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mETODOLIA PESQUISA CIENTIFICA - FARMAT
mETODOLIA PESQUISA CIENTIFICA - FARMAT
DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES
editorafamart@famart.edu.br
TUTORIA ONLINE
Segunda a Sexta de 09:30 às 17:30
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 4
2 PRINCIPAIS ERROS E DIFICULDADES NA PRODUÇÃO DO TCC....... 5
2.1 Título......................................................................................................... 5
2.2 Problematização ...................................................................................... 5
2.2.1 Viabilidade ................................................................................................. 6
2.2.2 Especificidade ........................................................................................... 6
2.2.3 Diálogo com outros itens ........................................................................... 6
2.3 Afirmações sem dados científicos ........................................................ 6
2.4 Objetivo geral .......................................................................................... 6
2.5 Paradigma de pesquisa .......................................................................... 7
2.5.1 Qualitativo ................................................................................................. 7
2.5.2 Quantitativo ............................................................................................... 7
2.5.3 Mista .......................................................................................................... 8
3 TIPOS DE PESQUISA .............................................................................. 9
3.1 Pesquisa Bibliográfica ............................................................................ 9
3.2 Pesquisa Teórica ................................................................................... 10
3.3 Pesquisa Documental ........................................................................... 11
3.4 Pesquisa de Campo .............................................................................. 11
4 INTRODUÇÃO À PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA ......... 12
4.1 A pesquisa quantitativa ........................................................................ 12
4.1.1 O questionário de perguntas fechadas .................................................... 13
4.1.2 Amostragem ............................................................................................ 13
4.2 A pesquisa qualitativa ........................................................................... 14
4.2.1 Etnografia ................................................................................................ 14
4.2.2 História Oral e História de Vida ............................................................... 16
4.2.3 Estudo de Caso ....................................................................................... 17
4.2.4 Grupo focal .............................................................................................. 19
4.2.5 Pesquisa-ação......................................................................................... 20
5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................................... 21
5.1 Entrevistas abertas ............................................................................... 21
5.2 Observação ............................................................................................ 22
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 28
METODOLOGIA E PESQUISA CIENTÍFICA
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2 PRINCIPAIS ERROS E DIFICULDADES NA PRODUÇÃO DO TCC
2.1 Título
Esse item é o primeiro contato que o leitor tem com o texto. Ele precisa
exprimir, fidedignamente, as principais intenções do autor. Pode-se até colocar
um título provisório para iniciar o trabalho, mas é necessário que, ao final da
produção do texto, o discente se debruce sobre o referido título para verificar o
diálogo com o resto do trabalho. Ou seja, o título precisa estar dialogando com
as intenções do texto. Existe uma vertente teórica contemporânea da área da
metodologia que defende que o título necessita apresentar três itens: Tema,
objeto de pesquisa e método. Por exemplo, em uma pesquisa que tem como
objeto a importância da docência na educação especial, podemos apresentar o
título assim: Docência e educação especial: um estudo teórico sobre a
importância do professor na aprendizagem de discentes com necessidades
especiais (FLICK; CRESWELL, 2012).
2.2 Problematização
Muitos discentes não levam esse item muito a sério. Na verdade, poucos
apresentam a problematização em seu texto. Como afirma a pesquisadora Eva
Maria Lakatos (2004), a mola propulsora de um trabalho científico é a pergunta
que se quer responder. Isto é, uma pesquisa cientifica não se inicia pela escolha
de um tema aleatório, mas por uma pergunta que se formula em determinado
momento. O que move uma pesquisa, é a resposta de uma determinada
pergunta e/ou problema. Flick (2012), apresenta algumas reflexões para a
produção do problema:
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2.2.1 Viabilidade
2.2.2 Especificidade
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de forma didática, se faz presente no esclarecimento das intenções no texto. Não
esqueça de apresentá-lo em seu trabalho.
2.5.1 Qualitativo
2.5.2 Quantitativo
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2.5.3 Mista
Muito bem! Vimos até aqui, os principais erros que os discentes cometem
na produção do TCC. Agora, iremos para a segunda parte da apostila, ou seja,
iremos trabalhar alguns métodos de pesquisa. Vamos lá?!!
