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fPractice

IMPERMEABILIZAÇÃO
Survey

Figura 1 - A situação da
barragem durante a fase de
investigação.

A recuperação
da barragem
do Rio Descoberto

Marcos V. Kffuri

Perda d’água crescente, acompanhada de processo de corrosão no


próprio concreto, gerou a maior estratégia de impermeabilização em
uma barragem brasileira.
A barragem do Rio Descoberto, tipo con- E os problemas começaram... deterioração e o nível de perda d’água da
creto gravidade, de propriedade da CAESB, barragem, a CAESB promoveu uma série
está localizada a cerca de 50km a oeste do Após alguns anos de operação começaram de análises e estudos, visando a impermea-
centro de Brasília/DF. Foi construída com a surgir intensos vazamentos no paramen- bilização e também o concreto, material
concreto, utilizando-se agregado dolomíti- to de jusante, além de no interior da gale- hospedeiro da água passante. O diagnósti-
co, entre os anos de 1971 e 1974. O corpo ria. A perda d’água era visivelmente cres- co, claro como água cristalina, identificou
da barragem foi dividido em três partes prin- cente. Um valor médio beirava cerca de pirita no agregado do concreto. A partir des-
cipais: a ombreira esquerda com 125m de 3m³/minuto. Várias intervenções, em dife- te quadro sombrio, estabeleceu-se a terapia
comprimento, a ombreira direita com 85m rentes épocas, com a finalidade de recupe- de recuperação baseada na proposição de
de comprimento e o vertedouro central com rar tais vazamentos foram realizadas. Po- impermeabilizar à montante, inclusive
55m de comprimento. A barragem está sub- rém, sem êxito. Preocupada com o grau de adentrando na própria rocha base, de modo
dividida em 18 blocos, nomeados seqüenci- a promover a drenagem natural da água
almente de “A” a “R”. Este reservatório, com GLOSSÁRIO contida e circulante no concreto da barra-
capacidade de 102,9 milhões de metros cúbi- Pirita – sulfeto metálico de ferro (FeS2) formando gem. A recuperação via impermeabilização
cos, tem o nível d’água na cota do vertedouro cristais com reflexos ou brilho dourado, freqüen- do concreto seria obrigatória e vital à dura-
temente confundido com ouro. É encontrado em
e é responsável pelo fornecimento d’água a rochas ígneas, sedimentares e metamórficas na
bilidade da barragem, devido a degradante
aproximadamente 1,2 milhões de habitantes, forma de cristal cúbico. É empregado na fabrica- reatividade entre a pirita do agregado e a
ou seja, 60% do Distrito Federal. ção de ácido sulfúrico. água livre circulante.

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Survey fPractice

Figura 2 - Muitos vazamentos ao longo do paramento de jusante, com desintegração do concreto...

Figura 4 - Grandes vazamentos ao longo das paredes


da galeria.

2ª Etapa
Injeção da nova resina hidroexpansiva de
poliuretano inteligente (hidrófobo) para
preenchimento dos vazios remanescentes.
A injeção desta resina foi feita também a
partir de furos verticais, feitos com diâme-
tro de 50mm, a partir da crista da barragem
até a rocha de fundação, anexo aos furos
do grande diafragma anteriormente reali-
zado. Utilizaram-se obturadores a partir do
fundo dos furos, de modo a sempre con-
centrar o processo expansivo da espuma do
poliuretano. A novidade neste poliuretano-
espuma é que sua cadeia expansiva não vira
Figura 3 - ... se manifestavam também na galeria.

A solução definitiva
Tendo em vista a seriedade do diagnóstico,
o tratamento foi preciso e dividido em 6
etapas bem definidas.
1ª Etapa
Execução de parede diafragma, com apli-
cação submersa de argamassa cimentícia
aditivada, ao longo da crista, através de uma
linha secante de furos verticais, de ombrei-
ra a ombreira até a rocha de fundação, fei-
tas com perfuratriz tipo DHT, com diâme-
tro de 165mm. Esta medida contemplou o
preenchimento da matriz (pasta) afetada de-
vido, principalmente, a reatividade da piri-
ta. Esta barreira, etapa principal do trata-
mento, possibilitou também uma redução Figura 5 - Perfurações e a injeção ao longo da crista, repare a perfuratriz abrindo novos furos. Note a
substancial nos vazamentos. surgência da espuma pelo meio do paramento de jusante.

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Tecnologia
Injeção de poliuretano espuma sem
necessidade de injeção de gel?
PH FLEX S é hidrófobo, ou seja, sua espuma não contém água.
Logo, é estável aos ciclos de secagem/molhagem. O poliuretano-
espuma da concorrência é hidrófilo, ou seja, reage com a água,
formando uma espuma instável aos ciclos de secagem/molhagem.
Daí a necessidade da injeção posterior de gel, para “impermeabi-
lizar” a “esponja”. Pare de perder clientes, tempo, dinheiro, além
de esburacar toda a estrutura, instalando bicos injetores para
injetar espuma e depois gel. PH FLEX SUPER resolve de uma vez.
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4ª Etapa
Após os serviços de injeção pela crista da
barragem, objetivou-se operação pente fino
de ataque a diminutas surgências ao longo
do maciço, por jusante, utilizando-se a su-
per resina da 2ª Etapa. O fato de ser hidró-
foba significa estabilidade aos ciclos de se-
cagem-molhagem, razão pela qual não ne-
Figura 6 - Vista em Planta da Malha de Perfuração cessitou da injeção complementar de gel de
ao longo da crista da barragem.
poliuretano. Isto porque a resina hidroex-
pansiva convencional é hidrófila, ou seja,
sua cadeia expansiva é formada com poliu-
retano expandido suportado por moléculas
d’água. Portanto, sensível a ciclos de seca-
gem-molhagem, razão pela qual torna-se
obrigatória a injeção do gel de poliuretano
para envolver e preencher a “esponja” for-
mada, estabilizando-a. Os furos foram fei-
tos com furadeiras elétricas tipo MAX, uti-
lizando-se brocas de diâmetro 12mm e com-
primentos de 1m e 1,30m.

Figura 7 - Vista em corte dos furos para injeção de Poliuretano.

uma “esponja” saturada d’água como faz o minutos torna-se um semi sólido. Esta eta-
poliuretano-espuma convencional. Não pa de trabalho objetivou, principalmente,
havendo, com isso, necessidade da injeção os vazios naturais que haviam na parede
do gel. diafragma previamente formada, assim
como os capilares existentes no concreto
3ª Etapa da barragem. A injeção desta resina, com
viscosidade igual à da água, teve o impor-
Injeção de gel acrílico, não expansivo, com tante objetivo de, literalmente, retirar a
viscosidade igual a da água, de modo a água livre residual do interior do concre-
atingir os vazios inferiores a 0,01mm. Esta to, de modo a interromper o processo de
resina, também injetada em furos especí- corrosão do concreto, através da reação da
Figura 8 - Bomba de injeção MAX (elétrica) e furos
ficos como monocomponente, após 40 pirita com a água. ao longo da crista da barragem.
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Survey fPractice

objetivo de cobrir todo o maciço de con-


Espumas hidrófilas e hidrófobas creto entre o diafragma executado e o piso
Poliuretanos hidroexpansivos hidrófilos, ao fície do concreto aquece, a água “pendurada” da galeria. A segunda fase foi feita a partir
contrário dos hidrófobos, têm seu processo na cadeia da “esponja” volatiza ou evapora, do piso da galeria de drenagem, objetivan-
de expansão condicionado ao volume d’água fazendo com que sofra retração, tornando do-se o tratamento e a impermeabilização
existente no interior do concreto. Quer dizer, aquela região permeável novamente ao fluxo
se houver pouca água o volume da espuma d’água. Daí, a necessidade obrigatória da in-
do maciço, interface e rocha de fundação.
será pequeno. Muita água possibiiltará o de- jeção do gel de poliuretano para “impermea-
senvolvimento de um volume de espuma pa- bilizar” a espuma hidrofílica. Trata-se de uma GLOSSÁRIO
drão, algo em torno de 30 vezes o volume de técnica antiquada, cara e perniciosa à estru-
poliuretano injetado. Traduzindo: a “esponja” tura, já que exige a execução de furos adicio- Viscosidade – resistência interna de um líquido
para fluir. Medida da resistência que todo líquido
formada pelo poliuretano hidroexpansivo hi- nais para a injeção do gel. O poliuretano hi- tem para fluir.
drofílico é construída à base de moléculas droexpansivo hidrófobo não sofre os efeitos
d’água e, portanto, sofre os efeitos adversos dos ciclos de secagem/molhagem porque sua
dos ciclos de secagem/molhagem que toda cadeia expansiva é de apenas poliuretano. Seu 6ª Etapa
estrutura hidráulica se submete. Ou seja, na processo de expansão ocorre apenas com o
medida em que o nível d’água cai ou a super- contato da resina com a água.
Execução de furos inclinados, também com
diâmetro de 50mm, a partir da galeria, de
Injeção versus viscosidade modo a se proceder a injeção do super po-
liuretano hidroexpansivo hidrófobo, possi-
Uma resina com viscosidade de 100cps pe- trabalhar-se com viscosidades iguais ou pró- bilitando o tratamento e a impermeabiliza-
netra no concreto com 1/100 da velocidade ximas a da água, de modo a acessar seus
da água (1cps). Isto considerando pressões caminhos. Desta forma, a velocidade com que ção em torno das tubulações do circuito hi-
de injeções iguais. Ou necessitam de cem uma resina pode ser injetada para dentro de dráulico e no contato com a rocha de fun-
vezes mais pressão para obter velocidades uma massa de concreto varia inversamente dação.
iguais à da água. Portanto, em qualquer tra- com sua viscosidade e diretamente com a Os serviços duraram quatro meses e o re-
balho de impermeabilização é fundamental pressão da bomba.
sultado foi o completo sucesso do tratamen-
to imposto, sem qualquer perda d’água apa-
rente.

