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por Ulisses F. Araújo, Valéria Arantes e Viviane Pinheiro e publicado em 2020 pela editora
Summus, aborda questões relacionadas ao desenvolvimento de projetos de vida e sua
importância no contexto educacional.
Além disso, o livro explora a dimensão ética dos projetos de vida, destacando a importância de
considerar os valores, princípios e responsabilidades morais ao estabelecer metas e planos de
ação. Os autores incentivam uma reflexão crítica sobre os objetivos pessoais, buscando uma
conexão entre as aspirações individuais e o bem comum.
Introdução e apresentação
O texto aborda a busca de sentido e propósito na vida como uma preocupação presente ao
longo da história da humanidade. Ele destaca a metáfora do navio sem leme, utilizada por
Thomas Carlyle, para ilustrar a importância de ter um propósito na vida. O conceito de projeto
de vida é discutido, enfatizando que cada pessoa tem uma trajetória única e sinuosa, mas com
um desenho coerente de percurso. O texto também menciona pesquisas realizadas por
cientistas sociais e psicólogos, bem como a experiência dos autores do livro no estudo de
projetos de vida de jovens brasileiros.
Por fim, é mencionado o papel da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no estímulo à
construção de projetos de vida, abrangendo diferentes aspectos da vida dos estudantes, como
afetividade, família, estudo, trabalho, saúde, bem-estar, meio ambiente, lazer, participação
social e atuação local e global.
Além disso, o texto menciona a logoterapia, desenvolvida por Frankl, que enfatiza a
importância de ter um projeto de vida como base para a saúde mental e a prevenção do vazio
existencial. A logoterapia é descrita como uma terapia otimista que ajuda os pacientes a
encontrar sentido mesmo em situações trágicas.
Outros psicólogos também são mencionados no texto, como Erik Erikson, que enfoca a
importância do estabelecimento de um plano de vida para a formação da identidade humana,
e Carol Ryff e Burton Singer, que incluem o projeto de vida como um dos componentes do
bem-estar psicológico.
O texto também destaca a psicologia positiva, que surge nos anos 2000 e enfatiza o conceito de
projeto de vida como parte do bem-estar humano. Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi
são mencionados como pioneiros nessa área, que busca estudar a natureza psicológica positiva
humana.
Por fim, o texto apresenta os estudos de William Damon, que se dedica à importância do
projeto de vida na construção positiva do psiquismo humano. Damon define o projeto de vida
como uma intenção estável e generalizada de alcançar algo significativo para si mesmo e que
tem impacto no mundo além do indivíduo.
Erik Erikson, um psicólogo e psiquiatra, foi uma referência importante nos estudos sobre
identidade. Segundo ele, a formação da identidade ocorre ao longo da vida, sendo influenciada
por pressões sociais e culturais que resultam em conflitos e crises individuais. Durante o
estágio da adolescência, considerado por Erikson como um período tumultuado de confusão
de papéis, os indivíduos integram e consolidam sua identidade ao mesmo tempo em que
alcançam o pleno desenvolvimento físico e psicológico. Nesse estágio, os adolescentes
experimentam diferentes papéis e testam várias personalidades para descobrir quem são e
como se encaixam no mundo ao seu redor.
Seguindo os estudos de Erikson, James Marcia classificou diferentes "status de identidade" que
descrevem os níveis de comprometimento dos indivíduos com valores, princípios e crenças
sobre si mesmos. Esses status incluem: realização (forte comprometimento e exploração da
identidade), moratória (exploração intensa da identidade sem comprometimento),
impedimento (forte comprometimento com a identidade, mas pouca exploração) e difusão
(falta de comprometimento e exploração da identidade).
O texto também estabelece uma relação entre identidade e projeto de vida, argumentando
que ambos estão intimamente ligados, uma vez que exigem autoconhecimento e a capacidade
de se alinhar às possibilidades e expectativas sociais. Através do envolvimento em atividades
significativas que exploram a identidade, o indivíduo atribui significados ao seu ambiente e
compreende seu lugar no mundo, o que contribui para a formação.
