaliação é um processo em desenvolvimento;
2 – Os alunos são participantes ativos do processo avaliativo;
3 – A reflexão do aluno sobre sua aprendizagem deve ser parte integrante do processo.

A utilização do portfólio está atrelada à ideia de uma avaliação formativa, na qual


se considera os erros como informações diagnósticas, podendo ser empregado em
todos os níveis de ensino, da educação infantil ao ensino superior.

Quando temos a garantia da participação do aluno no processo avaliativo, esta-


mos construindo uma nova cultura de avaliação, desvinculada da nota, promoção
ou reprovação e articulada à ideia de que todos são capazes de aprender.

Em Síntese Importante!

Portfólio é uma modalidade de avaliação retirada do campo da arte. Originalmente, o


portfólio é uma pasta fina em que os artistas e os fotógrafos iniciantes colocavam amos-
tras de suas produções, as quais apresentavam a qualidade e a abrangência de seus
trabalhos, de modo a serem apreciadas por especialistas e professores. A palavra é de
origem latim portar (portare) = carregar, conduzir; foluim (plantas, lâminas, páginas).

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O portfólio nos meios escolares expressa a seleção e a ordenação de amostras
que refletem a trajetória de aprendizagem de cada estudante, evidenciando o seu
percurso e permitindo a reflexão sobre ele.

Um dos objetivos gerais do portfólio pode ser compreendido como a documen-


tação da aprendizagem do aluno, enquanto que como seus objetivos específicos
podemos elencar:
• Planejar atividades de acordo com o progresso do aluno;
• Envolver os pais no processo de ensino e aprendizagem;
• Compreender as diversas modalidades de aprendizagem;
• Promover a participação do aluno na avaliação com ênfase a identidade e
autonomia.

O portfólio não significa meramente um arquivo de produções, pois, ao realizá-


-lo, o aluno seleciona os trabalhos que serão inseridos por meio da autoavaliação,
o que “envolve o julgamento da qualidade da produção e das estratégias de apren-
dizagem” (VILLAS BOAS, 2015, p. 38).

Um portfólio pode ser construído de diferentes formas e com várias técnicas,


porém, é muito importante que os itens apresentados em sua construção pos-
sam revelar, conforme o tempo, os diferentes aspectos de crescimento e desen-
volvimento dos educandos. Alguns itens, ou evidências, são mais frequentes, tais
como: entrevistas, documentos, anotações, trabalhos, representações visuais, aulas
de campo, desenhos, fotos, gravações, diários, dentre outros. A construção de um
portfólio deve integrar as evidências com as experiências dos alunos, sendo que as
evidências compiladas precisarão promover uma correspondência entre o trabalho
e suas experiências de aprendizagem.

Você Sabia? Importante!

Villas Boas (2015) apresenta princípios norteadores para elaboração de um portfólio:


1 – Construção: aluno faz escolha e toma suas decisões. Essa construção se difere
conforme a idade do aluno, curso, a atividade a ser desenvolvida e o tempo disponível.
A orientação do professor também é variável;
2 – Reflexão: o aluno decide o que incluir, analisa suas produções e tem a chance de
refazê-las, sendo sempre encorajado pelo professor nesse processo;
3 – Criatividade: refere-se às diferentes evidências que podem ser utilizadas na elabo-
ração do portfólio;
4 – Autoavaliação: é um dos aspectos muito importantes na elaboração de um portfó-
lio, permite que o aluno analise suas produções e tenha a chance de refazê-la, o professor
encoraja o aluno nesse processo.
5 – Autonomia: o aluno deve trabalhar de maneira independente, e não ficar aguardan-
do orientações do professor.

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

É muito importante compreender que não existem formas únicas para a reali-
zação da avaliação, sendo fundamental que o professor recorra a técnicas e ins-
trumentos que possam colaborar da melhor maneira possível para que a avaliação
seja transparente e eficiente. É preciso que a avaliação consiga atingir um outro
sentido, mais formativo e educativo. A questão não consiste em meramente des-
cartar alguns desses instrumentos e dessas técnicas considerados como recursos
tradicionais e autoritários, mas sim em se questionar o modo como são utilizados
no processo avaliativo.

Registros reflexivos
Os registros reflexivos são instrumentais avaliativos que podem ser feitos tan-
to por crianças como por adultos e permitem o acompanhamento da aprendiza-
gem do aluno ao longo de um período. O importante é que sejam sistematiza-
dos, e não realizados de forma intermitente, ou seja, realizados esporadicamente
e sem sistematização.

