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SOCIOLOGIA DA MÚSICA

21 de fevereiro de 2023 20:12

30 de março - Entrega do plano de trabalho


11 de maio - 1º Teste (40%)
Últimas semanas de maio - Apresentação oral
5 de junho - Entrega do trabalho final (50%)

MÓDULO 1
 Introdução ao campo, objetos, teorias, metodologias e conceitos chave da sociologia da música no contexto
das ciências sociais e humanas em geral e da musicologia em particular.
MÓDULO 2
 Mapeamento histórico da disciplina, das fundações à atualidade.
MÓDULO 3
 Problemas, temáticas e estudos de caso em sociologia da música (no contexto das grandes temáticas indicadas,
serão abordados casos e objetos mais específicos).
Módulo 3.1
- Música como instrumento de ordenação social e tecnologia de identidade (DeNora, Small, Frith,
Martin, Shepherd & Devine);
Módulo 3.2
- Cenas musicais e culturas de gosto (DeNora, Peterson & Bennet, Schafer, Frith, Bourdieu,
Thornton);
Módulo 3.3
- Tecnologias, media e indústrias musicais (Hesmondhalgh, Frith, Adorno, Cook);
Módulo 3.4
- Música, géneros e sexualidade (Solie, Citron, McClary, Bourdieu, Maus, Warwick).

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(28/02/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 28 de fevereiro de 2023

A sociologia da música começa a se desenvolver de forma mais plena no final do século XIX e inicio do século XX, com
Max Webern e Theodor Adorno.
 Ideia de que a sociologia decorre no movimento das ciências sociais e de a música é uma componente e prática
social --> música como sociedade - a música é ela mesma uma atitude de ideias sociais.
 Como é que se pode estudar música, considerando que um dos grande bloqueios existentes diz respeito ao ato
de encarar a música como estando numa dimensão transcendente?
○ Existem um conjunto de cânones que se relacionam com a dita "música elevada/erudita" que era
particularmente estudada nesta altura na musicologia --> Dimensão positivista e construtivista:
manutenção e aprofundamento de conhecimentos altamente idealizados.

Surgirá então o rompimento com estas ideias e uma nova musicologia, tingida pela interdisciplinaridade, com
necessidade de olhar para a cultura com outros olhos, informando aquilo que olhamos e estudamos num
determinado contexto específico - música como prática social/música como sociedade/música como cultura.
 Era necessário deixar de encarar a música como algo distante e transcendental, mas perceber porque é que se
enaltecem, mistificam e sacralizam obras e compositores na nossa sociedade (imaginário construído a partir da
coletividade).
 As peças não valem por si próprias. Ao contrário, começa-se a encarar a obra pela forma que ela se relaciona 
com o seu quotidiano.

(27:40)

A "associação" é uma "construção" que se faz através da "proliferação".

(34:45-39:00)

A sociologia da Música considera que "a música não é apenas o som que esta produz" (Ellis, 2009)*

* Katharine Ellis, The sociology of music, 2009

Segundo Katharine Ellis (2009) a Sociologia da Música abrange culturas contemporâneas e históricas, usa diversas
perspectivas e aborda todos os tipos de música. Dá prioridade a métodos de pesquisa centrados nos indivíduos,
sempre que é possível, com o intuito de explorar:
• Significados atribuídos à música;
• Redes sociais e circulação de capital cultural;
• Formas do mercado musical;
• Exclusivismo e culturas associadas à música;
• Relação entre música e identidade.

Estudam-se os meios, tecnologias, dispositivos, indústrias, espaços e agentes que produzem, intervêm, acolhem ou
enquadram a transmissão/comunicação da música, incluindo a escrita musical, instrumentos, partituras, fonografia,
meios de comunicação (rádio, televisão, internet, cinema, etc) considerando a sua importância nas práticas musicais
e comportamentos a estas associadas.
- Abordam-se as relações sociais, comportamentos, emoções, ações de todos os agentes que intervêm na
concretização do processo musical.
- Espaços, cenas, equipamentos culturais, repertórios, programação, políticas culturais/musicais, etc.

A sociologia da música possibilita e torna mais saliente uma "análise de todos os intermediários humanos e materiais
da performance e do consumo de arte, dos gestos e corpos aos palcos e media" (Antoine Hennion).

Quatro linhas de trabalho:

1) Incidência nos vários tipos de relações entre música e os indivíduos que a produzem, desempenham e usam.
2) Dinâmicas sociais inerentes à música, ao som e às diversas características comunicacionais do ato musical.
3) Estudo das redes humanas nos contextos de uso ou prática de música.
4) O estudo do som ou da música é feito em função do seu entendimento por determinadas culturas ou
circunstâncias em que estes se enquadram.

(01:07:00)
[Peter Martin (1995, p. 23)]
- (Um dos temas mais visados é exatamente o do estabelecimento dos cânones de repertório e de
interpretação e do modo como estes se manifestam em várias épocas e circunstâncias.)

[The Shawshank Redemption, filme de 1994, baseado num romance de Stepjen King]
- O banqueiro Andy Dufresne é condenado à morte por ter alegadamente morto a sua mulher e a sua amante -
ele alegra inocência. Torna-se amigo de Ellis Redding, preso por contrabando. Sofre maus tratos de outros
reclusos e do diretor da prisão. Vai gerir uma rede de tráfego e contrabando entre a prisão e o mundo exterior.
["Canzonette sula aria" III Ato, Le Nozze di Figaro, ossia la folle giornata, W. A. Mozart]
- Susanna escreve, a Condessa dita.

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(02/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:06 2 de março de 2023

É o nosso relacionamento da música que dá significado à música.


- Com que ferramentas podemos estudar essas redes de mediações dinâmicas entre a música e o
indivíduo/sociedade?

É necessário desmitificar a música para poder estudar o seu impacto nos indivíduos.

(10:52)

Se a arte moderna serviu para desmitificar a ideologia albergada à arte romântica, a arte contemporânea ainda tem esse objetivo ou está noutro patamar?

1) Música e significado social

Em contraste com a ideologia [da arte autónoma] autonomia que via a música de arte ocidental como o fruto social
do génio absoluto, a Sociologia da Música considera que todo o pensamento e ação humana é socialmente
constituída.

As estruturas e sons da música têm significado social - isto é, os significados, articulados através das estruturas e dos
sons musicais, são eles próprios constituídos socialmente.

Esta linha de pensamento desenvolve-se a partir de Max Weber e Theodor Adorno (nas primeiras década do século
XX) e assume uma presença mais expressiva a partir da década de 1970 (Shepherd 1977; Small 1977; Blacking 1973).

2) "Are geniuses made, not born?" (Ellis)

A ideia oitocentista do compositor genial permanece no imaginário ocidental até hoje. O génio é uma figura heroica,
romântica, que sofre conflitos existenciais e excede a sua humanidade através de talentos superlativos.

Esta noção é enquadrada numa época que valorizava o indivíduo e idealizava as suas qualidades artísticas como
sendo transcendentes.

A Sociologia da Música discute este estereótipo, bem como os de arte autónoma e de obra de arte e traz o génio para
a sua vida como indivíduo incluído numa rede de saberes, valores, política e influências.

(26:15) Veja-se o trabalho de Tia DeNora: Beethoven and the construction of genius - musical politics in Vienna
1792-1803.

Capital simbólico - utilizar o estatuto, reconhecimento e outros recursos de alguém para nos apresentar a nós
próprios, para auto atribuir prestígio, construir a nossa singularidade, através de outro currículo, e auto valorizando-
se dentro de uma cultura.

Cena musical:

Génios são produtos do seu tempo (e espaço) [Bruno Martins, 2023] --> e da historiografia.

3) "The problem of high art" (Ellis)

Desafia-se a tendência das humanidades privilegiarem o estudo do que consideram ser uma "arte elevada", como
sucedeu durante algum tempo com uma incidência, a nível académico o que se designou como 'música clássica'.

Para a Sociologia da Música a obra não deve nunca ser extraída do seu contexto. Um museu ou uma sala de concerto
são bons exemplos dessa necessidade de extrair a 'arte' do quotidiano.

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(07/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:03 7 de março de 2023

4) Música como interação social 

A Sociologia da música confere um espaço significativo aos estudos das interações sociais, a nível da microssociologia,
especialmente a partir de Schütz e posteriormente, Howard Becker. Música como estudo da ação social.

Neste caso não há um interesse particular pela descodificação de obras musicas ou encontrar o seu significado
particular. O grande objetivo é observar o trabalho musical como resultado do que muitas pessoas fazem em
conjuntos (as suas relações com a sociedade ao longo da história, em várias espaços, com múltiplas interpretações
sobre ela).

Uso de trabalho de terreno, observação, entrevista, etnografia, etc.

- Howard Becker, Outsiders (1963) e Art Worlds (1982).

5) 'Art Worlds', os mercados da música (Ellis)

Observar e compreender as práticas musicais, como grandes produções cooperativas, que envolvem agentes com
tarefas complementares, indispensáveis para o sucesso do espetáculo, disco, vídeo e outra produção.

