Você está na página 1de 2

Espaço em performance

Artes, performance e corpo


Iure Santos de Souza1
UFES FAPES
iuresouza@hotmail.com
Palavras-chave: espaço, corpo, performance, afetos

O modo como pensamos o espaço é muito importante, pois ele influencia imensamente
a maneira como imaginamos o mundo, como compreendemos os outros, como nos
relacionamos e fazemos política, explica Massey (2009). Contudo, só pensamos e percebemos
o espaço através de um corpo.
Baseando-me na obra de autores que estudam a relação corpo-espaço percebi uma
tendência à experimentação do espaço, sobretudo nas grandes cidades, que diminui a
capacidade dos corpos em afetarem e serem afetados, nos termos de Spinoza (2020). Então,
como tornar potentes esses corpos para ter participação ativa no espaço conforme detalha
Rolnik (2018)?
Encontrei na performance um dispositivo, como explica Deleuze (1996), para fazer ver
e falar. Por isso, passei a investigar a arte da performance como uma possibilidade para
potencializar os modos de fazer ver e falar o espaço-corpo. Após um laboratório de estudos,
experimentações e sensibilização do corpo, criei algumas performances corporais de modo a
transformar em movimentos as sensações e afetos advindos da relação do corpo com o espaço
na cidade onde moro.
Devido ao seu caráter não representacional, a arte da performance já impõe ao público
a criação de sentidos, o que por si só já é algum tipo de posicionamento ativo. O método para
esses feitos é o da cartografia, um método que exige sensibilidade e acompanhamento dos
afetos, tal qual a produção da performance, de modo que se possa perceber que o espaço está
sendo feito por nós a cada instante e a cada gesto.

1
Formado em Licenciatura, Bacharelado e Mestrado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Formado no Curso Técnico Profissionalizante de Teatro da Escola FAFI em Vitória/ES. Cursando doutorado
na UFES, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo..
Referências
ARTAUD, ANTONIN. O teatro e seu duplo. Porto: Porto Editora, 2005.
DELEUZE, GILLES. O mistério de Ariadne. Coimbra, Universidade de Coimbra. 1996. 6
páginas. Disponível em:
https://www.uc.pt/iii/ceis20/conceitos_dispositivos/programa/deleuze_dispositivo. Acesso em
10/02/2023.
GOLDBERG, ROSELEE. A arte da performance: do futurismo ao presente. Tradução
Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
MASSEY, DOREEN. Pelo Espaço: Uma Nova Política da Espacialidade. Tradução de Hilda
Pareto Macial, Rogério Haesbaert. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.
NUNES, CAMILA, X. Geografias do Corpo: por uma Geografia da Diferença. Tese
(doutorado), Porto Alegre: IGEO/UFRGS, 2014.
PASSOS, EDUARDO; KASTRUP, VIRGÍNIA; ESCÓSSIA, LILIANA (org). Pistas do método
da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015.

ROLNIK, SUELY. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. N-1 edições,
2018.
SPINOZA, BENEDICTUS DE. Ética. tradução de Tomaz Tadeu. 2. Ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2020.

Você também pode gostar