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MÓDULO 1
Introdução ao campo, objetos, teorias, metodologias e conceitos chave da sociologia da música no contexto
das ciências sociais e humanas em geral e da musicologia em particular.
MÓDULO 2
Mapeamento histórico da disciplina, das fundações à atualidade.
MÓDULO 3
Problemas, temáticas e estudos de caso em sociologia da música (no contexto das grandes temáticas indicadas,
serão abordados casos e objetos mais específicos).
Módulo 3.1
- Música como instrumento de ordenação social e tecnologia de identidade (DeNora, Small, Frith,
Martin, Shepherd & Devine);
Módulo 3.2
- Cenas musicais e culturas de gosto (DeNora, Peterson & Bennet, Schafer, Frith, Bourdieu,
Thornton);
Módulo 3.3
- Tecnologias, media e indústrias musicais (Hesmondhalgh, Frith, Adorno, Cook);
Módulo 3.4
- Música, géneros e sexualidade (Solie, Citron, McClary, Bourdieu, Maus, Warwick).
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(28/02/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 28 de fevereiro de 2023
A sociologia da música começa a se desenvolver de forma mais plena no final do século XIX e inicio do século XX, com
Max Webern e Theodor Adorno.
Ideia de que a sociologia decorre no movimento das ciências sociais e de a música é uma componente e prática
social --> música como sociedade - a música é ela mesma uma atitude de ideias sociais.
Como é que se pode estudar música, considerando que um dos grande bloqueios existentes diz respeito ao ato
de encarar a música como estando numa dimensão transcendente?
○ Existem um conjunto de cânones que se relacionam com a dita "música elevada/erudita" que era
particularmente estudada nesta altura na musicologia --> Dimensão positivista e construtivista:
manutenção e aprofundamento de conhecimentos altamente idealizados.
Surgirá então o rompimento com estas ideias e uma nova musicologia, tingida pela interdisciplinaridade, com
necessidade de olhar para a cultura com outros olhos, informando aquilo que olhamos e estudamos num
determinado contexto específico - música como prática social/música como sociedade/música como cultura.
Era necessário deixar de encarar a música como algo distante e transcendental, mas perceber porque é que se
enaltecem, mistificam e sacralizam obras e compositores na nossa sociedade (imaginário construído a partir da
coletividade).
As peças não valem por si próprias. Ao contrário, começa-se a encarar a obra pela forma que ela se relaciona
com o seu quotidiano.
(27:40)
(34:45-39:00)
A sociologia da Música considera que "a música não é apenas o som que esta produz" (Ellis, 2009)*
Segundo Katharine Ellis (2009) a Sociologia da Música abrange culturas contemporâneas e históricas, usa diversas
perspectivas e aborda todos os tipos de música. Dá prioridade a métodos de pesquisa centrados nos indivíduos,
sempre que é possível, com o intuito de explorar:
• Significados atribuídos à música;
• Redes sociais e circulação de capital cultural;
• Formas do mercado musical;
• Exclusivismo e culturas associadas à música;
• Relação entre música e identidade.
Estudam-se os meios, tecnologias, dispositivos, indústrias, espaços e agentes que produzem, intervêm, acolhem ou
enquadram a transmissão/comunicação da música, incluindo a escrita musical, instrumentos, partituras, fonografia,
meios de comunicação (rádio, televisão, internet, cinema, etc) considerando a sua importância nas práticas musicais
e comportamentos a estas associadas.
- Abordam-se as relações sociais, comportamentos, emoções, ações de todos os agentes que intervêm na
concretização do processo musical.
- Espaços, cenas, equipamentos culturais, repertórios, programação, políticas culturais/musicais, etc.
A sociologia da música possibilita e torna mais saliente uma "análise de todos os intermediários humanos e materiais
da performance e do consumo de arte, dos gestos e corpos aos palcos e media" (Antoine Hennion).
1) Incidência nos vários tipos de relações entre música e os indivíduos que a produzem, desempenham e usam.
2) Dinâmicas sociais inerentes à música, ao som e às diversas características comunicacionais do ato musical.
3) Estudo das redes humanas nos contextos de uso ou prática de música.
4) O estudo do som ou da música é feito em função do seu entendimento por determinadas culturas ou
circunstâncias em que estes se enquadram.
(01:07:00)
[Peter Martin (1995, p. 23)]
- (Um dos temas mais visados é exatamente o do estabelecimento dos cânones de repertório e de
interpretação e do modo como estes se manifestam em várias épocas e circunstâncias.)
[The Shawshank Redemption, filme de 1994, baseado num romance de Stepjen King]
- O banqueiro Andy Dufresne é condenado à morte por ter alegadamente morto a sua mulher e a sua amante -
ele alegra inocência. Torna-se amigo de Ellis Redding, preso por contrabando. Sofre maus tratos de outros
reclusos e do diretor da prisão. Vai gerir uma rede de tráfego e contrabando entre a prisão e o mundo exterior.
["Canzonette sula aria" III Ato, Le Nozze di Figaro, ossia la folle giornata, W. A. Mozart]
- Susanna escreve, a Condessa dita.
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(02/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:06 2 de março de 2023
É necessário desmitificar a música para poder estudar o seu impacto nos indivíduos.
(10:52)
Se a arte moderna serviu para desmitificar a ideologia albergada à arte romântica, a arte contemporânea ainda tem esse objetivo ou está noutro patamar?
1) Música e significado social
Em contraste com a ideologia [da arte autónoma] autonomia que via a música de arte ocidental como o fruto social
do génio absoluto, a Sociologia da Música considera que todo o pensamento e ação humana é socialmente
constituída.
As estruturas e sons da música têm significado social - isto é, os significados, articulados através das estruturas e dos
sons musicais, são eles próprios constituídos socialmente.
Esta linha de pensamento desenvolve-se a partir de Max Weber e Theodor Adorno (nas primeiras década do século
XX) e assume uma presença mais expressiva a partir da década de 1970 (Shepherd 1977; Small 1977; Blacking 1973).
2) "Are geniuses made, not born?" (Ellis)
A ideia oitocentista do compositor genial permanece no imaginário ocidental até hoje. O génio é uma figura heroica,
romântica, que sofre conflitos existenciais e excede a sua humanidade através de talentos superlativos.
Esta noção é enquadrada numa época que valorizava o indivíduo e idealizava as suas qualidades artísticas como
sendo transcendentes.
A Sociologia da Música discute este estereótipo, bem como os de arte autónoma e de obra de arte e traz o génio para
a sua vida como indivíduo incluído numa rede de saberes, valores, política e influências.
(26:15) Veja-se o trabalho de Tia DeNora: Beethoven and the construction of genius - musical politics in Vienna
1792-1803.
Capital simbólico - utilizar o estatuto, reconhecimento e outros recursos de alguém para nos apresentar a nós
próprios, para auto atribuir prestígio, construir a nossa singularidade, através de outro currículo, e auto valorizando-
se dentro de uma cultura.
Cena musical:
Génios são produtos do seu tempo (e espaço) [Bruno Martins, 2023] --> e da historiografia.
3) "The problem of high art" (Ellis)
Desafia-se a tendência das humanidades privilegiarem o estudo do que consideram ser uma "arte elevada", como
sucedeu durante algum tempo com uma incidência, a nível académico o que se designou como 'música clássica'.