6) Música como processo comercial e industrial

Desenvolvimento das indústrias musicais, meios de disseminação de música, associadas a progressivas alterações nas
práticas e consumo musicais. Desenvolvimento de tecnologias ao serviço da música. O modo como as indústrias
produzem públicos e moldam os seus gosto musicais.
7) A relação entre música e identidade cultural

Como a música pode ser utilizada como tecnologia de construção do eu. A ela se recorre na construção de
identidade, de modo a expressar aspetos de género, de classe, ou de orientação sexual, entre outros fatores. Usa-se
na formação da cultura coletiva e do grupo de identidades a partir das quais os indivíduos sustentam a construção de
um sentido de si próprios.
- Music and everyday life (Tia DeNora) --> construção e reconstrução da nossa identidade e subjetividade,
segundo a nossa relação com o ambiente em que estamos inseridos

(* Sarcasmo musical*)

Foco na Sociologia
○ Quando pensamos em sociologia estamos a pensar no estudo científico dos comportamentos humanos.
○ Sociologia como estudo científico do comportamento dos grupos humanos, da sociedade e das interações
sociais (Tishler; Schafer; Giddens)
○ Foca-se nas relações sociais, no estudo quotidiano e no modo como as sociedades se desenvolvem e
transformam.
○ O seu foco é o grupo e não o indivíduo.
○ Sociologia como 'ponto de vista'
○ (Tishler 2007, cf. pp. 4-6)
○ Ruptura com o senso comum
 Ler criticamente a "realidade social": repensar as práticas sociais, comportamentos, estilos de vida que já
estão enraizados.
 Fazer uso da perspetiva sociológica
'Desfamiliarizar' o 'familiar'; Ver o estranho no familiar.
(Zygmunt Bauman)
 Pensar sociologicamente implica uma demarcação/reflexão crítica/questionamento de ideias pré-
concebidas sobre aspetos e comportamentos quotidianos.
 Questionar a visão pessoal do mundo e integrá-la na complexidade da ordem social.

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(09/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:05 9 de março de 2023

 Estamos imersos nas nossas rotinas, conformadas por conhecimento prático orientado para os parâmetros
sociais pelos quais integramos.

 A sociologia fornece-nos instrumentos ("alicerces conceptuais" - ideias) para nos distanciarmos dessas rotinas e
pensarmos o modo como nos comportamos e interrelacionamos.

 Reconhecer o senso comum e poder pensar, com instrumentos e regras científicas, sobre as práticas e ideias
que o formam.

Sociologia:
 Estudo dos indivíduos, como seres sociais e das relações entre estes, ou seja, dos padrões de organização social
observáveis em diferentes sociedades, tendo em conta a variedade das suas práticas sociais e as relações entre
estas.
| Peter Martin, Continuum encyclopedia of popular music in the world (adaptado pela professora).
- ["A sociologia como esporte de combate" Documentário - Peter Martin]

▪ Pensar o modo como a sociedade molda as experiências pessoas de vida, e como interagimos com o que nos
rodeia.
▪ Reconhecimento de padrões, de constantes, de regularidades, de leis (no comportamento individual e
coletivo).
▪ A reprodução social - o que permanece e porquê?

Peter Berger descreve o 'sociólogo' como alguém que está "intensa, interminável, descaradamente interessado" nas
práticas humanas (1963). Para este sociólogo, o mundo social é "um laboratório vivo e uma imagem que nunca pára".
Um sociólogo da música tem interesse em qualquer grupo, movimento ou pensamento cultural e social, assumindo
que "music is a form of knowledge and its performance a social action". (Nick Crossley et al., 2015, p.58).
"Como cientista, o sociólogo tenta controlar as suas preferências, perceber claramente ao invés de julgar
normativamente." (Berger 1963).

(58:40)
." (Berger 1963).

(58:40)

Níveis de análise
| Microssociologia
Estudo dos comportamento quotidianos; interação interpessoal entre indivíduos/grupos; estudo de pequenas
estruturas como, por exemplo, uma banda de música, uma orquestra, etc.

| Macrossociologia
Análise de sistemas sociais em larga escala; abordagem de processos institucionais (como o sistema político, a
ordem económica, o desenvolvimento das indústrias musicais, a mudança para o digital).

- São interdependentes, ambos presentes na maior parte das abordagens.

| Realidade como construção humana
Construção social da realidade - [The social construction of reality, Peter Berger, Thomas Luckmann]
Os sociólogos e os cientistas sociais examinam as construções sociais da realidade, na relação com a cultura, género,
etnicidade, raça, idade, economia, religião, localização, época.

[Musiking, the meanings of performing and listening, Christopher Small, 1998]


- "O que é 'isto' a que chamamos 'música'?"
- "Qual é a função da música na vida humana?"

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(21/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:04 21 de março de 2023

Alguns aspetos e ideias em estudo nas últimas sessões


• Pensar sociologicamente;
• Imaginação sociológica;
• Repensar ou afastar-nos do senso comum;
• Realidade como construção humana;
• Observar o quotidiano, o modo como é formado por interralações, redes, padrões, rotinas;
• Vários níveis de observação;
• Reprodução social;
• O diálogo e negociação entre agência e estrutura;
• Cultura e música como ação e prática social, que une mas também estratifica.

(09:00)
[Musiking, the meanings of performing and listening, Christopher Small, 1998]

"This book is not so much about music as ir is about people" (Small. 2010, p. 8)

(11:30)
Exemplos

Quando Christopher Small utiliza o termo musiking, redefinindo a música como um verbo em vez de um substantivo,
desafia a conceção comum de música como um objeto estático e enfatiza a sua natureza dinâmica.
Para Small, a experiência da música e a construção do seu significado dá-se no ato de comunicação, na performance,
na escuta e nas relações interpessoais que se desenvolvem nesse processo.

Nicholas Cook 
Between process and product: music and/as performance
https://mtosmt.org/issues/mto.01.7.2/mto.01.7.2.cook.html
| Música não como um objeto (CD, partitura, etc.), mas como uma circunstância vivida e que se transforma em cada
interpretação.

"To music is to take part, in any capacity, in a musical performance, whether by performing, by listening, by
rehearsing, or practicing, by providing material for performance, or by dancing."
[Musiking, p. 9]

Significados socialmente construídos


| A música parte de relações:
- A relação entre os sons numa obra musical (partitura, produção, improvisação, pensada) --> diz o porquê foi
pensada daquela maneira e que relação tem com a sociedade naquele momento.
- A relação entre os intérpretes e destes com os públicos (dimensão de interação e relação, onde são utilizados
sinais, ideias e símbolos comunicacionais entre uns e outros)
- O significado da relação entre os sons só se concretiza na sua perceção por parte dos ouvintes.

"O ato de musicar estabelece o lugar onde sucedem um conjunto de relações, e é nessas relações que os ignificado
reside."

| A música não é só um produto criado e consumido, mas sim uma prática social que envolve os agentes, que se
reúnem para participar numa experiência partilhada.
| Christopher Small argumenta que os significados da música não são determinados apenas pelas ações dos
intérpretes, mas também pela interpretação e resposta emocional e cognitiva do ouvinte.
| O ouvinte é um participante ativo no processo - musiking - e tem um impacto significativo na produção de
significados da música.
| A interpretação do ouvinte é influenciada por experiências pessoais, formação cultural e o contexto social em que a
música é ouvida.

Ex.: Flashmob Flash Mob.


Ex.: Random act of culture.

«Reconhecimento não pela competência, mas pelo prestígio.»

"A música de concerto ocidental é uma arte de representação que aspira à condição de teatro. Os músicos,
compositores e intérpretes, apresentam a uma audiência um conjunto de relações. Os modos como estas se
representam, e como são interpretadas pela audiência, tal como os gestos do ator, são dominados por convenções
que, tanto os músicos como a audiência, têm de aprender." (1998, 146-7)

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(23/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:03 23 de março de 2023

Aula passada
▪ Introdução ao conceito de musiking, o seu contexto teórico e implicações subsequentes na literatura
musicológica.
▪ Música nas diversas circunstâncias do quotidiano. Que funções, que implicações na identidade, sociabilidade e
espaço social?
▪ Encarar a música como fenómeno dinâmico e sistema comunicacional, que envolve ouvintes agentes, todo o
tipo de mediadores e produtores.
- Enfatizar e salientar a importância de olhar para a música como uma dimensão dinâmica e enraizado nas
demais ciências sociais e humanas.
▪ A atribuição de significados à música por parte dos ouvintes.
▪ A relevância do 'quadro' (Erving Goffman) de uma dada interpretação, do espaço e do modo como os
intérpretes se apresentam. Criação de expectativas e subscrição de normas, ou sua 'desmontagem' e '
desconstrução'.

C. Small enfatiza o papel da música na criação e manutenção da identidade cultural. A música serve como meio de
comunicação e expressão dentro de uma comunidade cultural e reflete as crenças, os valores, as tradições e
expectativas dessas comunidade.

Diferentes culturas desenvolveram os seus próprios sistemas musicais, estilos e géneros que estão intimamente
ligados aos seus comportamentos, modos de estar, gostos - identidade cultura. A música fornece uma maneira para
os membros de uma comunidade cultural se expressarem e se ligarem com outros que partilham experiências e
valores semelhantes.

*How to be punk* (Youtube)


▪ Parafernália de estereótipos, onde um estilo, um comportamento, um gosto, um modo de viver servem como
base para demarcara a música que se ouve.