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3 TIPOS DE PESQUISA
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comunicação oral, como rádio, audiovisuais, etc. Tem como característica
trabalhar com fontes secundárias, ou seja, analisa trabalhos que já foram
publicados e dados que também já foram analisados por outros pesquisadores.
É importante ressaltar que qualquer pesquisa de campo, seja ela qualitativa ou
quantitativa, depende, em primeiro lugar, de um trabalho minucioso de pesquisa
bibliográfica. É ela que mostrará ao pesquisador o seu ponto de partida, ou seja,
para o campo científico não é interessante apresentar o “mais do mesmo”, é
fundamental que um trabalho científico avance e desenvolva a temática
proposta.
Muitos alunos confundem a pesquisa bibliográfica com a pesquisa teórica.
São dois métodos literários que utilizam a revisão de literatura como instrumento
de coleta de dados. No entanto, os dois métodos contem focos de abordagem
diferentes. A pesquisa bibliográfica tem como foco análise de resultados de
pesquisa, ou seja, seleciona um número “x” de pesquisas (de acordo com o
objeto de pesquisa) e analisa os resultados que os trabalhos alcançaram, para
verificar os avanços alcançados com determinada temática. Todo campo
cientifico utiliza-se desse método para verificar as temáticas que foram
abordadas e os avanços que determinada área cientifica construiu. Percebe-se
que é um método que não foca no autor, mas no trabalho em si. Diferente da
pesquisa teórica que veremos agora.
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pesquisa, ao contrário, busca-se analisar e/ou abordar conceitos, discussões e
reflexões gerais sobre determinadas temáticas.
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4 INTRODUÇÃO À PESQUISA QUANTITATIVA E QUALITATIVA
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4.1.1 O questionário de perguntas fechadas
4.1.2 Amostragem
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4.2 A pesquisa qualitativa
4.2.1 Etnografia
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etnográfica na ação cotidiana, ou seja, as características de uma cultura são
estudadas na ação dos sujeitos inseridos em seu modo diário de convivência
e/ou interação com o outro. Dentro desse novo contexto em que o pesquisador,
mais precisamente, o etnógrafo se encontra, é importante salientar que as
condições propícias para a coleta de dados se fazem na interação e, sobretudo,
na forma como o pesquisador se relacionará com os sujeitos pesquisados. Isso
significa afirmar que, diferentemente das pesquisas de cunho quantitativo - em
que as variáveis são manipuladas a fim de identificar as relações entre elas, ou
seja, o pesquisador tem um controle de seu objeto – os fenômenos sociais e os
acontecimentos que caracterizam uma determinada cultura, não são controlados
pelo etnógrafo, assim, os dados que tanto o pesquisador de “campo” almeja
alcançar serão construídos no cotidiano, nas relações e na postura que o
etnógrafo terá frente aos fenômenos e acontecimentos sociais e culturais. Dessa
forma, é papel do etnógrafo, nas palavras de Malinoviski (1984), “determinar, no
campo, as regras e as regularidades da vida tribal; tudo que é permanente e fixo;
descrever a anatomia de sua cultura; retratar a constituição de sua sociedade.”
Pode-se afirmar que, é no cotidiano que vão surgindo às oportunidades que o
pesquisador precisa para delinear as características peculiares que o autor tanto
salienta.
Assim, a etnografia, como método singular, tende essencialmente a
descrever a cultura do outro, ou como prefere Angrosino (2009), a “descrição de
um povo”. Essa característica aponta para uma outra funcionalidade do método,
isto é, a sua abordagem é sempre coletiva, ela não lida e/ou analisa indivíduos
na sua ação particular. Sua intencionalidade refere-se à tentativa de entender a
organização de grupos que, como afirma Malinoviski (1984), “deve cobrir de
modo sério e sóbrio toda a extensão dos fenômenos em cada aspecto da vida
tribal”, atribuindo tanta importância aos fatos rotineiros e banais, quanto àqueles
que chamam a atenção por serem surpreendentes e estranhos.