Para a Sociologia da Música a obra não deve nunca ser extraída do seu contexto. Um museu ou uma sala de concerto
são bons exemplos dessa necessidade de extrair a 'arte' do quotidiano.
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(07/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:03 7 de março de 2023
4) Música como interação social
A Sociologia da música confere um espaço significativo aos estudos das interações sociais, a nível da microssociologia,
especialmente a partir de Schütz e posteriormente, Howard Becker. Música como estudo da ação social.
Neste caso não há um interesse particular pela descodificação de obras musicas ou encontrar o seu significado
particular. O grande objetivo é observar o trabalho musical como resultado do que muitas pessoas fazem em
conjuntos (as suas relações com a sociedade ao longo da história, em várias espaços, com múltiplas interpretações
sobre ela).
5) 'Art Worlds', os mercados da música (Ellis)
Observar e compreender as práticas musicais, como grandes produções cooperativas, que envolvem agentes com
tarefas complementares, indispensáveis para o sucesso do espetáculo, disco, vídeo e outra produção.
6) Música como processo comercial e industrial
Desenvolvimento das indústrias musicais, meios de disseminação de música, associadas a progressivas alterações nas
práticas e consumo musicais. Desenvolvimento de tecnologias ao serviço da música. O modo como as indústrias
produzem públicos e moldam os seus gosto musicais.
7) A relação entre música e identidade cultural
Como a música pode ser utilizada como tecnologia de construção do eu. A ela se recorre na construção de
identidade, de modo a expressar aspetos de género, de classe, ou de orientação sexual, entre outros fatores. Usa-se
na formação da cultura coletiva e do grupo de identidades a partir das quais os indivíduos sustentam a construção de
um sentido de si próprios.
- Music and everyday life (Tia DeNora) --> construção e reconstrução da nossa identidade e subjetividade,
segundo a nossa relação com o ambiente em que estamos inseridos
(* Sarcasmo musical*)
Foco na Sociologia
○ Quando pensamos em sociologia estamos a pensar no estudo científico dos comportamentos humanos.
○ Sociologia como estudo científico do comportamento dos grupos humanos, da sociedade e das interações
sociais (Tishler; Schafer; Giddens)
○ Foca-se nas relações sociais, no estudo quotidiano e no modo como as sociedades se desenvolvem e
transformam.
○ O seu foco é o grupo e não o indivíduo.
○ Sociologia como 'ponto de vista'
○ (Tishler 2007, cf. pp. 4-6)
○ Ruptura com o senso comum
Ler criticamente a "realidade social": repensar as práticas sociais, comportamentos, estilos de vida que já
estão enraizados.
Fazer uso da perspetiva sociológica
'Desfamiliarizar' o 'familiar'; Ver o estranho no familiar.
(Zygmunt Bauman)
Pensar sociologicamente implica uma demarcação/reflexão crítica/questionamento de ideias pré-
concebidas sobre aspetos e comportamentos quotidianos.
Questionar a visão pessoal do mundo e integrá-la na complexidade da ordem social.
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(09/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:05 9 de março de 2023
Estamos imersos nas nossas rotinas, conformadas por conhecimento prático orientado para os parâmetros
sociais pelos quais integramos.
A sociologia fornece-nos instrumentos ("alicerces conceptuais" - ideias) para nos distanciarmos dessas rotinas e
pensarmos o modo como nos comportamos e interrelacionamos.
Reconhecer o senso comum e poder pensar, com instrumentos e regras científicas, sobre as práticas e ideias
que o formam.
Sociologia:
Estudo dos indivíduos, como seres sociais e das relações entre estes, ou seja, dos padrões de organização social
observáveis em diferentes sociedades, tendo em conta a variedade das suas práticas sociais e as relações entre
estas.
| Peter Martin, Continuum encyclopedia of popular music in the world (adaptado pela professora).
- ["A sociologia como esporte de combate" Documentário - Peter Martin]
▪ Pensar o modo como a sociedade molda as experiências pessoas de vida, e como interagimos com o que nos
rodeia.
▪ Reconhecimento de padrões, de constantes, de regularidades, de leis (no comportamento individual e
coletivo).
▪ A reprodução social - o que permanece e porquê?
Peter Berger descreve o 'sociólogo' como alguém que está "intensa, interminável, descaradamente interessado" nas
práticas humanas (1963). Para este sociólogo, o mundo social é "um laboratório vivo e uma imagem que nunca pára".
Um sociólogo da música tem interesse em qualquer grupo, movimento ou pensamento cultural e social, assumindo
que "music is a form of knowledge and its performance a social action". (Nick Crossley et al., 2015, p.58).
"Como cientista, o sociólogo tenta controlar as suas preferências, perceber claramente ao invés de julgar
normativamente." (Berger 1963).
(58:40)
." (Berger 1963).
(58:40)
Níveis de análise
| Microssociologia
Estudo dos comportamento quotidianos; interação interpessoal entre indivíduos/grupos; estudo de pequenas
estruturas como, por exemplo, uma banda de música, uma orquestra, etc.
| Macrossociologia
Análise de sistemas sociais em larga escala; abordagem de processos institucionais (como o sistema político, a
ordem económica, o desenvolvimento das indústrias musicais, a mudança para o digital).
| Realidade como construção humana
Construção social da realidade - [The social construction of reality, Peter Berger, Thomas Luckmann]
Os sociólogos e os cientistas sociais examinam as construções sociais da realidade, na relação com a cultura, género,
etnicidade, raça, idade, economia, religião, localização, época.
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(21/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:04 21 de março de 2023
(09:00)
[Musiking, the meanings of performing and listening, Christopher Small, 1998]
"This book is not so much about music as ir is about people" (Small. 2010, p. 8)
(11:30)
Exemplos
Quando Christopher Small utiliza o termo musiking, redefinindo a música como um verbo em vez de um substantivo,
desafia a conceção comum de música como um objeto estático e enfatiza a sua natureza dinâmica.
Para Small, a experiência da música e a construção do seu significado dá-se no ato de comunicação, na performance,
na escuta e nas relações interpessoais que se desenvolvem nesse processo.
Nicholas Cook
Between process and product: music and/as performance
https://mtosmt.org/issues/mto.01.7.2/mto.01.7.2.cook.html
| Música não como um objeto (CD, partitura, etc.), mas como uma circunstância vivida e que se transforma em cada
interpretação.
"To music is to take part, in any capacity, in a musical performance, whether by performing, by listening, by
rehearsing, or practicing, by providing material for performance, or by dancing."
[Musiking, p. 9]
"O ato de musicar estabelece o lugar onde sucedem um conjunto de relações, e é nessas relações que os ignificado
reside."
| A música não é só um produto criado e consumido, mas sim uma prática social que envolve os agentes, que se
reúnem para participar numa experiência partilhada.
| Christopher Small argumenta que os significados da música não são determinados apenas pelas ações dos
intérpretes, mas também pela interpretação e resposta emocional e cognitiva do ouvinte.
| O ouvinte é um participante ativo no processo - musiking - e tem um impacto significativo na produção de
significados da música.
| A interpretação do ouvinte é influenciada por experiências pessoais, formação cultural e o contexto social em que a
música é ouvida.
