Você está na página 1de 14

6

Mausoléus e o céu da terra

Tornando-se terra

Se você amontoar alguma coisa duranre um período de tempo, sem


"Ih · · do que se d.1mcnte, geralmente ,. e pre au.
menrando 0 topo da pt. a e perm1t111
- . . .._ 5
. . •Orma u
monte meio circular, cm clcvaçao plana, conica, ou em forma de sino E ni
. - . m e.scaJa
n1U11
. ·anIIa1 podemos observar esse processo de tom1açao de monte n.,. .
' . . ·• areia de
uma ampulheta. Em uma escala gigantesca, isso pode ser obserYado ni fo _
• . , . . . • rmaçan
dos cones vukamcos. De monr1culos a form1gue1ros, os montes de terra são as
formas mais comuns, na natureza. Também resultam frcqucnrcmcnce de ativi-
dades humanas - pensem nos sambaquis, nos monumentos de pcdra.s, castelos
de areia, e montes de compostagem, lixo e escórias. Em CJ.d.1 um dec;~es casos_ a
forma redonda emerge espontaneamente, dn,ido ao modo pelo qu.11 a pressão do
material acrescentado de cima desloca o material j.í dcpositJdo Jc modo igual cm
todas as direções. Poderíamos dizer que os monrn s.111 LriaJ1 ,, ju,r.1memc porque
o material de que são feitos é continuamente acn:,ccntado. C.1Ja p.1rricul.i. ao
cair, eventualmente descobre o seu mais ou menos JuraJouro lug.1r Jc rrpnmn
A arrista brasileira Laura Vinci trouxe esse processo i ,·iJ.1 cm um tr.1lxllho que
simulraneamente demonstra as dinâmicas da proJuçiu Jc um moncc - enquanto
uma esteira transportadora continuamente transporr.1 mirmorc finamcnrr moí·
do de um mome para outro - e comenta sobre o imp.Kto .unbicnr.11 da mim:-
ração industriaJ de Minas Gerais. O seu trabaU1o, intinibdo .Aliiq11i11n do 11111 11 do,
e• descrito
. pc 1a propna
' . artista
' como uma n11ti1111íq11i1111 que 1m·crtc
· os va jort:."S lk
permanência., solidez e atemporalidade associados com a arquitenir.1 e ~1 cstand·
ria clássica
· ,
· · matcn·a.1 que cxemplthca
usand 0 o propno . - esses va 1ores - o rn·frmorc
' _ ,
branco - para ressaltar os princípios contrários de durabilidade, tr~u1sforrnaçao t
passagem do tempo.
Fii5u r:i b. I A m:íQuina do mundo. inslJlação da artista taura Vinci. Foto de 0 . .u
. cmse ~ams. reproduzida
par cortesia da Jrllsla .

A discánci.1, o monte que .lUmenra de tamanho parece um cone perfeita·


mente formado. Olhand1 > de perto para .1 superfície, no entanto, ele cresce
Jc ,1cordo com o mm·imento, à medida que cada partícula acha seu caminho,
pressionada sob o imp.1cto de rodas as outras. Um exame aproximado da su-
perfície de um formigueiro em formação o revela como um centro de arividade
(figura 6.2 ). A e-;sc respeito, o moncc é o extremo oposto do edificio. Se a
Máq1ti11n, de Laura Vinci, é na rc.11idade uma antimáquina, então o monte é
1·crJadeiramcncc um J.nticdifú:io. No c.1pículo 4 introduzi a ideia clássica do
arquiteto como alguém que lança os alicerces sobre os quais outros conscrocm.
Na rnnstrnção de um edifício arquitetônico cada peça sucessiva é cuidad~­
s:imcnce colocada sobre ;\ anterior, de maneira que o equilibrio estáaco se1a
mamido. A perm.rnência e a integridade da estrutura dependem da maneira
Pd ª qua.1 o matcnal. .1d1C1onal
. . e, pos1c1on.i
. . do, acr;nes , · d0 seu ponto de contam
com 0 ., . . h · nenco ou deslocamento
que JJ to1 colocado, sem ousar nen um movu ..
a n1 -. . d dr or exemplo, ca.da 1.a·
ais. Na construção de uma corre de blocos e pe a, P .-.
lllad d. b • . 1 . eira que ;tssente com preu
. ª
sao n
e locos tem de ser acn:scent:tda de ta nun
.
. . . . rerior,
. , , ca sobre a 1,.,1mada an
ª ca111ad.i precedente, a qual por sua vez • st:n
15
. .,ncira desde os alicerces. Sem alicerces fixos e s , 1.
sempre d,, mcsm.1 111 .. •• . . . o •do.
. ·dit- . -:io iüo poderia nem mesmo ser m1c1ado. Em t'ilt" S. n
pruccsso d .1 e n:.1~· • •Ola ai ,
. _ d·• e :lifício deve ser asscnt.1do sobre fundamentos 1.1 . la.
hsc, porranro, 1..a .. l • . • lstalaclo.
·es des'lbarem de\•1do a atundami:nto ou trc 11101. \
n•l rcrra. Se os ali cen: ·· ' . es, tou
..1 ·1' t •<'>b"r Se e qu•U1dO ISSO clCOIUCCCr. o resultado llll. a a
estrunira pouer. li=.~ .. " · llto pi·
i 1 ~
yan:lmenre ser.\ um monrc de pcl r.1s.
~.1 monte de rcrra não tem alicen:cs. Ele nJ.o se completa nunca p >d
L• .1s o . • · l c-~c
. • ·onn'nuar a ·Krescentar material a ele. O crcscunento do monte ·
sempre 1.. , • • • ,. • .- • . _ l . , co111 0
demonstra aJ.Haqrmm de Lu11a \ mc1, nao termm.1 num:a. 1"\ medida llllc se ele.
va cm a..lrura também se exp•mdc cm sua base. Mas, embora cada partfcul J
• _ a l1o
monte se sobreponha às ourras, o ~ont~ como um tod~ nao se sobrepõe à terra.
A esse ~peito, a instalação da arnsta e um tanto errom·a. Para seu propósito
de exibição, ela é colocada em um chão pré-preparado de uma galeria interior.
É facil para nós, enrão, distinguir o marerül do chão, com sua supcrficie plana
solida e humogenea., do mate1ia1 do monte que está se formando sobre ele. Ale~
dessa si mação meio artificial, conrudo, não podemos dizer com segurança onde 0
monte tennina e onde começa a terra sobre a qual esd assentado. Pois o monte:,
com sua supcrfi'cie plana, sólida e homogênea, canto faz parte dn terra como está
soln·r ela. Rcalmcore, sua forma emergente demonstra como o contínuo procesfü
de acréscimo de material rransforma sua deposição cm enterramenro. O que é
depositado hoje rransforma-se amanhã em subsa·aro, emerr.ido sob os últimos
sedimentos. Podemos dizer que, assim como o monte de compostagem ou o
formigueiro, o mome também está se tmmfimnmzdo cm terra. Na verdade,
o monre nos faz reconhecer que a própria terra não é o substrato sólido e
preexistente que o construtor de edifícios pensa que seja. É antes a fonte de
toda vida e crescimento. As plantas crescem na cerra, e não sobre ela, e é deL1
que m animais - incluindo os seres humanos - riram a su,1 subsistência. Os
materiais tirados da cerra, merabolizados e decompostos por processos da vida,
são evenrualmente devolvidos a ela, estimulando um crescimento maior. Neste
sentido, ª cerra csrá perperuarm:nre crescendo, e por is.-.o os arqueólogos têm de
cavar para descobrir provas de vidas passadas (INGOLD, 2008a: 31 ). Formado
no processo de vida que ~e transforma em terra, o monte poderia ser visto como
um acréscimo
· ou um me· ·h aço, mamtestado
·· corno um caroço na supenrL e -ic do
solo. Ma~ não é um edifício erguido sobre de.