O objetivo do estudo foi identificar as características dos projetos de vida dos jovens
brasileiros. A maioria dos participantes vivia em áreas de baixa condição socioeconômica na
periferia de centros urbanos. O instrumento utilizado nas entrevistas foi um roteiro
desenvolvido pelo Stanford Center on Adolescence, adaptado para enfocar os valores,
sentimentos e emoções na construção dos projetos de vida.
O autor utiliza a Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento (TMOP), desenvolvida por
psicólogas da Universidade de Barcelona, como referencial teórico-metodológico para analisar
os dados da pesquisa. Essa teoria enfatiza a interação entre aspectos cognitivos, emocionais e
valorativos na organização dos elementos abstraídos da realidade.
2. Projetos de vida idealizados: os jovens projetam uma vida sem problemas, com
referências idealizadas à família e ao trabalho, sem fornecer muitos detalhes
específicos.
5. Projetos de vida com intenções altruístas: os jovens têm o objetivo de ajudar suas
famílias e superar a miséria por meio do sucesso profissional.
O autor ressalta a importância de compreender como a construção dos projetos de vida ocorre
no âmbito intrapsíquico, levando em consideração os pensamentos, desejos e emoções dos
jovens. Os modelos organizadores do pensamento e os projetos de vida são vistos como
construtos que integram sentimentos, desejos, objetivos e pensamentos na constituição do
raciocínio humano.
O texto aborda o desafio de atrair e manter o interesse dos jovens pelo magistério no Brasil.
Diversas pesquisas apontam que apenas 2% dos jovens brasileiros desejam cursar Pedagogia
ou Licenciatura. Além disso, o número de vagas abertas na graduação para formar professores
é três vezes maior que a demanda. O índice de evasão nos cursos de formação de professores
também é alto, atingindo uma média de 38% em 2005.
Esses estudos revelam que há uma conjunção de fatores que comprometem a formação de
professores no Brasil, como falta de reconhecimento social, baixos salários, violência,
indisciplina, falta de apoio familiar aos alunos e jornada de trabalho estressante. Os jovens
veem o trabalho como uma fonte de remuneração, mas não enxergam a educação como algo
central em suas vidas. Isso afeta a qualidade da educação, já que os professores não têm o
compromisso necessário com o ensino.
O texto discute a formação do bom professor e seu papel na construção de projetos de vida.
Segundo Gardner, Csikszentmihalyi e Damon, a formação e o desenvolvimento profissional
docente devem ser pautados por três princípios: excelência, ética e engajamento. O "bom
trabalho" é aquele que exige uma atuação excelente, comprometimento com a profissão e
responsabilidades, e ações coerentes com os valores éticos e morais da sociedade.
A formação do bom professor deve estar alinhada com as novas arquiteturas pedagógicas,
como conteúdos atualizados, metodologias ativas e o papel do professor como mediador do
conhecimento. Os programas de formação devem seguir a dinâmica dos anéis de
responsabilidade, promovendo o aprendizado reflexivo e prático dos futuros professores.
Em resumo, ser um bom professor envolve excelência, ética e engajamento. A formação do
bom professor deve contemplar esses princípios e ser orientada pelos anéis de
responsabilidade, permitindo a reflexão, o autoconhecimento e a construção de projetos de
vida éticos e engajados.
metodologias ativas
2. Metodologias ativas: A formação do bom professor deve estar alinhada com as novas
arquiteturas pedagógicas, que incluem o uso de metodologias ativas. Isso implica na
adoção de estratégias de ensino que estimulem a participação ativa dos alunos, como
aprendizado baseado em problemas, estudos de caso, projetos, debates e outras
abordagens que promovam a construção do conhecimento de forma colaborativa.
O texto menciona um programa desenvolvido na Escola Pinheiro, em São Paulo, que visa
desenvolver os projetos de vida dos estudantes. Esse programa utiliza um currículo que ajuda
os alunos a construir valores, explorar sentimentos morais, desenvolver habilidades
socioemocionais e se envolver em ações dentro e fora da escola. Ele é baseado em
competências e habilidades, e cada ano do ensino médio possui ênfases específicas.