De forma complementar, Hammersley e Atkinson (2007), definem a
etnografia como uma empresa textual, porém esses textos devem relatar a
realidade como ela se apresenta na visão do pesquisado, colocando os atores,
as situações, as manifestações como elas se apresentam, sem perder de vista
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que esta vertente metodológica busca entender os significados dos eventos na
perspectiva do sujeito e não do pesquisador. Claro que isto não remete à
neutralidade tão defendida pelos positivistas, mas salienta a importância de o
pesquisador conhecer o significado local da ação. Isso permite afirmar que o
etnógrafo necessita buscar e/ou obter, o que o antropólogo americano Geertz
(1989) chamou de Descrição Densa, ou seja, uma descrição detalhada dos
eventos ocorridos no campo de pesquisa, considerando gestos, olhares, tom de
voz, as interações, etc. No livro Interpretação das Culturas, Geertz (1989),
exemplifica a descrição densa trazendo a ideia da piscadela, ou seja, a
comunicação corporal praticada pelos sujeitos pode dizer tanto quanto o
discurso falado, uma piscada, por exemplo, pode ser encarada tanto como um
tique nervoso, quanto como uma forma de comunicação:
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Oral e Educação: tecendo vínculos e possibilidades pedagógicas, salientam três
características fundamentais da História Oral, em particular, a História de Vida.
O primeiro diz respeito ao debate entorno da ideia de Verdade histórica,
ou seja, a história oral contribui para a problematização do conceito de Verdade,
ou seja, a ideia de verdade hegemônica dos fatos históricos, defendida pelo
historicismo alemão, é repensada a partir do momento que a história oral propõe
a valorização da memória dos sujeitos, que até meados do século XX, eram
desconhecidos pela historiografia. O segundo refere-se à valorização das
práticas culturais e cotidianas, isto é, o uso da história oral nas pesquisas
propicia o uso não somente das entrevistas abertas ou semiabertas, formais ou
informais, mas permite que o olhar seja estruturado como parte da pesquisa e
da compreensão das relações que os sujeitos incorporam nas suas práticas
corporificadas no cotidiano vivenciado por eles. O terceiro, e último aspecto, diz
respeito à afirmação que a pesquisa é um encontro sócio antropológico, é uma
relação intersubjetiva entre sujeitos que falam e ouvem, que sentem e pensam.
Nesse sentido, para as autoras, cabe ao pesquisador a busca da
espontaneidade, pois se trata de um encontro entre sujeitos, com diferentes
registros culturais e temporários, que exige do pesquisador um permanente
exercício de alteridade. A natureza da pesquisa etnográfica também pressupõe
essa preocupação com o outro, essa busca em transformar a relação
verticalizada do pesquisador/pesquisado, na horizontalidade das relações
sociais face a face, como afirma o sociólogo americano Goffman (1967).
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apontando questões ou hipóteses sobre os fenômenos estudados;
c) Auxiliar na avaliação de programas;
d) Analisar o comportamento individual, ajudando a compreender como um
programa afeta os indivíduos.
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4.2.4 Grupo focal
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mesa, em lugar silencioso.
4.2.5 Pesquisa-ação
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5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
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aborrecimento, uma invasão.” Pensando no trabalho do etnógrafo, a entrevista
deve ser também, como afirma Seale (1999), vista como um bom recurso e/ou
oportunidade para realizar a observação direta, ou seja, o que acontece durante
a entrevista em si é de interesse do pesquisador. O silêncio, a agitação, o
nervosismo, a risada, o choro, enfim, tudo tem que ser observado e descrito,
como diz Geertz (1989), em um processo de descrição densa.
Existem dois momentos na entrevista fundamentais para que o
pesquisador tenha “sucesso” na sua coleta de dados. O primeiro diz respeito ao
contato inicial, o que Angrosino (2009) chama de Gelo Inicial, ou seja, a forma
como o pesquisador se apresentará ao entrevistado, pois esse sabe de seu valor
e tem o pesquisador numa relação de igual para igual. Nessa interação de poder,
o entrevistado pode decidir se quer ou não contribuir com o entrevistador. A
forma que o pesquisador, em particular, o etnógrafo, irá se apresentar,
fornecendo dados sobre sua pessoa, a instituição que está representando, e,
sobretudo, os objetivos da pesquisa, irão contribuir para o direcionamento da
pesquisa, mais precisamente, da entrevista. O segundo diz respeito ao que a
pesquisadora Szymanski (2011) chama de Aquecimento, isto é, o papel do
etnógrafo em criar um clima mais informal para a entrevista. É a partir dessa
informalidade que o entrevistado se deixa levar pela entrevista e que se obtém
os dados que se consideram necessários. Segundo Angrosino (2009), as boas
entrevistas se caracterizam pelo fato de os sujeitos estarem à vontade de falarem
livremente sobre seus pontos de vista. Ainda para o autor, as boas entrevistas
produzem uma riqueza de dados, recheadas de palavras que revelam as
perspectivas de correspondentes.