"A música de concerto ocidental é uma arte de representação que aspira à condição de teatro. Os músicos,
compositores e intérpretes, apresentam a uma audiência um conjunto de relações. Os modos como estas se
representam, e como são interpretadas pela audiência, tal como os gestos do ator, são dominados por convenções
que, tanto os músicos como a audiência, têm de aprender." (1998, 146-7)
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(23/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:03 23 de março de 2023
Aula passada
▪ Introdução ao conceito de musiking, o seu contexto teórico e implicações subsequentes na literatura
musicológica.
▪ Música nas diversas circunstâncias do quotidiano. Que funções, que implicações na identidade, sociabilidade e
espaço social?
▪ Encarar a música como fenómeno dinâmico e sistema comunicacional, que envolve ouvintes agentes, todo o
tipo de mediadores e produtores.
- Enfatizar e salientar a importância de olhar para a música como uma dimensão dinâmica e enraizado nas
demais ciências sociais e humanas.
▪ A atribuição de significados à música por parte dos ouvintes.
▪ A relevância do 'quadro' (Erving Goffman) de uma dada interpretação, do espaço e do modo como os
intérpretes se apresentam. Criação de expectativas e subscrição de normas, ou sua 'desmontagem' e '
desconstrução'.
C. Small enfatiza o papel da música na criação e manutenção da identidade cultural. A música serve como meio de
comunicação e expressão dentro de uma comunidade cultural e reflete as crenças, os valores, as tradições e
expectativas dessas comunidade.
Diferentes culturas desenvolveram os seus próprios sistemas musicais, estilos e géneros que estão intimamente
ligados aos seus comportamentos, modos de estar, gostos - identidade cultura. A música fornece uma maneira para
os membros de uma comunidade cultural se expressarem e se ligarem com outros que partilham experiências e
valores semelhantes.
"A música de concerto ocidental é uma arte de representação que aspira à condição de teatro. Os músicos,
compositores e intérpretes, apresentam a uma audiência um conjunto de relações. Os modos como estas se
representam, e como são interpretadas pela audiência, tal como os gestos do ator, são dominados por convenções
que, tanto os músicos como a audiência, têm de aprender." (1998, 146-7)
Espaço do ritual/Espaço de sociabilidade
| Uma sala de concerto/um espaço musical não é 'só' um local onde se escuta, assiste a um espetáculo, concerto,
evento musical. É um espaço comunicacional que congrega um extenso dispositivo, uma rede humana de produção,
e que evidencia ou põe em cena um conjunto de relações sociais e que contribui para atribui determinado estatuto
social e simbólico ao espectador.
| A arquitetura da sala, a sua disposição e modo como promove sociabilidade contribuem para a definição da
importância social e o estatuto de quem a frequenta.
Concerto como ritual
Ritual: Geralmente, um padrão de comportamentos frequentemente repetido que é realizado em momentos
apropriados, e que pode envolver a utilização de símbolos (Scott 2014).
[Cf. Erving Goffman, Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face]
Auditórios/Plateia
• Pretende transmitir-se uma sensação de luxo, evitar a vulgaridade e salientar um comportamento distinto;
• Isolamento do mundo da vida quotidiana (sem janelas ou sem vindo de fora fa sala que possa remeter à vida
exterior).
• Ima forma de comunicação (alegadamente) unidirecional - do compositor ao ouvinte (através dos músicos e
cantores).
Produção de um concerto
- Extenso planeamento que implica um evento deste tipo.
- Incluindo a contratação de maestros, de artistas e orquestras, escolha de repertório e obtenção.
- Partituras e partes para a orquestra, planeamento e realização dos ensaios, criação de folhas de sala, textos de
apoio e biografias, luzes direção de sala, etc.
- Trabalhadores dentro e fora do palco e plateia (da limpeza aos vendedores de bilhetes aos técnicos de som,
pianistas,
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(28/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 28 de março de 2023
Aula passada
Concerto como ritual. Espaços de sociabilidade musical, partindo da análise do concerto clássico por Christopher
Small em musiking. Salas de concerto e ópera: espaços de fruição, espaços de relações sociais, espaços de
representação do "eu". Auditório, plateia e palco. Análise de casos.
Este planeamento deve permanecer necessariamente invisível criando a ilusão de um mundo mágico livre de
comércio e de trabalho.
| Espaços emblemáticos da artes - produção de espaços (especialmente internos) que dividem e organizam a
experiência do espectador (não só musical, mas variada).
- Ex.: Walt Disney Concert Hall
Christopher Small fala sobre a ideia associada ao star system, que manipula o "mercado de virtuosi", mantendo-os
raros, que procura a reificação do repertório para um cânone de obras que se repercutem em grande parte dos
espaços de concerto.
- National Concert Hall Competition, Vilnius, Lituânia
Socialização: conjunto de processos pelos quais os indivíduos se apropriam das normas, valores e hábitos que
caracterizam e regem o funcionamento da sociedade onde se inscrevem. Processo de 'aprendizagem', de
internalização que nos integra na sociedade em que vivemos, através dos diversos agentes de socialização.
As normas e os valores são internalizados através de processos de socialização.
Os valores abrangem as ideias que definem o que é bom ou mau, agradável ou desagradável, belo ou feio, etc,
inerentes a um grupo ou sociedade específicos e fixando-se em normas --> conjunto de regras de conduta.
No processo de socialização, o indivíduo aprende e interioriza conceitos e relaciona-se com ideias culturais. Entra
num universo simbólico, com valores e normas determinados e assume progressivamente o modo de vida da
sociedade da qual faz parte.
Socialização primária: família, escola, pares, media. A personalidade vai-se moldando de acordo com os valores que
nos são incutidos.
| "A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância e em virtude da qual se
torna membro da sociedade."
- A construção social da realidade, Peter Berger e Thomas Luckmann.
Agentes de socialização:
Favorecem a adaptação de cada indivíduo à vida social e mantêm a coesão entre os membros da sociedade e a
ordem social.
- Agents of socialization | Behavior | MCAT | Khan Academy
Socialização musical
| Ideia de talento na sociedade
- Impacto dos talent shows
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(30/03/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:08 30 de março de 2023
Aula passada
| (Continuação de aspetos debatidos por Christopher Small em Musiking)
- Espaços de sociabilidade na relação com a arquitetura de salas de concerto.
- Virtuosi, estrelato e cânones de repertório. Dimensões de recepção, crítica musical, reaction vídeos,
comentários opinativos e o seu impacto nos públicos e programadores.
| (Socialização musical)
- Socialização primária e secundária. Processos de internalização de normas, valores e hábitos. Agentes de
socialização. Processos de socialização musical e a sua relação com educação.
- Talent Shows e o seu impacto nos círculos musicais e nos públicos em geral.
(Parêntesis)
1) Ideias e conceitos que temos vindo a utilizar, mas que não isolámos, ou discutimos especificamente;
2) Preparação dos conteúdos a introduzir de seguida (Tia DeNora, Music In Everyday Life).
Estrutura e agência
Agência -
Estrutura social - os contextos sociais da nossa vida são estruturados ou padronizados de vários modos. Há
regularidade nos modos como nos comportamos e nas relações que temos entre nós. (Giddens, p. 9)
Giddens desafia o dualismo agência-estrutura indicando que pode levar a uma visão reducionista. Relação contínua
entre agência humana e estrutura social de modo interativo e recíproco.