Beyond the Score: Music as Performance


| Nicholas Cook argumenta que a música não pode ser totalmente compreendida ou apreciada sem considerar a
performance da música.
| As atuações são únicas e não podem ser totalmente capturadas por uma partitura. Cook sugere que as partituras
são apenas um aspeto de uma atuação e que os intérpretes devem fazer escolhas interpretativas que não são
indicadas na partitura.
| As representações são moldadas pelo contexto. Cook argumenta que o contexto em que uma performance tem
lugar, incluindo o contexto cultural, histórico e social, tem um impacto significativo no significado e interpretação da
música.
| Cook defende uma mudança de foco da partitura para a atuação como forma de melhor compreender e apreciar a
música.
| Enfatiza a importância de considerar as escolhas interpretativas, as relações entre os intérpretes e o contexto em
que se realiza uma atuação. Ao fazê-lo, Cook sugere que podemos ganhar uma compreensão mais profunda do
significado da música.

"A música de concerto ocidental é uma arte de representação que aspira à condição de teatro. Os músicos,
compositores e intérpretes, apresentam a uma audiência um conjunto de relações. Os modos como estas se
representam, e como são interpretadas pela audiência, tal como os gestos do ator, são dominados por convenções
que, tanto os músicos como a audiência, têm de aprender." (1998, 146-7)

Espaço do ritual/Espaço de sociabilidade
| Uma sala de concerto/um espaço musical não é 'só' um local onde se escuta, assiste a um espetáculo, concerto,
evento musical. É um espaço comunicacional que congrega um extenso dispositivo, uma rede humana de produção,
e que evidencia ou põe em cena um conjunto de relações sociais e que contribui para atribui determinado estatuto
social e simbólico ao espectador.
| A arquitetura da sala, a sua disposição e modo como promove sociabilidade contribuem para a definição da
importância social e o estatuto de quem a frequenta.

Concerto como ritual
Ritual: Geralmente, um padrão de comportamentos frequentemente repetido que é realizado em momentos
apropriados, e que pode envolver a utilização de símbolos (Scott 2014).
[Cf. Erving Goffman, Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face]

Estilo arquitetónico de salas de concertos e ópera:


1) Enfatiza a continuidade com o passado da cultura europeia - grega/romana, renascença italiana, etc.
2) Entrada arquitetónica grandiosa (hall) - transmite o sentimento de importância de quem entra no salão,
confere a sensação de entrar noutro mundo (lugar cerimonial).
3) A frequência regular desses espaços desenvolve uma familiaridade com o espaço e os seus rituais - jogo de
partilha de normas e ideias.

Ver e ser visto


| Estatuo social adquirido através da frequência de um ritual ao qual estão associados todo um conjunto de
significados, que foram sendo cristalizados ao longo do tempo.

Auditórios/Plateia
• Pretende transmitir-se uma sensação de luxo, evitar a vulgaridade e salientar um comportamento distinto;
• Isolamento do mundo da vida quotidiana (sem janelas ou sem vindo de fora fa sala que possa remeter à vida
exterior).
• Ima forma de comunicação (alegadamente) unidirecional - do compositor ao ouvinte (através dos músicos e
cantores).

Separação entre palco e plateia


▪ Os músicos tornaram-se, de certa, forma, uma entidade completamente separada das audiências para as quais
tocam.
▪ Tornam-se uma entidade coletiva quando estão no palco.
▪ Durante as atuação, podem ser vistos como "(…) meros instrumentos através dos quais o maestro toca".

Produção de um concerto
- Extenso planeamento que implica um evento deste tipo.
- Incluindo a contratação de maestros, de artistas e orquestras, escolha de repertório e obtenção.
- Partituras e partes para a orquestra, planeamento e realização dos ensaios, criação de folhas de sala, textos de
apoio e biografias, luzes direção de sala, etc.
- Trabalhadores dentro e fora do palco e plateia (da limpeza aos vendedores de bilhetes aos técnicos de som,
pianistas,

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(28/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 28 de março de 2023
Aula passada
Concerto como ritual. Espaços de sociabilidade musical, partindo da análise do concerto clássico por Christopher
Small em musiking. Salas de concerto e ópera: espaços de fruição, espaços de relações sociais, espaços de
representação do "eu". Auditório, plateia e palco. Análise de casos.

Este planeamento deve permanecer necessariamente invisível criando a ilusão de um mundo mágico livre de
comércio e de trabalho.
| Espaços emblemáticos da artes - produção de espaços (especialmente internos) que dividem e organizam a
experiência do espectador (não só musical, mas variada).
- Ex.: Walt Disney Concert Hall

Christopher Small fala sobre a ideia associada ao star system, que manipula o "mercado de virtuosi", mantendo-os
raros, que procura a reificação do repertório para um cânone de obras que se repercutem em grande parte dos
espaços de concerto.
- National Concert Hall Competition, Vilnius, Lituânia

Socialização: conjunto de processos pelos quais os indivíduos se apropriam das normas, valores e hábitos que
caracterizam e regem o funcionamento da sociedade onde se inscrevem. Processo de 'aprendizagem', de
internalização que nos integra na sociedade em que vivemos, através dos diversos agentes de socialização.
As normas e os valores são internalizados através de processos de socialização.
Os valores abrangem as ideias que definem o que é bom ou mau, agradável ou desagradável, belo ou feio, etc,
inerentes a um grupo ou sociedade específicos e fixando-se em normas --> conjunto de regras de conduta.

No processo de socialização, o indivíduo aprende e interioriza conceitos e relaciona-se com ideias culturais. Entra
num universo simbólico, com valores e normas determinados e assume progressivamente o modo de vida da
sociedade da qual faz parte.

Socialização primária: família, escola, pares, media. A personalidade vai-se moldando de acordo com os valores que
nos são incutidos.
| "A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância e em virtude da qual se
torna membro da sociedade."
- A construção social da realidade, Peter Berger e Thomas Luckmann.

Socialização secundária: integração progressiva em grupos profissionais, de amigos, familiares, em novas


circunstâncias.
| "A socialização secundária é qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado (…)
- A construção social da realidade, Peter Berger e Thomas Luckmann.

Agentes de socialização:
Favorecem a adaptação de cada indivíduo à vida social e mantêm a coesão entre os membros da sociedade e a
ordem social.
- Agents of socialization | Behavior | MCAT | Khan Academy

Socialização musical
| Ideia de talento na sociedade
- Impacto dos talent shows

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(30/03/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:08 30 de março de 2023

Aula passada
| (Continuação de aspetos debatidos por Christopher Small em Musiking)
- Espaços de sociabilidade na relação com a arquitetura de salas de concerto.
- Virtuosi, estrelato e cânones de repertório. Dimensões de recepção, crítica musical, reaction vídeos,
comentários opinativos e o seu impacto nos públicos e programadores.
| (Socialização musical)
- Socialização primária e secundária. Processos de internalização de normas, valores e hábitos. Agentes de
socialização. Processos de socialização musical e a sua relação com educação.
- Talent Shows e o seu impacto nos círculos musicais e nos públicos em geral.

(Parêntesis)
1) Ideias e conceitos que temos vindo a utilizar, mas que não isolámos, ou discutimos especificamente;
2) Preparação dos conteúdos a introduzir de seguida (Tia DeNora, Music In Everyday Life).

Estrutura e agência
Agência -
Estrutura social - os contextos sociais da nossa vida são estruturados ou padronizados de vários modos. Há
regularidade nos modos como nos comportamos e nas relações que temos entre nós. (Giddens, p. 9)

Giddens desafia o dualismo agência-estrutura indicando que pode levar a uma visão reducionista. Relação contínua
entre agência humana e estrutura social de modo interativo e recíproco.

Elementos básicos da estrutura social

Estatuto Papel social Grupos Redes sociais Instituições sociais


O modo como o indivíduo Desempenho social do Em termos Estrutura Estruturas ou formas de
se posiciona na estrutura, indivíduo. Não é fixo, sociológicos, um constituída organização social;
como é reconhecido pelos mas constantemente grupo é um por agentes Instrumentos reguladores
seus pares. Depende de negociado entre os número de (grupos ou das ações humanas;
uma diversidade de agentes e as estruturas indivíduos que indivíduos) estabelecem normas e
variáveis, entre as quais sociais que os envolvem. interage que mantêm comportamentos sociais.
classe social, desempenho Associado a expectativas regularmente e algum tipo Correspondem às
profissional, educação, ou normas que decorrem partilha um de interação expectativas que temos
cultura, situação com uma determinada conjunto de social. dos outros e que estes
económica, grupos nos posição, quadro social ou normas, valores têm de nós.
quais se enquadra, etc. profissional… e expectativas. *

Papel Social
- Para coadjuvar a discussão de papel social, utilizamos um autor central da sociologia - Erving Goffman
| A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias

Erving Goffman (1922-1982)
Foca-se na observação dos comportamentos quotidianos geralmente em quadros urbanos. O modelo Goffman
procura especificar as normas que regulam as manifestações da vida quotidiana

N'A apresentação do eu na vida de todos os dias, Goffman estabelece um quadro conceptual no qual todas as
ocasiões de interação podem ser interpretadas como dimensões de uma performance teatral. Recorre ao vocabulário
e modelos do teatro, estabelecendo analogias.
• O indivíduo desempenha um papel - é um ator.
• Os outros assumem assim o papel de espectadores, para depois assumirem também o papel de ator.
| Somos atores num mundo social. A vida social desenrola-se como uma peça teatral, com guiãos, performance,
atores e papéis.

