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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

Centro de Ciências Biológicas e da Natureza


Curso: Engenharia Florestal
Disciplina: PATOLOGIA FLORESTAL II - CCBN - 062
CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS

Prof. Dr. Nei S. Braga Gomes


• INTRODUÇÃO

• Doença resulta da interação entre hospedeiro, agente causal e ambiente;

• Diversos critérios, baseados no hospedeiro e/ou no agente causal, têm


sido usados para sua classificação;

• Em relação ao hospedeiro, a classificação pode reunir as doenças que


ocorrem numa determinada espécie botânica;

• Exemplos: doenças do seringueira, do cacaueiro, dos eucaliptos, etc.

• Essa classificação é eminentemente prática, pois é de interesse dos


técnicos envolvidos com cada cultura específica;

• Também e relação ao hospedeiro, pode-se classificar de acordo com a


parte ou idade da planta atacada;

• Exemplos: doenças de raiz, de colo, de parte aérea, etc.


• A classificação pode basear-se na natureza dos patógenos:

• Exemplos: doenças causadas por fungos, por bactérias, por vírus, etc.;

• Entretanto, pode ser desfavorável, pois agregar patógenos que, apesar da


proximidade taxonômica, atuam de forma diferente em relação à planta;

• Exemplos

a) Uma bactéria que provoca murcha (Ralstonia solanacearum), cujo controle é


similar ao da murcha causada por fungo (Fusarium oxysporum) e;

b) A bactéria que causa podridão em órgãos de armazenamento (Erwinia


carotovora), com controle similar ao de um fungo apodrecedor (Rhizopus);

• Geralmente, a doença envolve alterações na fisiologia do hospedeiro;

• George L. McNew (1960), propôs uma classificação para as doenças baseada


na interferência (pelos patógenos) dos processos fisiológicos vitais da planta;
• Os quais, em ordem cronológica, podem ser assim resumidos:

I. Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o


desenvolvimento de tecidos embrionários;

II. Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes


armazenados;

III. Absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato;

IV. Transporte de água e elementos minerais através do sistema vascular;

V. Fotossíntese e;

VI. Utilização, pela planta, das substâncias elaboradas por meio da


fotossíntese.
• De acordo com McNew, o desenvolvimento de uma planta a partir de uma
semente contida num fruto envolveria várias etapas sequenciais;

• Como o apodrecimento do fruto para a liberação da semente;

• O desenvolvimento dos tecidos embrionários da semente a partir das


reservas da mesma;

• A formação dos tecidos jovens, como radícula e caulículo, ainda a partir


das reservas nutricionais da semente;

• A absorção de água e minerais pelas raízes;

• O transporte de água e nutrientes minerais através dos vasos


condutores;

• O desenvolvimento das folhas, que passam a realizar fotossíntese,


tornando a planta independente das reservas da semente;

• O desenvolvimento completo da planta, tanto vegetativa como


reprodutivamente, graças aos materiais sintetizados por ela.
• Considerando que estes processos vitais podem sofrer interferências
provocadas por patógenos, McNew propôs os seguintes grupos de doenças:

• I: Doenças que destroem os órgãos de armazenamento;

• II: Doenças que causam danos em plântulas;

• III: Doenças que danificam as raízes;

• IV : Doenças que atacam o sistema vascular;

• V : Doenças que interferem com a fotossíntese e;

• VI: Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias


fotossintetizadas
• Esta classificação é conveniente pois, apesar de diferentes patógenos
atuarem sobre um mesmo processo vital;

• O modo de ação dos mesmos em relação ao hospedeiro envolve


procedimentos semelhantes (Tabela 1);

• Assim, diversos fungos e diversas bactérias podem causar lesões em


folhas;

• A doença provocada por estes patógenos, porém, interfere no mesmo


processo fisiológico vital, ou seja, a fotossíntese;

• Doenças de um mesmo grupo com características semelhantes no ciclo de


relações patógeno-hospedeiro e com idênticas medidas para seu controle.

• Tabela 1. Grupos de doenças segundo a classificação de McNew, baseada


no processo fisiológico interferido pelo patógeno.
Grupo Processo Interferido Doenças/Sintomas Patógeno Controle

1 Armazenamento de Doenças pós-colheita, Parasitas - Evitar ferimentos


nutrientes podridões moles ou secas facultativos ou - Armazenamento
em sementes, frutos, etc. acidentais : adequado
- Rhizopus spp. - Uso de fungicidas
- Penicillium spp.
- Erwinia spp.
2 Formação de tecidos “Damping-off ” ou Parasitas - Tratamento do solo
jovens tombamento de plântulas facultativos : - Tratamento de
- Pythium spp. sementes
- Rhizoctonia solani - Uso de sementes sadias
- Phytophthora spp. - Práticas culturais
3 Absorção de água e Podridões de raízes e do Parasitas - Tratamento do solo
nutrientes colo facultativos: - Rotação de cultura
- Fusarium solani - Cultivares resistentes
- Sclerotium rolfsii
- Thielaviopsis basicola
4 Transporte de água e Murchas vasculares com Parasitas - Tratamento do solo
nutrientes sintomas externos e facultativos: - Rotação de cultura
internos Fusarium oxysporum - Cultivares resistentes
Verticillium albo- -Controle de nematóides
atrum
Ralstonia
solanacearum
Grupo Processo Doenças/Sintomas Patógeno Controle
Interferido
5 Fotossíntese a) Manchas e Parasitas facultativos : - Cultivares resistentes
crestamentos - Alternaria spp. - Controle químico
- Cercospora spp. - Medidas de sanitização
- Colletotrichum
gloeosporioides
- Xanthomonas spp.

b) Míldios Parasitas obrigados: - Controle químico


- Plasmopara viticola - Cultivares resistentes
- Bremia lactucae - Medidas de sanitização
- Pseudoperonospora - Rotação de cultura
cubensis

c) Oídios Parasitas obrigados : - Controle químico


- Oidium spp. - Cultivares resistentes
- Medidas de sanitização
- Rotação de cultura
Grupo Processo Doenças/Sintomas Patógeno Controle
Interferido
6 Utilização das a) Carvões Parasitas obrigados : - Rotação de cultura
substâncias - Ustilago scitaminea. - Cultivares resistentes
elaboradas - Ustilago maydis - Tratamento de sementes
- Entyloma spp. - Medidas de sanitização
b) Galhas Parasitas obrigados e - Cultivares resistentes
facultativos: - Rotação de cultura
- Plasmodiophora brassicae - Medidas de sanitização
- Agrobaterium tumefaciens - Tratamento do solo
- Meloidogyne spp. - Controle biológico
c) Viroses Parasitas obrigados : - Cultivares resistentes
- “Tobacco mosaic - Controle de vetores
virus” – TMV - Eliminação de hospedeiros
- “Cucumber mosaic alternativos
virus” - CMV

d) Amarelos Parasitas obrigados: - Cultivares resistentes


Fitoplasmoses - Fitoplasmas - Controle de vetores
Espiroplasmoses - Spiroplasma citri - Eliminação de hospedeiros
alternativos
- Uso de tetraciclina

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