106
figura 6. 2 Tornando-se lcrr;i: um ninho de formigas ílorestals. fotogrJfado nJ praia do Lago
Piclinen. no leste da Finlândia (cortesia de Susanna lngold).

Em muitas regifü:s do mw1do, a terra e.~t.í salpicada com esse.~ montes de


tamanho, localiz.1çfo e composição que levam os especialistas em pre·hisrória
a acreditar, não sem r.lZão, que s.'io os resultados da atividade humana passada,
embora perm;rncça o mistério precisamente sobre o que essa atividade possa rtr
.Karretado, ou qu.11 tcnh.1 sido o seu propósito (LEARY; DARVILL & FIELD,
2010). Contudo, ,1 maior parte desses especialistas, convencidos de que qualquer
espécie de fabricação ou de edificação envolve a projeção da fonna no mundo
material, tendem a considerar o monte corno uma obra de esculrura teit.i de tem.,
respondendo às especificações de um projeco preconcebido. É como se os c.ons-
tru tores de montes, enqu;rnto ,1monroavain terra e pew...,, ~-· nvesse~
· urna 1~~ •
como sua obr.i resulcari.i no final e continuassem a .unoncoar .ire queª .il~a, 0
di>,,....
.....erro e os contornos 'do maten.il'. .icumu 1ado preench......ssem ·suas expn.•anvas
· .
V.u . . . . . . a do rempü que nos
nos mugmar que estamos eqwp.idos (001 um.i m.il1wn . . ·
n.·rm· · · di . ·t.t\'l vin:ndo nesses lug.ires
r· lta revisitar o pessoal l1UC no p.issado sr.lote, t:S , - . t.
ond 1 · ' 1 . que e que csrau a·
e 101c lü montes redondos·1º. Vamos pergwuar ·1 e es 0 -.
zen i -r _ t s ·us morros, ou que c:stJl'
l º· lalvcz eles respond;m1 que estao enterram ·e: 0 - .-• do (tri-
reuni i od . . dizer liue c:srao rt:.u1Ll11
los para resolver seus problemas. P en.m1 ·1

~ --- - ~ - - - • n.lflt<JS imcJ1JrJmc111c


·O. M1.:s · lo rc111pti.. n.io di~ro '-1 · , '" •r
il · · mo ,1u1: C\l1vóscn111• de l'"s\c d,· uma 111.1qu• 11•1 ' · · nu ~cnc de P'"'' <11U ' ·
e lnd.L\ .•. . ~ , . . . , l1J' \ll~nnunJ u
lllit 1
'" cspn\t,1\ Lumo nor.1 l1.l\' ll1 1.11•·•'· I"'º lf<"
1'1 (l.UC,\S, 200!': 118-119)

I07
. ias restaurar 3 fc:rtilidadc da rerr.i.. ~Mil até ~mo .
mon . parad seu Jíxo, ou simplcsmmrc consmundo e r'Xon.\P.. .. ~ <ftit
dC'l'l()§ltul o
r-- . 'm ..ras gcr.iriv-c mrcs
deles ti unm. ......lldo no~~ tb:
lugar, como inu .. ~ - . ~~
• · nn§ta que muno pRJ\·,1\·dmcnrc fl.lo <Uri2"' oorr- J
A un1c.1 tcSr-- -·a.., __ "'l, .
_ "'-·..ndo um monte". Em ourros ramos. o monrc que"''- ~ .. .t_
C:StlO •~· ---'-· • • _,_ • ....,. COftfi...,,,_~~
é 0 subproduto acumulaó~·o de 1uu.u as c:spcoc:s uc alÍ\id.idcs. e :·~ h.. .
.......(odos, c nw 50fllC'nrc por seres hum.lllO§ An · ~n~·~
r.inrc: 1ongos r" .. <.b oi _ do · un~ ~ dtJ
de vcm10 a coelhos, punapar.un n· u~o monre. A .. raízes \:S
.trbusros e grama, rcccndo o seu mi~ o arud.tram a se fiur. O t~<4s ~~
do que rudo 3 chuva, o modd.uam mrcmamcnrc e cxtCTnamL... po, e 11.,,,
. ... rc n;a cri,.,.:-~
padrões de drenagem e d.e ogoumcnro. E:sscrK13lmcnre. ~~ . . ~dr
nicos e hidrológicos conrinu.llTl no presente, como \CITlp~ fu..cr:p~ ~·
ObsctvJr 0 monrc hoje é rcsrc:munh.Jr a su~ c~rinuiwdc. Pode~:~~~\%
monte conrinu:a no K'll amontonmnrro. Isso e: ruo o \"rr com(, bUJCttl .L . ler oi ..
,__.1...- (1
ínsr.tlado cm su.1.~ b:a.~'i e coloc;ado conrra o ~• cnrnmo. m.u co "" "'~
- J . .
CtCKimcnro e n:gcncr.içao on e ~ m.ucnJis que \Urgcn1 d.i r
rno urn ~dr !...... •
. f1 d . CTT.a ~ ll'llVi,~
e se harmonizam com o~ uxos o tempo. ru prudu,-j 0 c.."'onrint_u ~--411
monrc não n~ deu a\ CO'ila.\, como poJcri.tmo' 'urur. ~-·'lflJmdtd.t 'l«il. O
dentro Jc ~cu inrcrior escuro e fcd1Jdo. que p• Jcrnt '' J~·i •hnr )~
con.~m1 (mm runc1s.
• n 1
· 1·c · e1e nu· .thcnu .to munJ , e·" -lfllenrc <1111~•
o conrrj no, ,._.lll:I
. . . t . orno um~
cmcrgcnrc produto do 1nrcn:uno Jc lor~·;i., ...-, t\micl\ <." nurcn.i . -··1·•
I\ \li.Ui.., t
não é consrnr(Jo, ma~ cn:scc. 1 '~

Agura 6.3 o monte ck


da Com· - lerr.t. O lllOnlc ck P11,,___ . ~ ..-i:I
ISS3o Real para os M u:.:, em lbtshi~. \lstO a mrljr do sul ~ («.. ........
u ......