O texto aborda a Aprendizagem Baseada em Problemas e por Projetos (ABPP) como uma
abordagem educacional que visa promover a construção de projetos de vida éticos entre os
estudantes. A ABPP é baseada em princípios de ética e cidadania, enfatizando métodos ativos
de aprendizagem que colocam o aluno no centro do processo.
A ABPP é especialmente relevante para o trabalho com projetos de vida, pois permite o
engajamento dos estudantes em grupos de trabalho, possibilitando a integração das
perspectivas pessoal, social e profissional. Os projetos desenvolvidos no âmbito da ABPP
buscam integrar os interesses individuais dos alunos com as problemáticas sociais e
profissionais.
O texto descreve as etapas pelas quais os alunos passaram durante a realização de um projeto
na ABPP, incluindo o levantamento de problemáticas sociais, o projeto de pesquisa, a coleta e
análise de dados, o aprofundamento teórico, a proposta de solução do problema, a produção
do relatório final e a avaliação e socialização dos resultados.
Ao final do trabalho, os alunos demonstraram engajamento e valorização do processo,
destacando a importância do projeto para a construção de seus projetos de vida. Eles
mencionaram que o trabalho os levou a ter contato direto com a área escolhida, desenvolver
responsabilidade, aprender a metodologia científica, perceber seu potencial de fazer mudanças
na sociedade e desenvolver habilidades de trabalho em equipe e resolução de conflitos.
Em resumo, o texto destaca a ABPP como uma abordagem educacional que promove a
construção de projetos de vida éticos, envolvendo os alunos em problemas reais e
promovendo aprendizagem contextualizada, integrada e baseada em princípios éticos e de
cidadania. O professor desempenha um papel central como facilitador da aprendizagem, e os
alunos passam por diversas etapas para a resolução de problemas, culminando na produção de
um relatório final e na socialização dos resultados.
1. Sentimentos e emoções: Os projetos de vida dos jovens são influenciados por seus
sentimentos e emoções. Reconhecer, compreender e valorizar esses aspectos ajuda no
redimensionamento de ações e escolhas relacionadas aos projetos de vida. É
fundamental integrar os aspectos emocionais e morais nas práticas educativas.
4. Valores éticos: Os projetos de vida dos jovens estão relacionados a valores éticos que
integram sua identidade e fundamentam suas ações, escolhas e planos. O
envolvimento do jovem em atividades que tenham significado para ele contribui para a
construção de um projeto coerente com seus valores, auxiliando na transição para a
vida adulta e na satisfação pessoal.
Questões
1. Explique a metáfora do "navio sem leme" utilizada por Thomas Carlyle e sua relação
com a busca de sentido na vida.
Resposta esperada: A metáfora do "navio sem leme" representa a falta de propósito e direção
na vida. Assim como um navio precisa de um leme para orientá-lo e definir seu curso, as
pessoas também precisam de um propósito para encontrar sentido em suas vidas. Ter um
propósito é fundamental para dar direção, motivação e significado às ações e escolhas
pessoais.
Resposta esperada: O projeto de vida é o conjunto de intenções, objetivos e planos que uma
pessoa tem para sua vida. Ele envolve identificar necessidades, compreender o contexto e
transformar o incômodo em ações concretas e valiosas. Ter um projeto de vida é importante
para orientar o desenvolvimento integral das pessoas, fornecendo um propósito que direcione
suas ações e escolhas. Um projeto de vida bem construído contribui para a busca de um
sentido de vida significativo.
Resposta esperada: Duas abordagens teóricas que enfatizam a importância do sentido da vida
e do projeto de vida são:
Resposta esperada: A formação da identidade humana está relacionada aos projetos de vida,
pois envolve a compreensão pessoal dos diferentes aspectos da vida e a importância que esses
componentes têm na construção da imagem de si mesmo. Através do processo de construção
da identidade, os indivíduos integram e consolidam seus projetos de vida, experimentando
diferentes papéis, testando suas personalidades e descobrindo quem são e como se encaixam
no mundo ao seu redor. Os projetos de vida contribuem para a formação da identidade ao
fornecerem um propósito que direciona as escolhas e ações das pessoas.