As anotações a serem registradas devem ser definidas pelos objetivos da inves-


tigação. A elaboração dos registros reflexivos permite a reflexão, o exercício da es-
crita, o feedback dos registros das vivências, o compartilhamento de experiências,
o trabalhos em grupo, complementar o portfólio, dentre outros.

Um aspecto importante é quanto à dimensão ética dos registros, pois são docu-
mentos pessoais cuja divulgação deve ser autorizada pelo autor do registro e acor-
dada previamente antes de sua elaboração.

Relatórios ou pareceres
Os relatórios e os pareceres constituem-se de registros escritos cuja finalidade
não pode ser meramente burocrática no sentido de armazenar informações, mas
sim servir à reorganização do trabalho pedagógico.

Os relatórios e pareceres precisam ter uma descrição formativa, ou seja, apre-


sentar registros sobre a aprendizagem das crianças, seus avanços, conquistas,
necessidades, enfim, sobre o processo de aprendizagem. Devem apresentar uma
linguagem clara para especificar o que foi alcançado pelos alunos mediante os ob-
jetivos propostos.

Podem ser de dois tipos, sendo um para uso dos profissionais da escola e outro
para ser encaminhado às famílias. Alguns aspectos a serem considerados nos rela-
tórios elaborados para a escola são:
• Itens previamente definidos grupo de professores;
• Registrar evidências de aprendizagem dos alunos, tendo como referência os
objetivos ou as capacidades estipulados pela escola;
• Anotar as necessidades apresentadas pelos alunos;
• Não se deve anotar as mesmas informações para todos os alunos, o que revela
despreparo do professor. (VILLAS BOAS, 2008, p.104)

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Figura 5
Fonte: GettyImages

O uso das tecnologias na avaliação escolar


As tecnologias sempre estiveram presentes na história da humanidade e as suas
mudanças foram alterando os comportamentos e a vida dos homens em sociedade.
O homem é mediado pelas tecnologias e elas transformam suas maneiras de pen-
sar, sentir, agir, comunicar e adquirir conhecimentos.

Atualmente é crescente a presença das tecnologias da informação e da comuni-


cação, as chamadas TICs, ocasionando uma verdadeira revolução digital que tem
alcançado todos os espaços sociais, inclusive as escolas. Antigamente, a escola era o
único lugar para a transmissão do conhecimento, porém, com as TICs, a informação
é veiculada com muita rapidez e pode ser acessada em vários espaços sociais além
do escolar. As crianças nascem em um ambiente fortemente marcado pelo uso das
tecnologias e desde pequenas já estão familiarizadas com os recursos tecnológicos.
Assim, temos nas escolas uma nova geração de alunos que participam amplamente
de uma cultura digital a qual influencia o processo de ensino e aprendizagem.

Figura 6
Fonte: GettyImages

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Dessa forma, a escola não pode mais fugir do uso das tecnologias e o professor
precisa saber como usá-las, o que requer uma adequada formação inicial e continuada.

O uso das tecnologias na educação tem modificado intensamente o processo


de ensino e aprendizagem provocando mudanças nas formas de aprender, nas re-
lações entre os professores e os alunos por meio da interatividade e das múltiplas
possibilidades comunicativas necessárias para a construção do conhecimento e da
aprendizagem autônoma dos alunos.

Na escola, as tecnologias têm contribuído para diversificar e enriquecer as situ-


ações de aprendizagem, criando possibilidades de espaços colaborativos de apren-
dizagem com a utilização de ferramentas tecnológicas como o Facebook, chats,
fóruns etc.

No vídeo produzido pela Univesp, intitulado Quais são os benefícios da utilização da tec-
Explor

nologia da escola?, é apresentada a discussão do tema pelas pesquisadoras Maria Elisabeth


de Almeida, da PUC de São Paulo, e Roseli Lopes, da Escola Politécnica da USP. Também é
apresentada a experiência do programa Um computador por aluno, na cidade de Campo
Limpo Paulista, e o trabalho com as tecnologias na educação inclusiva. O vídeo está disponí-
vel no link: https://youtu.be/nIxPP-253mU.

Como incentivo para o uso das tecnologias na educação, o MEC tem desenvolvido al-
Explor

guns programas, tais como o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PRO INFO)
e o guia das tecnologias digitais. Para saber mais sobre esses programas, acesse os
links: http://bit.ly/2PVItZr e http://bit.ly/2PZjW5J.

Como usar as tecnologias no processo avaliativo?

Como já foi discutido, a avaliação é bastante temida no contexto educacional,


sendo importante compreender de que forma as tecnologias podem ajudar a tornar
esse processo menos penoso e mais atrativo aos alunos.