Simpso) onu~nlos An1· . . ~- DA


n · llccon
r"
por un\\WfCahm.s •gos e H!Sloricos UJ~ c.x. · 0 ~f Coles e D -
r: ,_OOJ.
.1 •
·&O\:.uk

'ºª
monumento
o0tc e
lo l
, :on"cnçócs J.i pré-h1st1)r\;i. °" l"Dloids
:-.: .J." 1.
... dJ~i;,1tic.tdos e con.,cn·aJo.11 como
. - '"º'"'ds ['"º"'N redondos) -
1,,,cn•~ . . . •. . monumentos . sao gc-
~J r Jois r(l:l'-'llpt\i;,[OS. pnmc1m, que eles fnram m"c antigos, para possíbi-
(lfl l ocrncnumcntc como um tcstemunh -~ 1 tados e construídos p
tor.lrcn , · 1 - o \IO pruc d. · ara
l
l-ori."tf\
º"
tir.10\ ou
. . .
cncomcn1.bnm; segundo, qu •
. · I
.e 1mento do.., que os
e, l'Cndo sido co
• 1ro hiscnm.-o p.1m1.<1 ar. pode <.cr ;tttibui 1 . 1 nstruídos cm um
º'ºº'''
. itr.1." p.11.nT.ts. pc.xkmos, cm prindpin dizer
u.1 a e l"!I uma
1.
. .
cc"a anngu1dadc.
~lll lll · · ·- • · ' l)UJ C J Sll~l Íd :\ " .
no.'iros n.1 mmh.1 opm1.10, s.10 biso., \'oti t ac e. r.<;scs dois
n.-s.~u,... · _ · r.1tar \Cparad, .
r011\CI•· .n1 lll~~l sr..·;10.
-,
o segundo
~
n.1 pn"1\im1•. unente dos dois: o
r r\ hisróri.t- l'St.i• cnnilh.1d.1
.
(Om º" pm1.lmm 1
.~ .
.
l e tenr-.mvas monu • .
·ir unt tun msso. lnumcrn.<. cd1h1.im, de'\i~nad . mentais de
'º1º'·· . . . ~ · us por sem .1rquítctos ara
·r.lrcnl su.1 1morulid.1dc. 1.11cm cnrcrr.1dm e csliucci 1 • :\' l P,
JrP • •.. •. . . . 1. us, per( iuos na ncvoa do
'ºº· ourro..,, n:dc'illll"ll:
rc n 1 · __
uo.

.. ' csl.W.ldno;
.-
por an:)Ul'tÍI01•o , . <l .
e- s a serviço 0 pruicto
niou _ªcmo Jc consm11i.10 dc: unu . na11.lo, n:cebcr.m1 nun· lt""n <l "d
1:.. ÇJ e v1 a, em um
.J1.,,1113 1.luc. no cnr.111tu, cons1gn.1 o p•tss.\<lo ,\ unu idi<le lt"roi·c d "d
1 . . . ~ • • • .. a e csaparcc1 a.
Rc.dmcntc, os p.u.ulo\os Jos monumenros e 1.1ue p<J1.icm servir como memoriais
..omcmc por rcrcm frac.l.~'i.\Jo no objetivo <lctcrmi11.1dn p.ira eles pelos poderes
que origin.1lmcnrc Jcc1d1r.un sobre .\ Sll•l construção. Se rivc~scm sido um su-
l"t.''º - j,.w ~. 'iC 'cus .Ullllircros tivessem i.:omeguido, n.t~ pJl.wras do antropó-
lo•;o \'inccnt Cr.1p.mz.mo ( 2004: 169), "encerrar a memória no seu além", e,
portanto.. crcrniz.u .1 s1 pn'iprios - cnüo 1üo h.weri.l gcr.1çix:s fünir,1\ para con-
rcmpl1-lm e se nur.wilh.ucm peb maneir.1 como for.\ln criados.11. Impressionan-
tes qu1mo ;, .. u.1 pcrnunênci.l e solidez, as csmm1r.t'i m1111umem.1.is im•1ginadas
pelos 'icus con .. crurorcs p.1r.1 lhes wnfcrirem um,\ vida dur.1doura forneceram
uma pruv.1 irrchtr.ivcl, ,\Os que vieram sucessivamente depois dcb, de que o
p.l.~.1.Ju csr.i m11m 1 e cmcrr.1do. Como b.llcias que vêm dar à praia, parecem ter
\ido aband11n.1dm 1u.. pr.lias da hisrúri.1, cnquanm o tempo passa. Ao fazer isso,
aumcntJ caJ.1 vez nu is ;\ <lisdnci;i entre um passac.lo pcrdic.lo e o presente vivido.
Poi.' cnqu;mro o monumento fala por si, nomeando ou prcscrvand~ a semclhan-
~a d;1quclc, llllc comemora, também fala para si, no idioma e na hnguagem do
\CU tempo. Vi .. itar um monumento é ficar ouvinc.lo conversações passadas que
- .. J • - compreensíveis somente
nao p!:JUcmos mais comprccn<lcr cotalmcntc, ou que sao .
. . . e nós cxisnmos agora.
para cspcc1alisras cm anriguida<lc.s. Eles c:mttam antes, · ·

31 E . ra romano Quinrus Horaóus Flaccus


~-
~
m UIT\3 ode, Ex.tqi """".m1rotun1 ntrl pn-m111111, o ~
~ d idonorumachuvl pcrmrcnce. nem ,.,,,. pelo
·e o monumento perfeito: ele .. não pode \l:r C!itnl r lo L"'iCOJl" do ccmpa. 1~·10
1<:1\·,., . . ·~ 0 dos anos e pc
~cm Vento do norte, nem por pela mumcrl proci . in •li::s [N:I \.
~de todo- tWE.ST. 2022: 259). Traduzido a parnr do g

