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Aumentos dos casos: por que?

■ Até pouco tempo atrás não se via muitas crianças com transtornos
alimentares, o foco estava mais em adolescentes. Eram comuns casos de
transtorno evitativo restritivo (TARE) e PICA. Porém, já nos últimos anos se
tornaram comuns crianças com transtornos alimentares mais clássicos e
relacionados a imagem corporal, como anorexia nervosa, bulimia nervosa
e compulsão alimentar.

■ Também se tornaram comuns crianças com um comer transtornado, que é


o que se considera como comportamento de risco para o desenvolvimento
de transtornos alimentares. É importante estar atenta a estes sinais para que
se possa previnir o desenvolvimento de um transtorno.

■ O aumento do desenvolvimento de transtornos alimentares na infância pode


ser justificado por 2 motivos:
• Influência da mídia: esta é a primeira vez que se vivencia a infância com
acesso a redes sociais, as quais estimulam a comparação e aumentam a
insatisfação corporal.
• Foco na obesidade: no último século ocorreu a transição de problemas
relacionados a desnutrição (causados por guerras e falta de tecnologia)
para o surgimento da obesidade e de doenças crônicas (causados pelo
surgimento de alimentos industrializados e globalização). O ganho de
peso se tornou uma grande preocupação para sociedade, principalmente
ao se tratar de obesidade infantil. Isto gerou um incentivo ao medo de
comer, ao medo da gordura e consequetemente a insatisfação coporal.
Terrorismo Nutricional

■ A nutrição não é dicotômica, porém é comum ser vista desta forma. Não há
alimentos bons e ruins, pois mesmo alimentos que não são nutricionalmente
balanceados irão trazer outros benefícios (não somente para saúde física, mas
para a saúde mental e social).

■ Normalmente focamos nos alimentos proibidos. Ao invés de focar na


restrição, foque na inclusão. Foque em uma abordagem neutra: ao invés de
alimentos saudáveis e não saudáveis, pense em “alimentos nutritivos e menos
nutrivos.”

■ Quado focamos na proibição, não impedimos a criança de comer, mas fazemos


com que ela coma com culpa, que é o primeiro passo para o desenvolvimento
de um transtorno alimentar.

Equipe multidisciplinar

■ Sabemos que um equipe multidisciplinar formada por um nutricionista,


um psicólogo e um psiquiatra é essencial para o tratamento de transtornos
alimentares.

■ A equipe multidisciplinar muitas vezes é um obstáculo, pois os pais podem


ser resistentes ao fato de que precisam procurar novos profissionais (além de
arcar com os custos deles).

■ O nutricionista é quem será responsável por tratar da parte da alimentação


(evidente), porém por se tratar de um problema que vai muito além do
aspecto nutricional, não podemos pensar em uma abordagem prescritiva
e muito menos restritiva.
Muito além da comida

■ Quando uma criança pede 3 pedaços de pizza, ela está pedindo mais do que
isso. Ela está pedindo a atenção de seus pais. Se negarmos a pizza, estaremos
negando a atenção.

■ Precisamos entender que comer, para uma criança, é ter controle. Afinal,
comer é uma das poucas coisas que ela pode controlar. Não importa se os
pais coloquem um pedaço de brócolis na sua boca, a escolha de comer será
sempre dela.

■ Por isso, muitas vezes é preciso colocar criança em uma posição de autônoma.
Permiti-la comer a pizza, para que ela mesma possa perceber que não é a pizza
que irá satisfazer sua necessidade de atenção. Faz sentido para você, nutri?

■ A abertura e a paticipação da família é o que irá determinar a dinâmica e


resultados do tratamento. Precisamos entender que transtorno alimentar é
tanto uma doença psiquiátrica quando um sintoma, normalmente de uma
questão familiar. Há fatores genéticos que influênciam no desenvolvimento de
transtornos alimentares, mas os fatores ambientais influeciam imensamente.
É preciso olhar além da criança: a escola, a família, a mídia etc.

■ Você pode fazer consultas mistas: algumas exclusivamente com a criança,


outras com os pais e a criança e outras somente com os pais.

■ É preciso ter paciência pois trata-se de um processo naturalmente longo.


Como profissionais, não podemos deixar a nossa ansiedade e vontade de
solucionar problemas em um único atendimento falar mais alto. O tratamento
de um transtorno alimentar pode levar anos dependendo do grau de
intensidade e do envolvimento da família.

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