"Considerarei o modo como o indivíduo em situações de trabalho habituais, se apresenta a si mesmo e à sua
atividade, perante os outros, as maneiras como orienta e controla a impressão que os outros formam dele, as
diferentes coisas que poderá fazer ou não fazer enquanto desempenha o sue papel".
(Goffman, A apresentação do eu na vida de todos os dias)

| A este dispositivo (a nossa 'máscara') que utilizamos a nível expressivo Goffman chama de 'fachada'. A 'fachada é o
equipamento expressivo, empregue pelo indivíduo, de modo intelectual ou não-intencional, durante o seu
desempenho.
| O 'quadro' é constituído por tudo o que o rodeia, mobiliário, disposição física dos elementos, estabelecendo uma
analogia com o conceito de cenário.

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:40 30 de março de 2023
* Agregados sociais
Multidão Público
• Não organizada; Para Karl Mannheim, o público é um tipo intermediário entre
• Indiferenciada; a multidão e os grupos sociais, porque no público há um tipo
• Proximidade física; primário de organização - os indivíduos estão sujeitos a
• Objetivos comuns; regras e a normas de comportamento.

Instituições sociais
| Toda a atividade humana está sujeita ao hábito e, consequentemente, a ser institucionalizada. Deste modo, existem
instituições sociais --> conjuntos de valores, crenças, normas, posições e papéis partilhados por certo número de
indivíduos no decurso de um longo período de tempo, com vista à organização básica da vida social.
| Uma organização ou instituição social é uma estrutura ou mecanismo social que gere o comportamento de um
conjunto de indivíduos no contexto de uma determinada comunidade.

Família Educação Religião Governo Economia

Música como instituição social


| Todos os indivíduos estão, de algum modo, associados à música, variando em função da sua cultura, idade, local
onde residem, contexto familiar e escolar, religião, ideologia, condição económica…
| Os indivíduos usam a música para refletir os seus valores e expectativas. A música colabora, assim, para moldar o
seu comportamento. (Conley; DeNora; etc.)
| Esta atua igualmente na produção de grupos e na definição do estilo de vida dos seus elementos. Une e divide, atua
na estruturação do quotidiano.

| A música está incorporada em instituições sociais de todos os tipos: famílias, etnicidades, religiões, educação, artes,
entretenimento, redes de informação, comércio, economia, etc. Nelas a música tem uma agência e estas estruturam
as nossas vidas.

Music in Everyday Life
| O livro explora componentes afetivos e estéticos de agência e organização social através do uso da música.
| A música segundo DeNora, fornece a matéria-prima cultural utilizada pelos indivíduos para exercer um controlo de
agência sobre o bem-estar, para transmitir significados, experimentar possibilidades e articular identidades.
| A música, no sentido latouriana (Bruno Latour), tem agência própria.

Estrutura interno do livro


 Formulating Questions: The Music And Society Nexus
 Music Affect In Practice
 Music As A Tecnology Of Self
 Music And The Body
 Music As A Device Of Social Ordering
 Music's Social Power

Música como tecnologia de organização social


| O papel da música como recurso de ordenação social, ao nível coletivo e colaborativo.
| Regulação de sentimentos, emoções, concentrações e níveis de energia.
| Instrumento para os indivíduos 'orquestrarem' a sua atividade social.

"I would have the music on before they [houseguests] come because I like to create an atmosphere."

| A música atua assim como meio de organização social promovendo experiências afetivas e estéticas que inscrevem
determinados indivíduos em determinados projetos individuais ou organizacionais.

Utilização da música
▪ O uso da música em espaços comerciais, para promover a compra;
▪ Para manter uma relação diplomática ou formal entre funcionários;
▪ Uso da música em fábricas para estimular o trabalho;
▪ Uso em festas políticas para conquistar os votos dos presentes;
▪ Música como elemento agregador e de legitimação de cultos ou devoção;
▪ Para acalmar emoções em espaços públicos;
▪ Para impregnar ritmo e energia em exercício físico e outros;
▪ Em entoações conjuntas de hinos e canções no desporto;
▪ Em spas, aulas de yoga e outras para manter uma atmosfera calma e serena;
▪ Para marcar a ideia de nação em hinos e outras obras musicais;
▪ Em cafés e bares, para definir uma identidade social e criar espaços de sociabilidade.

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(04/04/2023)

Aula passada
| Estrutura e agência.
| Elementos base da estrutura social.
| Erving Goffman e o conceito de papel social (o estudo dramatúrgico da sociedade).
| Tia DeNora: Music In Everyday Life.
| Música na produção de cenários do quotidiano, ordenação e regulação social.
| Música como tecnologia social de produção de sentido e realidade. Funções e poder da música.
| Exemplos.

IDENTIDADE
Identidade Social

A construção do eu, identidade, subjetividades, emoção e agência.


"A música é um material que os indivíduos usam para elaborar (…) modos de agência estética e, desse modo,
instâncias subjetivas e identidades." (DeNora, 2004, 74)

Berklee, What Are You Listening To? (Summer 2016)

| DeNora explora o modo como a música é utilizada como instrumento para os indivíduos construírem e expressarem
a sua identidade individual ou coletiva.
| A música é assim, m agente ativo na produção da subjetividade.
| Os modos como nos relacionamos com a música podem servir como ferramenta de auto-expressão e auto-
definição.
| Recorre-se a determinadas peças musicais para lidar com tristeza, doenças, para desenvolver a autoestima, para
estimular a concentração para sentir que pertence a uma comunidade, etc.

| A música pode assumir-se coo reflexo das emoções, anteriores e futuras, fornecendo sugestões e modelos de ação
num determinado cenário social.
| Relevância da memória auditiva, a música e o som funcionam frequentemente com 'gatilhos' da memória (…)

| A música pode ser usada pelo sujeito como um recurso para auto-regulação dos respetivos estados psicossociais,
fisiológicos e emocionais.

Nicholas Cook (1998)
"No mundo atual, decidir que música se quer ouvir é um parte significativa da decisão e comunicação, não apenas de
quem se "quer ser"… mas quem se é.

Headphone Splitter Scene

Guilty pleasures - os reguladores sociais "necessitam" de corresponder com o que o julgamento que se faz sobre cada
pessoa.

"O conceito de 'identidade' está relacionado com um processo (…). À primeira vista, as afirmações eu e nós podem
parecer estáticas." (Norbert Ellas, A sociedade dos indivíduos)
"A identidade é um fenómeno que deriva da dialética entre o indivíduo e a sociedade." (Berger & Luckmann)

Sujeito pós-moderno: não possui uma identidade fixa, permanente e essencial. Identidade móvel, não unificada e
não coerente.
(A Identidade cultural na pós-modernidade, Stuart Hall, 1992)
Zygmunt Bauman fala de uma identidade fluida, de indivíduos colocados na situação de "colecionadores de
experiências e sensações".

Zygmunt Bauman - Identidade pessoal

 O que provoca efeitos no sujeito não é a música, mas sim a música filtrada pelo sujeito.

Marines singing Frozen - Let it Go in HD

Identidade social
Identidade partilhada
- Sentido de pertença a um (ou vários) grupo(s)/posso de todos os estatutos do indivíduo.
- Os grupos aos quais se pertence conferem uma sensação de pertença ao mundo sendo uma base importante
de autoestima.
- Incluímos os indivíduos em grupos através de processos de categorização social.

1. CATEGORIZAÇÃO 2. IDENTIFICAÇÃO   3. COMPARAÇÃO

1. Categorização
- Temos uma necessidade de nos categorizar para identificarmos o que nos rodeia e nos relacionarmos com
objetos e outros agentes;
- Concebemos a sociedade em grupos e em papéis sociais que nos ajuda a compreender a nossa identidade -
'português', 'americano', 'caucasiano', 'advogado', 'budista', 'homem', etc. (seja o que for que isso significa);
- Processo de estereotipação que implica preconceito.
- Assumimos a identidade do grupo ao qual consideramos pertencer;
- Quando nos assumimos como estudante, pertencendo à categorização estudantes, é previsível que adotemos a
categoria e comportamentos de 'estudante' - atuamos como estudantes.
- O papel é sentido como uma norma.
COMPORTAMENTO AÇÃO DIMENSÃO EMOCIONAL PERTENÇA

2. Identificação

3. Comparação
- Estamos permanentemente a compararmo-nos com outros grupos e estes uns com os outros.
- Isso permite-nos manter autoestima e a sensação de pertença.
- A necessidade de agrupamentos e rotularmos situações, objetos, indivíduos conduz a processos de
estereotipação.
- Intensificam-se as diferenças e as semelhanças de determinados indivíduos que consideramos pertencer a um
mesmo grupo.

Refúgio ou asilo, para DeNora, significa um espaço de retiro, físico ou virtual, que oferece segurança, proteção e
oportunidade de reparação e florescimento.
DeNora, Music asylums: welbeing through music in everyday life (2013)

Em Asylums (1961), Goffman desenvolve uma ideia de realidade como algo mais imprevisível e complexo do que no
seu livro The presentation of the self in everyday life (1956). Nem sempre os bastidores do teatro são o suficiente
para 'reparar' o indivíduo.
Reparar, segundo Goffman, passa muitas vezes por um processo 'regulatório'.