109
l nILJllUJll~•u'..., ••••- --••"-'"-• ,.\.. H.:fTit:JfJ
- ·r J1zer que l . nça'i p
o que nao
.
que
ulll lugar q
ue visir:unos frequentemente, e nu ·' ara 11!'
l)od ., e gera . ~
l:ih·ez c.,te1.1 clll _. . bélll. previ.1mcnre. e mos ter vclJi 'Çnc,1 li
· íl' ·1s1r.1ralll r.tm . . . fi . as fotr 1
110.~(3.~
. tan11 1.1s ' ·
. . . olhanL o sa . . I . ltl'los·:unentc p•lra as , . 1gm as nas fotos . ' cxcla.1 'gt~jj,,,,
rar.1 rnw.tr
_
·~ºe:. '.·. t • rnb;tlho de memoria nos permite cr intar' h'llat..º11-1 1
. 1•• E e; cspc1.:1c l e •
~e1e... sao lll\s. ,s ª . , nassado para o presente como fazeni 1str1ti 4,
- ua\'l."mentc 10 r i:. noss . ·
que tlucm rao s • permanece como um 1oco, durante todo ·a.~ Pr1i.
. i. O mnnumcnCO . . . :1 1 esse te
pna.\ ,,u.is. . , que registra, e mc1L enr.1 para as histórias lllP<1.
lc n:g1srr.1, se e . 9uc e
M.t.~ o que e ~ · ,..;sinmos como outros antes de nós fizera 111 s- 0nra.
bramos que o .•· . , ' . ao
mos. Lcm · _ .. pessoas imortalizadas pelo monumento qLi e~ra1
.1 . ssoas e nao .1s · . . , e traze:
u om.1.~ pc • Como observa a h1sroriadora Mary Carn1th Ili°"
. noss.ts con,·erso1s. , . .. d - .. ers (l 998·
para
40 ... um erro comun1 '- ·onfum.hr •1 am·1dadc e lcmb1a1 1.:om as. 'coi·s ,
a~ que
.
l. e p:tr.1 loc.ilizar e provocar as suas lembranças". Car th Cll
hummos paJem u~ar . . . di' . ru er~ se
_ . . - li·ru·..mcas dos .magos peregrmos me eva1s, l]Uand .
n:krc JS r~,,_~. ocs 'f'' . o 1ani de
n.rJ eles pouco importava o faro de pem1anc1.:crem ou não
lugar a 1ugar. '" • d OC5~cs
~ .
101.";1L~ quJJs· qLier .,..mscros
'""r:1· .
dos personagens • "".
e •m eventos • . _
com os quais _
... t
...., avam
.L"iso1.,a . J os.. O que ha,·ia de real e autcnnco nesses . lo1.:a1s, para eles, nao est1\'a u no.1
objcrm que poderiam ser cn~onrrado~ ah:. mas no tmbalho ~e memória, 0
pcnsamc:nw. ao qual das servi.1m de pistas ( ~998: 42.). Locais de percgri.
nação são locais em que esse trabalho de evocaçao se realiza, e não cápsulas nas
quais são pn:ser\'adas sua.~ relíquia.~ mais duráveis. Pelo contrário, como o destino
dt r.anros monumentos revela, o encapsulamento do passado em tais rclíqui.J.li
ruo g.trann: que de será lembrado.
Agora. sem du,•ida alguma os momes redondos são, e têm sido durame mui-
m rempo lugares de lembranças. A lembrança se realiza nas próprias atividade~
que nós - rumo nossos predecessores - desenvolvemos em torno deles, andando,
rulri\'alldo, escavando, e assim por diante. Como lugares de peregrinação, muiros
ddo ~ão conhecidos como lugares sagrados, frequentemente situados ao longo
de rous de \'iagem que cém sido usadas desde tempos imemoriais. No enranro, J
maioria deles são cão inconspícuos que dificilmenre podem ser descobertos hoje.
e fn:qucnremcnrc: será preciso recorrer ao conhecimento de algum morador local,
cremado para vé-lo~. Sua qualidade mais extraordin<iria, como observa o gcú·
grafo e hi.\tor_iador Kenncth Olwig, cm referência aos montes que se cnfileir.un
:,,,. coda ª pai\agcm ruraJ da Jmlândia, no que hoje é a Dinam;u-ca, con~isre em
~u.i .infJnimidadc ~cm mar . · . . · ., (OLWIG.
20011 . . · ca~ e: na auscnc1a de s1gnrn. mum1mcnc.us
.
J. ümvcnc1du no cnta
1 • mo, e que eles devem 1iCr 111omm1enros, t. •·1s~1nt
d ·
lªf"'U ;as do p.u~ado, gera-~ d. , . · . . . bus(a
. çoc' e an1ucologos ~cnnram-sc 1m11cl1dos a uma
llllc\sanre de .Jlgum !>e r ·d · · . srru·
tr ire.\ 11nr••n.1 d g e 0 llUcrtor - um núcleo de significado que os Lllll·
l!t' " c1 mcmrc rcria111 d.· d . 1 ndou·
n dr ~ua~ v d , · c.:ixa o dentro dele crnn<, um n:g1srru l LI '
~ · 1 J~ e: 1ciro'>. \e ao . . 1 ' •.. -11 ·rru 11"
:or.i~-.10 do . me: nos J go c~pcracular 11udcs.'>c ser dl:SLll .c
monrr • pelo me no~ s 1 • ( • . . •u l' por
.. a .,cr amos, hnalmcnre, quem m LI instrui


~ Ern
bora os mames possam chamar a atcnça_0 co
que· frequentemente se transformam em d _mo lugares que ~-
v·1dos, . na a mais •icvcrn ~r
ca · rncrcccriam ser escavados cm qualqu · nem meno5 do ·
l,1.1c . cr outro tu n.. que 1uga.
rc-~ ·1 • está precisamente na descoberta e n- gar. a-aram ª"''U. ,1
hOI'• · ' , . , ao cm 0 q ( - ' t CIJ og05
de balho da memoria se realiza. Isso dcv . uc se algo) e:~ .L_
uc: 0 rra
q csso ..... s• no passado.
.' •
E provavcl que 0 mo.; d
e ter sido també "JIC"º·
m verdadeiro p
P . . uvo a constru .· ar.i
J~ de rnilêmos, tenha sido o prôprio proc... d ~ao dos mnntcs n
1c:c1.1rso . .sso e tentar d . , o
l
~~
. ti'vamcntc, o de tentar dcscanar coisas
. C.SCobnr COISõL\ uu .
A antiguidade das coisas

"•sim enquanco o monumenro arquitetônico . . 1


n» ' • ongma mente pr · J
rruído para durar toda a eternidade evc:ntualmcm ~ d o1cu 0 e
f: ons o 0 monte rcdon. d d . .
o - e maneira tranqmla e incons . .
e .i1un a nas ar'Cla.\ do
.
em P • . p1cu.1 - conrmua a se
oncoa.r O que quer dizer, ele perdimi. E isso nos leva ti ·.
aJ1l ' · . · a outra a 1rma~ão. E
~
_ rtarnenre mmto correto pergunrar a um monumento qual csua1 · ·d-·J
.auc. Ra·
-
Pon derfamos que ele -- data da uele momento definidor quand o uma torma • -
que ate ent~~~civ~_~a pr~sc~c somente como uma ideia. ro· iu a co~
0 que até então era macera~rude e sem forma, para se criar uma obra .lC.lbaJ;i
de arqmtcmr.r:- Algum tr~l:lalho arqueológico de t:ipo Jercti~o podm~r
necessário para se Jescobnr quando esse momento ocorrru, mu não temu; du-
vida de que tenha cxisrido. M_as como seria se tivessemus de úza çsu mci;nu
~rgu~a a uma !J}().nJWha: C?mo poderíamos ~ta-la, mesmo cm prim:1piu:
P01s a montanha nunca fm cnada e nem construtda. Ou .mtcs, Jssumiu uma
forma gradualmente e - para os cumWl.\ morrais -, Jc mmcira impcn:epmcl,
em grandes períodos geológico, .mavés de processos Jc dcpwição. comprus.io,
levantamento e erosão que ainda hoje se processam, como sempre fizeram.
Esses processos não começaram em determinado momento do tempo. e nem
foram finalizados. O monte não é, e nunca scri, tenninado.•~slDl, não h.i m-
balho deteti\·esco de pane do geólogo l1ue pos.~a ser suticicnrc pan Jctcrmin.u
ªsua idade ou a.ntiguidade. É uma. que.seio que nem mesmo pude ser col0\:.1'1.1
"' n1 unt.uu1a,
A-L
quanto ma.is .
respond"1ua.J ..
J.l que us m -
.. onumcntus DOJcm ser -.mo-
~. mas .is montanlus não podem.
O que acontece então com o monte? 1uucmos n-1 · · tibd~cr .i ~u.i id.iJ.:? Ap.i·
l"S ·
__ ..... nus mai~ narurll Jo qw
rentemente de é m ..üs ;.1rtifici.tl do que wnJ mom.uuw, l: -
u . . . . . . . d . . N cnunco. e grinJc J wlc
m monumento, s1m,\-sc a meia disra.i1,1.1 '-to~ ms. • 0 . 1 1. b· .a·~,
rcn . .• . .. . ôtão J.i anagu1u•1uc: ;1)(1 .
ça cncn: o nan1r,\l e o arohc1.1~ e com issoª qu . . ..- J.i fol'IThl pur
nu a;{ . . - t . . -lo - e 1ll11Po-"'rªº
JOma do modelo htlumorh..:o '- e umscnii. . · .º.tl o tcnomc:no J
que 1eva n.uur.1lmcmc o- 1n- --
.m:rial · , · .l um c~raJo
pnm.mo ·
.trtlh'-1 · ·

111
, . ·i'cirar este axioma. O monte .•.
. pnn.·111, ,1 f( 1 1 i:c1 ta111 ,
. no~ ol•íl~·l, ' 'xil11l) da cSCl a mmana., e Slla r - C111c I'
n1l1nn: ~cr 111;11s pro. . o1111aç l 1fcr.
nr.1nl1.1 p(H . • d·1 montanh.1 ao ti abalho dos ser. 1 ao sei.., t
J.1 nio ..• 111.us gue .1 • • . cs ll111 Qf1.
1 Jll!lim.1 lk\( N entanto, como aLCmtccc com a lolnos.
,,la • . ,·i\'cnrcs. o . • , monta 1 e tlt
1L1trJ~ o.:nJrt1r.1s ºndn através do 1ogo de forças e matcriai. n ia, as
t( ,.
t·l1rnl.l c.sr.1 ~tíllf
ire cmcrgi
•. , ·irgti!llCllfO •
pJr.t 0 monumento, a qucstao de ~
. •
- s. AI:
cn1 di,
· lia ;illtj , lr1
.tia

Jl' usJrmos ore· . . -·r,i do s11nplcs, começa a parecer •nt. b'l11ll~d.'


