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Eurocódigo 2

Projeto de Estruturas de Betão

Efeitos globais de 2ª ordem em edifícios

Rui Faria
J. A. Figueiras
Nelson Vila Pouca
Mário Pimentel
Sandra Nunes

EC2 – Projeto deEurocódigo 2 –Betão


Estruturas de Projeto de Estruturas de Betão 1
Capítulo 2 – Análise e dimensionamento de
estruturas porticadas

- Análise dos efeitos globais de 2ª ordem em


estruturas de edifícios
• Imperfeições geométricas
• Método da rigidez nominal
• Efeitos globais de 2ª ordem (Anexo H)
• Dispensa dos efeitos globais de 2ª ordem
• Exemplo de aplicação

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Estruturas de Projeto de Estruturas de Betão 2
Imperfeições geométricas (IG) CAP. 5.2

 As IG não precisam de ser consideradas nos E. L. de


Utilização.

 Os efeitos desfavoráveis das IG devem ser tidos em conta


nos E. L. Últimos. São efeitos de 1ª ordem, a associar às
demais acções (p.p., sobrecargas, vento, etc.). Podem ser
representados por uma inclinação qi:

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IG ELEMENTOS ISOLADOS

 As IG podem ser consideradas como uma excentricidade…

 …ou como uma força transversal na posição que produz o Mmáx:

Não contraventado: Contraventado:


Hi = 2qi N

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IG ESTRUTURAS

 As IG são mais comodamente representadas por forças transversais:

Efeito no sistema de contraventamento, (ver Figura 5.1 b):


Hi = qi (Nb - Na)
Efeito no pavimento de contraventamento, (ver Figura 5.1 c1):
Hi = qi(Nb + Na) / 2
Efeito no diafragma de cobertura, (ver Figura 5.1 c2):
Hi = qi Na
em que Na e Nb são forças longitudinais que contribuem para Hi.

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IG ESTRUTURAS

 Como alternativa simplificada para paredes e pilares isolados em sistemas


contraventados, pode utilizar-se uma excentricidade:

ei = l0/400

para atender às imperfeições relacionadas com as tolerâncias normais de


execução.

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Elementos de contraventamento e contraventados

 Os elementos de contraventamento recebem todas as forças horizontais


relevantes (vento, IG, etc.), bem como as forças de desvio devidas aos efeitos
de 2ª ordem na totalidade do edifício. Terão de ter rigidez apropriada, para
minimizar os deslocamentos horizontais.

 Os elementos contraventados poderão ser analisados e dimensionados aos


efeitos de 2ª ordem como elementos isolados.

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Elementos de contraventamento e contraventados

6.5m 3.0 6.5


Terraço

3.0
Piso 3
6.5m 3.0 6.5

3.0
Piso 2
4.0
6.0
3.0
Piso 1

P 4.0
2.4 P1 4.0

R/C
6.0

3.0
Cave
Y Z
Z X X

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Efeitos de 2ª ordem CAP. 5.8

 Instabilidade global (do edifício no seu conjunto)

 Instabilidade local (de elementos isolados, em estruturas contraventadas)

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Métodos de análise (EC2) EFEITOS DE 2ª ORDEM

 Método Geral (MG): baseia-se na análise não-linear material (fendilhação do betão, cedência
das armaduras,...) e geométrica (ef. de 2ª ordem). Usado para calibrar métodos simplificados.
• Vantagens: Válido para todo o tipo de estruturas.
• Desvantagens: Complexo. Pouco interessante para uso corrente.

 Método baseado numa Rigidez Nominal (MRN): utiliza rigidezes elásticas correspondentes
às secções fendilhadas dos pilares e vigas.
• Vantagens: Mais fácil de usar que o MG. Permite analisar de forma consistente
elementos isolados, estruturas contraventadas e não contraventadas. Fornece
esforços de 2ª ordem nas vigas de pórticos.
• Desvantagens: Exige o conhecimento prévio das armaduras nas secções. A rigidez
das vigas não está quantificada no EC2.

 Método baseado numa Curvatura Nominal (MCN): define uma excentricidade de 2ª ordem
na secção crítica de encurvadura.
• Vantagens: É o mais fácil dos 3 métodos. Similar à metodologia do REBAP.
Adequado sobretudo para “elementos isolados” (ou assim considerados).
• Desvantagens: Exige o conhecimento prévio das armaduras. Difícil de aplicar a
estruturas complexas. Não fornece esforços de 2ª ordem nas vigas de pórticos.