DeNora distingue dois tipos de comportamentos de refúgio, em relação à música: afastamento e remodelação.

Afastamento: usado numa perspetiva individual, numa tentativa de isolamento do mundo, criando refúgios que
'protegem' o sujeito de um cenário social que possa ser de alguma forma desconfortável, reservando um espaço para
a imaginação para a divagação e para recuperar os tempos e ritmos pessoais.

Ouvir música, jogar um jogo, ver televisão, escrever um diário, comer, beber, tomar drogas, e assim por diante.
Envolve um afastamento de outros e do ambiente.

Remodelação: o sujeito intervém diretamente no ambiente partilhado e manipula-o.


Envolve um jogo colaborativo de reconstrução ou renegociação de um cenário social. Permite aos sujeitos agirem de
forma que sentem vontade, sem, no entanto, saírem das normas e modos de atuação desse cenário.

É uma forma de pedido de asilo que implica fazer mudanças, passos para a criação de um lugar que possa ser mais
propício para o bem-estar e o florescimento. Isto pode envolver pintar uma sala, pôr música que os outros possam
ouvir, ou modificar a sua própria aparência.

Music and wellbeing

Próxima aula
| Paisagem sonora
| Muzak
| Música ambiente/ambient music
| Musique d'ameublement
| Soundscape Composition

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(11/04/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:04 11 de abril de 2023

Aula passada
| (Continuação do tratamento de tópicos e conceitos, partindo do livro de Tia DeNora, Music in everyday life)
| O conceito de identidade como processo dinâmico (cf. Bauman 2004; Hall 1996 et al). Identidade social.
Categorização, identificação e comparação. A produção social de estereótipos.
| Papéis da música, através da escrita e prática, na construção da identidade, como estratégia de autoregulação e
sensação de pertença (DeNora).
| A minha música, a minha identidade. O modo como a música colabora na definição (e redefinição) identitária. (cf.
Cook 1998; DeNora 2000 et al).
| Conceito de refúgio (Asylums) para Tia DeNora, e estratégias de afastamento e reconfiguração. Music asylums:
welbeing through music in everyday life (2013). Ligação a Asylums de E. Goffman. Afastamento e remodelação
através do contacto com a música. A procura de bem estar e efeito físico e psicoacústico a partir da música, aspetos
terapêuticos.

Esta semana
1ª Parte
| Consciencialização da atividade sonora quotidiana, perspectivas teóricas. Níveis de escuta. Aspetos da produção
musical que usa a recolha e manipulação de elementos da paisagem sonora.
2ª Parte
| Fundações da SM.
PAISAGEM SONORA
Murray Schafer, 1933-2021 (Canadá)
The soundscape: the tuning of the world (1977)
[A paisagem sonora: a afinação do mundo]

| Valorização da dimensão da escuta.


| Revisão da dimensão acústica: ecologia acústica.

Ideia sobre paisagem sonora:


"Quando falamos de paisagem sonora, falamos dos diferentes sons que compõe um determinado ambiente, sejam
estes sons da natureza, produzidos pelo ser humano, industriais, mecânicos ou 'musicais'. Qualquer som que faça
parte de determinado ambiente o u cenário, em dado momento, faz parte da sua paisagem sonora." (Schafer 1977)

| A importância de uma escuta atenta e consciente dos sons que envolvem os agentes no quotidiano, os que eles
próprios produzem, e as interações entre estes.
| As alterações do ambiente sonoro ao longo das eras - a necessidade de pensar como a sonoridade produzida pelos
indivíduos e natureza foi-se alterando ao longo das eras: a escuta é uma organização também histórica.
| A relevância de todos os sons (incluindo os que designamos por ruído) e do seu impacto no ambiente/sociedade.
| O incentivo do estudo/consciencialização das características dos ambientes sonoros/acústicos e dos seus impacto
sociais.
| A ideia da ilusão do 'silêncio'.

| Cria o World Soundscape Project (décadas de 1960-70, que se mantém até hoje).


| Procura utilizar os resultados da sua investigação, na renovação do que se designava de 'educação/formação
musical', defendendo uma educação sonora do indivíduo.
| Cria a área de ecologia acústica.
| Defende a necessidade de preservação da paisagem sonora como património cultural e natural.
| Estimula, na composição musical, a exploração criativa dos sons.

[The Music of the Environment Series]

"A paisagem sonora é cada vez mais relevante na cultura contemporânea. É uma 'fotografia' de um lugar. Uma
radiografia ao seu carácter e atividade, simultaneamente disforme e amorfa, repleta de significados e subtilezas. Uma
transmissão complementar ao que a imagem retém e transporta. É, portanto, uma impressão única, tangível do lugar
a que pertence e, intrinsecamente, da sua história, das pessoas que o habitam, das suas relações. Contudo, o sistema
auditivo tende a ser colocado num nível de importância menor do que o da visão , principalmente porque o ato de
ouvir é processado sem esforço e despercebido".
(José Alberto Gomes, 17 de agosto de 2020, Público)

[Sons e Silêncios da Paisagem Sonora Portuguesa, Carlos Alberto Augusto]


- Sonoridades como: sinos (sinal do tempo, das rotinas, da organização do quotidiano).

Sons do Porto 
Uma cartografia sonora da região portuária do Rio de Janeiro
http://www.sonsdoporto.com/

Mapa sonoro do Douro
http://douro-mapasonoro.blogspot.com/p/s.html

Como utilizam compositores e empresários este potencial, antes de M. Schafer?

| Erik Satie - Musique D'Ameublement (1917)


- Série de curtas peças musicais.
- Utilitárias e discretas, com o intuito de preencher o ambiente enquanto se realizam outras tarefas.
- Música pensada para o quotidiano ou ocasiões especiais que mascara os ruídos desagradáveis ou preenche
silêncios desconfortáveis, passando despercebida.

Satie ~1917~ Musique d'ameublement : Tapisserie en fer forgé

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:05 11 de abril de 2023

[Furniture Music - Erik Satie] - música utilizada como 'móveis'

| Muzak
- Quando falamos de muzak ou música de elevador trata-se de música pensada para integrar espaços públicos.
- George Owen Squier funda em Nova York a companhia Wired Music, que mais tarde se viria a chamar Muzak,
com a finalidade de produzir música para a publicidade e anúncios de serviço publico.
- A empresa ainda existe atualmente, fornecendo não só conteúdos sonoros, mas também visuais e olfativos.

https://us.moodmedia.com/
Possibilidades de musicar espaços públicos específicos.

Sounds For The Supermarket 1 (1975) - Grocery Store Music

Music for Office: 10 HOURS Music for Office Playlist and Music For Office Work
Elevator Music - Gaming Background Music 1 Hour

| Ambient Music
- Termo cunhado por Brian Eno, em 1978, num manifesto publicado com o álbum Music for Airports.
- Música como parte do ambiente, produzindo material que seja diferente do muzak, distanciando-se das
conotações negativas que este possa ter.
- Propõe-se criar um ambiente calmo e propício ao pensamento; pode ser alvo de vários níveis de atenção
auditiva - podemos ignorá-la ou ser o nosso foco de atenção.

Brian Eno - Ambient 1: Music for Airports [Full Album]

| Soundscape Compositions
- Composições musicais que partem (…)

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(13/04/2023)

Aula passada
| Paisagem sonora, para Murray Schafer. O seu livro The Tuning of the world (1977). O conceito de Ecologia Acústica
e o modo como o estudo se prolonga e intensifica até aos nossos dias. O World Soundscape Project. A importância do
registo de preservação do som como património cultural imaterial.
| Exposição e análise de alguns casos: registo, organização e disposição de bases de dados sonoras de várias
paisagens; jornalismo sónico; percursos sonoros por Lisboa e o estudo da paisagem sonora portuguesa.
| Antes de M. Schafer: Erik Satie, Musique d'ameublement; a empresa Muzak; ambient music, na acepção de Brian
Eno; Soundscape Compositions. Exposição por parte de Martim sobre vários usos atuais da ideia de ambient music,
tal como o dark ambient.

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:09 13 de abril de 2023

Fundações da Sociologia da Música e uma muito breve retrospectiva do seu desenvolvimento até à atualidade


(1911) 1922 | Max Weber - Os fundamentos racionais e sociológicos da música
(7:00)

Entre as décadas de 1930 e 1960, a produção de Theodor Adorno define e fundamenta o campo da sociologia da


música, através da discussão de problemas relativos a múltiplas dimensões da música na e como sociedade.

Nas décadas de 1940 e 1950, teóricos como Paul Lazarsfeld (1946) examinam as indústrias musicais e os padrões de
públicos, problematizando a cultura de massas, a cultura juvenil e o conceito de desvio.

1951 | Com influências da Escola de Chicago e de Max Weber, Alfred Schütz problematiza a constituição social da
consciência subjetiva e objetiva nas relações de execução musical e de escuta publicando Fazer música em conjunto,
um estudo das relações sociais.