. . . te nos p.1rt.:l.t.: . ••to 111 . . e,
nuc 1n1l1.1hn1:n . d·inr um monumento a parar do in ais (r 1,.,,
, . Jc11.:n.101os • • . on1cnri .. ,.
l ·
l•k\J. Por guc i N.10 scr•1
1
fói ..:onsrnul 0 · • · · . · 11
. . l ·stc a icnas um onto rclativ,111 •
e:.
·s uc a constinicm? Suponhamos prJr
arb· , . i cni t111
.
1na l'i I·
e
. . . reri. - , cxcn, 1 '
de umJ lois. . t··· ic pedra. Antes mesmo das pedras sei· Po, ~lic
·nrn scp cito l , cni Colr .
n monumc: . • . rtadas, e mesmo .1pos o trabalho do pedreiro )(ad;i.1,
foram C!>COlh1dJS l: t:O ' . .,- • d '. . , a CStrtl[l '
-.· . intcmf1cnes, cros.10, uso e e~gastc, necessit d lrJ
crmJncceu su1c: ir.1 a ., . , - _,.. - a a de li
rinl'('rYcncao - resr.u11-J dl)fJ penoJica. .
N.1 LOl1Stn.11,.ao, como obscrv
. .., -- .1rnus no
lllJ
· _ . a ·aba de rcmunar um ed1huo. Como, então po:t . c.J.
irulo 4. nunl.J se l . , - . , cena a su
r'
ongem n:r s1 o re
·'d aJmcnte uma origem? Sera que nao deve
,~ , _ _ _ ..
lOS Jílt"
. es concluir
'"
e b -·adas ou consrrwdas, b1::m como das coisas crescidas
_ .
dJS L01sas 1J nc _ , que ela· 1
e5rão sempre sendo iniciad;is? _ ~
Por que, diante dessas questões, a arqueologia pennancce tão cngúd ,
dercrminaç.ão inequívoca da an?guidade das cois~s? A resposta, .penso, ~tá ~ ~ 1
l 'l seu empenho em trarar essas c?1sas como se mant1ve:s~m tun 1·cgzstro de ternpm
imcmorilli. Para que uma cnadade de qualquer espec1e se torne parte desse rc-
gisrro arqueológico, deve manrer wn pomo de origem, retrocedendo cada vez
mais do horizonte do presente, enquanto o resto do mundo continua a mover-se.
Em sentido conrrário, as coisas que continuam, que sofrem contínua geração, ou,
cm uma palavra, que crescem, não podem fazer parte desse registro. Será, então,
que não têm mais inrm:sse arqueológico? Claro que não. Mas têm um interesse
fundamenral para uma arqueologia interessada no que Cornelius Holtorf
'2009: 37 ! chamou de "'passadismo" das coisas, mais do que na sua antiguidade,
ou nu que chamaríamos de sua perduração. O que importa, na arqueologia d.1
i pcrd~ração não~ a determinação das datas, mas a habilidade de seguir as cois;i.i
.uraves lo o gCLi·
_ de suas tra1eronas
· ' · ·
temporais, ,
do passado para o prescncc. Segu11L
grato TíJmen Hagcrmand ( 1976: 332 ), rudo o que existe, dos organismos vivos

-. . .·,
Jos msrrumcntus
.
tapcçana da Narureza
de pcd ra~, tem a sua traietona;
1· · · ,
· ' · cada c01sa
'
que a 11stona esta tecendo". E assim que o mac
J "grUJJ~
- e, um t-10 ua ·
11 do de
ª

j1
man tem a sua rra1eroria· 0 . . . t ·dral, e
. . • mesmo acontece com o rclôg10 e com a LJ e .
.mim e fc1r'J pelo monr . . . , . ) c.1ni1-
nho . .. e redondo: cada c01sa dessas contmua seu propnt .
' t tem - ou melhor é_ • , . . • . rêni:i.is
l1uc inccrvic ' 0 seu pmpno registro dos processos e OLOf
ram c:m \Ua formação.
....,cntc, a própria palavra rtcord [rcg·
!lcal, ,· 1scro 1~ug
, rc-cobcrca ou re-cupcrada. Para rccu ere, cm inglbl '""" r
iuc e . perar ou 1 ' H 1corda
fio 1 l, . é preciso pegar um fio da "grande t . e ar corda novam ,
3 coisa, apcçana" d . ente cm
u1l1· rcsente. Mas transformar c..~sas coisa! e Hagcrstr;ind .
cé o p . . . s, cs.~c..~ rt-curdJ . e puxa-
-lo J , . as cordas que permanecem no trabalho d . . , no rcgmro é .
roprl•. . ' . - 'e eixa-la.~ t0 ' cortar 1
as P _ 0 registro e uma coleçao dessas apara.~- , 1. mbar comoª""'
ctiao. ~ ' d' - . e o ivro de r - r-ur.L~
oo J:.i plena e cm trcs 1mcnsoes, esse..~ livros s· econc, da hi.~tória
c:ro csca · . . · ·ao nossos m ·
P . dos e bem cwdados, as coisas envelhece ·. lL~cus. Dentro dc-
daca · , . . . m a cada dia
tcs, U -'menro e amfic1almente interrompido Ao 1. que pa.<,sa, ma.\ \cu
vc lCLl · ar 1vrc, 0
c:íl ular, envelhe endo o RO rodo sem, conrud fi momc conti~ a
se 31.1.lnl ~º·