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MRN versus MCN

 MRN
1/r = M/EI

EI = Kc Ecd Ic + Ks Es Is

 MCN
1/r = eyd/(0.45d) Kr Kj  e2  M2

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MRN ELEMENTOS ISOLADOS E ESTRUTURAS

 Rigidez nominal de elementos comprimidos esbeltos:

EI = Kc Ecd Ic + Ks Es Is
em que:
Ecd valor de cálculo do módulo de elasticidade do betão Ecd = Ecm /gcE , com gcE = 1.2
Ic momento de inércia da secção transversal de betão
Es valor de cálculo do módulo de elasticidade do aço das armaduras
Is momento de inércia das armaduras, em relação ao centro da área do betão
Kc é um coeficiente que toma em conta os efeitos da fendilhação, da fluência, etc.
Ks é um coeficiente que toma em conta a contribuição das armaduras

 (2) Se   0,002:

Ks = 1 k1 = fck / 20 (MPa)
Kc = k1k2 / (1 + jef)

k2 = n   0,20
170
 taxa geométrica de armaduras, As/Ac
As área total das armaduras
Ac
k1
área da secção transversal de betão
coeficiente que reduzido,
depende da
jef = j(,t0) M0Eqp / M0Ed
n esforço normal NEdclasse
/ (Acfcdde
) resistência do betão
k2 coeficiente que depende do esforço normal e da esbelteza

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MRN (…)

 Se  não estiver definido pode tomar-se:  Se   0,01 pode tomar-se:

k2 = n0,30  0,20 Ks = 0
Kc = 0,3 / (1 + 0,5jef)

… simplificação que pode ser adequada


como um primeiro passo, seguida de um
cálculo mais rigoroso de acordo com (2).

 Dificuldade na quantificação da rigidez das vigas…


(4) Nas estruturas hiperestáticas, devem considerar-se os efeitos desfavoráveis da
fendilhação dos elementos adjacentes (vigas) ao elemento considerado. Em geral,
as expressões … (para elementos comprimidos esbeltos) não se aplicam … (às
vigas).
Como simplificação pode admitir-se que as secções das vigas estão totalmente
fendilhadas. A rigidez deve basear-se num módulo efetivo do betão:

(5.27)

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MRN (…) ELEMENTOS ISOLADOS

 Coeficiente de majoração dos momentos (MRN, elementos isolados)

   M0Ed
MEd  M0Ed 1   Se  = 1  MEd 
 NB / NEd   1 1 NEd /NB 

MEd momento de cálculo total


M0Ed momento de 1ª ordem
 é um coeficiente que depende da distribuição dos momentos de 1ª e de 2ª ordem
NEd valor de cálculo do esforço normal
NB carga de encurvadura baseada na rigidez nominal

(2) Para elementos isolados de secção transversal constante e solicitados por um esforço
normal constante, pode geralmente admitir-se que o momento de 2ª ordem tem uma
distribuição sinusoidal. Nesse caso:

 = 2 / c0

c0 = 8 para um momento de 1ª ordem constante ou


c0 = 9,6 para um momento de 1ª ordem com distribuição parabólica
c0 = 12 para um momento de 1ª ordem com distribuição triangular simétrica

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Efeitos globais de segunda ordem (MRN, estruturas)


- Os efeitos globais de 2ª ordem podem ser tidos em conta analisando a estrutura para
forças horizontais fictícias majoradas:

FH,0Ed
FH,Ed 
1  FV,Ed /FV,B

FH,0Ed força horizontal de 1ª ordem devida ao vento, às imperfeições, etc.


FV,Ed carga vertical total nos elementos contraventados e de contraventamento
FV,B carga global nominal de encurvadura (i.e., calculada com a rigidez nominal
dos pilares e vigas)

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Alternativa se FV,B não estiver definida (rigidez variável em altura, etc.):

FH,0Ed
FH,Ed 
1  FH,1Ed /FH,0Ed

FH,1Ed força horizontal fictícia produzindo os mesmos momentos fletores que a


carga vertical NV,Ed a atuar na estrutura deformada, sendo a deformação a
provocada por FH,0Ed (deformação de 1ª ordem), calculada com os valores
nominais da rigidez

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Carga global de encurvadura FV,B

FV,BB
FV,B 
1  FV,BB /FV,BS

FV,B carga global (todo o edifício) de encurvadura tendo em conta a flexão e o


esforço transverso globais
FV,BB carga global de encurvadura para a flexão simples

FV,BS carga global de encurvadura para o esforço


transverso, FV,BS  S
S rigidez total de esforço transverso (força por
unidade de deformação angular por esforço
transverso) dos elementos de contraventamento

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Contraventamento sem deformações significativas de esforço transverso

M
g = FH /S

FH h/2
FH
1/r = M/EI

FV,BB = EI / L2 (H.2)

EI soma dos fatores de rigidez de flexão dos elementos de contraventamento na


direção considerada, incluindo eventuais efeitos da fendilhação
L altura total do edifício acima do nível da secção de encastramento

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Expressão aproximada para um elemento de contraventamento fendilhado:

EI  0,4 Ecd Ic (H.3)

Se no estado limite último a secção transversal do elemento não está fendilhada, o


valor 0,4 na expressão (H.3) pode ser substituído por 0,8.