Papel Social
- Para coadjuvar a discussão de papel social, utilizamos um autor central da sociologia - Erving Goffman
| A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias
Erving Goffman (1922-1982)
Foca-se na observação dos comportamentos quotidianos geralmente em quadros urbanos. O modelo Goffman
procura especificar as normas que regulam as manifestações da vida quotidiana
N'A apresentação do eu na vida de todos os dias, Goffman estabelece um quadro conceptual no qual todas as
ocasiões de interação podem ser interpretadas como dimensões de uma performance teatral. Recorre ao vocabulário
e modelos do teatro, estabelecendo analogias.
• O indivíduo desempenha um papel - é um ator.
• Os outros assumem assim o papel de espectadores, para depois assumirem também o papel de ator.
| Somos atores num mundo social. A vida social desenrola-se como uma peça teatral, com guiãos, performance,
atores e papéis.
"Considerarei o modo como o indivíduo em situações de trabalho habituais, se apresenta a si mesmo e à sua
atividade, perante os outros, as maneiras como orienta e controla a impressão que os outros formam dele, as
diferentes coisas que poderá fazer ou não fazer enquanto desempenha o sue papel".
(Goffman, A apresentação do eu na vida de todos os dias)
| A este dispositivo (a nossa 'máscara') que utilizamos a nível expressivo Goffman chama de 'fachada'. A 'fachada é o
equipamento expressivo, empregue pelo indivíduo, de modo intelectual ou não-intencional, durante o seu
desempenho.
| O 'quadro' é constituído por tudo o que o rodeia, mobiliário, disposição física dos elementos, estabelecendo uma
analogia com o conceito de cenário.
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:40 30 de março de 2023
* Agregados sociais
Multidão Público
• Não organizada; Para Karl Mannheim, o público é um tipo intermediário entre
• Indiferenciada; a multidão e os grupos sociais, porque no público há um tipo
• Proximidade física; primário de organização - os indivíduos estão sujeitos a
• Objetivos comuns; regras e a normas de comportamento.
Instituições sociais
| Toda a atividade humana está sujeita ao hábito e, consequentemente, a ser institucionalizada. Deste modo, existem
instituições sociais --> conjuntos de valores, crenças, normas, posições e papéis partilhados por certo número de
indivíduos no decurso de um longo período de tempo, com vista à organização básica da vida social.
| Uma organização ou instituição social é uma estrutura ou mecanismo social que gere o comportamento de um
conjunto de indivíduos no contexto de uma determinada comunidade.
| A música está incorporada em instituições sociais de todos os tipos: famílias, etnicidades, religiões, educação, artes,
entretenimento, redes de informação, comércio, economia, etc. Nelas a música tem uma agência e estas estruturam
as nossas vidas.
Music in Everyday Life
| O livro explora componentes afetivos e estéticos de agência e organização social através do uso da música.
| A música segundo DeNora, fornece a matéria-prima cultural utilizada pelos indivíduos para exercer um controlo de
agência sobre o bem-estar, para transmitir significados, experimentar possibilidades e articular identidades.
| A música, no sentido latouriana (Bruno Latour), tem agência própria.
"I would have the music on before they [houseguests] come because I like to create an atmosphere."
| A música atua assim como meio de organização social promovendo experiências afetivas e estéticas que inscrevem
determinados indivíduos em determinados projetos individuais ou organizacionais.
Utilização da música
▪ O uso da música em espaços comerciais, para promover a compra;
▪ Para manter uma relação diplomática ou formal entre funcionários;
▪ Uso da música em fábricas para estimular o trabalho;
▪ Uso em festas políticas para conquistar os votos dos presentes;
▪ Música como elemento agregador e de legitimação de cultos ou devoção;
▪ Para acalmar emoções em espaços públicos;
▪ Para impregnar ritmo e energia em exercício físico e outros;
▪ Em entoações conjuntas de hinos e canções no desporto;
▪ Em spas, aulas de yoga e outras para manter uma atmosfera calma e serena;
▪ Para marcar a ideia de nação em hinos e outras obras musicais;
▪ Em cafés e bares, para definir uma identidade social e criar espaços de sociabilidade.
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(04/04/2023)
Aula passada
| Estrutura e agência.
| Elementos base da estrutura social.
| Erving Goffman e o conceito de papel social (o estudo dramatúrgico da sociedade).
| Tia DeNora: Music In Everyday Life.
| Música na produção de cenários do quotidiano, ordenação e regulação social.
| Música como tecnologia social de produção de sentido e realidade. Funções e poder da música.
| Exemplos.
IDENTIDADE
Identidade Social
| DeNora explora o modo como a música é utilizada como instrumento para os indivíduos construírem e expressarem
a sua identidade individual ou coletiva.
| A música é assim, m agente ativo na produção da subjetividade.
| Os modos como nos relacionamos com a música podem servir como ferramenta de auto-expressão e auto-
definição.
| Recorre-se a determinadas peças musicais para lidar com tristeza, doenças, para desenvolver a autoestima, para
estimular a concentração para sentir que pertence a uma comunidade, etc.
| A música pode assumir-se coo reflexo das emoções, anteriores e futuras, fornecendo sugestões e modelos de ação
num determinado cenário social.
| Relevância da memória auditiva, a música e o som funcionam frequentemente com 'gatilhos' da memória (…)
| A música pode ser usada pelo sujeito como um recurso para auto-regulação dos respetivos estados psicossociais,
fisiológicos e emocionais.
Nicholas Cook (1998)
"No mundo atual, decidir que música se quer ouvir é um parte significativa da decisão e comunicação, não apenas de
quem se "quer ser"… mas quem se é.
Guilty pleasures - os reguladores sociais "necessitam" de corresponder com o que o julgamento que se faz sobre cada
pessoa.
"O conceito de 'identidade' está relacionado com um processo (…). À primeira vista, as afirmações eu e nós podem
parecer estáticas." (Norbert Ellas, A sociedade dos indivíduos)
"A identidade é um fenómeno que deriva da dialética entre o indivíduo e a sociedade." (Berger & Luckmann)
Sujeito pós-moderno: não possui uma identidade fixa, permanente e essencial. Identidade móvel, não unificada e
não coerente.
(A Identidade cultural na pós-modernidade, Stuart Hall, 1992)
Zygmunt Bauman fala de uma identidade fluida, de indivíduos colocados na situação de "colecionadores de
experiências e sensações".
O que provoca efeitos no sujeito não é a música, mas sim a música filtrada pelo sujeito.
Identidade social
Identidade partilhada
- Sentido de pertença a um (ou vários) grupo(s)/posso de todos os estatutos do indivíduo.
- Os grupos aos quais se pertence conferem uma sensação de pertença ao mundo sendo uma base importante
de autoestima.
- Incluímos os indivíduos em grupos através de processos de categorização social.
1. Categorização
- Temos uma necessidade de nos categorizar para identificarmos o que nos rodeia e nos relacionarmos com
objetos e outros agentes;
- Concebemos a sociedade em grupos e em papéis sociais que nos ajuda a compreender a nossa identidade -
'português', 'americano', 'caucasiano', 'advogado', 'budista', 'homem', etc. (seja o que for que isso significa);
- Processo de estereotipação que implica preconceito.
- Assumimos a identidade do grupo ao qual consideramos pertencer;
- Quando nos assumimos como estudante, pertencendo à categorização estudantes, é previsível que adotemos a
categoria e comportamentos de 'estudante' - atuamos como estudantes.
