Você está na página 1de 6

Direito Constitucional

Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

Twitter: @ProfNathMasson

Conteúdo Programático
AULA 03 (22/09/2011)

PARTE 1
FINALIZAÇÃO DOS TEMAS DA AULA 02
- Processo Legislativo Ordinário
- Processo Legislativo de Lei Complementar
- Emendas Constitucionais

PARTE 2
- Leis Delegadas
- Medidas Provisórias
- Introdução à Organização do Estado

Emenda Constitucional
Reforma da Constituição: é um procedimento formal que altera o texto constitucional.
A) LIMITAÇÕES AO PODER DE REFORMA DA CONSTITUIÇÃO
-Art. 60 CRFB/88
LIMITAÇÕES FORMAIS – OBJETIVAS (60 §§ 2°,3° e 5°) e SUBJETIVAS (art. 60 caput I a III)
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS – 60 § 1°
LIMITAÇÕES MATERIAIS – 60 § 4°

Emendas Constitucionais
Conceito e Objetivo
Como conseqüência da rigidez e supremacia de nossa Carta Magna, deve ser observado um
procedimento mais dificultoso, mais solene para modificá-la. Esse procedimento está previsto no
artigo 60 da Constituição, que prevê o procedimento formal das Emendas Constitucionais.
As Emendas Constitucionais são uma das espécies normativas primárias previstas na
Constituição Federal em seu artigo 59. Visam promover acréscimo, supressão ou modificação no
texto constitucional, mas sempre conservando um valor integrativo, no sentido de que deve
deixar substancialmente idêntico o sistema originário da Constituição. Qualquer mudança formal
na Constituição deve ser feita com base no artigo 60 da referida Carta Constitucional, pelo
procedimento das Emendas observando os limites impostos.

Legitimados
Os legitimados para a propositura de Projeto de Emenda Constitucionais estão previstos no
artigo 60, I, II e III, sendo eles:
- um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,
- o Presidente da República e
- mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Obs: não há iniciativa popular para Projeto de Emenda Constitucional. Contudo há


posicionamentos em sentido contrário, como o de José Afonso da Silva, que diz ser possível
iniciativa popular para PEC, com base nas normas gerais e princípios fundamentais da
Constituição de que todo poder emana do povo.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/


Direito Constitucional
Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

Aprovação
Após a apresentação da PEC, ela será discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando aprovada quando obtiver, em ambos os turnos, três
quintos dos votos dos membros de cada uma das casas.
Após ser aprovada, a EC é promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem. A mesma irá ingressar no ordenamento jurídico,
passando a ser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionais
originárias.

Obs: a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não
poderá ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa, segundo o artigo 60, §5º da
Constituição.

Limitações ao poder de reformar a Constituição


O poder de reforma está sujeito a limitações não só expressas como também implícitas. As
limitações expressas são aquelas previstas textualmente pela Constituição, podendo ser
divididas em materiais, circunstanciais e formais.

a) Limitações expressas materiais

Estão previstas no artigo 60, §4º da Constituição Federal, em que diz expressamente que não
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado;
o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação de poderes; os direitos e garantias
individuais. Tais matérias são protegidas como “cláusulas pétreas”.
Obs: reconhecer que nós temos direitos e garantias individuais que estão fora do artigo 5º.
Exemplo: art. 150,III, b (princípio da anterioridade). Os direitos individuais são considerados
“cláusulas pétreas” onde quer que se encontrem no texto Constitucional.

b) Limitações expressas circunstanciais

Estão previstas no artigo 60, §1º, são limitações que impedem a reforma da Constituição. Dessa
forma, durante a vigência do estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal não haverá
possibilidade de alteração constitucional.
Obs: as limitações circunstanciais não se confundem com as chamadas limitações temporais
que era prevista na Constituição de 1824.

c) Limitações expressas Formais

Diz respeito ao processo legislativo especial que o legislador constituinte estabeleceu para
permitir a alteração da Constituição Federal. Podendo ser formal subjetiva (art. 60, caput), e
objetiva (art. 60, §2º, 3º e 5º).