Ficha Técnica

Empreiteira:
ECL Engenharia e Construções Ltda.
São Paulo – Brasil
Fone: (11) 3031-4616
Contato: Marcos V. Kffuri
Figura 9 - Vista em Planta da Malha de Perfuração. Empresa Impermeabilizadora:
MC Serviços de Engenharia Ltda.
Contato: Sr. Clarindo
Fone: (11) 9654-3414
Consultoria e Fornecedora dos
Produtos de Impermeabilização:
Rogertec Engenharia e Comércio
Contato: Engª Patrícia Praça
Fone: (21) 2494-4099 - 2493-4702
e-mail: rogertec@infolink.com.br

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Figura 10 - Vista em corte dos furos para injeção de Poliuretano.


Para ter mais
informações sobre
Impermeabilização.
5ª Etapa cimentícia. Todo o processo de degradação
física e química do concreto foi tratado com
Especificamente na região do bloco H, de- poliuretano hidroexpansivo inteligente e
vido a presença de tubulações de tomada resina acrílica, com viscosidade igual a da
REFERÊNCIAS
d’água e de descarga de fundo, não foi exe- água em duas fases. A primeira fase foi
• Marcos V. Kffuri é engenheiro civil.
cutada a parede diafragma com argamassa feita através da crista da barragem com o

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fPractice
ANÁLISE
Survey

Perigo
nas estruturas
enterradas
Figura 1 - Encontro pilar-cinta com
esmagamento. Corrosão intensa (perda
de seção) nas armaduras. Solo com água
ácida e presença excessiva de sulfatos. O
reforço foi feito com o encamisamento e
instalação de proteção catódica galvânica
com TERRA ANODO G.

Evandro Salles Pinto

É prudente fazer estruturas de concreto armado-


protendido em contato com solo e água freática
contaminados ou corrosivos?
Qualquer estrutura de concreto armado/pro- ções, torna-se obrigatório medidas de pro- as, canais e rios próximos, assim como é
tendido em contato com solo sujeito à vari- teção, de acordo com as diretrizes das nor- influenciado naqueles meses de chuvas in-
ação da água freática merece atenção cui- mas existentes. tensas, condicionando as características
dadosa. O fato é que o nível superior da geológicas do terreno.
água freática varia de região para região, A variação do nível freático A água subterrânea forma parte de uma
ficando sujeito à influência de lagoas, ca- e as correntes subterrâneas corrente cuja direção e intensidade depen-
nais e rios próximos. A medida que o nível de do gradiente existente. O movimento da
médio de água freática marca presença ou Efetivamente, o nível superior da água fre- água subterrânea aumenta a velocidade da
molha estruturas enterradas ou de funda- ática varia de acordo com o nível das lago- corrosão, tanto do concreto como do aço,

Figura 2 - A variação do lençol freático e a situação das estruturas de concreto armado-protendido enterradas. Quando o nível está alto, o concreto fica saturado.
Quando
12 está baixo, os interstícios do concreto se esvaziam parcialmente, seguindo-se um processo de evaporação. O que resta no interior
RECUPERAR • dos
Maiointerstícios éa
/ Junho 2003
cristalização de diversos sais. Quando o nível freático volta a subir, os poros do concreto voltam a se encher d’água. No entanto, a concentração dos sais
prejudiciais dissolvidos na água é muito superior ao da água anterior. A repetição ininterrupta deste processo, dependendo dos sais, conduz o concreto e as
armaduras à destruição. Solos arenosos são mais sensíveis a este fenômeno.
Survey fPractice

Oscilação anual do nível da água freática KMnO e espécies microbiologicamente


ativas, como bactérias.
• Odor e coloração.
Altura do nível Cota máxima anual
do nível freático
A dureza total permite conhecer as águas
freático (m)
muito puras causadoras de lixiviações no
concreto. O conteúdo de permanganato de
Possível altura do nível freático potássio consumido, assim como o odor,
no momento da observação permite conhecer a presença de matéria or-
Cota mínima anual gânica. O mais importante é a presença do
do nível freático perigoso sulfeto de hidrogênio (H2S) e do
dióxido de enxofre (SO2).
1 3 6 9 12 Meses
E o solo?
simplesmente porque determina a veloci- • Conteúdo de íons ou espécies iônicas:
dade do transporte do oxigênio no solo. Sulfato (SO4-2), presença dos íons Fe+2 e Efetivamente, o solo hospeda
A presença de focos contaminantes próxi- Fe+3, magnésio (Mg-2), cloreto (Cl-), amô- água ou soluções em seu inte-
rior. Mas o que é o solo?
Águas subterrâneas em relação às regiões do solo Nada mais, nada menos do
que uma misturadora de
rocha desintegrada por ação física e modifi-
cada pelo tempo, composto por partículas
pequenas denominadas silicatos minerais,
basicamente formadas por um átomo de silí-
cio rodeado por quatro átomos de oxigênio.
Estes, por sua vez, estão ligados a outros áto-
mos de silício (elemento mais abundante na
terra depois do oxigênio) e assim por diante.
Acrescentam-se ainda materiais quimicamen-
Na zona de aeração a água agressiva que faz contato com estruturas de concreto armado- te precipitados, a partir de soluções aquosas
protendido sofre forte evaporação, abandonando seus sais. Este processo ocore em todo tipo passantes e matéria orgânica (húmus). Claro
de estrutura enterrada, particularmente em canais, túneis e muros de contenção, quando que a diversidade dos solos existentes depen-
sofrem pressão hidráulica por um lado e pelo outro não há qualquer impedimento à evapora- derá da história da sua formação, em função
ção. No lado da evaporação as concentrações de sais aumentam, principalmente pelos sulfa-
da sua localização. Em um solo seco, metade
tos de sódio, magnésio e de cálcio.
do seu volume é formado por espaços vazios
mos, como depósitos de lixos, usinas, in- nio (NH4+ ), enxofre (S-2) e nitrato (NO3– ), entre as partículas que o constitui. Estes es-
dústrias, tubulações que conduzem gases, consumo de permanganato de potássio paços são divididos não muito harmonica-
esgotos, além de postos de combustíveis
contaminam a água freática, impregnando- Um pouco de química
a de agentes agressivos. A Vamos conhecer os ácidos e os álcalis. O gás ácido com 10–3 (um milésimo) de íons-grama
análise química da água cloreto de hidrogênio, HCl, tem seus dois áto- de hidrogênio por litro de solução. Como a
mos bem ligados. Os átomos existem como escala pH pertence à escala de logarítimos,
subterrânea deve ser feita íons, sendo o hidrogênio com carga positiva e uma mudança na escala corresponde a uma
de modo a conhecer-se a sua o cloro com carga negativa. Uma vez o HCl se mudança de dez vezes sua concentração áci-
natureza. A presença de íons po- dissolvendo na água forma o cochecido ácido da ou alcalina.
sitivos fornece a dica da presença clorídrico, cujos íons ficam praticamente se- Sobre os íons, podemos dizer que nada mais
parados (HCl J H+ + Cl–). Logo, todos os áci- são do que átomos que ganharam ou perde-
de águas sódicas, cálcicas ou dos produzem íons hidrogênio em solução. Um ram um ou mais elétrons, em relação ao seu
magnésicas. Por outro lado, a álcali, como o hidróxido de sódio, NaOH, tam- estado de átomo eletricamente neutro. Me-
presença de íons negativos, po- bém é formado por íons, tendo o Na carga lhor ainda: ácidos, álcalis e sais, são eletróli-
positiva e a hidroxila, negativa. Um álcali é tos e, quando dissolvidos em uma solução, fi-
derá informar a presença de um gerado de íons hidroxilas em solução cam mais ou menos dissociados em unidades
águas cloradas, sulfatadas ou car- (NaOH J Na+ + OH–). A força de um ácido, eletricamente carregadas chamadas íons, bru-
bonatadas. A norma DIN 4030 por exemplo, depende do número de íons hi- tais carregadores de cargas de eletricidade,
dá detalhes da agressividade da drogênio que ele liberta na solução. Essa con- como se fossem formigas. Essas cargas de ele-
centração de íons é muito, mas muito peque- tricidade são chamadas de potencial iônico do
água subterrânea. De um modo na, variando de um décimo (10–1) a um milio- íon e cada íon tem seu próprio potencial. Logo,
geral, a análise deverá informar: nésimo (10–6) de íon-grama por litro (o íon- é de se imaginar que íons positivos e negati-
• Resíduo não evaporável. grama é o peso iônico em gramas. Por exem- vos, ao se encontrarem, provoquem uma in-
plo, o hidrogênio tem 1). Os químicos usam a teração ou ação recíproca entre eles. Esse en-
• pH.
escala de acidez chamada escala pH para contro gera um efeito de deformação entre
• Dureza, dureza total. medi-la. Logo, um pH de 3 corresponde a um eles chamado de polarização.
• Ácido carbônico, total e combinado com cal.