Resposta esperada: O estudo realizado com jovens brasileiros revelou seis formas diferentes de
organizar os projetos de vida:
2. Projetos de vida idealizados: os jovens projetam uma vida sem problemas, com
referências idealizadas à família e ao trabalho, sem considerar obstáculos e
dificuldades reais.
5. Projetos de vida imediatos: orientados para o presente, com foco no prazer imediato e
sem uma perspectiva de futuro a longo prazo.
10. Cite dois psicólogos mencionados no texto que estudaram a relação entre projeto de
vida e bem-estar psicológico. Resposta esperada: Erik Erikson e Carol Ryff são dois
psicólogos mencionados no texto que estudaram a relação entre projeto de vida e
bem-estar psicológico. Erikson enfocou a importância do estabelecimento de um plano
de vida para a formação da identidade humana, enquanto Carol Ryff incluiu o projeto
de vida como um dos componentes do bem-estar psicológico.
12. Explique como Erik Erikson conceituou a formação da identidade humana e como ela
está relacionada aos projetos de vida. Resposta esperada: Erik Erikson conceituou a
formação da identidade humana como um processo que ocorre ao longo da vida e que
é influenciado por pressões sociais e culturais. Durante a adolescência, os indivíduos
experimentam diferentes papéis e testam várias personalidades para descobrir quem
são e como se encaixam no mundo ao seu redor. Essa busca pela identidade está
intimamente relacionada aos projetos de vida, pois envolve autoconhecimento,
experimentação e comprometimento com valores pessoais e expectativas sociais.
13. Descreva os diferentes "status de identidade" propostos por James Marcia e explique
como eles se relacionam com os projetos de vida. Resposta esperada: James Marcia
propôs diferentes "status de identidade" que descrevem os níveis de
comprometimento dos indivíduos com valores, princípios e crenças sobre si mesmos.
Esses status incluem: realização (forte comprometimento e exploração da identidade),
moratória (exploração intensa da identidade sem comprometimento), impedimento
(falta de exploração e comprometimento) e difusão (ausência de exploração e
comprometimento). Esses status estão relacionados aos projetos de vida, pois refletem
a maneira como os indivíduos se engajam na busca por significado, propósito e
objetivos pessoais.
15. Quais são as formas de organização dos projetos de vida dos jovens brasileiros, de
acordo com a pesquisa mencionada no Capítulo 3? Resposta esperada: A pesquisa
mencionada no Capítulo 3 identificou três formas de organização dos projetos de vida
dos jovens brasileiros: individualistas, coletivistas e transcendentais. Os projetos de
vida individualistas estão centrados no sucesso pessoal, na realização individual e no
acúmulo de bens materiais. Os projetos de vida coletivistas enfatizam o bem-estar da
comunidade e a busca por justiça social. Já os projetos de vida transcendentais estão
ligados a questões existenciais e espirituais, envolvendo a busca por significado e
conexão com algo maior.
16. Explique como a Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento (TMOP) contribui
para a compreensão dos projetos de vida dos jovens brasileiros, segundo o texto.
Resposta esperada: A Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento (TMOP)
contribui para a compreensão dos projetos de vida dos jovens brasileiros ao destacar a
influência dos modelos socioculturais na formação de suas perspectivas e objetivos. A
TMOP ressalta que os jovens constroem seus projetos de vida com base em modelos
internalizados da sociedade, como a família, a escola e a mídia. Esses modelos
organizadores do pensamento moldam suas aspirações e influenciam a forma como
eles concebem o sucesso, a felicidade e a realização pessoal.
19. Quais são os fatores que contribuem para o baixo interesse dos jovens brasileiros em
cursar Pedagogia ou Licenciatura? Resposta esperada: Diversos fatores contribuem
para o baixo interesse dos jovens brasileiros em cursar Pedagogia ou Licenciatura, tais
como: desvalorização social da profissão, falta de incentivo e reconhecimento, baixos
salários, falta de perspectivas de carreira, falta de atratividade do currículo e do
ambiente acadêmico, além do estigma de que ser professor é uma escolha de último
recurso.