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Trabalho de

Conclusão de Curso I
Profa. Dra. Ana Amélia Furtado de Oliveira
1ª Edição
Gestão da Educação a Distância
Cidade Universitária - Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br
0800 283 5665

Todos os direitos desta edi-


ção ficam reservados ao Unis
- MG.
É proibida a duplicação ou
reprodução deste volume (ou
parte do mesmo), sob qual-
quer meio, sem autorização
expressa da instituição.
Autoria

Profa. Dra.
Ana Amélia Furtado de Oliveira

Mestre e doutora em Estudos Linguísticos na área “Análise de Línguas de Especialidade” pela


UNESP de São José do Rio Preto. Formada em Letras com Bacharelado em Tradução (portu-
guês-francês) pela mesma instituição e em Licenciatura em Letras-Português pelo Centro Uni-
versitário do Sul de Minas. Atua como professora universitária nesta instituição desde 2011.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3635809359841101


OLIVEIRA, Ana Amélia Furtado de. Trabalho de Conclusão de Curso

I. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2020.

80 p.

1. Pesquisa acadêmica. 2. Metodologia científica. 3. Projeto de pes-


quisa.

Unis EaD
Cidade Universitária – Bloco C
Avenida Alzira Barra Gazzola, 650,
Bairro Aeroporto. Varginha /MG
ead.unis.edu.br

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Olá, sejam bem-vindos à disciplina de Orientação ao Trabalho de Conclusão de Curso 1!
Hoje em dia, e em qualquer área, não há como um profissional não se manter atualiza-
do. É preciso que a pesquisa seja uma constante e que os estudos sigam adiante.
A disciplina de Orientação ao TCCI abre o universo da pesquisa acadêmica ao estudan-
te, ajudando-o a se valer de seus resultados para solucionar questionamentos profissionais e
acadêmicos.
Além disso, incentiva-o a fazer ciência e a reportá-la de acordo com os métodos e regras
que vigoram, fato esse que se torna inevitável caso continue os estudos de pós-graduação.
A disciplina de Orientação ao TCCI permite, ainda, colocar em prática a teoria aprendida
nas disciplinas, o que contribui ainda mais para a formação do profissional.
Vamos começar?

Bons Estudos!!
Profa. Dra. Ana Amélia Furtado de Oliveira
Ementa
O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) se constitui numa atividade acadêmica
de sistematização do conhecimento sobre um objeto de estudo relacionado à
profissão ou ao curso, desenvolvida mediante supervisão, orientação e avaliação
docente, cuja exigência é um requisito essencial e obrigatório para a obtenção
do diploma.

Orientações
Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.

Palavras-chave
Pesquisa acadêmica; Metodologia científica; Projeto de pesquisa.
Unidade I - A Pesquisa Acadêmico Científica 11
1.1. Definindo ciência 11
1.2. ABNT e Formatação 13
1.3. Escrita acadêmica 20
1.4. Algumas dicas de português 27

Unidade II - O Projeto de Pesquisa 32


2.1. O projeto de pesquisa 32
2.2. Identificação da temática a ser pesquisada 35
2.3. Introdução do projeto 36

Unidade III - Metodologia 48


3.1. Métodos 50
3.2. Abordagens 51
3.3. Coleta de dados 52
3.4. Técnicas de pesquisa 54

Unidade IV – A Pesquisa Bibliográfica 60


4.1. A escolha das fontes 60
4.2. Fazendo a revisão da literatura 63
4.3. Técnica do fichamento 65

Unidade V – Referencial Teórico 69

Referências Bibliográficas 80
I Unidade I -
A Pesquisa Acadê-
mico Científica

Objetivos da Unidade
- Conhecer a pesquisa acadêmico-científico para posteriormen-
te iniciar a elaboração do projeto de pesquisa.
- Compreender a normatização de trabalhos acadêmicos e lin-
guagem acadêmica.
- Utilizar adequadamente a linguagem acadêmica.
Unidade I - A Pesquisa Acadêmico Científica

Vamos iniciar comentando a proposta das disciplinas de TCC1 e TCC2. Neste módulo, o
objetivo é inicialmente conhecer as possibilidades de pesquisa na área do seu curso para que
você possa identificar um tema que considere interessante e, assim, realize um projeto de pes-
quisa.
Neste módulo, ainda não escreveremos o TCC de fato, isso acontecerá no próximo mó-
dulo (TCC2). Então, a disciplina de TCC I está centrada em estudos metodológicos, possibilida-
des de pesquisa e planejamento do trabalho de TCC. Vamos iniciar compreendendo a ideia de
ciência e pesquisa.