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Survey fPractice

mente entre a solução intersticial e os ga- Fatores que afetam a corrosão


ses presentes no solo. Quando a atividade nas estruturas enterradas
biológica dos organismos do solo é alimen-
Existem, basicamente, quatro importan- • Teor de sais dissolvidos e a conseqüen-
tada de forma suficiente por nutrientes, o
tes características que norteiam a corro- te condutividade(resistividade) do solo
oxigênio é literalmente removido dos es- sividade dos solos em relação ao aço en- e do concreto.
paços vazios, dando lugar à volumosa con- terrado, “protegido” ou não pelo concre- • Acidez do solo.
centração de dióxido de carbono (CO2), to: • Presença de espécies iônicas na água
centenas de vezes superiores à existente na • Aeração e retenção d’água (permeabili- do solo, como cloretos, sulfatos etc,
atmosfera. Solos biologicamente ativos dade do solo). além de bactérias.
também sofrem de transformações impor-
há umidade presente, devido a grande quan- gênio atmosférico são dois dos atores prin-
tantes devido aos ciclos de enxofre e nitro-
tidade de óxido de ferro II hidratado. É o cipais. Na zona de aeração, as partículas do
gênio.
caso dos siltes. solo estão cobertas com um filme d’água e
A permeabilidade do solo exerce função
existe ar entre as partículas. Na zona satu-
extremamente importante na corrosão do
O poder oxidante (POX) da água rada todo ar foi despachado.
concreto armado-protendido ali enterrados,
e o seu potencial de redução- As reações de redução e oxidação, chama-
exatamente pela facilidade com que permite
oxidação (PRO) das também reações redox, nada mais são
o fluxo de soluções. A própria cor do solo
do que reações simultâneas, inseparáveis e
pode dar uma dica a respeito da introdução
O agente oxidante mais importante em acima de tudo eletroquímicas de perda e
ou permeabilidade do oxigênio, ou seja, se
águas do sub-solo é o oxigênio dissolvido, ganho de elétrons, patrocionada pelo po-
está bem ou não aerado. Boa drenagem,
O2. Uma vez reagindo, cada um dos seus tencial eletroquímico redox das espécies
calor e chuvas estimulam a ação da erosão
dois átomos é reduzido do seu estado de iônicas dissolvidas na água ou solução.
com conseqüente formação de óxidos de
oxidação zero para –2, formando água H2O Como, por exemplo, entre os dois íons do
ferro III, dando ao solo aquela cor meio
ou hidroxilas OH–. ferro na reação de ida e volta, quer dizer de
avermelhada. Solos com a cor marrom es-
A química da água subterrânea baseia-se oxidação do íon ferroso Fe+2 a férrico Fe+3
cura indicam a presença de matéria orgâni-
nas reações ácido-álcali e redox que con- e, na volta, de redução do íon férrico Fe+3 a
ca e vermelho-marrom dão a dica de que
trolam as concentrações dos íons inorgâni- ferroso Fe+2, Fe+2 ' Fe+3 J e–, muito co-
GLOSSÁRIO cos dissolvidos na água e seu teor orgâni- mum na água do solo. O íon Fe+3 age como
co, com direito à movimentação do pH. A agente oxidante.
Ferro – quimicamente, o ferro, assim como ou-
tros metais de transição formam íons coloridos. dissolução do dióxido de carbono e do oxi- Uma reação característica das águas sub-
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Eles podem estar no estado de valência II e III,
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sendo os primeiros denominados ferrosos amare-


lados e os outros férricos vermelho-marrom. Os
óxidos de ferro têm propriedades catalíticas, devi-
do a sua capacidade de mudança de valência.
Ferrugem – óxidos de ferro mais ou menos hidra-
tados, misturados com carbonatos básicos ferroso-
férricos que se formam na superfície do aço quan-
do em ambientes úmidos, salinos ou industriais. Seu
tratamento atinge cifras astronômicas no mundo
inteiro.
Valência – pode significar a capacidade de com-
binação com átomos de hidrogênio ou outros ele-
mentos monovalentes. Neste caso, é um número
característico daquele estado de oxidação de um
elemento químico. Os números de valência podem
se alterar durante os processos químicos, dando
lugar ao fenômeno da oxidação-redução.
Solos tropicais – solos sujeitos a grande inci-
dência de chuvas que, literalmente, lixiviam mine-
rais solúveis das camadas superiores do solo. Al-
tas temperaturas promovem a degradação da ma-
téria orgânica na superfície que também é lixivia-
da para o interior do solo. O resultado é um solo
laterítico rico em óxidos de ferro e alumínio, ca-
racterizado por finas lâminas de material húmico,
geralmente muito ácido.
Solo laterítico – sub ordem de solos, divididos em
zonas, formadas em regiões tropicais, ou seja em
climas quentes, temperados, úmidos e chuvosos.
Ácido húmico – qualquer um dos vários ácidos
orgânicos complexos obtidos do húmus.
Húmus – matéria orgânica que dá ao solo sua cor
escura, constituída, principalmente, por um mate-
rial chamado húmus, derivado das plantas que re- Tele-atendimento
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14 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Survey fPractice

terrâneas nada aeradas e que chegam a zona solos tendem a se tornar ácidos
de aeração é o fato de, ao fazerem contato A corrosão do aço devido à lixiviação dos íons bá-
com o gasoso e oxidante O2 terem a chance A corrosão do ferro Fe metálico é um exemplo de reação sicos positivos (Ca , Mg , Na
0
2+ 2+ +

de dissolver-se nelas, fazendo com que seu redox. Este metal é oxidado a íon aquoso ferroso, com número e K+) para o interior do terreno,
nível bastante elevado de ferro ferroso solú- de oxidação +2, quando reage com água e oxigênio. O concomitantemente com a intro-
composto resultante, conhecido como corrosão, dá como
vel amarelado Fe+2, presente no solo, se con- resultado óxidos e hidróxidos de ferro hidratado. Os tubos
dução do dióxido de carbono
verta em ferro férrico vermelho-marrom in- abaixo mostram que, para se formar corrosão, são necessários (CO2), empurrado pela chuva.
solúvel, formando um solo mais escuro, rico água e oxigênio. O óleo evita que o oxigênio do ar se
Resumindo, toda solução pode
em hidróxido férrico Fe(OH)3. dissolva ser caracterizada por seu POX,
Inúmeras reações redox ocorrem no solo, Tubo de seja a solução intersticial presente
principalmente as que envolvem o enxofre, ensaio no concreto como no solo. Nes-
desde o seu estado altamente reduzido –2, O oxigênio tes ambientes sempre haverá ele-
está
encontrado no gás sulfeto de hidrogênio, H2S presente
mentos ganhando e outros per-
e em minerais que contém íon sulfeto, S–2 até no ar dendo, definindo-se um POX. O
o estado altamente oxidado +6, presente no que devemos saber é que este tro-
ácido súlfurico, H2SO4, e em sais que contém Prego de ca-troca de perde e ganha gera
aço O oxigênio
o íon sulfato SO4–2. é reduzido energia, mais precisamente vol-
A contaminação da água do sub-solo por pro- durante o tagem, traduzida na forma do po-
Um pouco enferruja-
dutos químicos orgânicos e esgotos é outro de ferrugem mento tencial de redução-oxidação,
grande problema. As fontes dessas substân- se forma, PRO presente em qualquer meio
cias orgânicas abrangem vazamentos de de- pois existe onde haja água ou solução aquo-
água no ar
pósitos de lixo químico, vazamentos de tan- O ferro no sa. Diminuindo-se o PRO da
ques subterrâneos de armazenamento de ga- prego tem água ou da solução, aumenta seu
número de
solina, vazamentos de aterros de lixo munici- oxidação 0 poder de corroer ou oxidar o aço.
pais e derramamentos acidentais de produtos A água
A adição de oxigênio dissolvido
químicos. destilada assim como a presença de espé-
não O ferro na cies iônicas na água interfere di-
contém
GLOSSÁRIO ferrugem
retamente no PRO. O POX, ou
oxigênio tem número
Reação de redução-oxidação (redox) – fenô- dissolvido de oxidação propriamente o potencial de re-
meno inseparável formador do sistema onde elétrons +2 dução-oxidação (PRO) é medi-
são sequestrados de um átomo (oxidação) e entre-
gues a outro átomo (redução). Como o elétron tem A ferrugem A
do em milivolts, através de uma
carga negativa, quem perde fica positivo, quem ga- não se ferrugem revolucionária caneta chamada
nha fica negativo. A força que executa estas reações forma é óxido de
é patrocinada pelo potencial eletroquímico.
STIK que, ao mergulharmos
ferro
Estado de oxidação – carga elétrica decorrente da hidratado ponta no líquido informa o seu
perda ou ganho, total ou parcial, de eletron(s) por AR, SEM ÁGUA, AR E POX, a condutividade, o pH e
um átomo.
Resistividade – significa dificuldade no transporte ÁGUA SEM AR ÁGUA a temperatura. Isto porque es-
de corrente. Quanto menor a resistividade maior a tes dois últimos parâmetros in-
condutividade ou o transporte de corrente. Solos Efetivamente, a água do solo está permanen-
corrosivos são aqueles que contém grandes concen-
terferem diretamente no POX da água ou
temente submetida a reações redox e natural-
trações de sais solúveis que otimizam a condutivida- solução. Em solos que envolvem tubulações
de elétrica. O conhecimento da resistividade do solo mente tem poder oxidante (P.OX.) permanen- de concreto ou sapatas de fundação, tipica-
informa o seu grau de corrosividade. O conhecimen- temente em mutação, particularmente quan- mente remexidos e aerados (aeróbicos), o
to do fluxo e nível da água subterrânea, assim como
o pH e o potencial de redução-oxidação do solo com-
do há bactérias no solo. teor de oxigênio é relativamente alto e, qua-
plementam a pesquisa. Regiões do solo com dife- O pH do solo, geralmente, varia de 3,5 a 10, se com certeza, ter-se-á um PRO mais bai-
rentes pH, por si só, promovem diferenças de po- sendo que os que contêm matéria orgânica xo do que aquele encontrado em um solo
tencial no aço e, conseqüentemente, corrosão.
tendem a ser ácidos. Na região sudeste, os virgem e compacto (anaeróbico), onde, fre-
qüentemente, outros seqüestradores de elé-
trons, que não o oxigênio, determinam a
corrosividade do solo e também do concre-
to. No box acima há a relação entre o PRO
da água e o conseqüente POX desenvolvi-
do em função das reações redox.
A classificação da corrosividade do solo,
Figura 4 - O efeito da tradicionalmente baseada apenas na resis-
concentração de oxigênio e tividade e no pH, é incompleta e pode in-
da temperatura na velocidade
de corrosão do aço. duzir a erros. O POX e a atividade micro-
biana são parâmetros super importantes na
corrosão subterrânea e que também devem
ser considerados.
Figura 3 - “Pescoço” de pilar (entre a cinta e a sapata) enterrado e em estado de ruína (esmagamento) Continua na
devido a corrosão
RECUPERAR do concreto
• Maio e das armaduras.
/ Junho 2003 página 17 15
Quer conhecer o poder da água?