Obs: inexiste sanção e veto presidencial em PEC.

Limitações Implícitas ao poder reformador

É a limitação que impede a supressão das limitações expressas e impede a alteração do titular
do poder originário.
Diz respeito a não possibilidade de alteração que recai sobre o artigo 60 da Constituição,
gerando o procedimento conhecido como dupla revisão, segundo o qual primeiro haveria
alteração na cláusula protetora para suprimi-la e depois modificação da cláusula protegida. Não
adotamos a dupla revisão porque existe uma limitação implícita protegendo o artigo 60 da
Constituição.
No que diz respeito ao Poder Originário, ele sempre pertencerá ao povo e não pode ser alterado.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/


Direito Constitucional
Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

Quadro sobre limitações ao Poder de Reformar

“cláusulas pétreas”
Materiais
– CF, art. 60, §4º

Expressas

Circunstanciais CF, art. 60, §1º

Referentes ao
Formais processo legislativo
Emendas – CF, art. 60, I, II e
Constitucionai Limitações III, §§ 2º, 3º e 5º
s

Supressão das
Expressas

Implícitas
Alteração do titular do poder
constituinte derivado reformador.

Emenda Constitucional e Controle de Constitucionalidade


A Emenda Constitucional é elaborada segundo uma forma previamente delimitada pelo
legislador constituinte originário. Portanto, se não houver respeito aos preceitos fixados pelo
artigo 60 da Constituição Federal, a Emenda Constitucional será inconstitucional. Logo, possível
concluir que as Emendas podem ser objeto de controle de constitucionalidade. O controle irá
verificar a compatibilidade da Emenda com a Constituição, a partir da análise do respeito aos
parâmetros fixados no artigo 60, CF/88.

Lei Delegada
Conceito e Objetivo
É o ato normativo elaborado pelo Presidente da República, através da autorização do Poder
Legislativo, do Congresso Nacional.

Legitimado
O Presidente da República que pode editar Lei Delegada, com autorização do Poder Legislativo.

Procedimento
O Presidente da República solicita ao Congresso Nacional a delegação. A iniciativa é exclusiva e
discricionariamente exercida pelo chefe do Poder Executivo, é a chamada iniciativa solicitadora.
A solicitação que o Presidente faz deverá indicar o assunto referente à lei que será editada.
Após encaminhar a solicitação ao Congresso Nacional, ela será submetida à votação pelas
Casas do Congresso Nacional, em sessão bicameral conjunta ou separadamente, e sendo
aprovada por maioria simples, o Congresso Nacional por meio de uma Resolução irá especificar,
obrigatoriamente, as regras sobre o conteúdo que será legislado e os termos de seu exercício.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/


Direito Constitucional
Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

É proibido à delegação ampla e genérica, precisa ser específica, o conteúdo deve ser
previamente fixado.
O Congresso Nacional poderá estabelecer as restrições que achar pertinente no que diz respeito
ao conteúdo e ao exercício, como o termo de caducidade da habilitação, linhas gerais da lei,
período de vigência, entre outras.
A delegação tem caráter temporário e jamais pode ultrapassar a legislatura, sob pena de
importar em abdicação ou renúncia do Poder Legislativo a sua função constitucional, o que não
será permitido.
Após receber a resolução o Presidente irá elaborar o texto normativo, promulgando-o e
determinando sua publicação, se não for exigida na resolução a retificação parlamentar, que é a
chamada delegação típica ou própria.
Quando o Congresso Nacional estabelece na resolução, que concede a delegação, que após
elaborado do texto normativo, que o mesmo seja enviado ao Legislativo para votação única,
vedada a apresentação de qualquer emenda, temos o que se denomina de delegação atípica ou
imprópria. No caso da delegação imprópria, se o Parlamento aprovar o projeto, o Presidente da
República efetivará a promulgação e determinará sua publicação.
Obs: o Presidente da República, mesmo após feita a resolução, poderá não editar a Lei
Delegada, visto que a delegação legislativa não tem força vinculante para o Poder Executivo.