1.1. Definindo ciência

Você realizará uma pesquisa científica, mas você sabe o que é ciência?
A ciência pode ser considerada como o conhecimento sistemático, ou seja, o conheci-
mento produzido a partir de um método por meio de estudos e práticas. Normalmente pen-
samos em ciências a algo ligado a laboratório, da área da Saúde, como a busca de uma vacina
para um vírus. Porém, a ciência existe em todas as áreas do saber.
Em todas elas, o rigor dos procedimentos está presente. Não podemos afirmar, concluir
algo a partir do nada, não é mesmo? Para ser um pesquisador, antes de tudo você precisa saber
o que já pesquisaram e o que andam pesquisando. Toda pesquisa traz um pouco continuidade
de outras pesquisas, seja para concordar com elas ou contestá-las. Já que a ciência pode ser
questionada também. Fazer ciência implica proceder com olhar de cientista, como no esque-
ma a seguir:

Propor Observar Experimentar Analisar Tirar conclusões

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O início da pesquisa está no “propor” e é neste momento em que estamos. Vamos pla-
nejar uma proposta de pesquisa. Então, iniciamos nossa pesquisa, buscando justamente o que
os nossos colegas de área andam pesquisando.
Aqui, precisamos diferenciar o tipo de pesquisa que fazíamos na escola da que fazemos
na graduação com esse peso acadêmico-científico.
Quando o professor da escola pedia para que pesquisássemos sobre o Ciclo da Água,
por exemplo. Muitas vezes copiávamos de algum livro, da internet e entregávamos. No má-
ximo, nosso trabalho era um compilado de duas ou três fontes, mas em geral ela COPIOU e
COLOU.
Na pesquisa acadêmico-científica, esse procedimento é muito grave, é considerado plá-
gio e é crime. Trazendo aquele trabalho da escola para o acadêmico, tudo o que você “copiou e
colou” deveria ser destacado no texto e com a fonte indicada em citação. O trabalho de fato é o
que você faz A PARTIR dessas citações, a forma como você as coordena, as contradiz, as utiliza
para sua argumentação. Ou seja, a voz mais forte do trabalho acadêmico é a sua, como autor.
As citações vão servir para comprovar, embasar o que está dizendo.
Em resumo, podemos considerar como características principais do trabalho científico:

INOVAÇÃO + AUTORIA + RIGOR

A inovação porque você precisa trazer algum novo olhar sobre o tema. A autoria, pois
você precisa realmente escrever e o rigor diz respeito ao modo de agir. Um pesquisador não
pode agir “porque quis”, toda ação é pensada, refletida, justificada. Muitas delas embasadas em
métodos já aplicados anteriormente. Temos que pensar assim: se depois de concluída sua pes-
quisa, alguém quiser repeti-la, com os mesmos elementos e mesmas condições, os resultados
deverão ser muito próximos. Se não forem também, será “pano para manga” para a contesta-
ção e é isso que faz avançar a ciência.
Bom, você já deve estar aí todo receoso(a), se questionando como fará ciência, como

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conseguirá inovar em seu tema. Já inicie suas reflexões sobre a possível escolha do seu tema
de pesquisa. Qual foi a disciplina do curso com a qual você teve maior afinidade? Qual ponto
da matéria te deixou com aquela interrogação? Em que área você quer atuar? Ou em que área
você já atua? A experiência profissional ou de estágio auxiliam muito na busca pelo tema.
Uma boa ação para iniciar é percorrer as revistas acadêmicas da sua área!

Neste site da biblioteca do Unis, você encontra os principais


periódicos da sua área: https://biblioteca.unis.edu.br/?page_id=81
Os sites de periódicos têm mais ou menos a mesma configuração. Ao
entrar, você já encontra a edição atual e depois você pode percorrer
edições passadas. Cada edição já contém muitos artigos. Dê uma olhada nos títulos, nos
resumos para ver os assuntos abordados, os temas específicos. É importante considerar
que a inovação não é algo grande, por exemplo, você descobrir algo. A inovação pode
estar na nova perspectiva, na aplicação de estudos para o seu caso específico.

1.2. ABNT e Formatação

Para fazer a divulgação científica do seu estudo (ou proposta de estudo), você poderá
fazer de várias formas, como em apresentação de painel, quando você imprime um banner
com os pontos principais da pesquisa e explica ao público, apresentação de comunicação, bem
parecido com o gênero palestra. Dentro de um evento, como um congresso, você fala por 15,
20 minutos.
Boa parte das produções científicas é divulgada em trabalhos de conclusão de curso
(TCC da graduação, dissertação, teses) e em artigos, que são textos mais curtos de em média 20
páginas. Lembrando que nosso objetivo até o TCC2 é escrever um TCC em formato de artigo.
Depois de concluído, você poderá, inclusive, enviar para revistas acadêmicas para passar pelo

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processo seletivo de publicação.
A formatação do texto acadêmico escrito é regida por normas da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).