Com o revolucionário STIK você mede na informa precisamente, de forma digital, o

hora o poder oxidante (POX) da água ou de pH, o POX dos íons presentes, o cloro e sua

qualquer solução, assim como seu pH, condutividade. O medidor STIK analisa a

temperatura e condutividade. Águas ou água em qualquer situação. É ideal

soluções com baixo POX corroem também para quem trabalha em estações

facilmente o concreto e suas armaduras. de tratamento de água, esgoto, barragens,

POX é uma propriedade inerente a fundações etc. Conheça hoje mesmo este

qualquer tipo d’água ou solução. O STIK revolucionário instrumento.

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Água de Barragens
fundações

16 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Survey fPractice

Conhecendo o solo e seus íons Corrosividade do solo


(Resistividade) (NACE)
Resistividade do
Corrosividade
solo (ohm.cm)
Acima de 10.000 Não corrosivo
1.000 – 10.000 Meio corrosivo
500 – 1.000 Corrosivo
0 – 500 Muito corrosivo

rosão induzida por micróbios (CIM). Des-


tes últimos, talvez o mais badalado seja a
bactéria redutora de sulfatos (BRS) que, em
solos orgânicos saturados, ricos em sulfa-
A identificação das
tos, na condição anaeróbica (sem oxigênio),
espécies iônicas presentes se alimentam ou retiram a energia neces-
na água ou solução aquosa sária à sua sobrevivência das reações re-
do solo ou do concreto é
importante para se dox, literalmente engolindo o H2 livre,
visualizar seu POX. leve e solto durante a reação de corrosão
do ferro, provocando agora um outro es-
trago: a transformação dos sulfatos pre-
sentes que, de quebra, põem na área como
produto da reação os mal cheirosos sul-
fetos de ferro (FeS), de cor escura. As
BRS são craques em provocar corrosão
Assentar uma fundação ou uma tubulação em bem diferentes, bastando apenas terem espé- localizada. Sua atividade está totalmente
um solo suspeito é jogar com a sorte, particu- cies iônicas diferentes. Têm culpa no cartório relacionada ao PRO.
larmente hoje, com a contaminação ambiental os íons salinos do tipo cloretos, sulfatos e o
atingindo nossas cisternas e nossos narizes. O próprio e velho pH. Razão pela qual dever-se- Fax consulta nº 09
POX da água ou de soluções aquosas é forte- á checar a presença destes íons através de kits
mente dependente do grau de ionização das medidores ou conduzir a amostra do solo (pre-
espécies químicas na solução. Ionização é o servando a umidade natural) para laboratórios
fenômeno que conduz à formação de íons. A especializados. A tabela do ACI-318 (building Para ter mais
ionização que ocorre na água ou em soluções Code Requirements for Reinforced Concrete) informações sobre
aquosas deve-se à alta constante dielétrica da mostra bem esta preocupação.
Análises.
água, que tem por hábito diminuir ou quebrar
as forças eletrostáticas que imperam entre os Efeito dos cloretos e sulfatos na
íons das substâncias salinas, dissociando-as ou corrosão do aço enterrado (ACI-318)
ionizando-as, passando os íons resultantes a
ter existência isolada, devidamente rodeados Concentração (ppm) Grau de corrosividade
de moléculas d’água. Uma exemplo clássico é Cloretos
REFERÊNCIAS
o cloreto de sódio, NaCl > Na+ + Cl–. Águas > 5.000 ......................................... Severo
ácidas geram íons hidrogênio H+, quando se 1.500 – 5.000 ........................ Considerável • Evandro Salles Pinto é engenheiro metalúr-
ionizam. Águas alcalinas produzem íons hidro- 500 – 1.500 ................................ Corrosivo gico especialista em corrosão.
xila OH–. < 500 .............................................. Início • K.H. Logan. “Corrosion By Soils”, in the H.H.
É comum encontrar-se uma enorme variedade Sulfatos Uhlig Corrosion Handbook In “The Corrosion
de espécies iônicas ou sais solúveis nos solos, > 10.000 ....................................... Severo on Handbook”.
da mesma forma que em concretos contami- 1.500 – 10.000 ...................... Considerável • R.L. Starkey and K.M. Wight. “Anaerobic
nados. Dois solos ou concretos que tenham a 150 – 1.500 .................................. Positivo Corrosion of iron in Soil”, American Gas As-
mesma resistividade, podem apresentar POXs 0 – 150 ................................ Insignificante sociation.
• M. ROmanoff. “Underground Corrosion”, Na-
A função dos micróbios na tional Bureau of Standards Circular 579.
• “Underground Corrosion” ASTM STP 741.
corrosividade do solo
• “Corrosion Tests and Standards: Application
and Interpretation”. ASTM manual series:
É extremamente considerável o nível de da- MNL 20.
nos provocados no aço pela chamada cor- • M. Romanoff. “Corrosion of Steel Pilings in
Soil”. National Bureau of Standards.
• E. Escalante. “Concepts of Underground Cor-
GLOSSÁRIO rosion”, in Effects of Soil Characteristics on
Sulfato – sal derivado do ácido sulfúrico (H2SO4). Corrosion”. ASTM STP 1013. V. CHaker and
Sulfeto – substância binária do enxofre com ou- J.D. Palmer (Eds.). American Society for Tes-
tros elementos ou radicais. ting and Materials.

RECUPERAR • Maio / Junho 2003 17


CORROSÃO
Survey fPractice

Os segredos da
corrosão
Joaquim Rodrigues
IV GLOSSÁRIO

Aço – liga formada com cerca de 97% de ferro.


Possui pequena porcentagem de carbono e outros
metais de ferro, entre os quais cromo, tungstênio,
vanádio, manganês, níquel, alumínio etc, poden-
do-se categorizá-lo em três grandes grupos. O ferro
Botando pilha no aço. Conheça todas as pilhas que isento de carbono é bastante mole, de tal forma
que poder-se-á raspá-lo com uma simples faca.
acontecem no aço do concreto armado-protendido. Os aços da construção, um dos três grupos acima
caracterizados, contêm cerca de 0,35 a 0,55% de
carbono e subdivide-se, basicamente, em três gru-
pos:
Esta matéria complementa as três anterio- ça do ferro e de diminuta quantidade de • aços de construção ao manganês-silício, com
res publicadas nas edições 46, 47 e 48. A metais dissimilares como o manganês, cro- porcentagens máximas de 0,40% de carbono,
continuidade deste importante assunto tem mo, etc, uma vez em contato ou interliga- 1,40% de manganês e 1,40% de silício.
• aços de construção ao cromo-molibdênio, com
a ver com as dúvidas dos nossos leitores, dos por soluções ou água intersticial rica porções máximas de 0,45% de carbono, 0,80%
que solicitam tanto mais informações a res- em espécies iônicas próprias do ambiente de manganês, 0,35% de silício, 1,30% de cromo e
0,40% de molibdênio.
peito das matérias publicadas como tam- em torno da estrutura. É a chamada corro- • aços de construção ao cromo-níquel, com por-
bém objetivam a compreensão do verdadei- são galvânica ou corrosão por pilhas for- ções máximas de 0,40% de carbono, 0,80% de
manganês, 0,35% de silício, 0,95% de cromo e
ro tratamento da corrosão no concreto ar- madas entre metais diferentes, à semelhan- 4,75% de níquel.
mado/protendido com a técnica da prote- ça de uma pilha que alimenta um comando Quimicamente, o aço forma íons de ferro colori-
ção catódica. de televisão. dos, ou seja, íons ferrosos solúveis, Fe+2, e íons
férricos, Fe+3, que funcionam como verdadeiros
Invariavelmente, o aço da construção pos- catalizadores devido a esta capacidade de mudan-
sui a força necessária para detonar volta- A corrosão por pilhas ça de valência. Os óxidos e hidróxidos formados
por estes dois íons representam o processo de
gens, devido a inerentes pilhas de corrosão corrosão do aço, responsável por prejuízos astro-
existentes em seu bojo. Ao longo do corpo O aço, como sabemos, não é um metal puro. nômicos no mundo inteiro, da ordem de bilhões
de dólares/ano.
da barra de ferro ocorrem naturais diferen- Advém do minério de ferro que, na forma Pilha galvânica – dispositivo em que a energia
ças de voltagens, devido a presença maci- de rocha, é extraído com pequenas impure- elétrica que surge é gerada por mudanças quími-
cas. Basicamente, consiste de dois metais diferen-
20 tes em contato,RECUPERAR • Maio interligando-
tendo uma solução / Junho 2003
os também.
Survey fPractice