A forma da terra
Volrarcmos ao registro (capín1lo 8 ), em relação a uma e . . .
. , . . xptncnc1a de ~e fazer
as Por ora, vamos re\ 1s1rar o monte redondo. lmaP'in .. .
cor d• · . _ . o· e um v1ap.ntc c.lJllJ-
do em direçao ao monte por uma das tnlhas muito us d .
nh,\11 . . • ª as que 1cvam ate
e1e.
Uma visra .
estende-se diante .
e em torno.
dele , com a r......
- aball;o
. e: o ceu .
acima, divididos ao lo?go da ~ha do horizonte. O mame aparece ne.m linh.i
mais como um caroço mconspICuo. Mas, como já demonstrei, 0 monte não é um
edifício. Ele não se ergue sobre fundações sólidas. Pelo contrário, c.~tá deitado.
Como uma figura de uma pessoa tombada, adonm:cida, de está ao mesmo tem-
po roln-e a rerra e saído da terra. Suponhamos que o viajante, rendo chegado ao \
monte, o siga e se deite sobre ele. Imediatamente o horizonte desaparece por rru
da periferia de sua consciência visual, que se funde com a faiscante luminosid.idc
do céu, cnqufüto o seu corpo é envolvido pelo abraço da rcrra úmid.1. A.~sun, a
cerra e o céu, cm vez de serem divididos ao longo ... da linha do horizonte disrante,
são unificados no próprio centro do lugar ocupado pelo viajante. O que, a dis-
tância, parecera. ser .1penas um pequeno cisco, abre-se do interior para revelar J
imensidão ilimitaJa do que cu, de ora cm di.lnte, chamarei de mu11do da rtrrn edo
céu. Seria essa a experiênci.i do próprio monte, se ele tivesse o dom d.i cornciênó.1
sensorial, como realmente seria a de qualquer corpo ou corpos L'TIO:TTatlos sob
de. Muitos - mas não absolutamente todos - os montes n:dondos incorpor.un
túmulos, e a partir da perspectiva dos mortos evidentemente d~ tt:riam_ sitl~
preparados par .i repouso cm um mundo da rerra e do cfo. Ele..; amda ôtao la,
enterrados na terra, mas olh~mdo para o céu, pelo menos .ué scrcm dc~enccrrados
pelos arqueólogos.
A nm d ança na pcrspecnva, . . . ·m dircdo .i um lugar
a p.mir do movimenco e 1 _ .
Vazi o no- 1lonzo1m:,
· , e• Jo céu, csm> .1s~°'"·1Jdas
e a fusio em um mun1:lo ll.l terra :J -
cu111 · . ,. -- . . ·do Porém, o monte n: on
ª trans1\ao d.1 vida p.u.1 a morte. Em outro ~ena '
. d· , ópiia vida., comparável ao mistér'
.. . 11 ~n'nn •1 f r . . · ·i· _ 10 assq .
d nianitc.st.1 ll 11 . 111 0 numero ze10, s1g111 JC,lJldo 0 n :i . c1;i~ 1
o . i Furopei.1 LO ac a 111- s 111
l,ismologu (11L 1)· , . .. D•t n1cs111a forma, como observa. Olwig (20 i.:ogr11iS\:1'
dcm.1. · " i Os. , ·
l'd do qu.1 1niul 1
J
·LI ltC ;lll de um utcro e o monte, todo · .13) .1
. , sente i.tl _ • lll11 Ct . • ~t
um "cs,·J11;u11r11n . • i do 111onte, cntao, e - ou pelo mcno.~ era - - >~11111~ I·
. si !ll1tiC.ll o . . _ llao ~ (
I dl~cn,nhc. O. g
. . . nJs tJllll"-111 1
L.: iolítico. Na Jutl.lnd1.1, Lomo cm tnuo o . -11111cr11.
,. . , . sul cl \; e
("t1~mnlog1lo, 1 • · .. l ·v Ull 0 nome de 1 t1tf1/'º./ (Colina da coj . ) ª -\(Jii.
. . . ·co.~ niontt:-" e • 1 ·- sa . E1
JJOJ\1.1. 11nn . . . . itiou a ser um local e e rcu111a1i para 0 q 1 11 Plc 111
Idade ~ku , J
1 •1 • J " "•" 1..onai
,. . h·m«a pam resolver seus problemas. A /
ti a e01
1vcrgi
·
h J:i. ltCS J;l \ 1zlll ' ~ ' " a11cfs/ut .
n.in1 LlS J itJ.I . 1:. ·aicosccn'fnll ou skvppan ( modelar") - refe . 1' (tcrr~
1 J ) - do 111g c.:5 ..m r. . . . lla-sc
rmx:k · ª
1 d~ exp·iiis'io imprecisamente delimitada l:lc te IJQ ll10
. e uma · · · · rra r •
nJqude n:rnpo, •· • sui'eira às leis não cscritJs dos que se reuniam n ' •gad~ :\,
r.üicJÇ cosrumcrr.1s e . - . , aqucJ.1 ti1
P · . d remnos antigos uma conexao mtnnseca entre . !!J
~ ·-
I .
;\_o;s1m. han:i dcs e os r . . a pa1sage
1 d ..01110 uma rctm1ao, wn cnovclarncoto de cursos d . 111 ~
.i coisa. De um a o, e e vicia e c.i
. d : J de_ a coisa mPoii•c a paisagem. De outro lado, como ·
m1nhos e am-1ua .. . tinia fonr
. .
Jc fct, a co1S;1 cs •
rt' cm'Olta na paisaaern - nas prancas guiadas por eh da 1 b. t
_ 1:1 ._ ' 1a itaç.ifl
e d.i rnor.1dia, e na prepJ.raçao do solo.
:-.:esta rdai,.<1o entre em•olver e s~ desvelar, o m~ntc ~1.iis uma vez difere do
monumento N.i TillJf. escreve_ Olw1g (200.8: 33 ), a lei e1:a. votada à íl1t'.rnória
\;,·a., enquanto 0 monumento literalmente cmzelava a memona na pedra mona'.
No monre, 0 pas~;ado e reunido como uma matnz para a continuação da vida; no
monumento, 0 passado é deixado de lado e sobrevive somente como uma rdí·
qwa. Onde a coisa-monte nos acolhe como participantes no seu monte, o monu-
mento nos fecha fora dele. Está acabado, terminado. Ereto diante de nos cumo
um fait flCcompli (fato dado), ele apresenta somente suas superfícies exteriores
congeladas à nossa inspeção. Muitos antigos lu_gares-C<.Ú'iJ.S, na.t1J.talmentc,__~5o
.:igora designados como monumentos anrjgus, e são ..issiduJmcntc prescr:yados
no que se pensa serem suas formas finais. Para os visitJ.ntcs, deixar marcJs ou
rraços de;; presença em rais lugares não é mais contrib~iir para a s~ção,
mas amea a sua rc;ervação. Um tümulo .llltigo, por cxcmpfo, é somente
uma pilha dr pedras que awncnta de tamanho porque cada viaj;rnte, passando
por determinado lugar, acresccnra a essa piJJ1a uma pedra .1panluda no ci.minho,
como uma lembrança de sua viagem. Mas um des~es montes designados pm
ser prtscrvado corno monumenro, deveria permanecer intocJdo: acrescenr.lf ou
remover qualq d ·
. . U<.'T pe ra sena cometer um ato de espoliação. .
f:. prc::mamenre esu d - d . .
· mu am,:a e tun uma crnsa-111011tc cm cvo 1uçao pt- ·rpcn1J
para um monumento ,. á t. . d .. d no scn·
d crmma o que diferencia a modelagem · a terra, .
n o moderno de seu /, . a tor·
md 1 ' precursor medieval. Na Idad1: Média, um.1 /111uism/' cr .
ª ª pe" trabalho nm· ca mpos e na.~ florestas, scgunJu J lei. d.1 . · o scnnJn
tt1tfT· ·