Imagine se cada pesquisador resolvesse colocar seu texto de


uma forma. Seria um carnaval, não é mesmo? A normatização pode
parece chata, mas depois que você aprende, você agradece por poder
localizar as informações com mais facilidade.

Aqui no Unis, usamos o Manual de Normatização próprio, que é


uma leitura da ABNT com explicações mais didáticas. Ele está disponí-
vel em: https://drive.google.com/file/d/1aooGIeaiqquHi7IL5VhTVQz-
D_-2EPZjO/view?usp=sharing. Guarde o site nos favoritos ou baixe em
seu computador, pois sempre precisará consultá-lo.

A maior parte dos textos acadêmicos apresenta uma sequência de capítulos formada
por Introdução, parte teórica, parte metodológica e, se for o caso de pesquisa concluída, re-
sultados e discussões. Cada um desses itens consta como um capítulo e pode ser dividido em
seções. Toda essa organização segue uma numeração sequencial.
Observe este próprio Guia de Estudos. Você está na seção 1.2 ABNT e Formatação, que
por sua vez está dentro da seção 1 A PESQUISA ACADÊMICO-CIENTÍFICA. É uma forma de
organização o conhecimento. Considere, no entanto, que, para dividir em subseções, essa sub-
seção precisa ter um conteúdo mais extenso. Não podemos fazer um subcapítulo com um ou
dois parágrafos. Aliás, no artigo, como o espaço é pouco (máximo 20 páginas), costuma-se
dividir somente em grandes seções. Já monografias, teses, dissertações, há mais subdivisões. O
projeto de pesquisa também pode ter mais divisões, porém, como vamos aproveitar muito do
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texto do projeto no artigo, recomendamos que tentem dividir menos.

Quando você coloca um título, a frase que inicia o primeiro pa-


rágrafo posterior deve ser completa (sem precisar do título para a lei-
tura), ou seja, você repete a informação do título.
Exemplo de escrita incorreta:

2.1 Dimensionamento de calhas e condutores

Deve ser feito através da fórmula de Manning-Strickler, indicada a seguir, ou de


qualquer outra fórmula equivalente:
Exemplo de escrita correta:

2.1 Dimensionamento de calhas e condutores

Segundo a ABNT: NBR 10884/89, o dimensionamento das calhas deve ser feito
através da fórmula de Manning-Strickler, indicada a seguir, ou de qualquer outra fórmula
equivalente:

Como vimos, qualquer uso que fazemos de outros autores em nosso texto de divulga-
ção científica precisa ser referenciado em forma de citação. Ou seja, você precisa marcar para
seu leitor que você retirou a ideia ou as próprias palavras de outro pesquisador.

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Isso implica todos os tipos de textos e ideias que você deve re-
ferenciar, inclusive:
• figuras
• fotos
• tabelas
• quadros

Vamos pensar que você achou interessante o seguinte texto:


(texto de exemplo para descontrair ☺. Sempre use textos acadêmicos como fonte da pesquisa bibliográfica)

Pais e Filhos - Legião Urbana

Estátuas e cofres
E paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender
Dorme agora
É só o vento lá fora
Quero colo, vou fugir de casa
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três
Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã

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Por que se você parar pra pensar
Na verdade não há
Me diz por que que o céu é azul
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos que tomam conta de mim
Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar
Já morei em tanta casa que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar pra pensar
Na verdade não há
Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não lhe entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?

VILLA LOBOS, Eduardo D.; BONFA, Marcelo Augusto; JUNIOR, Renato Manfredini. Pais e filhos.
IN: As quatro estações. 1989

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Veja as possibilidades que você poderia usar como citação no seu texto:

CITAÇÃO DIRETA DE MENOS DE TRÊS LINHAS

Segundo Villa Lobos et al (1989, p. x), “ela se jogou da janela do quinto andar Nada é fácil
de entender”.

Observações:
• citação direta: esse caso ocorre quando copiamos e colamos, assim como está no origi-
nal;
• toda citação direta tem a página especificada;
• nesta formatação, não pode passar de 3 linhas;
• Coloquei Villa Lobos et al, pois a obra apresenta mais de dois autores. É uma forma de
sintetizar e não ficar repetindo todos.
• repare que se eu colocar o nome autor dentro do meu texto, não preciso colocar todas
as letras em maiúsculas.