zas (outros metais) e depois submetido a pro-


cessos químicos e mecânicos, até chegar na
forma do aço. Desconsiderando-se os pro- Figura 2 - Típico mecanismo de corrosão
cessos aos quais é submetido, o fato é que o provocado pela polarização catódica do
dito cujo absorve uma considerável quanti- catodo, em função da facilidade com que o
oxigênio chega à superfície do aço. No
dade de energia durante sua transformação. anodo deposita-se hidróxido ferroso, de cor
Naturalmente reativo, mas agora com ener- mais amarelada. Nos catodos adjacentes,
com maior área, deposita-se hidróxido
gia saindo pelo ladrão, particularmente de- férrico, de cor vermelho-marrom, a verdadei-
vido a inserção de outros metais, o ferro, ra cor da ferrugem. Se a película do
travestido de aço, é a própria imagem da hidróxido férrico se mantém intacta, o ferro
passiva-se, pelo fato de ser pouco solúvel,
instabilidade eletroquímica, à semelhança dificultando o acesso da água e oxigênio.
de todo e qualquer material criado pelo Repare na diferença entre as áreas anódica e
catódica.
homem. A severidade do ambiente circun-
dante causa neste metal artificial corrosão armaduras do concreto ou nos cabos e fios ça é que impera e é chamada polariza-
localizada ou generalizada. Isto, devido a do concreto protendido. A heterogeneida- ção. Polarização anódica no anodo e ca-
diversidade de energias que cada metal in- de da matriz metálica, como vimos anteri- tódica no catodo. Polarização, portanto,
corporado possui que, com o advento da ormente torna extremamente reativa sua su- é definida como o deslocamento do po-
água e do oxigênio interfaceando-os, é su- perfície, ao mesmo tempo em que sempre tencial de uma destas regiões, motivado
ficiente para detoná-las. A surgêcia de ele- haverá a garantia do contato elétrico (ex- pelos efeitos do fluxo de corrente, quer
mentos contaminantes na solução que per- tensão da barra). Antes de especificarmos dizer, densidade de corrente, que é o flu-
cola pelos vazios do queijo suíço chamado os tipos de corrosão por pilhas que costu- xo de corrente por unidade de área da re-
concreto é fator acelerante para o processo mam ocorrer, torna-se necessário conhecer gião. A quantidade de polarização que
de destruição de suas armaduras. Ou seja, dois fatores sinistros que influenciam o seu surge costuma-se chamar overvoltagem
à medida que os vazios do concreto se en- comportamento. A polarização é a relação ou overpotencial. Se o catodo quer po-
chem de uma solução, e esta chega a uma das áreas catódicas e anódicas.
determinada região da superfície da barra
GLOSSÁRIO
de aço, os diferentes metais que a compõem • Polarização
se intercomunicam e acendem o estopim Liga – metal resultado da solidificação de uma
Na corrosão por pilhas as regiões anódi- mistura de dois ou mais metais, previamente fun-
das bombas de fragmentação, que explo- ca e catódica são espertas e cada uma tem didos.
dem à medida em que o show continua. O energia própria, ao fazerem seu troca-tro- Potencial eletroquímico – é a energia de trans-
lucro da Corrosão Futebol Clube, naquela ferência entre metais ou elementos eletricamente
ca. No entanto, a vontade de polarizar po- carregados.
região chamada anódica entra em aclive, derá partir tanto do catodo como do ano- Potencial de uma superfície – é o potencial
alimentada por regiões vizinhas catódicas do. Como? Claro, todo mundo tem pro- medido com uma semi-pilha em uma superfície,
que mais parecem cartolas com contas em submetido a uma solução ou eletrólito.
blemas. Catodos e anodos também têm. Eletrólito – substância química em forma de so-
paraísos fiscais. A moeda de troca que tem lução líquida, contendo íons.
Se um não tiver iniciativa, a vontade do
valor aqui chama-se oxigênio O2, mas até Série das forças eletromotrizes – lista de me-
outro impera para a efetivação da troca. tais ou elementos arranjados de acordo com seu
íon hidrogênio H+ entra na transação da
Os potenciais fornecidos pela região anó- potencial padrão, de modo que metais não reati-
Corrosão F.C. Traduzindo, na região anó- vos ou “nobres”, como o ouro, são positivos e
dica como pela catódica, no troca-troca,
dica da barra o ferro metal Fe0, zerado de metais reativos como o zinco, são negativos.
geram voltagens desiguais. Esta diferen-
dívidas, passa à condição negativa de íon ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ferroso Fe–2, literalmente boiando na solu-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ção interfacial concreto-armadura, devido


“O concreto aparente terá um futuro brilhante
aos dois elétrons arrancados pelos cartolas
catódicos vizinhos. Estes, por sua vez, com sem qualquer presença de corrosão”
muito O2 e H+ no bolso, verdadeiros seques-
tradores de elétrons, dão como troco íons
hidroxilas perversos para reagir com os íons
ferrosos Fe–2, formando os produtos da cor-
rosão, ou seja, os óxidos ferrosos (figura
SILANO-CORR
2). O que se vê, então, mais parece uma
trama futebolística sem fim. Vamos esmiu-
Hidrofugante para o concreto aparente com inibidor iônico que protege mesmo contra a corrosão.
çar os mecanismos desta confederação cor-
rupta, quer dizer corrosiva, cheia de pilhas. Você ainda usa verniz no concreto aparente? Você merece um futuro melhor.

Como atua a corrosão por pilhas? SILANO-CORR


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da corrosão que vemos freqüentemente nas
RECUPERAR • Maio / Junho 2003 21
Survey fPractice

larizar com o peito estufado de O2, como dica é o manda chuva da ocorrência da cor- da ciclização da “recuperação”. Efetiva-
é comum, e o anodo não, então havendo rosão, lidar com grandes catodos e peque- mente, não é o tratamento.
solução aquosa cheia de elementos iôni- nos anodos será trágico para estes últimos. Agora, se o anodo quer polarizar, talvez
cos (especialistas em baixar a resistivida- O efeito de uma determinada quantidade motivado pela presença direta dos trafi-
de do concreto) a corrente coletada no ca- de corrente concentrada em uma área pe- cantes íons cloretos ali, a causa muda e o
todo por área será predominante e o que é quena será muito maior que numa grande catodo perde a iniciativa, havendo uma po-
importante, costuma ser grande. Pior para área. Um exemplo bem prático está na er- larização anódica. Por exemplo, o poten-
os anodos pequenos que se submeterão a rada aplicação de epóxis para passivar, tor- cial anódico padrão do ferro é –440mV e
grandes quantidades de corrente em suas nando catódicas barras recuperadas. A po- o potencial catódico padrão do oxigênio
diminutas áreas. Seus átomos serão lite- larização catódica ocorrerá mais rapida- dissolvido na água é +401mV. Logo, o po-
ralmente sugados pela solução interfacial mente do que antes da recuperação. Isto tencial desta pilha possui uma força ele-
armadura-concreto. Rápida corrosão. porque a corrente, que é a mesma forneci- tromotriz de 841mV, energia suficiente
• O tamanho relativo das áreas anódica da pelo catodo (área não recuperada), flui- para acender uma lâmpada de lanterna ou
e catódica rá apenas nos furos e defeitos da pintura. para detonar a corrosão.
O efeito das áreas do anodo e do catodo Dever-se-á considerar que não existe pin- O concreto armado-protendido na condi-
na corrosão por pilhas evidentemente de- tura impermeável. O poder oxi- ção urbana é servido quase sempre pela po-
pente do tipo de polarização com que a dante das reações redox e a larização catódica já que, como sabemos o
corrosão se desenvolve. Como no concre- resistividade alterada do estado metalúrgico reativo da superfície da
to armado-protendido a polarização cató- concreto se encarregam armadura é considerado constante e a posi-
ção aérea dessas estruturas permite o aces-
so de soluções aeradas, ou seja a reação ca-
Onde acaba o processo tradicional tódica é predominante pelo excesso de
de recuperação das armaduras oxigênio. Quer dizer, a culpa da corro-
são cai sempre nos jogadores catódicos
como o oxigênio O2 e o íon hidrogênio H+,
pois seqüestrando de montão elétrons da
região anódica estarão produzindo ali gran-
des densidades de corrente anódica. Des-
cobertos os mecanismos que caracterizam
as pilhas, resta saber quais os tipos existen-
Situação que simula a tradicional pintura da tes nas estruturas.
região anódica (corroída) na
armadura. Duas situações se Os tipos de pilhas de corrosão
impõem:
1ª) A região da barra pinta- Cada ambiente, na verdade, é constituído de
da é permeável ao oxi- micro-ambientes. Um exemplo caracterís-
gênio e ao vapor d’água
como toda tinta
que se preza. Es- GLOSSÁRIO
tará funcionando
como um catodo Força eletromotriz – potencial elétrico; volta-
para as antigas gem.
regiões vizinhas Corrosão galvânica – ocorre quando dois me-
catódicas, tornadas ago- tais com potenciais diferentes estão em contato
ra anódicas. Claro, por- elétrico enquanto imersos num concreto com pre-
que a região pintada sença de água intersticial contendo oxigênio dis-
está “protegida” do con- solvido ou simplesmente contaminada. Como todo
tato da solução, mas metal apresenta potenciais naturais diferentes em
aceita oxigênio e água na forma de va- mentar a corrosão ali. Ou seja, um faz de presença de um líquido, uma corrente irá fluir do
conta. metal mais anódico para o menos anódico, de
por, ou seja, está travestida de catodo.
2ª) A região anódica pintada, na vida real, maneira a equalizar aqueles potenciais.
As regiões vizinhas tornam-se anódicas
Pilha de corrosão – sistema eletroquímica for-
porque estão desprotegidas do contato apresenta falhas, quer dizer, defeitos na
mado por um anodo e um catodo interligados por
com a solução, e há agora um catodo que pintura. Evidentemente, o que ocorre na
contato metálico (aço) e submetidos a uma solu-
se dispõe a ali- verdade é uma drástica redução da área
ção ou eletrólito. Seu potencial é calculado pela
anódica, estabelecendo-se pequenas áre- diferença entre o potencial do catodo e do anodo.
as deste partido ou propriamente pites de Reação redox – reação de redução-oxidação. Esta
corrosão. A corrente anódica, caracteriza- reação caracteriza-se pela simultaneidade, ou seja,
da pela fuga de elétrons, que estava dissi- sempre que há oxidação (perda de elétrons) há
pada em toda a região, agora ficou con- redução (alguém ganha elétrons).
centrada em diminutos pontos, produzin- Voltagem ou potencial – é a energia que põem
do grande quantidade de corrente e tor- cargas em movimento. Uma força eletromotriz
nando-se violentos anodos devido a (FEM) ou uma diferença de potencial é expressa
alta velocidade de corrosão a que es- em volts. A FEM é a diferença de potencial entre
tarão submetidos. duas regiões da armadura, ou seja é a força pro-
pulsora para a corrosão eletroquímica.