Limites da Lei Delegada


Os atos de competência exclusiva do Congresso, os de competência privativa da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal e a matéria reservada a Lei Complementar não podem ser
objeto de Lei Delegada. Também não pode ser objeto de Lei Delegada a legislação sobre: I -
organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Sustação da Lei Delegada pelo Congresso Nacional


Conforme o artigo 49, V da Constituição , é competência exclusiva do Congresso Nacional sustar
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem os limites de delegação legislativa.
Se o Presidente da República extrapolar os limites que foram fixados na resolução concedente
da delegação legislativa, o Congresso Nacional, através da aprovação de decreto legislativo,
poderá sustar a referida Lei Delegada, paralisando seus efeitos. No entanto, a sustação terá
efeito ex nunc, ou seja, a sustação não terá efeito retroativo.
Obs: O legislativo pode desfazer a delegação a qualquer momento, mesmo que o prazo fixado
na resolução não tenha encerrado.

Lei Delegada e Controle de Constitucionalidade


A Lei Delegada pode sofrer controle de constitucionalidade se houver desrespeito aos requisitos
formais do processo legislativo da Lei Delegada, que estão previstos no artigo 68 da Constituição
Federal.
Obs: a eventual declaração direta de inconstitucionalidade da Lei Delegada, diferentemente da
sustação feita pelo Congresso Nacional, terá efeito ex tunc, os efeitos irão retroagir desde a
edição da Lei Delegada.

Medida Provisória
Conceito e Objetivo
Medida Provisória é uma espécie normativa primária prevista na Constituição Federal em seu
artigo 59. A Medida Provisória é para ser utilizada somente em situações de relevância e
urgência. O legislador constituinte de 1988 previu a Medida Provisória como um meio de
regularizar a situação de relevância e urgência. Este ato normativo está regulamentado no artigo
62 da Constituição Federal.

Legitimado
O Presidente da República que pode editar Medida Provisória no caso de relevância e urgência.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/


Direito Constitucional
Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

Para que o Governador edite Medida Provisória tem que haver previsão expressa na
Constituição Estadual. Pelo princípio da simetria, o Prefeito como chefe do Poder Executivo
municipal poderá editar Medida Provisória, desde que haja previsão expressa na Constituição
Estadual, do Estado que faz parte, e previsão na Lei Orgânica do Município.

Procedimento
Conforme o artigo 62 da Constituição Federal o Presidente no caso de relevância e urgência
poderá editar Medida Provisória que terá força de lei. Após sua edição, a Medida Provisória deve
ser submetida de imediato ao Congresso Nacional.
A Medida Provisória deve ser votada em 60 dias podendo ser prorrogado por mais 60 dias. O
referido ato normativo deve ser examinado por uma comissão mista e após ser emitido um
parecer, antes de ser apreciada nas duas casas do Congresso Nacional separadamente. A
votação é iniciada na Câmara dos Deputados.
Se a Medida Provisória não for votada em 45 dias, haverá o sobrestamento, o trancamento, a
sustação, das demais proposições da casa em que estiver tramitando. Para não haver o
trancamento de pauta a votação deveria ser finalizada nas duas casas (em separado) até 45
dias contados da edição da Medida Provisória. Ao fim desse prazo se a Medida Provisória não
tiver sido votada nas duas Casas do Congresso Nacional, haverá o trancamento de pauta da
Casa em que a Medida estiver tramitando.