5.2 Observação
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reconhecendo e alertando os pesquisadores para o que o sociólogo francês
Bourdieu (2004) chama de Vigilância Epistemológica, ou seja, precisa estar
atento para que suas visões de mundo, seus preconceitos não atrapalhem as
análises e, sobretudo, as interações propostas no campo de pesquisa. Isso
significa afirmar que a pesquisa não é realizada isolada da sociedade e da
biografia do pesquisador, nesse sentido, a problemática da Reflexividade nos
traz a questão do grau de influência que a presença do observador pode causar,
modificando o contexto e mesmo a situação a ser observada.
É possível eliminar toda a influência do pesquisador no campo? Na
tentativa de responder essa questão, o pesquisador Vianna (2007), propõe a
distinção entre a observação casual e a observação científica. Para o autor, a
diferença centra-se no fato de que a observação científica procura coletar dados
que sejam válidos ou confiáveis, a partir de objetivos, metodologias e teorias
estruturando e direcionando a pesquisa de campo. A observação científica
direciona o observador para o que realmente deve ser observado. Essa ação de
ir ao campo já estabelecido de suas intenções contribui também na reflexividade,
na forma como o pesquisador deve se postar e interagir com os sujeitos
estudados. Como afirma a pesquisadora Gatti (2012), só se aprende a pesquisar
pesquisando, ou seja, somente nas interações no campo de pesquisa, o
observador conseguirá entender e/ou compreender a forma como deve buscar
respostas para suas indagações. Essa reflexividade proposta por Hammersley e
Atkinson (2007), contribui para o entendimento e enriquecimento de que o
antropólogo DaMatta (2010) chama de “transformar o exótico em familiar e
transformar o familiar em exótico”. Como premissa do trabalho do etnógrafo, a
necessidade do distanciamento e do estranhamento na pesquisa, se impõem de
maneira definitiva. E como salienta o antropólogo DaMatta (2010), o trabalho de
campo se investe de um tipo de rito de iniciação na formação do pesquisador. E
deste rito o “estranhar o familiar para torná-lo estranho”, é parte fundamental.
Nesse sentido, a etnografia contribui para a valorização do que Rockwell e
Ezpeleta (2007), chamam de “não-documentado”. Ela proporciona a
possibilidade do pesquisador não só observar diretamente o objeto de estudo,
mas participar de forma efetiva nas interações sociais presentes no campo de
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pesquisa. Assim, ao se vestir a “capa do etnógrafo”, no que se refere à
observação, o pesquisador necessita, a partir da reflexividade de sua pesquisa
e, sobretudo, de sua compreensão da dimensão do contato com o outro, de
realizar o diálogo desses dois universos propostos por DaMatta (2010). Partindo
da história da Antropologia, o primeiro movimento “transformar o exótico em
familiar”, constitui a natureza da disciplina antropológica, onde na origem da
Etnografia, a partir da contribuição dos antropólogos Franz Boas (1858-1942) e
Malinowski (1884- 1942), encontram-se a busca em compreender as sociedades
e culturas totalmente diferentes e distantes da que os pesquisadores estavam
situados. O segundo movimento, para Damatta (2010), encontra-se no momento
presente da antropologia, onde está se volta para a nossa própria sociedade,
num movimento semelhante a um auto exorcismo, pois já não se trata mais de
depositar no selvagem africano o mundo das práticas primitivas que se deseja
objetificar e inventariar, mas de descobrir em nós, nas nossas instituições, na
nossa prática política e religiosa.