114
d modelação da terra, pelo contr ..
,icr!lº a J' . , ario, não te: .
m rarz.c~ n;i ...
11111'- , arq uirctura. a _vimos (capitulo
1
. 4)
corno, par d" . pranca ~gr.
11
11,as 1 . Lcon Bamsta Albcrt1 procurou d. . a 1~nnguir < . anil.
· ccrro, . 1s1:.1nc1ar · . 1 Jr<jl.11t1:ro d
,,,rp111 • rática do trabalhador diarist.1 e e . . a 1dc1a da an . o
a!lhl p . . ' ons1dcra-la . (1Ullctur~ da
3 ricS• concrrbmu para sua constmção i d como a forma ·
. 1dccro - . , n cpcndcntc pc1a qual
11 111 L lho da constn1çao. Depois, o conceito d . rncnrc e ancc:riur-
craL'•1 . d e pa1l'>agcrn ,_,, . ...cnrc
,10 • cq 1 uvakntc: os trabalhos de modcl • s.,•rtna urna tn
. 111•1ç.10 . - • • , fi . açao da terra d . n\-
tnr d cs ã. pro1cçao ccnog1 a 1ca dos artistas e ~· . os fazendeiros
,h.1 or · . . . ' •uqu1teto~. No v ,. · e
1c1 , -rcnascenttsra, a paisagem servia simuh~ ocabuláno dól a-
, · ·J pos ..neamentc an 1
ccOL• - do não somente a fundação sólida sobre ;i -• pacocJocc:nino
fi r11eLcn fu d , . quou o monume . . . '
n bém o pano de n o cemco contra u qual 1 od _nto e cngi~
(113-\ r.1rn . e e p e ser CXJbido
. com m;.uor vantagem. Juntos, 0 monumem . 'ou porto
'"' trfno, . d . o e a sua patsa11, .
·orno comprcendcn o uma totalidade completa . . · i:>crn cr;un
ridos 1. • • • e: mtc:iramcnte fo d
. eguindo os prece1 tos do modelo h1lomórfico a t d rma a.
AqUI. s . , .:: h, ' erra cve escapar como
1• ância material, .1 1orma a ~trata, e a terra ser moldad . •
s1111St• a por sua unificação.

Através da porta

É com esses preceitos que o ,h~~toriador Simo.n _Schama abre sua obra-prima
sobre Landscnpe nnd 111!.cmm)' [Lusagem e rnemona). O cenário, diz. "é cons-
rniido canto a par~r dos estratos da memória_ corno das Glllladas de nxha {... \,
é 3 nossa percepçao modeladora que faz a diferença entre a matéria-prima e: a
paisagem" (SCHAMA, 1995: 7, 10). Talvez voces gostassem de ~e junnr am
esrudantcs que fazem o curso dos 4 As, e a mim, ao deixarmos a sala de aula para
caminhar lá for.1, ao ar livre. Tentamos demonstrar para nós próprias a ideia.. tão
articulada por Scluma parJ. nossa époc~ de que é a percepção que dá forma e
molda o mundo que nos rodeia. Nosso passeio começou no mpê da colina de
Bennachic, não muito longe da cidade de Aberdecn. Com suas cncosr;is í~an:mcs
e seu pico nodoso, ckv ando-se de um terreno relativamente plano, a culina é um
marco proeminente do hnriz.ontc do condado d.e Abc:rdeen, e é popul.11' enrrr us
viajantes que podem se avcnrurar por trilha.-; florest.1.is e níveis mais baix~,_uu
subir pelos caminhos att! o topo aberto, coberto Je urzes, coro.1.do par umJ un·
pressionante obra pn:-hiscórica feira d.e terra ou um "fone de colina". .
.Antes de iniciar noss.1 palestra, líamos um artigo cscrico _pelos m1ucol~'ú\
Christopher Tillc\; Sue Hamilton e BJ.rbara Bendcr. Eles hanam cnbalh.iJo i:m
leskern1ek· Hill · unu
· .
dis numerosas colmas de Bodn110 · lM0 0 r., no condado d.1
Cornu;tlha [Co1~v.1lll. E·s~alhados cm unu 1.bs cm:ostas da co~in.i estão os rcsc~
llc u1n 1~ .. · . -. · ·I· h-' - -.i de 2:>00 ano.\, m.is q
. a a L•CIJ. que ev1dentemcntc to1 hab1tJ.1. a ª LCll: b
uc c:unmlu~c pc1o rei•
.
lura b . ..
1 .' a andunada e virara uma mina. Um \1s1r.um: 1.1 • . . tos. cu!l
io1c e: nconrrana . um mome de pcdr.1s, cie J :l . lS t.un.mho.s e torma
cu1. 0.'1 e

11 s
asradas par milênios de intcrnpc· .
limpas e dcsg . . nt:s N
superficies : 0 se essas pedras ovcssem Já cncont-d · ' a \'j\·
suJS • 0 e com · ., e d !J
4 · ari ~-
onccrnporane , cm uma cerra J.:l rormacada. Não é as . Sc1.1.11u "
U11I C . d dt-sCaflSO, . . s1rn "~ ~r
tiL"os. e finais riae .:
,·1s[;l pe
los seus habitantes anogos, que inco
rporav
' r-'ttn, ti
'~''·
P aisagem se ção de suas casas e nos muros que e·
1rcund
'1111 Ili••"\;
~ d na const:rl.I "aJ . 011,
dessas pe ras .J~ reria sido um maten v1taJ cm Um avarri i
Jcs a pcw" . fc . a tcrr 1ti1
ampos. Para e . , baJhando, pelo arduo cs orço fis1co da a tJndc '
·v~rnenre rra d . d consrni . 1::\.
avessem ao · lega.~ escavam ctermma os a cornprcc d Çao e 1
. , T"lle)' e .seus co Ih d . . . . n cr co 'o
c 1 ~tJ\O· 1 -"d para esses craba a ores prc-histoncos 0 nio ttn
. agem p.m:u o . . . d d - . seu ob· . '
cssJ p.11s " ·ebcr Leskc:rmck Hill a partir e entro, e nao olha 1~1"11
diziam, era perc. ·nrura'' (ffi.. LEY; Hfü\ULTON & BENDEo ndu P~racb
como se fosse wn.1 pi . ai . ''-> 2000: ""
uas exncriêne1as era gastar gum tempo procurando o vv).
Urn•I de s ,-- . . . . Q · b que~
. J rcas da.~ casas ongmJ.Js. uenam sa cr como un aJ _ 'tJ1·a
das 1
. soleiras . . e Pºda porta de cnrrada de• sua casa. . M . •
• a.~, 1.:01110 h.wiam . dca b 0 tt111
visto a pmagcm, , . .. d su ?"ado
. _ _ da!i casas are a alrura aproxima a de um metro .
mente: os ;11JLcrccs
Se).
·• ' .. . _... . • _ _ . , esse dado
.d gi·srrado Para facilir.u as LOISJs, c.:ks 1.:onsrn11r~m uni br tn
difi'cil e ser rc.. · . • '"" 11/
, . d ima moldura de madeira n:tJ.ngular e kvc. Lc\"ando C.\< CCJoi
a 1orm.1 e L . •_ •. • . . • 'ª moJd\Jri
de porca cm porta, rcgrsrravam. ~s aspcaos d.1 p.11 ....1g1.: m "'""·c1s Jtr.wés dela an
·"a Segundo 0 seu rclarono, conrudo, c .. rc pnKcJ1mcnro tinha um_;
cada C,.., · . . . . "l"ltu
dramático e não incencional, n;1 sua nunc1r~ de ,·cr. LmmanJo, controlando t
definindo 0 campo de visão, a moldura rranstom1J\'J a p.11 .. agcm cm um quadni
Contrariando roralmencc sua intenção originaJ. ck' dt-so 1briram que csr~i·.un
olhando para a vista segundou modo rr.1Jicion.1l da .1m: pai,agi~rii:.1 (TILLEl;
HAMILTON & BENDER, 2000: 53-55 ).
Voltando de nosso passcio pcl.1 coliru Jc Bennachil". remamo\ fazer c.m ti·
periência por nós próprios. Nfo muito longe dm ll.111cu' J.1 G>lina ticmm 111
rcsros de uma pequena colônia de croftú~ns3~. Duranrt· .1, ulnm.1' Jt.'.oda.\ <lo \L\11·
lo XIX, for.un feiras mud.mças no rr.uamcnto Ja rcrr.1. r• munJu a vid.1cadJ1rz
mais difícil para us agriculwrcs do croftil~n. e .l pon 1.1ç:11) waJu.1lmcntc Jcdmuu
Os últimos colonos que ainda mor.wam no loc.11 11111rrcr.1m cm 1939, e \U.LI pc·
quenas c.1banas, construídas com pcdr.1s rir.id.t.-; de unu pcdrcir.1 vizinha, ~1jn
agora em mínas (VERGUNST, 2012). PJ.r.mdo di.11m: d1.: uma Jcl.1s, fizcnM
uma moldura frágil com um sarrafo de m.1deir.1 que h.1\"Í.1mm rrazidu conosco. e
ªcolocamos no espaço que h;nia entre .1s paredes n:duziJ.1s a ruínas, p.1IJ indJCJf
onde. a porra ficava , anng;m1cmc. . De11cobnmos . que a moldura 11.10 - rran sfornia11
a paisagem cm quad 1n 1 .. , d formar J
. ro. e o contrano, ela rc\'C o deiro noravcl e erans .
ruma no1·ameme e111 . . b· ., . d . srruÇJI\
wna 1.:a ana. Er.i taC1l .irrJ\'essar as paredes a tllíl