22 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Survey fPractice

tico é uma indústria onde se produzem pro- temente, a troca e a polarização. Anódica ga eletricamente estas ligas, polarizan-
dutos químicos variados. Em cada um des- no anodo e catódica no catodo. As pilhas do catodicamente a que tem potencial de
tes ambientes haverá um comportamento de corrosão diferencial se manisfestam de corrosão menos negativo, ou seja, reduz
diferenciado da corrosão. O potencial de quatro maneiras particulares nas estruturas sua velocidade de corrosão. A outra, coi-
corrosão analisado com a semi-pilha CPV- de concreto armado-protendido. Todas são tada, com potencial de corrosão mais
4 não é, como se sabe, um potencial de equi- extremamente sensíveis a um desequilíbrio negativo é polarizada anodicamente, na-
líbrio. O aço nunca para de corroer em entre áreas catódica e anódica, conforme já turalmente com maior velocidade de
ambientes corrosivos. É apenas uma ques- mostramos. Vamos conhecê-las. corrosão. Apresentamos abaixo uma sé-
tão de velocidade. Existirá sempre oxida- rie galvânica bastante prática para me-
ção no aço para produzir íons Fé++, além de 1) Pilha por contato bimetálico tais e ligas, com seus potenciais medi-
produtos de corrosão, consoante com a pre- A corrosão bimetálica do aço, também dos em relação à semi-pilha CPV-4.
sença da água e da velocidade com que o chamada de corrosão de contato ou cor-
oxigênio se difunde na região catódica, de rosão galvânica plena ocorre quando in- 2) Pilha por filme da corrosão
modo a alimentar o processo anterior. terliga-se um aço a outra qualidade de Quando o aço chega na obra, observa-se
De um modo geral, poder-se-á entender que aço ou metal mais nobre no concreto, uma película de hidróxidos amarronza-
reações de oxidação e alimentação ocorrem seja armado ou protendido. Isto porque dos sobre sua superfície. Nada mais é
próximas ou numa mesma região da super- cada siderúrgica poderá produzir ligas de do que o produto da sua corrosão, for-
fície do aço. É o que estamos habituados a aço diferenciadas e com potencial de cor- mando uma barreira protetora contra o
ver no nosso dia a dia nas estruturas. No rosão diferentes para cada ambien- ambiente. Se esta barreira é danificada,
entanto, é comum encontrarmos corrosão te. A presença de água ou soluções de modo a expor a superfície do aço, o
no concreto armado motivado por reações nos vazios do concreto interli- que acontece durante os trabalhos de mo-
de oxidação e alimentação ocorrendo em vimentação e arrasto das barras no can-
regiões separadas. Unidas, seja em cama de teiro, assim como durante o corte e do-
casal ou de solteiro, ambas as reações ge- bra pelos armadores, a velocidade da
ram a dissolução do aço através da forma- corrosão na área exposta aumenta, exa-
ção de, respectivamente, micro ou macro tamente porque o filme de hidróxidos
pilhas de corrosão. As primeiras já conhe- férricos que forma a barreira à ação ca-
cemos. Vamos conhecer as macro-pilhas tódica, embora não seja um metal, atua
também chamadas de pilhas de corrosão como, sendo mais nobre (catodo) do que
diferencial. a superfície exposta original (anodo).

Pilhas de corrosão diferencial

É freqüente a surgência de reações de oxi-


dação e alimentação acontecendo em regi-
ões diferentes, separadas ou distantes. Cada
uma destas reações, em ambos os lados, tem
seu próprio potencial livre, leve e solto mas
que devido a continuidade da armadura, ga-
rantindo o contato elétrico há, conseqüen-
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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RECUPERAR • Maio / Junho 2003 23


Survey fPractice

Figura 6 - A viga deste pilar


aparentemente está protegida pelo
pastilhamento. No entanto, há
desenvolvimento de corrosão nas
armaduras sob a pastilha. É a pilha de
aeração desigual ou pilha de oxigênio.

gênio e água, enquanto que nas de-


mais regiões o concreto encontra-
se aparente ou emboçado, com mais
Figura 4 - A armadura e os
filmes da corrosão.
fluxo de oxigênio e água. A primeira
situação forma um anodo e corrói,
já a segunda situação, com mais oxi-
GLOSSÁRIO gênio, garante o prêmio de catodo.
Oxidante – substância capaz de sequestrar elé-
Um outro tipo de pilha por aeração
trons, isto é oxidar. O oxidante mais forte da quí- desigual bastante comum é forma-
mica é o flúor. Outros importantes são o oxigênio, do na própria superfície do concreto apa- le sob um concreto B. Efetivamente, o
cloro, os permanganatos (sais com radical MnO4– ),
os peróxidos (óxidos iônicos com íon negativo
rente. Regiões mais compactas e mais potencial original ou nativo de um aço
O2– 2 ) e etc. bem executadas vão para o sacrifício, ou varia de acordo com o ambiente de con-
seja, tornam-se anódicas em relação a tato, seja ele um concreto, argamassa,
Qualquer região trabalhada a frio no aço regiões mal preparadas, com insuficien- grout ou pintura. Isto causa uma dife-
torna-o mais anódico. Um detalhe que te vibração, perda de pasta etc, que tor- rença de potencial suficiente para deto-
deve ser observado é que o aumento da nam-se catódicas. nar uma pilha de corrosão, motivada
concentração daqueles íons ferrosos Fé++ 4) Pilha por pH desigual particularmente pelo pH desigual do am-
na superfície do anodo, pelo fato de se- Da mesma forma que aços diferentes, biente. É o caso comuníssimo das “re-
rem solúveis, aumenta gradativamente o imersos em um mesmo concreto promo- cuperações estruturais” feitas com arga-
potencial da região em 30mV. Logo, ha- vem pilhas de corrosão, concretos dife- massas pré-fabricadas ou grouts. Ao re-
vendo água, oxigênio dissolvido etc, ou rentes também desencadeiam pilhas de movermos o resto do concreto de uma
seja, um concreto de baixa resistividade corrosão em uma mesma armadura. O área já com desplacamento e exposição
ter-se-á corrosão naqueles locais, prefe- potencial de uma barra imersa em um das armaduras corroídas estamos deli-
rencialmente (figura 4). concreto A é levemente diferente daque- mitando uma área 100% anódica do aço,
3) Pilha por aeração desigual
Um caso bastante interessante e que ilus- Sais ou agentes secretos iônicos?
tra este tipo de corrosão ocorre em fa- O sal é uma substância formada por íons sal cristalino. A força iônica do sal é mais
chadas de edificação, ao longo dos pila- positivos e íons negativos. Em sentido amplo, caracterizada pela presença dos íons positivos
res. Neste exemplo é comum encontrar- pode-se definir um sal como o produto da na ligação com a água. Estas moléculas d’água
reação entre um ácido e um hidróxido, sem aderidas exercem uma apreciável pressão de
se regiões de um mesmo pilar revestido
participação da água. Todos os sais são vapor dentro da massa, influenciada pela
com diferentes materiais, garantindo di- predominante iônicos e, em água, se hidratam temperatura ambiente. Quando esta
ferentes penetrações (concentrações) de e se dispersam, tornando-se dispersões sólidas temperatura é suficiente para produzir uma
oxigênio. Assim, por exemplo, na figu- de espécies iônicas. Estes sólidos hidratados pressão de vapor maior do que a pressão do
continuam a ser sais, agora inchados com uma ar atmosférico, as moléculas d’água
ras 5 e 6 a região das vigas ao longo dos certa quantidade de água aderida. Por exemplo, abandonam o cristal e a estrutura a que
pavimentos é revestida com pastilha, o íon cálcio em solução está associado a um pertence, formando o fenômeno chamado
o que garante menor fluxo de oxi- número não especificado de moléculas d’água, eflorescência. Quando acontece o contrário,
porém, quando se cristaliza junto com o íon ocorre um processo de condensação, podendo
sulfato, forma o heptaidro CaSO4 . 7H 2O. Estas levar à dissolução do sal, formando-se uma
sete moléculas d’água são parte integrante do solução concentrada.

A água mineral Bolhas de vapor se


contém sólidos formam na água em
dissolvidos ebulição A água foi
removida por
ebulição

Resíduos
sólidos de
sais
Sais naturais
originados das
rochas
Concha metálica
ÁGUA MINERAL EM EBULIÇÃO RESÍDUO APÓS A EBULIÇÃO
Quase todos os sais são iônicos e se dissolvem, ao menos Quando a água mineral é submetida à ebulição, uma
parcialmente, em água. A água mineral contém pequenas pequena quantidade de resíduo sólido se forma. Ele é
Figura 5 - Um exemplo típico de pilha por aeração quantidades de sais dissolvidos. Eles são normalmente composto de sais. A água pura não deixaria resíduo. Os sais
desigual provocada pela diferença de concentração invisíveis, porque estão sob a forma de íons e grupos. da água mineral se originam das rochas através das quais
de oxigênio que chega à superfície do concreto. passa a água da chuva.