- O papel é sentido como uma norma.
COMPORTAMENTO AÇÃO DIMENSÃO EMOCIONAL PERTENÇA
2. Identificação
3. Comparação
- Estamos permanentemente a compararmo-nos com outros grupos e estes uns com os outros.
- Isso permite-nos manter autoestima e a sensação de pertença.
- A necessidade de agrupamentos e rotularmos situações, objetos, indivíduos conduz a processos de
estereotipação.
- Intensificam-se as diferenças e as semelhanças de determinados indivíduos que consideramos pertencer a um
mesmo grupo.
Refúgio ou asilo, para DeNora, significa um espaço de retiro, físico ou virtual, que oferece segurança, proteção e
oportunidade de reparação e florescimento.
DeNora, Music asylums: welbeing through music in everyday life (2013)
Em Asylums (1961), Goffman desenvolve uma ideia de realidade como algo mais imprevisível e complexo do que no
seu livro The presentation of the self in everyday life (1956). Nem sempre os bastidores do teatro são o suficiente
para 'reparar' o indivíduo.
Reparar, segundo Goffman, passa muitas vezes por um processo 'regulatório'.
DeNora distingue dois tipos de comportamentos de refúgio, em relação à música: afastamento e remodelação.
Afastamento: usado numa perspetiva individual, numa tentativa de isolamento do mundo, criando refúgios que
'protegem' o sujeito de um cenário social que possa ser de alguma forma desconfortável, reservando um espaço para
a imaginação para a divagação e para recuperar os tempos e ritmos pessoais.
Ouvir música, jogar um jogo, ver televisão, escrever um diário, comer, beber, tomar drogas, e assim por diante.
Envolve um afastamento de outros e do ambiente.
É uma forma de pedido de asilo que implica fazer mudanças, passos para a criação de um lugar que possa ser mais
propício para o bem-estar e o florescimento. Isto pode envolver pintar uma sala, pôr música que os outros possam
ouvir, ou modificar a sua própria aparência.
Próxima aula
| Paisagem sonora
| Muzak
| Música ambiente/ambient music
| Musique d'ameublement
| Soundscape Composition
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(11/04/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:04 11 de abril de 2023
Aula passada
| (Continuação do tratamento de tópicos e conceitos, partindo do livro de Tia DeNora, Music in everyday life)
| O conceito de identidade como processo dinâmico (cf. Bauman 2004; Hall 1996 et al). Identidade social.
Categorização, identificação e comparação. A produção social de estereótipos.
| Papéis da música, através da escrita e prática, na construção da identidade, como estratégia de autoregulação e
sensação de pertença (DeNora).
| A minha música, a minha identidade. O modo como a música colabora na definição (e redefinição) identitária. (cf.
Cook 1998; DeNora 2000 et al).
| Conceito de refúgio (Asylums) para Tia DeNora, e estratégias de afastamento e reconfiguração. Music asylums:
welbeing through music in everyday life (2013). Ligação a Asylums de E. Goffman. Afastamento e remodelação
através do contacto com a música. A procura de bem estar e efeito físico e psicoacústico a partir da música, aspetos
terapêuticos.
Esta semana
1ª Parte
| Consciencialização da atividade sonora quotidiana, perspectivas teóricas. Níveis de escuta. Aspetos da produção
musical que usa a recolha e manipulação de elementos da paisagem sonora.
2ª Parte
| Fundações da SM.
PAISAGEM SONORA
Murray Schafer, 1933-2021 (Canadá)
The soundscape: the tuning of the world (1977)
[A paisagem sonora: a afinação do mundo]
| A importância de uma escuta atenta e consciente dos sons que envolvem os agentes no quotidiano, os que eles
próprios produzem, e as interações entre estes.
| As alterações do ambiente sonoro ao longo das eras - a necessidade de pensar como a sonoridade produzida pelos
indivíduos e natureza foi-se alterando ao longo das eras: a escuta é uma organização também histórica.
| A relevância de todos os sons (incluindo os que designamos por ruído) e do seu impacto no ambiente/sociedade.
| O incentivo do estudo/consciencialização das características dos ambientes sonoros/acústicos e dos seus impacto
sociais.
| A ideia da ilusão do 'silêncio'.
"A paisagem sonora é cada vez mais relevante na cultura contemporânea. É uma 'fotografia' de um lugar. Uma
radiografia ao seu carácter e atividade, simultaneamente disforme e amorfa, repleta de significados e subtilezas. Uma
transmissão complementar ao que a imagem retém e transporta. É, portanto, uma impressão única, tangível do lugar
a que pertence e, intrinsecamente, da sua história, das pessoas que o habitam, das suas relações. Contudo, o sistema
auditivo tende a ser colocado num nível de importância menor do que o da visão , principalmente porque o ato de
ouvir é processado sem esforço e despercebido".
(José Alberto Gomes, 17 de agosto de 2020, Público)
Sons do Porto
Uma cartografia sonora da região portuária do Rio de Janeiro
http://www.sonsdoporto.com/
Mapa sonoro do Douro
http://douro-mapasonoro.blogspot.com/p/s.html
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:05 11 de abril de 2023
| Muzak
- Quando falamos de muzak ou música de elevador trata-se de música pensada para integrar espaços públicos.
- George Owen Squier funda em Nova York a companhia Wired Music, que mais tarde se viria a chamar Muzak,
com a finalidade de produzir música para a publicidade e anúncios de serviço publico.
- A empresa ainda existe atualmente, fornecendo não só conteúdos sonoros, mas também visuais e olfativos.
https://us.moodmedia.com/
Possibilidades de musicar espaços públicos específicos.
Music for Office: 10 HOURS Music for Office Playlist and Music For Office Work
Elevator Music - Gaming Background Music 1 Hour
| Ambient Music
- Termo cunhado por Brian Eno, em 1978, num manifesto publicado com o álbum Music for Airports.
- Música como parte do ambiente, produzindo material que seja diferente do muzak, distanciando-se das
conotações negativas que este possa ter.
- Propõe-se criar um ambiente calmo e propício ao pensamento; pode ser alvo de vários níveis de atenção
auditiva - podemos ignorá-la ou ser o nosso foco de atenção.
| Soundscape Compositions
- Composições musicais que partem (…)
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(13/04/2023)
Aula passada
| Paisagem sonora, para Murray Schafer. O seu livro The Tuning of the world (1977). O conceito de Ecologia Acústica
e o modo como o estudo se prolonga e intensifica até aos nossos dias. O World Soundscape Project. A importância do
registo de preservação do som como património cultural imaterial.
| Exposição e análise de alguns casos: registo, organização e disposição de bases de dados sonoras de várias
paisagens; jornalismo sónico; percursos sonoros por Lisboa e o estudo da paisagem sonora portuguesa.
| Antes de M. Schafer: Erik Satie, Musique d'ameublement; a empresa Muzak; ambient music, na acepção de Brian
Eno; Soundscape Compositions. Exposição por parte de Martim sobre vários usos atuais da ideia de ambient music,
tal como o dark ambient.
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:09 13 de abril de 2023
Nas décadas de 1940 e 1950, teóricos como Paul Lazarsfeld (1946) examinam as indústrias musicais e os padrões de
públicos, problematizando a cultura de massas, a cultura juvenil e o conceito de desvio.