-----------
32. Crn1t;,1n .;
J J' '' ' UffiJ
.armcnrc na.\ Terras Al
r
iorma d .
d e po~c da tem e produç.io Jc .i.limcnros cm pcqur:nJ csc '1NTI
:u·
·.i]J rJl11'
· · e .mrcnonm:nrc nJ llh J Jc ~IJn
tas J EscllCla ' n.1.\ 1Ih .1.5 d.1 Escoaa

116
• ,cc separando as pedr.1s, ern qual
1csrnct . quer 1ugar A
~ 1 f1tP - cncr:tr na cabana. Encolhendo 0 · moldura co d
. \,jdJ\',l •1 e s ombro~ e . ' ntu o, nos
cof1 ~iss;ir, como se 1osse JtrJ.vés d.1 po t b . curvando u
-,1 .10 F•. - . d .. b . r <l aixa e cstr - m pouco a
cJl:>C~ dcvcna ter, cs1.:o nmo-nos litcr.tl Cita que Oril>i ,_
cJbJO·l . . . _ . . . mente dentro dei .,,.nauncn-
rc .1 ibcrt;i aos ckmcntos, o prupno movim d 11, Apesar da ai
• 1 ser · · . cnto a cntr d aru
r1.111t· ·:1··1 d.1 c.1ban.1 como o esp.lço mterior que ~ a a nos permitiu•-
1 ll i.:I• , . ora antes o d· "'"'
11Jll· ·Jo conrrano, retomar nossos passos ;i.t , · e seus habitante
- , scnn . . ' • r.wes da mold . s.
J:',,Jt · 10 s 10 espaço exterior. ura 1mprovisad
J·\'olvcu-1 · ' . . a,
Li.; nos to1 prov.1do por este pequeno cxe _. .·
ConlO . -• . • ·. fLICIO, para Ut h . . .
. rior temos ncu:ss1d.1dc de entrar e sair m ·. d q ªlª um interior
1 c:1:tc . ' ais u que e
e un rro No pbnq.1111cmo de um edifício os cs . d ruzar de nm lado
r·dJr.1dosouf!l·}S.. si\O cnado\
. .
no movtmento. Ü que signifi
' . p.1ços e habit - - -
.
IG\ l\Ue S•\O cxc
JÇJO nao S;1u
d
J .' l);ivid Turnbull: "Em urna espécie de duplo mo . • · rntn os. Cnmo
cscrc\ e . . ', -. , . v1 menta, as pc.~soJs fab -
. 'W~ de rodas :is cspcucs, mas cspcc1.llmcntc cd·t~ . . n
c;tn• o b1e . , - .. -, . i tcios, moVlmcmando-sc:
, : deles e cm torno deles, m.1s o~ cd1hc10~ c.1mbém n b
Jtr•l\ tS
·. ndo ~cus mo\
,. • • . .
1m1:ntn'i e mrnando po~s1veis certas e (. d
ª 1·'m 'º re as pessoas,

rc;1 lIZ.1 "' spcc1es e: encontr0<;


eles e ourros (TUllNBlJLL, 2002: 135). Daí rcsult~r
cnrre - . . ._ . . ._ . . . . . " que nossas expc-
.. . · s Ul]lllCetun11.:.1s m.us tund.1mcnta1<; sqam mais verb~ 1· 5 .1 . .
ncnL 1•1 · . ... l o que nomma1s
<UJ form.1. Elas con~1stem, scgundu Juhani Pallasmaa 11 a·0 cm
cnt ·' · •' encontros com'
objetos _ J fachada, os batcnccs de uma porta, janela ou larcir.1 -, ma.~ de atos de

Jproximaç:i.o e de cntr ada, Je olhar par.1 dentro ou p;ua fora, e de absorver


0 c.ilor vindo d.1 l.ucir.1. "A maçaneca", afirma PallJsmaa (1996: 40, 45), "~ 0
,1pcrto de mão do edifício". Ele nos dá as boas-vindas. Da mesma forma.des-

cobrimos llUc o monrc 'iC con'ititui atravcs do movimento de dcitar·se nele,


•1bmrvcndo .1 umid.1dc d.1 tcrr.1 enquanto lid.1mm cnm a irncmidão do céu. E

ni~ro, o rnuncc - como o cdil"icio - nio é m.lis encontrado corno um objeto,


nm n.:perimenr.Kio como um.1 coisa.
Em ~eu cclcbr.1do cns.lio sobre A coisa, u filósofo Martin Heidegger teve
difü:uld.1des p.1r.1 inugi11.1r o qlle turn.i um.1 coisJ diferente de um objeto (HAR-
MAN, 2005). O l 1bjcro, dizia, é complccu cm ~i, definido pela suJ confrunrauora
111pc1wjcição - face ,\ f.Kc ou superficie a '\Upcrfície - cm rcl.lçâo JO lugar em que
l'..\t,1 coluc.1du (HEIDEGliER, 1971: 167). Podemos olhar pam ele ou mes-
mo tocá-lo, mas nJ.u podemos nus juntar n d~ no processo de sua formação.
Por mais pn'1xinu mccriGmcnte que ~eja a nossa interação com o ob1eto, _ck
Pcrm ancce a1-etl\'ameme
· . -+n11 co11 '"ª nós as cmsas
distante. Mas se os. o. b.1ctos emw " '

li CHa·
rnc t -r ,
· ,
0 .co11osco. Para Heidegger, toda c01sa e uma reuruao
.
n º· 10ca-la, nu ob.,crvá-la, é colocar os mov1mcncos e
· - de materiais cm movi·
, .
d nosso propno ser en
.
corres d. . .1 • ais oue a consnrucm. A1
pon enc1a próxima e aktiva com os uos maten ·1 nh·
nos de't . ·I uma pcdr.1 que apa amo
Pelo · '
J
1 arinos sobre um monte acresccntanllo t: e ª
ncolhendo os om ros P·
b ar
caminho, girando a maçaneta de uma porta e e

117

Você também pode gostar