A reflexividade presente nesses movimentos propostos por Damatta
(2010), contribui para pensarmos o papel fundamental em que se encontra a
observação no trabalho de campo. A observação etnográfica é desenvolvida na
integração pesquisador e “nativo” a partir das situações da vida cotidiana. Esse
contato diário e as interações que vão 30 envolvendo o pesquisador com os
sujeitos observados, favorecem o estreitamento de laços que,
consequentemente, contribuirão para as análises reflexivas do pesquisador, no
que diz respeito ao diálogo entre os dois movimentos “transformar o exótico em
familiar e o familiar em exótico”. Como afirma Angrosino (2009), a observação
etnográfica é um processo de aprendizagem por exposição ou por envolvimento
nas atividades cotidianas ou rotineiras de quem participa no cenário da pesquisa.
Esse processo de aprendizagem tanto se refere ao pesquisador quanto ao
observado, uma vez que é ingênua o pesquisador imaginar que o processo
inverso também não aconteça, ou seja, do observado se transformar em
observador. Vários exemplos clássicos já foram retratados pelos antropólogos,
como por exemplo, o relato consistente da chegada de Geertz (1989) na ilha de
Bali, para estudar a Briga de Galos. A sua observação preliminar de perceber
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que estava se transformando em um sujeito invisível frente aquela comunidade
nos diz e exemplifica a inversão do movimento observador/observado. Nesse
debate, Angrosino (2009), contribui para pensarmos a funcionalidade da
observação participante para a pesquisa etnográfica. Para ele, o observador
participante deve possuir as seguintes qualidades: habilidades linguísticas, pois
os diferentes grupos têm a sua própria gíria; consciência explícita, ou seja, ficar
consciente dos detalhes das relações que a maioria das pessoas deixam fora de
sua observação; uma boa memória, porque nem sempre é possível registrar a
observação no próprio local. Essas qualidades propostas por Angrosino (2009)
contribuem para pensarmos as interações entre pesquisador e pesquisado, ou
melhor, entre observador e observado, na medida que denota a importante
reflexão da postura do pesquisador no campo. Nesse sentido, um pesquisador,
em particular, um etnógrafo que se encontra no campo, deve ficar consciente de
quatro questões básicas sugeridas por Selltiz, citado por Vianna (2007), O que
deve ser efetivamente observado? Como proceder para efetuar o registro dessas
observações? Quais os procedimentos a utilizar para garantir a validade das
observações? Que tipo de relação estabelecer entre o observado e observador?
Essas questões nos levam novamente a dicotomia entre observação casual e
observação científica. Vianna (2007) lembra que a observação casual, isto é, do
senso comum é caótica, muitas vezes inexata e omissa, comprometendo a
observação de fatos e acontecimentos. Nas literaturas científicas, no que se
refere ao tema das metodologias de pesquisa, é de práxis distinguir dois tipos de
observação. A primeira chamada Observação Estruturada, diz respeito às
observações que ocorrem em laboratórios e, em geral partem de hipóteses, que
são testadas, a partir de instrumentos padronizados. A segunda, normalmente
chamada de Observação semiestruturada traz em seu bojo a possibilidade de o
pesquisador integrar a cultura dos sujeitos observados e ver o mundo, na
perspectiva dos sujeitos em processo de observação. O principal objetivo dessa
forma de observação é descrever, no ambiente natural dos observados, o que
acontece, como as pessoas se envolvem e se interagem, “o contexto em que a
ação acontece e o que se segue a partir dele” conforme explica (Hammersley e
Atinkson, 1994). Esse tipo de observação oferece a liberdade do pesquisador de
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se relacionar e acompanhar o dia a dia dos sujeitos pesquisados. As interações
precisam ser as mais naturais possíveis para que os sujeitos observados não
mudem, de forma artificial, a sua forma de agir e que consigam estreitar os
universos propostos por Damatta (2010), ou seja, de “transformar o exótico em
familiar e o familiar em exótico”.
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ENCERRAMENTO
27
REFERÊNCIAS
REIS, José Carlos. Escola dos Annales: a inovação em história. 2.ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2004.
SEALE, Clive. Quality in qualitative research. In: Quality Inquiry, v.5, n.4, p.
465-478, 1999.