45 dias 60 dias 60 dias

Edição da Trancamento Perda da


Medida Provisória de pauta eficácia se
não tiver
sido
convertida
em lei

A Medida Provisória perderá sua eficácia, desde a edição, se não for convertida em lei no prazo
de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período. Quando a Medida Provisória perde a eficácia
ou é rejeitada o Congresso Nacional deve disciplinar, por decreto legislativo, as relações
jurídicas delas decorrentes. Se o Congresso Nacional não editar o decreto legislativo em até 60
dias após a rejeição ou perda da eficácia da Medida Provisória, as relações jurídicas constituídas
e decorrentes de atos praticados durante sua vigência irão continuar sendo regidos pela Medida
Provisória.
O Prazo será contado da publicação da Medida Provisória, porém ficará suspenso durante os
períodos de recesso do Congresso Nacional. Nessa situação a Medida poderá
excepcionalmente exceder o prazo constitucional de 60 dias, se for editada antes do recesso
parlamentar. Mas se houver convocação extraordinária o prazo não ficará suspenso, visto que a
mesma é incluída na pauta de votação automaticamente.
Se a Medida Provisória é editada durante o período de recesso do Congresso Nacional o prazo
só começa a contar no primeiro dia de sessão legislativa.

Conversão da Medida Provisória em Lei


A Medida Provisória pode ser convertida em lei com alteração ou sem alteração em seu texto.
Quando a Medida Provisória é convertida em Lei sem alteração de seu texto não há sanção ou
veto presidencial. A Promulgação é feita pelo Presidente do Congresso Nacional.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/


Direito Constitucional
Material 03 Profª Nathália Masson

www.lfg.com.br/
Curso: Intensivão INSS www.cursoparaconcursos.com.br

Por outro lado, se a Medida Provisória é aprovada com alteração do texto, ela se transforma em
projeto de lei de conversão, neste caso haverá sanção e veto presidencial e quem promulga é o
Presidente da República.

Rejeição Tácita ou Expressa


A rejeição expressa ocorre quando qualquer das casas do Congresso Nacional, no período de
votação, rejeita expressamente a Medida Provisória durante o seu período de eficácia.
No que tange a rejeição tácita, ela ocorre quando chega ao final do prazo de 60 + 60 dias. Há
rejeição tácita quando a Medida Provisória perde sua eficácia por decurso de prazo.
Obs: o Presidente da República não pode retirar da apreciação do Congresso Nacional uma
Medida Provisória que tiver editado, podendo, somente, ab-rogá-la por meio de nova Medida
Provisória, que irá apenas suspender os efeitos da primeira, podendo o Congresso restabelecer
esses efeitos mediante rejeição da medida ab-rogatória.
Obs2: é vedada a reedição de Medida Provisória na mesma sessão legislativa, que tenha sido
rejeitada, ou que tenha perdido sua eficácia.

Limites Materiais à Edição de Medida Provisória


Com a Emenda Constitucional nº 32 de 2001, o artigo 62 passou a prever restrições à edição da
Medida Provisória. Não pode ser objeto de Medida Provisória, segundo o artigo 62 da
Constituição matéria relativa à: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e
direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual civil; c) organização do Poder
Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; d) planos plurianuais,
diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto
no art. 167, § 3º; e) que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer
outro ativo financeiro; f) reservada a lei complementar; g) já disciplinada em projeto de lei
aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
O artigo 246 da Constituição também veda a edição de Medida Provisória quando for Emendas
Constitucionais promulgadas entre 1º de Janeiro de 1995 até 2001.

Medida Provisória em Matéria Tributária


Conforme o artigo 62, § 2º, Medida Provisória pode instituir ou majorar imposto, mas a cobrança
só se dará no exercício financeiro seguinte, se a Medida Provisória tiver sido convertida em lei
até o último dia do ano em que ela foi editada.

Medida Provisória e Controle de Constitucionalidade


A Medida Provisória enquanto espécie normativa, mesmo tendo caráter de temporariedade, está
sujeita ao controle de constitucionalidade, como todos os demais atos normativos. É possível o
controle jurisdicional tanto em relação à disciplina dada a matéria tratada pela Medida Provisória,
quanto em relação aos requisitos materiais de relevância e urgência. O controle só pode ser
exercido em relação aos requisitos materiais, conforme posicionamento do STF, quando houver
flagrante desvio de finalidade ou abuso de poder ao editar a Medida Provisória.

CPF: 013594894xx - Lilliane Gomes De Medeiros | LFG -- http://www.cursoparaconcursos.com.br/

Você também pode gostar