1951 | Com influências da Escola de Chicago e de Max Weber, Alfred Schütz problematiza a constituição social da
consciência subjetiva e objetiva nas relações de execução musical e de escuta publicando Fazer música em conjunto,
um estudo das relações sociais.
Nas décadas de 1960 e 1970 torna-se mais regular a publicação de estudos que estabelecem diversas abordagens às
práticas musicais 'em contextos' e podem já encontra-se referências cujo pendor sociológico e crítico é mais
desenvolvido.
1977 | Jacques Attali trata a música de um ponto de vista socioeconómico, procurando discutir o modo como esta
proporciona uma análise da sociedade. O autor identifica as mudanças de estatuto do músico, ao longo da história,
discutindo-o com instrumentos económicos e sociológicos.
A crescente atenção dada à investigação no campo da 'cultura popular' abre o campo à publicação dos primeiros
ensaios no campo da sociologia das músicas populares urbanas, que se expandem designadamente nos EUA, Grã-
Bretanha, Alemanha e Franças, mas não exclusivamente.
Veja-se o caso de Simon Frith, The sociology of rock (1978) e a sua produção subsequente. Posteriormente Andy
Bennet.
Pierre Bourdieu (A distinção) e Howard Becker (Mundos Artísticos) serão decisivos para as transformações operadas
na década de 1980.
Nota-se uma crescente incidência no papel do intérprete e do ouvinte nos estudos do domínio musicológico, como
determinantes na produção de significado de uma obra musical. A experiência musical é encarada como
cooperativa, colaborativa e contingente (cf. Becker, Bourdieu).
Os teóricos que começam a publicar nos anos 1980 e 90 são, em grande medida, responsáveis pelo modo como
reconhecemos hoje a disciplina e pela expressão que esta veio a conquistar ao longo das últimas décadas.
Nos últimos anos, a disciplina conhece uma expansão sem precedentes, graças (entre muitas outras) a publicações
como:
2015 | The Routledge Reader on the Sociology of Music, por John Shepherd e Kyle Devine (eds.).
2022 | Convergências musicais: gosto, identidade e mundo, Paula Gomes-Ribeiro et al.
2022 | The culture sociology of art and music - new directions and new discoveries, por Lisa McCormick (ed.).
2023 | The Routledge handbook to sociology of music education, de Ruth Wright et al.
2023 | Toward a sociology of music therapy: musiking as a cultural immunongen, de Even Rudd (ed.).
MAX WEBER (1864-1920)
| A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905) - como se desenvolve a sociedade moderna.
Enquanto Marx considera o capitalismo como a principal força da modernidade e Émile Durkheim a industrialização,
Max Weber põe o foco nos processos de racionalização e secularização, advogando uma abordagem mais subjetiva
(interpretativa).
Concentrando-se no processo histórico delimitado entre a Alta Idade Média Europeia e o século XVIII, o autor
examina as razões da transformação das sociedades 'tradicionais' em sociedades 'moderna'
Weber acredita que a sociedade ocidental reflete a tendência da racionalização no seu sistema - político, científico,
legal e comercial -, o que a fez desenvolver-se como uma sociedade moderna.
Associa-se à ideia de progressiva burocratização.
| À sua investigação sobre a música ocidental está inscrita no quadro analítico, conceptual e histórico das suas
investigações sobre o racionalismo ocidental moderno.
| A primeira parte do volume privilegia o lado formal da constituição dos sistemas sonoros/musicais, em que os
fatores históricos, e sobretudo sociológicos, atuam como coadjuvantes; a segunda parte, apresenta uma análise
predominantemente sociológica do desenvolvimento dos instrumentos musicais.
Relação entre transformação de meios técnicos, fatores económicos, desenvolvimentos artísticos e a organização de
mercados.
Relação direta entre o sentido da expressão artística e as condições da sua produção.
Notação
Weber assinala a sua importância na racionalização da música defendendo que apenas a "elevação da música
polivocal à condição de uma arte escrita produziu então verdadeiros 'compositores' e assegurou às condições
polifónicas do Ocidente, em oposição às de outros povos, duração repercussão e desenvolvimento continuado".
(Weber, p. 119)
A invenção da notação musical e a 'fixação' escrita da música [partitura], intensifica a especificidade cultural e
racional da música 'erudita'.
Instrumentos
Weber examina o processo de racionalização na construção dos instrumentos e a sua relevância nos planos da
criação, circulação e recepção musical. Aborda o violino, órgão, piano.
Weber discute o modo como o material sonoro foi racionalizado culminando, no ocidente, na afinação temperada.
O temperamento, a harmonia, o sistema tonal, constituem a grande realização do racionalismo ocidental
na esfera musical.
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(18/04/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:00 18 de abril de 2023
Gravação de áudio iniciada: 10:00 18 de abril de 2023
Aula passada
| Listen - um vídeo de Murray Schafer
| Fundações da Sociologia da Música.
| Transformação de paradigma social, económico e político com o fim do Antigo Regime e a instalação da Era
Moderna. Revoluções científica, industrial e política. A transformação do estatuto do músico (para profissional
liberal). A expansão do ensino da música. Desenvolvimento do concerto público.
| A importância de Max Weber nas fundações da disciplina da Sociologia da Música: Os fundamentos racionais e
sociológicos da música. A crescente racionalização da música a par da racionalização da sociedade. Instrumentos
musicais, temperamentos, notação, escrita musical e técnicas de composição e interpretação, na acepção de Weber,
como elementos estruturantes na produção musical e no processo de racionalização da música ocidental.
A escrita musical permitiu o desenvolvimento da figura do artista profissional e do virtuoso (no processo de
racionalização do material).
(25:00)
Weber, admirador de Wagner e de Nietzsche. Wagner como a encarnação contemporânea da face dionisíaca da
música, sobretudo Tristão, onde as esferas erótica e estética se uniam, onde a música (…).
Escola de Frankfurt/Instituto de pesquisa social
| Fundado em 1923, associado à Universidade de Frankfurt. Mas Horkheimer assume a sua direção em 1930.
| Com a expansão do Nazismo, os investigadores procuraram exílio nos EUA, concentrando-se na Universidade de
Columbia. Contacto com a realidade Norte Americana.
| Grupo de intelectuais que defende uma abordagem crítica à sociedade, procurando novos caminhos para o
desenvolvimento social. Adorno, Horkheimer, Marcuse, Walter Benjamin, Habermas são alguns dos seus elementos.
| A produção da Escola de Frankfurt entende-se como reação ao fascismo alemão e também aos fenómenos que os
seus teóricos consideram ser de alienação, consequentes das indústrias da cultura.
Teoria Crítica
| Num sentido estrito, é o projeto interdisciplinar anunciado por Max Horkheimer, posto em prática pelos membros
da Escola de Frankfurt e os seus sucessores. Estabelece uma crítica da sociedade e da cultura.
• A Teoria Crítica relê as teorias de Marx, e segue algumas ideias de Freud ou de Nietzsche, de Kant, Hegel e
pressupostos de Weber e Simmel, entre várias outras influências. É uma corrente anti-positivista.
- Procura emancipação do indivíduo.
• Este teóricos analisam as desigualdades, as estruturas de dominação, as características e impactos do
capitalismo, as indústrias culturais, a cultura, a arte, etc.