24 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Survey fPractice

O papel do pH
PH significa concentração de íons hidrogê-
nio H+. Águas ou soluções fortemente áci-
das têm baixo pH. Quando muito alcalinas
oferecem alto pH. O pH de uma água ácida
torna-se menor à medida que sua concen-
tração iônica aumenta. O pH de uma água
fortemente alcalina, muito característica da-
quela presente nos interstícios do concreto,
torna-se maior à medida que sua concentra-
ção iônica aumenta. O efeito da acidez ou
alcalinidade influencia muito a vida do me- Figura 8 - Antiquada maneira de fazer recuperação
Figura 11 - Neste pilar de uma ponte à beira mar foi
tal. Por exemplo, o aço é muito resistênte à feita a “recuperação” de pontos localizados com
(reforço) estrutural motivada por corrosão. O
corrosão e a seguir, aplicada uma pintura epóxica
corrosão em ambiente alcalino. Por outro aspecto físico ou mecânico do pilar é 100%
com 3mm de espessura de modo a impedir a
lado, neste mesmo ambiente, o zinco puro privilegiado. O aspecto eletroquímico, que originou
penetração do oxigênio-água e sais (OAS). Dois anos
não se dá bem, ou seja, é fortemente corro- o problema, é ignorado. O resultado, embora com o
após, há a formação de pequenos e grantes pites
ído. Razão pela qual não é indicado como aumento da seção, é um processo de corrosão mais
que significam o seccionamento das barras em
robusto.
anodo de sacrifício para o concreto. Em seu menor e maior grau. Uma vez instalada a corrosão,
lugar, para o concreto, dever-se-á usar ape- não adianta pintar a superfície do concreto. Ela só
nas anodos de sacrifício à base de combina- diminui o acesso do OAS, mas não impede. Pior,
redireciona-os para locais específicos. Pequenas
ções de metais específicos.
pilhas de corrosão antes da pintura subrevivem. A
solução é o mapeamento dos potenciais e a
submetida a um ex-concreto com pH al- introdução de proteção catódica com anodo de
sacrifício.
terado, digamos, igual a 10. Ao aplicar-
mos a técnica convencional de recupe- aclive, a emenda da “recuperação” tor-
ração, seja com concreto projetado, epó- nou pior que o soneto do resto da estru-
xi, com argamassa feita na obra ou pré- tura. Literalmente, enxugou-se gelo com
toalha quente.
Fax consulta nº 14

Figura 9 - Na foto maior, antigas áreas anódicas


passivadas desta maneira geram potenciais de cor- Para ter mais
rosão bem menos negativos ou positivos em algu- informações sobre
mas áreas das barras, onde o acesso do oxigênio e
espécies iônicas é restrito. No entanto, potenciais Corrosão.
de corrosão mais negativos, se instalam onde o
acesso do oxigênio e material iônico é mais inten-
so. O resultado são milhares de diferenças de po-
Figura 7 - A simples existência de diferenças de tencial que, a curto ou médio prazo, provocam cor-
pHs entre regiões do concreto, provoca a rosão mais intensa que a anterior, na própria região
formação de pilhas de corrosão por pH desigual. “tratada”, diminuindo ainda mais a seção das bar- REFERÊNCIAS
ras. Veja o estado da barra na foto menor deste mes-
fabricada, impor-se-á a passivação so- • Joaquim Rodrigues é engenheiro civil , membro
mo pilar; seis anos após.
de diversos institutos nos EUA, em assuntos de
bre as armaduras anteriormente anódi- patologia da construção. É editor e diretor da
cas. Quer dizer, tornar-se-á catódica in- mão seu crachá informa agora tratar-se RECUPERAR, além de consultor técnico de di-
variavelmente com um pH superior às de área anódica. A área “recuperada” versas empresas.
regiões vizinhas da peça estrutural. O está com seu crachá piscando área cató- • ACI Committee 222. Corrosion of Metals in Con-
crete, ACI 222R-96. Manual of Concrete Practi-
resultado prático desta metodologia an- dica. Moral da estória, provocou-se uma ce Part I, American Concrete Institute.
tiquada e perniciosa à estrutura, vide a inversão de estados, um declive pelo • ASTM G 3. Standard Practice for Conventions
ciclização natural de quase todo serviço Applicable to Electrochemical Measurements in
de recuperação estrutural, é que o po- Corrosion Testing. American Society of Testing
and Materials.
tencial da área “recuperada” ou passiva- • Cook, H.K. and W.J. McCoy. Influence of Chlo-
da torna-se brutalmente menos negati- ride in Reinforced Concrete. Chloride Corrosion
vo, passando por exemplo de –390mV of Steel in Concrete, ASTM STP 629, D.E. Toni-
para –210mV. Ocorre que o potencial das ni and S.W. Dean, Jr., Eds., American Society for
Testing Materials.
regiões vizinhas, anteriormente catódi- • Gu, P., J.J. Beaudoin, P.J. Tumidajski, and N.P.
cas, permanecem com seus potenciais Figura 10 - Situações como esta tem pouca Mailvaganam. Electrochemical Incompatibily of
solidários à antiga região travestida, ou influência na corrente de corrosão ao longo do Patches in Reinforced Concrete.
seja, com valores próximos, algo como anodo. A velocidade de corrosão é baixa, porém o • Hime, W. and B. Erlin. Some Chemical and Phy-
comprometimento é grande. Áreas recuperadas pelo sical Aspects of Phenomena Associated with Chlo-
–320mV. Assim, as regiões vizinhas são mecanismo tradicional com massas e pinturas ride-Induced Corrosion. Corrosion, Concrete, and
literalmente sabotadas pela “recupera- incorrem nesta situação, ou seja, a pequena área Chloride, Steel Corrosion in Concrete: Causes and
anódica tratada passa a ser um pequeno catodo e o
ção” efetuada. Quer dizer, com um po- restante da área vizinha se transforma em grande
restraints, ACI SP-102, F.W. Gidson, Ed., Ameri-
tencial banana quente de –320mV na anodo. can Concrete Institute.

RECUPERAR • Maio / Junho 2003 25


IMPERMEABILIZAÇÃO E PROTEÇÃO AMBIENTAL

Figura 1 - Vazamentos em
tanques de produtos
tóxicos é coisa séria. Dever-
se-á sempre fazer a
impermeabilização
secundária ou de seguran-
ça, com direito a uma bacia,
em torno do sistema, de
modo a impedir a contami-
nação do solo por frequen-
tes respingos ou mesmo na
hipótese de rutura do
mesmo.

Como devem ser,


segundo o ACI,
as estruturas de
concreto armado que
armazenam materiais
perigosos

Carlos Carvalho Rocha

Conheça as novas recomendações do ACI tanto para o


dimensionamento de novas estruturas como também para sua
recuperação.

O relatório normativo ACI-350-2R do Ame- do de reservatórios, tanques, canais e tubu- mais das seguintes características: inflamá-
rican Concrete Institute (ACI) apresenta uma lações que fazem contato com materiais pe- vel, corrosivo, reativo ou tóxico. Os resí-
série de importantes recomendações e dire- rigosos. Começa definindo o óbvio, ou seja, duos líquidos assim caracterizados poderão
trizes sobre as estruturas de concreto arma- que material perigoso poderá ter uma ou ser organizados em três categorias:

28 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Figura 3 - Situação típica nas indústrias: um simples piso de concreto, cheio de emendas, quase sempre
não armado e uma mureta de alvenaria fazendo às vezes da bacia. Hà impermeabilização contra solven-
Nos locais onde há (1) e (2) fraturas e desplaca- tes orgânicos?
mentos, fazer uma massa de METACRILATO e
areia seca, preenchendo-se as cavidades... É interessante observar que o ACI não abre Exposição
mão do que chama sistema de impermea-
bilização secundária, quer dizer, uma pro- Ninguém discute que os concretos de ci-
teção sobressalente ou, especialmente, uma mento portland e de cimento aluminoso são
impermeabilização de segurança para o materiais extremamente vulneráveis ao ata-
caso de vazamentos na impermeabilização que químico provocado por substâncias
primária ou principal dentro de tanques e químicas dissolvidas em soluções que per-
reservatórios de materiais perigosos para o meiam ou migram por seus vazios, poros
ser humano e para a natureza. Faz sentido, ou capilares. A intensidade do ataque de-
muito sentido. Aliás será que temos essa penderá dos seguintes fatores (principais):
preocupação? O movimento orquestrado de
nossas de nossas indústrias, de um modo
geral, não quer nem saber disso. E o pior, o
mau exemplo vem de cima. É aquela estó-
ria de efeito manada: quando todos erram • Composição química dos agentes agressivos;
juntos, ninguém erra. • suas concentrações;
suas concentrações;
Chama a atenção também para o que defi- • pH;
ne de derramamentos ou ruína da imper- • porosidade ee permeabilidade
porosidade permeabilidade do
do concreto;
concreto;
meabilização, caracterizado pelo vazamen- • tipo de cimento usado;
• tempo de
tempo de contato.
contato.
to descontrolado de material perigoso no
sistema principal de estocagem diretamen- Para todo tipo de exposição a produtos quí-
te ao ambiente, não é muito o nosso caso, micos, independente dos quesitos acima e
no sistema de impermeabilização secundá- começando pela água potável, o concreto
ria. Lembra que deverão existir aparatos que armado deverá ter ou ser protegido por re-
... depois (3) e (4), basta entornar o produto no
sirvam para detectar e monitorar vazamen- vestimentos ou pinturas. E não serve qual-
piso fissurado e espalhar com rodo. Com visco- tos na estrutura principal de estocagem. quer uma não. Deverá ser especificada para
sidade próxima a da água, este adesivo estrutu- Distingue também que a impermeabiliza- o produto ao qual irá estar em contato. A
ral preenche fissuras da ordem de 0,01mm.
ção secundária estará assentada sobre a cha- impermeabilização contra ácidos, amonia-
Figura 2 - A seqüência de fotos mostra mada laje membrana, situada no nível e cais e sulfatos exige, por exemplo, um epóxi
como, com a aplicação de METACRI- sobre o terreno, servindo efetivamente para do tipo novolac, obrigatoriamente com
LATO, poder-se-á monolitizar um piso
segurar a barra quando acontecem grandes 100% de sólidos. Esta performance deverá
comprometido por fissuras e trincas.
vazamentos. ser checada em qualquer laboratório espe-
RECUPERAR • Maio / Junho 2003 29
cífico. Como nenhuma tinta é 100% imper- principal, secundário, terciário e variações
meável, torna-se obrigatório o uso de pro- internas não visíveis da fissura ou trinca.
tetores eletroquímicos do tipo pastilhas e Em se tratando de obras hidráulicas, inje-
telas galvânicas nas armaduras, de modo a tar os tradicionais epóxis de 300cos (300
impedir a corrosão do aço. Esta medida vezes a viscosidade da água) não apenas
poderá ser feita durante a fase de constru- dar resultados satisfatórios. São tantos os
ção ou de recuperação da estrutura, inclu- problemas que o ACI recomenda não utili-
sive pelo lado externo das paredes. zar juntas, tanto na impermeabilização prin-
cipal quanto na secundária. Para este caso,
Juntas recomenda a utilização de cimentos com
retração compensada (cimendo tipo K), de
Aí é que mora o perigo. Estas separações modo a reduzir ou neutralizar as inevitá-
físicas, pré ou pós existentes, costumam ser veis tensões de retração da matriz cimentí-
o calcanhar de Aquiles de toda a estrutura, Figura 4 - Situação trivial de uma junta fugemband: cia convencional do cimento portland co-
exatamente pelo fato da pouca atenção dada pouco cuidado na fixação e durante a concretagem. mum. O cimento tipo K é rastreado pelas
para sua solução. O ACI expõe tipos de tra- normas ASTM C 845 e ACI 223.
tamento para as juntas. a desenvolverem juntas elásticas pré-mol-
• Juntas elásticas pré-moldadas de PVC. dadas de PVC, semelhantes à tradicional, GLOSSÁRIO
• Borrachas expansivas (a ar comprimido). mas com bicos injetores acoplados. Quer
Junta fria – é um plano de fraqueza no concreto
• Borrachas hidroexpansivas (B.E.I.J.U). dizer, ao primeiro sintoma de vazamento é causado pela interrupção ou atraso na operação
• Selantes ou elastômeros. só injetar o poliuretano hidroativado em de lançamento do mesmo, permitindo-se a primeira
forma de espuma (tipo PH FLEX). Nas jun- concretagem iniciar a cura antes do lançamento
da segunda, resultando em pouca ou nenhuma
Todos estes materiais deverão ter resistên- tas frias ou de construção, dever-se-á utili- aderência entre elas.
cia química ao tipo de produto a ser estoca- zar, obrigatoriamente, as juntas hidroativa- Junta de dilatação – é uma junta projetada para
do na estrutura. As juntas elásticas pré- das ou hidroexpansivas (do tipo B.E.I.J.U.), acomodar movimentos de dilatação e contração
atentando-se para o tipo de borracha em- da estrutura.
moldadas, como as famosas “Fugemband”,
Junta de construção – é uma junta entre dife-
deverão ser muito bem instaladas, já que, pregada, pois existem diversos tipos. As- rentes materiais ou diferentes estágios da cons-
invariavelmente, as falhas são motivadas sim sendo, dever-se-á adequá-la ao materi- trução, não necessariamente para acomodar mo-
pelo mal posicionamento e pela desatenção al corrosivo a ser estocado. Qualquer sin- vimentos, podendo ter ou não armaduras atraves-
toma de fissurinha ou trinca na superfície sando a mesma.
durante sua concretagem. Em resumo, de- Junta de controle – é uma junta aberta a serra
ver-se-á evitar qualquer ligação das peças do concreto, seja laje, viga ou pilar deverá ou previamente formada em uma estrutura de con-
com a estrutura, particularmente nos cru- ser prontamente tratada com adesivos de creto para regular a locação e a quantidade de
zamentos e nos cantos. A grande quantida- baixíssima viscosidade (do tipo METACRI- trincas, além de separações resultantes da mu-
dança dimensional de diferentes partes de uma
de de problemas advindos da instalação LATO), ou seja, algo menor do que 20cps,
estrutura (retração).
deste tipo de junta motivou os fabricantes de modo a garantir penetração no corpo
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Esgotos, Efluentes Industriais e


Produtos Químicos Pesados?
É loucura deixar superfícies de concreto em contato direto com produtos
extremamente ofensivos. Somente uma formulação epóxica, de forma
garantida, atende a todas as exigências de resistência química e
bacteriológica em estações de tratamento de esgotos e indústrias
químicas, com garantia, o epóxi 28. Os demais vão para o sacrifício.

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30 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Os calafetamentos com selantes ou, mais
adequadamente, elastômeros deverão ser
quimicamente compatíveis com os produ-
tos tóxicos a serem estocados.

Revestimentos e tintas de proteção

Essa relação incestuosa entre a contamina-


Figuras 5 e 6 - Estes
ção do concreto e a corrosão da bomba sem dois exemplos
pavio chamada aço, sua velocidade ou de- mostram como deve
ser feita a impermeabi-
senvolvimento, infelizmente, é dogma do lização secundária.
desconhecimento enrustido. Novamente
chamamos a atenção para o gravíssimo erro,
comumíssimo entre nós. Achamos que o
concreto é o melhor BBB que existe e que
resiste a tudo e a todos. Faz parte de nossa
educação, infelizmente, essa idiotice. A ver-
dade é que o concreto é um falso sólido, um
produto químico extremamente sensível a
contaminações, inclusive com direito a mu-
dança de pH. Sozinho em contato com pro-
dutos corrosivos é porta escancarada. É li-
nha direta para a rápida destruição do aço.
Figura 7 - Repare neste tanque desta indús-
O ACI recomenda utilizar revestimentos tria. Não há qualquer preocupação em impedir
tipo mantas para o contato com líquidos que vazamentos cheguem ao santo solo.
pouco agressivos, e pinturas para o caso de Nenhuma impermeabilização secundária. Ao
contrário, existe até um colchão de brita.
líquidos muito agressivos de modo a livrar
a superfície do concreto do contato com o impermeabilizantes cristalizantes (do tipo no de alta densidade). Para as tintas, suge-
produto a ser estocado. Em qualquer situa- PENETRON). Para as mantas, o ACI su- re os epóxis novolac, os estervinílicos e a
ção dever-se-á, primeiro, fechar os poros gere os modelos de PVC (cloreto de polivi- poliuréia. Podendo-se utilizar ainda arga-
ou vazios da superfície do concreto com nila), polietileno (PE) e o PEAD (polietile- massas feitas com estas resinas.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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RECUPERAR • Maio / Junho 2003 31


Considerações para a
utilização dos revestimentos e
tintas de proteção

Dever-se-ão executar testes de compatibi-


lidade entre revestimentos/tintas de prote-
ção e os produtos corrosivos a serem esto-
cados, simulando-se as verdadeiras (ou pelo
menos as mais próximas) condições de ope-
ração da estrutura como pH, temperatura,
pressão e outras condições de serviço. O
ACI diz que as informações do fornecedor
do produto devem ser o ponto de partida e
não de chegada, tornando-se necessária a
execução de testes, simples e acelerados
com, pelo menos, seis meses de antecedên-
cia, seguindo-se os paços das normas
ASTM:
C868, C870, D1474, D1973, Figura 8 - Nesta indústria,
um belo exemplo de como
D2197, D2370, D2485, deve ser feita a impermeabi-
D3456, D4060, D5402 e lização secundária.
D5322,
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
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32 RECUPERAR • Maio / Junho 2003


Figura 9 - A
proteção interna de
tubulações de
concreto armado-
protendido torna-
se obrigatória.
Água ou qualquer
outro fluido
desencadeia
corrosão.

Figura 10 - A
impermeabilização
secundária e o
sistema de proteção
exigido em tanques
enterrados.

específicas para materiais considerados que, reservatório ou outro sistema de esto-


Fax consulta nº 26
corrosivos ou, propriamente, perigosos. cagem.
Dever-se-á considerar os efeitos térmicos
entre o revestimento/pintura e o concreto O sistema de detecção
armado, analisando-se seus coeficientes de de vazamentos Para ter mais
dilatação térmica. Grandes diferenças im- informações sobre
plicam em rutura nos pontos de fixação e O ACI recomenda seu uso em qualquer es- Impermeabilização e
Proteção Ambiental.
ancoragem do sistema de proteção, assim trutura que contenha ou conduza materiais
como na integridade da adesão entre a tinta perigosos, já que impedem tragédias ambi-
e o concreto. Se o revestimento/pintura fi- entais e suas conseqüências. Existem diver-
car exposto à luz do sol, dever-se-á consi- sos tipos de aparelhos detectores de vaza- REFERÊNCIAS
derar sua resistência à luz ultra-violeta. No mentos. Os mais simples dependem da aná- • Carlos Carvalho Rocha é engenheiro civil,
caso da pintura é fundamental o teste com lise visível do operador, assim como do flu- especialista em serviços de recuperação.
o busca-furos. Todos os testes feitos na xo do vazamento. Os mais sofisticados va- • ACI-350-2R. Concrete Structures for Contain-
impermeabilização principal deverá ser fei- riam de detectores de gases a sonda ligadas ment of Hazardous Materials.
ta na impermeabilização secundária do tan- a dispositivos eletrônicos.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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RECUPERAR • Maio / Junho 2003 33

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