Década de 1950 | Sociologie de la musique de Marcel Belvianes (1951) e as obras de Alphons Silbermann (1954,


1955, 1957) aprofundam, de modos distintos, as bases sociais da música pela inquirição dos usos e funções da música
em diversas circunstâncias abrangendo aspectos como o estatuto social dos músicos ou as relações entre os artistas,
a obra e o público.

Nas décadas de 1960 e 1970 torna-se mais regular a publicação de estudos que estabelecem diversas abordagens às
práticas musicais 'em contextos' e podem já encontra-se referências cujo pendor sociológico e crítico é mais
desenvolvido.

1977 | Jacques Attali trata a música de um ponto de vista socioeconómico, procurando discutir o modo como esta
proporciona uma análise da sociedade. O autor identifica as mudanças de estatuto do músico, ao longo da história,
discutindo-o com instrumentos económicos e sociológicos.

A crescente atenção dada à investigação no campo da 'cultura popular' abre o campo à publicação dos primeiros
ensaios no campo da sociologia das músicas populares urbanas, que se expandem designadamente nos EUA, Grã-
Bretanha, Alemanha e Franças, mas não exclusivamente.

Veja-se o caso de Simon Frith, The sociology of rock (1978) e a sua produção subsequente. Posteriormente Andy 
Bennet.

Pierre Bourdieu (A distinção) e Howard Becker (Mundos Artísticos) serão decisivos para as transformações operadas
na década de 1980.

Nota-se uma crescente incidência no papel do intérprete e do ouvinte nos estudos do domínio musicológico, como
determinantes na produção de significado de uma obra musical. A experiência musical é encarada como
cooperativa, colaborativa e contingente (cf. Becker, Bourdieu).

Os teóricos que começam a publicar nos anos 1980 e 90 são, em grande medida, responsáveis pelo modo como
reconhecemos hoje a disciplina e pela expressão que esta veio a conquistar ao longo das últimas décadas.

1933 | Nobert Elias. Mozart, retrato de um génio.


1995 | Tia DeNora. Beethoven and the construction of genius.

1993 | Antoine Hennion. La passion musicale. Une sociologie de la médiaton.


1998 | Christopher Small. Musiking.

Mário Vieira de Carvalho implementa a área no nosso país.


A FCSH inaugura a disciplina em Portugal, no curso de Ciências Musicais, em 1985, sob tutela de MVC.
Em 1997, funda o CESEM, Centro de Estudos em Sociologia e Estética Musical (FCSH), que se mantém em atividade.

Nos últimos anos, a disciplina conhece uma expansão sem precedentes, graças (entre muitas outras) a publicações
como:

2015 | The Routledge Reader on the Sociology of Music, por John Shepherd e Kyle Devine (eds.).
2022 | Convergências musicais: gosto, identidade e mundo, Paula Gomes-Ribeiro et al.
2022 | The culture sociology of art and music - new directions and new discoveries, por Lisa McCormick (ed.).
2023 | The Routledge handbook to sociology of music education, de Ruth Wright et al.
2023 | Toward a sociology of music therapy: musiking as a cultural immunongen, de Even Rudd (ed.).

Karl Marx - Theodor Adorno | Passando por Max Weber

MAX WEBER (1864-1920)
| A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905) - como se desenvolve a sociedade moderna.

Enquanto Marx considera o capitalismo como a principal força da modernidade e Émile Durkheim a industrialização,
Max Weber põe o foco nos processos de racionalização e secularização, advogando uma abordagem mais subjetiva
(interpretativa).

Porque é Max Weber importante para o pensamento em música?


- Os fundamentos racionais e sociológicos da música (escrito cerca de 1911, foi publicada como apêndice da obra
Economia e Sociedade 1922).
- Primeiro teórico que escreve um volume sobre 'sociologia da música'.

Concentrando-se no processo histórico delimitado entre a Alta Idade Média Europeia e o século XVIII, o autor
examina as razões da transformação das sociedades 'tradicionais' em sociedades 'moderna'

Weber acredita que a sociedade ocidental reflete a tendência da racionalização no seu sistema - político, científico,
legal e comercial -, o que a fez desenvolver-se como uma sociedade moderna.
Associa-se à ideia de progressiva burocratização.

Os fundamentos racionais e sociológicos da música


| Havendo uma afinidade intrínseca entre a música e a sua concepção do mundo, esta surgia-lhe como a mais
racional e a mais irracional de todas as artes.
| O autor põe em evidencia a crescente preponderância da ação racional no desenvolvimento do mundo ocidental.
Para isso estabelece um estudo sistemático do sistema tonal como incorporação da racionalidade das sociedades
modernas ocidentais.

| À sua investigação sobre a música ocidental está inscrita no quadro analítico, conceptual e histórico das suas
investigações sobre o racionalismo ocidental moderno.
| A primeira parte do volume privilegia o lado formal da constituição dos sistemas sonoros/musicais, em que os
fatores históricos, e sobretudo sociológicos, atuam como coadjuvantes; a segunda parte, apresenta uma análise
predominantemente sociológica do desenvolvimento dos instrumentos musicais.

Relação entre transformação de meios técnicos, fatores económicos, desenvolvimentos artísticos e a organização de
mercados.
Relação direta entre o sentido da expressão artística e as condições da sua produção.

Notação
Weber assinala a sua importância na racionalização da música defendendo que apenas a "elevação da música
polivocal à condição de uma arte escrita produziu então verdadeiros 'compositores' e assegurou às condições
polifónicas do Ocidente, em oposição às de outros povos, duração repercussão e desenvolvimento continuado".
(Weber, p. 119)

Palestrina - Missa Papae Marcelli - I. Kyrie (score)

A invenção da notação musical e a 'fixação' escrita da música [partitura], intensifica a especificidade cultural e
racional da música 'erudita'.

Instrumentos
Weber examina o processo de racionalização na construção dos instrumentos e a sua relevância nos planos da
criação, circulação e recepção musical. Aborda o violino, órgão, piano.

Weber discute o modo como o material sonoro foi racionalizado culminando, no ocidente, na afinação temperada.
O temperamento, a harmonia, o sistema tonal, constituem a grande realização do racionalismo ocidental
na esfera musical.

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(18/04/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:00 18 de abril de 2023
Gravação de áudio iniciada: 10:00 18 de abril de 2023

Aula passada
| Listen - um vídeo de Murray Schafer
| Fundações da Sociologia da Música.
| Transformação de paradigma social, económico e político com o fim do Antigo Regime e a instalação da Era
Moderna. Revoluções científica, industrial e política. A transformação do estatuto do músico (para profissional
liberal). A expansão do ensino da música. Desenvolvimento do concerto público.
| A importância de Max Weber nas fundações da disciplina da Sociologia da Música: Os fundamentos racionais e
sociológicos da música. A crescente racionalização da música a par da racionalização da sociedade. Instrumentos
musicais, temperamentos, notação, escrita musical e técnicas de composição e interpretação, na acepção de Weber,
como elementos estruturantes na produção musical e no processo de racionalização da música ocidental.

A escrita musical permitiu o desenvolvimento da figura do artista profissional e do virtuoso (no processo de
racionalização do material).

Weber fala da que considera ser a "posição atual imperturbável" do piano.


. A abundância de literatura que lhe é dedicada;
. A sua adaptada ao uso doméstico;
. A primazia como instrumento de aprendizagem;
. A adequação a peça mobiliária da cultura burguesa.

(25:00)

Weber, admirador de Wagner e de Nietzsche. Wagner como a encarnação contemporânea da face dionisíaca da
música, sobretudo Tristão, onde as esferas erótica e estética se uniam, onde a música (…).

Escola de Frankfurt/Instituto de pesquisa social

| Fundado em 1923, associado à Universidade de Frankfurt. Mas Horkheimer assume a sua direção em 1930.
| Com a expansão do Nazismo, os investigadores procuraram exílio nos EUA, concentrando-se na Universidade de
Columbia. Contacto com a realidade Norte Americana.
| Grupo de intelectuais que defende uma abordagem crítica à sociedade, procurando novos caminhos para o
desenvolvimento social. Adorno, Horkheimer, Marcuse, Walter Benjamin, Habermas são alguns dos seus elementos.
| A produção da Escola de Frankfurt entende-se como reação ao fascismo alemão e também aos fenómenos que os
seus teóricos consideram ser de alienação, consequentes das indústrias da cultura.

Teoria Crítica
| Num sentido estrito, é o projeto interdisciplinar anunciado por Max Horkheimer, posto em prática pelos membros
da Escola de Frankfurt e os seus sucessores. Estabelece uma crítica da sociedade e da cultura.
• A Teoria Crítica relê as teorias de Marx, e segue algumas ideias de Freud ou de Nietzsche, de Kant, Hegel e
pressupostos de Weber e Simmel, entre várias outras influências. É uma corrente anti-positivista.
- Procura emancipação do indivíduo.
• Este teóricos analisam as desigualdades, as estruturas de dominação, as características e impactos do
capitalismo, as indústrias culturais, a cultura, a arte, etc.
- Críticos do capitalismo e do socialismo soviético.

Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)
Crítico musical, compositor e teórico (aluno de Alan Berg).
| 1932 - escreve Sobre a situação social da música.
| 1933 - deixa a Alemanha, dirigindo-se para Oxford, e em 1938, para NY, seguindo Horkheimer e o IPS.
| 1949 - regressa a Frankfurt.