 Se os elementos de contraventamento tiverem uma rigidez constante ao longo da


altura, e a carga vertical total aumentar da mesma quantidade por piso:
ns 1
  7,8   (H.4)
ns  1,6 1 0,7  k

ns número de pisos
k flexibilidade relativa do encastramento na base:
k = (q/M)(EI/L)
q rotação para o momento flector M

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MRN - Anexo H ESTRUTURAS

 Contraventamento com deformações significativas de esforço transverso

g = FH /S

F H h/2
FH

FV,BS = S = Gcd A  0,4 Ecd A (para contraventamentos muito rígidos; não


aplicável a pórticos correntes)

A deformação global de esforço transverso de um elemento de contraventamento é, em


geral, condicionada pelas deformações locais de flexão. Na ausência de uma análise
mais pormenorizada, a fendilhação pode ser tida em conta para S da mesma forma
que para EI.

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Dispensa de efeitos de 2ª ordem GLOBAIS

 Dispensa de consideração dos efeitos globais de 2ª ordem (Anexo H)

 Sistema de contraventamento com deformações significativas de esforço


transverso (pórticos)

 Sistema de contraventamento sem deformações significativas de esforço


transverso (paredes, cx. de elevador, cx. de escadas)

FV,Ed carga vertical total (nos elementos contraventados + de contraventamento)


FV,BB carga global nominal de encurvadura para a flexão global

Nota: considerando encastramento perfeito na base (k = 0), a utilização da


expressão (H.4) dá lugar a:

0.31

dispensa fendilhação

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Dispensa de efeitos de 2ª ordem GLOBAIS

 Dispensa de consideração dos efeitos globais de 2ª ordem (Cap. 5.8.3.3)

FV,Ed  k1 
ns

 Ecd c
(5.18)
ns  1,6 L2

FV,Ed carga vertical total (nos elementos contraventados + de


contraventamento)
L altura total do edifício acima do nível de encastramento
Ic momento de inércia (secção de betão não fendilhada) do(s)
elemento(s) de contraventamento

Notas: O valor de k1 (…) recomendado é 0,31.


Pode ser substituído por k2 = 0,62 se os elementos de contraventamento não
estiverem fissurados (no ULS).

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Dispensa de efeitos de 2ª ordem GLOBAIS

A expressão (5.18) não é aplicável a estruturas 100% porticadas, i.e., sem


sistemas de contraventamento que reduzam as deformações por corte. Requer a
existência de núcleos de grande rigidez formados por lâminas de betão (p. ex.,
paredes de contraventamento sem grandes aberturas). Mas não só…

A expressão (5.18) só é válida se forem satisfeitas todas as condições seguintes:

- A instabilidade à torção não é condicionante (estrutura razoavelmente


simétrica)
- As deformações globais por corte são desprezáveis

- Os elementos de contraventamento estão fixos rigidamente à base

- A rigidez do contraventamento é razoavelmente constante ao longo da altura

- A carga vertical total aumenta aproximadamente a mesma quantidade por piso

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Dispensa de efeitos de 2ª ordem

 ATENÇÃO: se for dispensada a consideração dos efeitos globais de 2ª


ordem (…)

(…) tem ainda que se considerar a


possibilidade de ocorrência de efeitos
locais de 2ª ordem (encurvadura local,
em estruturas contraventadas).

Considerar também uma IG local de valor


ei = l0/400.

 A encurvadura local pode ser também dispensada se  ≤ lim.

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Disposições construtivas PAREDES

 Definição de ‘parede’ no Cap. 9 do EC2


Paredes (…) em que o “comprimento” é ≥ 4 vezes a espessura, e em que a armadura
é considerada no cálculo da capacidade resistente.
No caso de paredes sujeitas predominantemente a flexão transversal ao seu plano,
aplicam-se as regras relativas a lajes .

 Armaduras verticais
(1) As,v ≥ As,vmin = 0,002.Ac
As,v ≤ As,vmax = 0,04.Ac (nas zonas de emendas por sobreposição ≤ 0,08.Ac)

(2) Quando As,vmin decorre do cálculo, 50% dessa área deve ser disposta em cada face.

(3) A distância entre dois varões verticais adjacentes não deve ser superior ao menor
dos valores:
- 3 vezes a espessura da parede
- 400mm

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Disposições construtivas PAREDES

 Armaduras horizontais
(1) Devem dispor-se armaduras horizontais, paralelas aos paramentos da parede (e
aos bordos livres), em cada face. A secção As,hmin dessas armaduras não deve ser
inferior a 25%.As,v ou 0,001.Ac.
(2) A distância entre 2 varões horizontais adjacentes não deverá ser superior a 400mm.

 Armaduras transversais

(1) Em qualquer parte de uma parede onde a área total da armadura vertical nas duas
faces é superior a 0,02.Ac, devem dispor-se armaduras transversais, sob a forma de
estribos ou ganchos (mesmos requisitos relativos aos pilares). A maior dimensão
não tem que ser superior a 4x a espessura da parede.
(2) No caso da armadura principal colocada mais próxima das faces da parede, deve
utilizar-se também uma armadura transversal constituída pelo menos por 4 estribos
por m2 de área da parede.
Nota: Não é necessário adotar armaduras transversais quando se utiliza rede
eletrossoldada e varões de diâmetro  16mm com um recobrimento das
armaduras superior a 2.

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