- Críticos do capitalismo e do socialismo soviético.
Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969)
Crítico musical, compositor e teórico (aluno de Alan Berg).
| 1932 - escreve Sobre a situação social da música.
| 1933 - deixa a Alemanha, dirigindo-se para Oxford, e em 1938, para NY, seguindo Horkheimer e o IPS.
| 1949 - regressa a Frankfurt.
Reflete sobre os modelos de escuta e os tipos de ouvintes (registo, captação, manipulação e reprodução do som).
Aborda compositores como Schoenberg, Mahler, Wagner, Strauss, Stravinsky, entre outros, por uma perspetiva
sociológica.
Incide sobre o papel dos media e da reprodução sonora (a rádio, como um novo eletrodoméstico; o gramofone - um
reprodutor de música como indicador de estatuto social).
Analisa o papel das indústrias culturais, numa perspetiva de reflexão crítica e não de sociologia empírica (segundo
ele, esta "não teoriza para além do já conhecido") - estabelece maioritariamente uma macrossociologia.
Jazz
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:20 18 de abril de 2023
Emancipação VS Alienação
Alienação
Segundo Marx, alienação é a perda de controlo por parte dos trabalhadores sobre a natureza e os produtos do seu
trabalho. A propriedade privada produz a alienação do operário, porque rompe a sua relação com o produto do seu
trabalho (que pertence ao detentor de capital). O trabalho (alienado), não realiza o homem, mas escraviza-o,
desumaniza-o.
(10:15)
O trabalho reduzido ao seu carácter abstrato ou alienado (perdendo-se a consciência da subjetividade nele
implicada), envolve fenómenos de fetichismo e reificação.
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(20/04/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:05 20 de abril de 2023
Indústria da cultura (Adorno)
- Integra e normaliza os consumidores. O cliente não é o sujeito, mas o objeto da indústria.
É a partir do momento em que o homem trabalha para outrem, que os materiais se tornam mercadorias, e que o seu
trabalho assume uma forma social, residindo aqui o seu caráter fetichista que será transferido para as próprias
mercadorias.
Modernidade, consumo e fetichismo
• Paralelo entre a troca de mercadorias no capitalismo atual e a prática arcaica do sacrifício
• A 'novidade' e o 'fetichismo' da 'imagem de marca' como 'incorporações do arcaico' na modernidade
capitalista.
• Perda de liberdade num mundo tecnicizado e racionalizado - alienação.
• Equivalência entre civilização moderna e barbárie (crítica do progresso).
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:52 20 de abril de 2023
\ O cinema e a rádio não precisam de se apresentar como arte. A verdade é que não passam de um negócio, eles
sustentam ideologias destinadas a legitimar o lixo que propositadamente produzem. (p. 114)
\ O filme propõe ao espectador que o identifique imediatamente com a realidade. (…) atrofia da imaginação e da
espontaneidade do consumidor cultural (…).
\ Cada filme é um trailer do filme seguinte, que promete reunir mais uma vez sob o mesmo sol exótico o mesmo par
de heróis. (p. 153)
[Dialética do Esclarecimento]
| A indústria cultural decorre da sociedade capitalista e reproduz a sua ideologia e estrutura. Mercantilização de
artefactos culturais.
| Disponibiliza produtos configurados pelos meios de comunicação de massas.
| O consumo massificado promove a alienação e a desumanização do consumidor.
"O consumidor não é rei, como a indústria cultural gostaria de fazer crer, ele não é o sujeito dessas indústrias, mas o
seu objeto."
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(27/04/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:07 27 de abril de 2023
O ATO MUSICAL ENQUANTO DESVIO: UMA INTRODUÇÃO À OBRA
OUTSIDERS: STUDIES IN THE SOCIOLOGY OF DEVIANCE (1963) DE HOWARD S. BECKER
(André Malhado, Investigador do CESEM)
andreadnmalhado@gmail.com
O que é o desvio?
- Até que ponto é que existem critérios gerais, homogéneos ou abstratos para avaliar os desvios em todos os
contextos?
- Becker altera ligeiramente a abordagem (interacionismo - existem interações particulares para determinados
espaços e existem critérios para cada contexto) para estudar, numa pesquisa de campo, o que é o desvio.
"All social groups male rules and attempt, at some times and under some circmstances, to enforce them. Social rules
define situations and the lands of behavior approprate to them, specifying some actions as 'right' and forbidding
others as 'wrong':" (Becker 1963, 1)
| Regras: leis, acordo informal, 'tradição' - as regras que nos interessam agora são as que são mantidas através dos
atos que reforçam o que é 'aceite/certo' para um grupo social, e punem/rejeitam o que o outro grupo faz de
'errado/é um desvio'.
O desvio não é algo que se tem, é uma atribuição.
DETROIT
Mercado da música
| Músicos humanos - concertos ao vivo
| Músicos androides - concertos virtuais
Indústrias da música
• Na edição "All-android band tipped for music prize", é-nos apresentado que existe um mercado musical,
▪ 95% da música é feita por androides
▪ 5% da música é feita por humanos
• Here4u e outros músicos androides levam a uma "erosion of artist merit in music".
• As tecnologias digitais são mais baratas, seguras e sem complicações (alteração no paradigma da escuta).
• A música deixa de ser experienciada em grupo.
• A música Baz Budd dos Break the Wall, uma das primeiras bandas que irá recuperar "performing in front of a
live audience and getting na immediate reaction will be mind-blowing. This is what music is supposed to be all
about. The hype, the appplause, the screams… You just don't get that sitting on your sofa".
• "Real music is when it's vibrating through your soul, surrounded by people who are experiencing the same
thing".
• Estudo de comunidades de músicos que tocam em contextos de dança.
• Conflito entre sistemas sociais de crenças:
▪ Músicos de jazz versus músicos de contextos de dança;
▪ Músicos de contextos de dança versus 'square' (amadores).
Michel Foucault
O discurso é mais que linguagem, é tudo aquilo que forma aquilo que se nomeia; o discurso tem que ver com o valor
atribuído à linguagem e ao seu contexto no espaço e no tempo.
"The musician thus sees himself as a creative artist who should be free from outside control, a person different from
and better than those outsiders he calls squares who understand neither his music nor his way of life and yet because
of whom he must perform in a manner contrary to his professional ideals." (1963, 1)
"We have seen thow the process by which rules are enforced varies in different kinds of social structures" (1963, 129)
| Processo:
Valores (129) -> regra específica, com dados qualificadores e respetivas exceções (133) -> atos de reforço ao
longo do tempo
Types of Deviant Behavior
Obedient Behavior Rule-breaking Behavior
Perceived as deviant Falsely accused Pure deviant
Not perceived as deviant Conforming Secret deviant
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(02/05/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:11 2 de maio de 2023
Aulas passadas e próximas aulas
| Theodor Adorno, a Escola de Frankfurt e a Teoria crítica perante o desenvolvimento das indústrias da música, entre
as quais o mercado discográfico, os êxitos musicais e o estrelato.
| Howard Becker, Outsiders, o desvio, as regras e as normas, aplicado à análise da presença da música num
videojogo.
Gosto musical; Comunidades de apreciação; Amadores de música
Adorno e outros autores identificam o que consideram ser um declínio ou regressão do gosto musical.