Reflete sobre os modelos de escuta e os tipos de ouvintes (registo, captação, manipulação e reprodução do som).

Aborda compositores como Schoenberg, Mahler, Wagner, Strauss, Stravinsky, entre outros, por uma perspetiva
sociológica.

Aborda o jazz e a música popular, em diversos contextos.

Incide sobre o papel dos media e da reprodução sonora (a rádio, como um novo eletrodoméstico; o gramofone - um
reprodutor de música como indicador de estatuto social).

Analisa o papel das indústrias culturais, numa perspetiva de reflexão crítica e não de sociologia empírica (segundo
ele, esta "não teoriza para além do já conhecido") - estabelece maioritariamente uma macrossociologia.

Indústrias culturais/Entretenimento Indústria fonográfica

Manipulação dos gostos musicais Rádio e Televisão


Manipulação dos gostos musicais Rádio e Televisão

'Música popular' Música para filmes

Jazz

(Arte Autêntica) (Arte como mercadoria e ideologia)


MÚSICA RADICAL INDÚSTRIA CULTURAL

Duas categorias de produtores:


- Os que produzem a 'Música Radical', cujo objetivo é o de interpelar e despertar os ouvintes.
- Os que pertencem ao campo da 'Indústria Cultural', que contribuem para a criação de uma 'falsa consciência
musical', fabricando a consciência inconsciente dos ouvintes e manipulando os seus gostos.

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:20 18 de abril de 2023

Arte autêntica, ou arte de vanguarda, como protesto radical.


Opõe-se à
Arte enquanto ideologia ou enquanto mercadoria, destinada a proporcionar uma falsa experiência de prazer e de
beleza, tornando-se instrumento de integração.

Emancipação VS Alienação

| 1947 - Dialética do Esclarecimento


• As indústrias da cultura instigam (através da produção de massa de mercadorias culturais), padrões de
sentimentos e comportamentos ligados às necessidades das formas sociais dominantes do capitalismo
industrial.
▪ 'Indústria da cultura' contempla as indústrias de entretenimento, cinema, televisão, música popular,
rádio, jornais, revistas, etc.
▪ A Indústria Cultural surge como mecanismo de administração totalitária. Consumo como manipulação.
▪ Carácter antidemocrático da cultura de massas, alimentada pela indústrias cultural.
▪ O entretenimento redunda em dominação.
▪ Racionalização dos mecanismos de manipulação - anulação do pensamento e a liberdade individual. A
proliferação da indústria da cultura lesa a capacidade crítica e a autonomia dos indivíduos.

Alienação
Segundo Marx, alienação é a perda de controlo por parte dos trabalhadores sobre a natureza e os produtos do seu
trabalho. A propriedade privada produz a alienação do operário, porque rompe a sua relação com o produto do seu
trabalho (que pertence ao detentor de capital). O trabalho (alienado), não realiza o homem, mas escraviza-o,
desumaniza-o.
(10:15)

O trabalho reduzido ao seu carácter abstrato ou alienado (perdendo-se a consciência da subjetividade nele
implicada), envolve fenómenos de fetichismo e reificação.

| Charlie Chaplin - Tempos Modernos


https://www.youtube.com/watch?v=XFXg7nEa7vQ

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(20/04/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:05 20 de abril de 2023

Indústria da cultura (Adorno)
- Integra e normaliza os consumidores. O cliente não é o sujeito, mas o objeto da indústria.

"Sobre o carácter fetichista na música e a regressão na audição." (Adorno, 1938)

É a partir do momento em que o homem trabalha para outrem, que os materiais se tornam mercadorias, e que o seu
trabalho assume uma forma social, residindo aqui o seu caráter fetichista que será transferido para as próprias
mercadorias.

Modernidade, consumo e fetichismo
• Paralelo entre a troca de mercadorias no capitalismo atual e a prática arcaica do sacrifício
• A 'novidade' e o 'fetichismo' da 'imagem de marca' como 'incorporações do arcaico' na modernidade
capitalista.
• Perda de liberdade num mundo tecnicizado e racionalizado - alienação.
• Equivalência entre civilização moderna e barbárie (crítica do progresso).

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:52 20 de abril de 2023

"Quem é que se entretém ainda com a música de entretenimento"?


"Esta é percebida exclusivamente como música de fundo. Se já ninguém consegue falar, então já ninguém consegue
ouvir."
[Sobre o carácter fetichista na música e a regressão da audição]

\ O cinema e a rádio não precisam de se apresentar como arte. A verdade é que não passam de um negócio, eles
sustentam ideologias destinadas a legitimar o lixo que propositadamente produzem. (p. 114)
\ O filme propõe ao espectador que o identifique imediatamente com a realidade. (…) atrofia da imaginação e da
espontaneidade do consumidor cultural (…).
\ Cada filme é um trailer do filme seguinte, que promete reunir mais uma vez sob o mesmo sol exótico o mesmo par
de heróis. (p. 153)
[Dialética do Esclarecimento]

| A indústria cultural decorre da sociedade capitalista e reproduz a sua ideologia e estrutura. Mercantilização de
artefactos culturais.
| Disponibiliza produtos configurados pelos meios de comunicação de massas.
| O consumo massificado promove a alienação e a desumanização do consumidor.

"O consumidor não é rei, como a indústria cultural gostaria de fazer crer, ele não é o sujeito dessas indústrias, mas o
seu objeto."

Carácter propagandístico da cultura


"A aparência estética converte-se em brilho endossado pelos anúncios publicitários aos produtos anunciados que o
absorvem". (Adorno, 'O esquema da cultura de massas', 1942)
"As melodias dos êxitos musicais e as formulações elaboradas dos textos parecem tão rígidas e aparecem com tanta
frequência que não são percebidas como tais, mas antes como repetições, cuja eterna igualdade exprime um sentido
idêntico." (idem)

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(27/04/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 27 de abril de 2023

O ATO MUSICAL ENQUANTO DESVIO: UMA INTRODUÇÃO À OBRA
OUTSIDERS: STUDIES IN THE SOCIOLOGY OF DEVIANCE (1963) DE HOWARD S. BECKER
(André Malhado, Investigador do CESEM)
andreadnmalhado@gmail.com

Contextos que Becker relaciona e aborda no seu livro


- Prática musical (Becker era pianista de jazz)
- Uso da droga

O que é o desvio?
- Até que ponto é que existem critérios gerais, homogéneos ou abstratos para avaliar os desvios em todos os
contextos?
- Becker altera ligeiramente a abordagem (interacionismo - existem interações particulares para determinados
espaços e existem critérios para cada contexto) para estudar, numa pesquisa de campo, o que é o desvio.

"All social groups male rules and attempt, at some times and under some circmstances, to enforce them. Social rules
define situations and the lands of behavior approprate to them, specifying some actions as 'right' and forbidding
others as 'wrong':" (Becker 1963, 1)

| Regras: leis, acordo informal, 'tradição' - as regras que nos interessam agora são as que são mantidas através dos
atos que reforçam o que é 'aceite/certo' para um grupo social, e punem/rejeitam o que o outro grupo faz de
'errado/é um desvio'.
 O desvio não é algo que se tem, é uma atribuição.

DETROIT
Mercado da música
| Músicos humanos - concertos ao vivo
| Músicos androides - concertos virtuais

Indústrias da música
• Na edição "All-android band tipped for music prize", é-nos apresentado que existe um mercado musical,
▪ 95% da música é feita por androides
▪ 5% da música é feita por humanos
• Here4u e outros músicos androides levam a uma "erosion of artist merit in music".
• As tecnologias digitais são mais baratas, seguras e sem complicações (alteração no paradigma da escuta).
• A música deixa de ser experienciada em grupo.
• A música Baz Budd dos Break the Wall, uma das primeiras bandas que irá recuperar "performing in front of a
live audience and getting na immediate reaction will be mind-blowing. This is what music is supposed to be all
about. The hype, the appplause, the screams… You just don't get that sitting on your sofa".
• "Real music is when it's vibrating through your soul, surrounded by people who are experiencing the same
thing".
• Estudo de comunidades de músicos que tocam em contextos de dança.
• Conflito entre sistemas sociais de crenças:
▪ Músicos de jazz versus músicos de contextos de dança;
▪ Músicos de contextos de dança versus 'square' (amadores).

Michel Foucault
O discurso é mais que linguagem, é tudo aquilo que forma aquilo que se nomeia; o discurso tem que ver com o valor
atribuído à linguagem e ao seu contexto no espaço e no tempo.

"The musician thus sees himself as a creative artist who should be free from outside control, a person different from
and better than those outsiders he calls squares who understand neither his music nor his way of life and yet because
of whom he must perform in a manner contrary to his professional ideals." (1963, 1)

"We have seen thow the process by which rules are enforced varies in different kinds of social structures" (1963, 129)

| Processo:
Valores (129) -> regra específica, com dados qualificadores e respetivas exceções (133) -> atos de reforço ao
longo do tempo

Types of Deviant Behavior
Obedient Behavior Rule-breaking Behavior
Perceived as deviant Falsely accused Pure deviant
Not perceived as deviant Conforming Secret deviant

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(02/05/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:11 2 de maio de 2023

Aulas passadas e próximas aulas
| Theodor Adorno, a Escola de Frankfurt e a Teoria crítica perante o desenvolvimento das indústrias da música, entre
as quais o mercado discográfico, os êxitos musicais e o estrelato.
| Howard Becker, Outsiders, o desvio, as regras e as normas, aplicado à análise da presença da música num
videojogo.