A discussão das possibilidades do uso das tecnologias na avaliação alia-se à dis-


cussão da avaliação formativa, na qual o professor assume a posição de mediador
do conhecimento e, por meio do uso de instrumentos e técnicas de avaliação, bus-
cará ajudar o aluno a avançar no processo de aprendizagem.

É importante que a utilização dos recursos tecnológicos na avaliação seja acom-


panhada por mudanças de postura do professor no ato avaliativo, o que poderá
resultar em novas práticas pedagógicas, pois “novas tecnologias e velhos hábitos de
ensino não combinam” (KENSKI, 2003, p. 49).

A avaliação com a utilização de recursos tecnológicos não tem como foco a ava-
liação somativa, ou meramente a atribuição de notas aos alunos, pois seu propósito
é acompanhar a aprendizagem dos alunos identificando avanços e dificuldades.

20
Na reportagem disponível no link a seguir, você poderá partilhar de uma experiência na qual
Explor

as tecnologias são utilizadas para acompanhar os alunos em suas dificuldades de aprendiza-


gem: http://bit.ly/2PWqBxv.

A avaliação da aprendizagem mediada por recursos tecnológicos fundamenta-se


também na perspectiva de uma educação interacionista, na qual o aluno assume a
condição de sujeito ativo no processo de aprendizagem.

As tecnologias podem contribuir para diversificar e enriquecer as situações de apren-


dizagem, como exemplo, o uso de softwares, internet, computadores e televisão.

A interação com os computadores, games, livros, internet, TV, vídeos represen-


tam a possibilidade de alteração das estruturas cognitivas do indivíduo gerando uma
nova forma de aprender.

Ainda são restritas as discussões sobre as possibilidades do uso das tecnologias


nos processos avaliativos na educação básica, tendo em vista que as pesquisas na
maioria são direcionadas para a avaliação na educação superior, seja presencial
e/ou a distância.

Mas podemos listar algumas possibilidades para o uso das tecnologias na ava-
liação da educação básica, sendo necessário que os recursos tecnológicos estejam
adequados aos objetivos das disciplinas, ao conteúdo trabalhado, às características
dos alunos e à proposta pedagógica da escola:
• O uso do computador pode ser utilizado para produção de textos, vídeos, plani-
lhas, pesquisas, jogos educativos, apresentações e construção de portfólio on-line;
• O professor pode propor listas de exercícios a serem realizados on-line;
• Diversas modalidades de softwares podem ser empregadas para aplicação de
exercícios e jogos pedagógicos.

Softwares: são sistemas computacionais que contêm instruções e programas voltados para
Explor

um determinado fim.

É importante que a escolha do software esteja de acordo com os objetivos da


disciplina, conteúdo, características dos alunos e proposta pedagógica.

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UNIDADE Práticas Avaliativas e Instrumentos de Avaliação

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Avaliação: interações com o trabalho pedagógico
Para saber mais sobre a utilização do portfólio como instrumento avaliativo, ler o
livro disponível na biblioteca virtual da Pearson.
VILLAS BOAS, B. M. Portfólio, avaliação formativa e feedback. In: ________.
Avaliação: interações com o trabalho pedagógico. Campinas: Papirus,2018. (e-book)

Vídeos
A avaliação na educação infantil
O vídeo produzido pela Univesp apresenta as considerações sobre a avaliação na
educação infantil, destacando-se as leis, os documentos e as práticas avaliativas em
creches e pré-escolas.
https://youtu.be/A74gphe1nT4

Leitura
Prova: instrumento avaliativo a serviço da regulação do ensino e aprendizagem
O artigo abaixo discute sobre o papel da prova na avaliação e como pode estar a
serviço de uma avaliação formativa:
http://bit.ly/2PWaJew
Tecnologias educacionais e avaliação educacional
Neste artigo, as autoras discutem sobre a utilização das tecnologias no contexto
escolar e como essas podem ser empregadas enquanto ferramentas no processo
avaliativo.
http://bit.ly/2PWHMPD

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Referências
CASTILHO, A. S.; CABRERIZO, D. Avaliação educacional e promoção escolar,
Curitiba: InterSaberes, 2013. [e-book]

KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas:


Papirus, 2003.

LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013.

MÉNDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer: examinar para excluir. Porto Alegre,


RS: Artmed, 2002.

MORETO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudo, não um acerto de


contas. 8. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.

VILLAS BOAS, B. M. F. Portifólio, Avaliação e Trabalho Pedagógico. São


Paulo: Papirus, 2015. [e-book]

________. Virando a escola do avesso por meio da avaliação. Campinas:


Papirus, 2008. [e-book]

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