• Situação que se associa à expansão das indústrias culturais e da objetificação da música e dos produtos
artísticos e culturais.
Hebert Gans argumenta, em 1974, que não se podem encarar os consumidores de cultura como uma massa
uniforme e enfatiza a sua diversidade: taste cultures (culturas de gosto).
• Comunidade que se reúne em torno de gosto musicais determinados.
Pierre Bourdieu (1930-2002)
'O QUE É RELACIONAL?'
| Conceitos centrais no seu discurso:
- Poder simbólico
- Campo
- Habitus
- Capital
1. Bourdieu argumenta que o gosto musical é um dos fatores que ajudam a definir a posição social de um
indivíduo na sociedade.
2. Usa o termo "distinção" para se referir ao modo pelo qual as pessoas tentam distinguir-se socialmente, por
meio do consumo de bens culturais como a música.
3. Argumenta que o valor de uma obra musical não é intrínseco à obra, sendo esta produto das relações sociais
associadas ao seu consumo.
4. Descreve como o gosto musical é constituído socialmente, por meio da exposição a diferentes tipos de música
em diferentes contextos sociais.
5. Argumenta que o gosto musical é fortemente influenciado pela posição social de uma pessoa, e que indivíduos
de diferentes classes tendem a ter gosto musicais distintos.
6. Descreve uma hierarquia dos gotos musicais, na qual os gostos considerados "eruditos" são valorizados.
7. A distinção entre "gostos populares" e "gostos cultos" não é inerente à música, mas sim a uma construção
social.
8. O gosto musical é um tema político importantes, uma vez que as hierarquias culturais por ele refletidas têm
implicações para a distribuição de poder e recursos na sociedade.
Segundo Pierre Bourdieu,
| A posição do agente define-se na distribuição de poderes que atuam em cada campo.
| Capital económico, social e cultural.
| O capital simbólico determina a posição social dos indivíduos na sociedade. Prestígio, honra, reconhecimento.
Capital Cultural
Cultural Capital
"A cultura que une é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima distinções compelindo
todas as culturas a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante."
(Bourdieu, 2010:11)
| A acumulação de conhecimento/informação cultural confere poder e prestígio. Integra e distingue.
Hannah and Her Sisters (Woody Allen, 1986) - Michael Caine [sub. español]
"Podemos determinar tão infalivelmente a classe social de pertença ou se se quiser a 'classe' ('ele tem classe') a partir
das músicas preferidas (ou simplesmente, das emissões de rádio ouvidas) como a partir dos aperitivos consumidos,
Pernod, Martini ou whisky."
(Bourdieu, A origem e a evolução das espécies de melómanos)
Richard Peterson
| Omnivorosidade cultural - cada vez mais o consumidor vai-se tornar mais eclético ["camaleônico"];
| O conceito refere-se a um perfil de gosto que cruza géneros musicais outrora atritos a diferentes estratos socio-
económicos.
| Segundo o autor, o perfil emerge em finais do século XX, na sequência de alterações de larga escala nas esferas
política e socieconómica.
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(04/05/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 09:58 4 de maio de 2023
Aula passada
| Gosto musical, comunidades de apreciação, cena musical, amadores de música
| Perspectivas de T. Adorno, H. Gans, P. Bourdieu, R. Peterson
| Hierarquização e estratificação social através da posse de capital cultural, simbólico e/ou social
Antoine Hennion e Andy Bennet
| Antoine Hennion (1952-)
• Estudo do gosto musical, musicologia do gosto
• Mediações e intermediários
• Formação das ligações à música ao longo das épocas
• Amadores de música, gostar de música - comunidades de fãs
Bruno Latour
| A forma como os humanos não só se relacionam entre si, mas como se relacionam com os objetos e o impacto que
isso tem dimensão social do ser humano
| A forma como os humanos não só se relacionam entre si, mas como se relacionam com os objetos e o impacto que
isso tem dimensão social do ser humano
Relação entre objeto 'gostado'/'apreciado' e 'amadores/'apreciadores'
Mediação Musical
| Processos de relacionamento entre os diversos atores envolvidos no processos, incluindo os próprios equipamentos
e meios.
Antoine Hennion defende que gosto é uma atividade, um circunstância 'performativa', mutável ao longo da
vida.
"Um ato que que envolve, transforma e é sentido" (Hennion 2005, 133) e não algo que pode corresponder
identidade social fixa.
Argumenta também que o gosto é uma produção coletiva, que influencia na nossas comunicações e que
depende das relações entre vários atores do próprio objeto em apreciação e de saberes prévios.
Mediação
"Entendo a obra de arte [a obra musical] como uma mediação, o que significa ter em conta a obra em todos os
detalhes dos gestos, corpos, hábitos, materiais, espaços, linguagens e instituições que a habitam. Sem esta
acumulação de mediações - estilos, gramáticas, sistemas de gosto, programas, salas de concertos, escolas,
empresários, etc - não se manifesta a obra de arte."
(Antoine Hennion 2012)
Cena Musical Local
| Agregados de músicos, espectadores/fãs e outros produtores partilham comportamentos e gostos musicais,
formando uma comunidade que se diferencia de outras. O estilo e comportamentos sociais contribuem para a
definição destas comunidades. Associam-se a uma localização geográfica específica.
Cena Musical Translocal
| Uma cultura musical dispersa por vários pontos geográficos. Partilha de valores, traços de identidade e estética
sonora e por vezes visual, nomeadamente através dos media, que permite que sejam replicados em todo o mundo.
| Estes grupos, deslocados geograficamente, podem eventualmente manter contacto entre si e até criar eventos
onde se juntam e reforçam os seus valores e traços de identidade.
| Bennet e Peterson referem como exemplo as comunidades de fãs dos Beatles.
Cena Musical Virtual
|
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 11:11 4 de maio de 2023
[…]
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(09/05/2023)
SOCIOLOGIA
DA MÚSICA
Gravação de áudio iniciada: 10:11 9 de maio de 2023
Gravação de áudio iniciada: 10:11 9 de maio de 2023
GÉNERO
| Simone de Beauvoir
Modelos de pensar e agir e sentir todos por 'masculinos' ou 'femininos' como naturalização de comportamentos,
convenções, modelos ideológicos.
| Categoria socioculturalmente construída de 'género'.
O conceito de género, como construção social e cultural, envolve uma série de fatores - comportamentos, vestuário,
postura, escolha de profissão, relacionamento social.
Fazer género
Produção da ideia de género com indicadores reconhecíveis por outrem.
| Homem/Mulher: binarismo de género; heteronormatividade.
Problematização da heteronormatividade como discurso naturalizado e estruturador de modos de comportamento,
relacionamento, organização institucional.
1990 | Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity (Subversive bodily acts, IV Bodily Inscriptions,
Performative Subversions), New York. Routledge
De acordo com Judith Butler: "O corpo torna-se género através de uma série de atos que se renovam, reveem e
consolidam através do tempo. Essa repetição é, inevitavelmente, uma reencarnação e uma reexperienciação de
significados socialmente estabelecidos."
O género atua, entre outros indicadores, como performance da identidade, mutável e sistema de poder.
Na música
| As manifestações musicais como objetos de estudo de género.
| As relações de poder baseadas no género e a sua influência na prática, compreensão e organização da música nas
sociedades ocidentais.
| A música como discurso genderizado.
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(16/05/2023)