Para além dos temas a introduzir até ao teste:


| 5ª feira, 4 de maio, apresentação de um modelo de teste, que estará disponível no nónio e moodle + breve
exercício (no total, 45 minutos)

Gosto musical; Comunidades de apreciação; Amadores de música

Theodor Adorno Herbert Gans, 1974 Pierre Bourdieu, 1979


Taste cultures A distinção (La distinction)
Richard Peterson, 1992 Antoine Hennion, 1993 Andy Bennet et al., 2016
Changing Highbrow Taste: La passion musicale Popular music scenes and
From Snob to Omnivore cultural memory

Adorno e outros autores identificam o que consideram ser um declínio ou regressão do gosto musical.
• Situação que se associa à expansão das indústrias culturais e da objetificação da música e dos produtos
artísticos e culturais.

Hebert Gans argumenta, em 1974, que não se podem encarar os consumidores de cultura como uma massa
uniforme e enfatiza a sua diversidade: taste cultures (culturas de gosto).
• Comunidade que se reúne em torno de gosto musicais determinados.

Pierre Bourdieu (1930-2002)
'O QUE É RELACIONAL?'
| Conceitos centrais no seu discurso:
- Poder simbólico
- Campo
- Habitus
- Capital

1. Bourdieu argumenta que o gosto musical é um dos fatores que ajudam a definir a posição social de um
indivíduo na sociedade.
2. Usa o termo "distinção" para se referir ao modo pelo qual as pessoas tentam distinguir-se socialmente, por
meio do consumo de bens culturais como a música.
3. Argumenta que o valor de uma obra musical não é intrínseco à obra, sendo esta produto das relações sociais
associadas ao seu consumo.
4. Descreve como o gosto musical é constituído socialmente, por meio da exposição a diferentes tipos de música
em diferentes contextos sociais.
5. Argumenta que o gosto musical é fortemente influenciado pela posição social de uma pessoa, e que indivíduos
de diferentes classes tendem a ter gosto musicais distintos.
6. Descreve uma hierarquia dos gotos musicais, na qual os gostos considerados "eruditos" são valorizados.
7. A distinção entre "gostos populares" e "gostos cultos" não é inerente à música, mas sim a uma construção
social.
8. O gosto musical é um tema político importantes, uma vez que as hierarquias culturais por ele refletidas têm
implicações para a distribuição de poder e recursos na sociedade.

Segundo Pierre Bourdieu,
| A posição do agente define-se na distribuição de poderes que atuam em cada campo.
| Capital económico, social e cultural.
| O capital simbólico determina a posição social dos indivíduos na sociedade. Prestígio, honra, reconhecimento.

Capital Cultural

Cultural Capital

"A cultura que une é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima distinções compelindo
todas as culturas a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante."
(Bourdieu, 2010:11)
| A acumulação de conhecimento/informação cultural confere poder e prestígio. Integra e distingue.

Hannah and Her Sisters (Woody Allen, 1986) - Michael Caine [sub. español]

Elements of Bourdieu: Distinctions Create Boundaries

"Podemos determinar tão infalivelmente a classe social de pertença ou se se quiser a 'classe' ('ele tem classe') a partir
das músicas preferidas (ou simplesmente, das emissões de rádio ouvidas) como a partir dos aperitivos consumidos,
Pernod, Martini ou whisky."
(Bourdieu, A origem e a evolução das espécies de melómanos)

Richard Peterson
| Omnivorosidade cultural - cada vez mais o consumidor vai-se tornar mais eclético ["camaleônico"];
| O conceito refere-se a um perfil de gosto que cruza géneros musicais outrora atritos a diferentes estratos socio-
económicos.
| Segundo o autor, o perfil emerge em finais do século XX, na sequência de alterações de larga escala nas esferas
política e socieconómica.

- Quais são as associações atuais entre estatuto socioeconómico e gosto cultural/musical?


- Estaremos a assistir à dissolução da associação entre classes e o 'snobismo' cultural ou artístico?

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(04/05/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 09:58 4 de maio de 2023

Aula passada
| Gosto musical, comunidades de apreciação, cena musical, amadores de música
| Perspectivas de T. Adorno, H. Gans, P. Bourdieu, R. Peterson
| Hierarquização e estratificação social através da posse de capital cultural, simbólico e/ou social

Antoine Hennion e Andy Bennet
| Antoine Hennion (1952-)
• Estudo do gosto musical, musicologia do gosto
• Mediações e intermediários
• Formação das ligações à música ao longo das épocas
• Amadores de música, gostar de música - comunidades de fãs

Bruno Latour
| A forma como os humanos não só se relacionam entre si, mas como se relacionam com os objetos e o impacto que
isso tem dimensão social do ser humano
| A forma como os humanos não só se relacionam entre si, mas como se relacionam com os objetos e o impacto que
isso tem dimensão social do ser humano

 Rede de mediações entre atores e objetos

Relação entre objeto 'gostado'/'apreciado' e 'amadores/'apreciadores'
Mediação Musical
| Processos de relacionamento entre os diversos atores envolvidos no processos, incluindo os próprios equipamentos
e meios.

 Antoine Hennion defende que gosto é uma atividade, um circunstância 'performativa', mutável ao longo da
vida.
 "Um ato que que envolve, transforma e é sentido" (Hennion 2005, 133) e não algo que pode corresponder
identidade social fixa.
 Argumenta também que o gosto é uma produção coletiva, que influencia na nossas comunicações e que
depende das relações entre vários atores do próprio objeto em apreciação e de saberes prévios.

Mediação
"Entendo a obra de arte [a obra musical] como uma mediação, o que significa ter em conta a obra em todos os
detalhes dos gestos, corpos, hábitos, materiais, espaços, linguagens e instituições que a habitam. Sem esta
acumulação de mediações - estilos, gramáticas, sistemas de gosto, programas, salas de concertos, escolas,
empresários, etc - não se manifesta a obra de arte."
(Antoine Hennion 2012)

A abordagem à mediação musical implica, segundo Hennion


 A identificação e descrição dos dispositivos de escuta
 A análise dos meios
 A observação da prática dos amadores/ouvintes/espectadores
 O estudo das narrativas realizadas sobre estas práticas

Para Bennet e Peterson, há 3 tipos de cenas musicais


• Locais
• Translocais
• Virtuais

[Music Scenes: Local, Translocal, and Virtual by Andy Bennett, Richard A. Peterson 2004]

Cena Musical Local
| Agregados de músicos, espectadores/fãs e outros produtores partilham comportamentos e gostos musicais,
formando uma comunidade que se diferencia de outras. O estilo e comportamentos sociais contribuem para a
definição destas comunidades. Associam-se a uma localização geográfica específica.

Cena Musical Translocal
| Uma cultura musical dispersa por vários pontos geográficos. Partilha de valores, traços de identidade e estética
sonora e por vezes visual, nomeadamente através dos media, que permite que sejam replicados em todo o mundo.
| Estes grupos, deslocados geograficamente, podem eventualmente manter contacto entre si e até criar eventos
onde se juntam e reforçam os seus valores e traços de identidade.
| Bennet e Peterson referem como exemplo as comunidades de fãs dos Beatles.

Cena Musical Virtual

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:11 4 de maio de 2023

[…]

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(09/05/2023)

SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:11 9 de maio de 2023
Gravação de áudio iniciada: 10:11 9 de maio de 2023

GÉNERO
| Simone de Beauvoir

Modelos de pensar e agir e sentir todos por 'masculinos' ou 'femininos' como naturalização de comportamentos,
convenções, modelos ideológicos.
| Categoria socioculturalmente construída de 'género'.

O conceito de género, como construção social e cultural, envolve uma série de fatores - comportamentos, vestuário,
postura, escolha de profissão, relacionamento social.

Fazer género
Produção da ideia de género com indicadores reconhecíveis por outrem.
| Homem/Mulher: binarismo de género; heteronormatividade.
Problematização da heteronormatividade como discurso naturalizado e estruturador de modos de comportamento,
relacionamento, organização institucional.

Judith Butler refere que o género é 'performativo'.


[Como alternativa à teoria do binarismo de género]

Judith Butler: Your Behavior Creates Your Gender | Big Think

1990 | Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (Subversive bodily acts, IV Bodily Inscriptions,
Performative Subversions), New York. Routledge

2004 | Undoing gender, Routledge

De acordo com Judith Butler: "O corpo torna-se género através de uma série de atos que se renovam, reveem e
consolidam através do tempo. Essa repetição é, inevitavelmente, uma reencarnação e uma reexperienciação de
significados socialmente estabelecidos."

O género atua, entre outros indicadores, como performance da identidade, mutável e sistema de poder.

Na música
| As manifestações musicais como objetos de estudo de género.
| As relações de poder baseadas no género e a sua influência na prática, compreensão e organização da música nas
sociedades ocidentais.
| A música como discurso genderizado.

Estereótipos produzidos ao longo dos séculos:


. Genderização dos instrumentos musicais
. Géneros musicais e identidade de género

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(16/05/2023)

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