CITAÇÃO DIRETA DE MAIS DE TRÊS LINHAS

Villa Lobos et al (1989, p. x) citam a angústia dos pais, como em:

Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender. Dorme agora
É só o vento lá fora. Quero colo, vou fugir de casa. Posso dormir aqui com vocês? Estou
com medo, tive um pesadelo. Só vou voltar depois das três. Meu filho vai ter nome de
santo. Quero o nome mais bonito.

Observações:
• citação direta: esse caso ocorre quando copiamos e colamos, assim como está no origi-
nal;

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• toda citação direta tem a página especificada;
• nesta formatação (times 10, espaçamento simples), precisa ser maior de 3 linhas;
• repare que a citação direta é uma continuação da minha frase.

CITAÇÃO INDIRETA

Villa Lobos et al (1989, p. x) inserem em seu texto vozes intrigantes que geralmente
atribuímos aos filhos. Discorrem sobre a angústia dos pais e dos conflitos entre pais e filhos.

Observações:
• citação indireta, ou seja, eu li, interpretei e falei com as minhas próprias palavras a ideia
dos autores.
• Repare que “et al” implica verbo no plural, já que são vários autores;
• é o tipo de citação mais utilizada em artigos (nosso objetivo) ;
• repare que a formatação é de texto corrido, de minha autoria.

Também podemos fazer citação indireta nesse formato:

É um absurdo que coloquemos em nossos pais a culpa por tudo, pois eles são crianças
como nós. Seremos como eles em pouco tempo. (VILLA LOBOS ET AL,1989)

Observações:
• citação indireta: infere-se que toda a ideia do parágrafo encontra suporte na fala de
VILLA LOBOS ET AL,1989.

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Encontre o erro:

Segundo (DNIT, 2006d) Para se executar a Viga Benkelman ao longo de um pavimento, pre-
cisa colocar uma tarar o eixo de um caminhão com 8.2 tf ou 4,1 tf por roda.

Se você optar por colocar “segundo”, “conforme”, precisa trazer o nome do autor para a
frase:

Segundo DNIT (2006d), para se executar a Viga Benkelman ao longo de um pavimento, pre-
cisa colocar uma tarar o eixo de um caminhão com 8.2 tf ou 4,1 tf por roda.

Todos os detalhes das regras das citações você encontra no manual do Unis.

1.3. Escrita acadêmica

Neste tópico, vamos dar dicas com relação à escrita acadêmica para aperfeiçoarmos a
produção textual. Um texto acadêmico, enquanto gênero que veicula resultados da ciência:

• Apresenta clareza de ideias e escrita, sem ambiguidades, duplas interpretações, sem uso
de metáforas;
• Evita frases e ideias feitas (água, nossa maior bem precioso);
• Evita ADJETIVOS. Já que a ciência pretende se mostrar impessoal, a qualificação de-
monstra subjetividade;
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• Para organizar as informações, as frases e os parágrafos são curtos. Não se esqueça de
pontuar corretamente. Veja como a pontuação, juntamente com elementos coesivos
podem valorizar suas ideias:

Conforme Carneiro (2001) a utilização do material reciclado é vantajosa sob o ponto de vis-
ta econômico para a administração pública municipal, pois reduz os custos com a remoção de ma-
terial, aumenta a vida útil dos aterros sanitários devido a menor quantidade de entulho, diminui os
custos de pavimentação, infraestrutura urbana e construção de casas populares para a população,
além de gerar emprego e renda e ser a possibilidade de criar novos negócios.

Proposta de reescrita:

Conforme Carneiro (2001) a utilização do material reciclado é vantajosa sob o ponto de


vista econômico para a administração pública municipal, pois reduz os custos com a remoção de
material. Além disso, aumenta a vida útil dos aterros sanitários devido à menor quantidade de en-
tulho. Outra vantagem é a diminuição os custos de pavimentação, infraestrutura urbana e cons-
trução de casas populares para a população, além de gerar emprego e renda e ser a possibilidade
de criar novos negócios.

• Apresenta termos específicos do fazer científico e termos específicos da área do estu-


do. Como aprendemos esses termos para empregarmos corretamente? Observando e
tomando nota durante a leitura dos artigos já publicados. Veja que a maioria dos textos
tem esse início:

Este trabalho procura demonstrar / Este trabalho procura abordar / Esta monografia tem
como objetivo / O objetivo desde trabalho / Este trabalho tem o intuito de / O presente
trabalho visa mostrar / Este trabalho foi elaborado para testar. O capítulo 1 descreve /
mostra / analisa / examina / investiga / procura demonstrar.

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Vá guardando essas formas que se repetem nos textos.

• É impessoal. Veja um exemplo de um uso que não seria comum:

Quero realizar uma pesquisa na área de sustentabilidade

Veja como você pode retirar a subjetividade da seguinte forma:

A presente pesquisa tem como tema a sustentabilidade ...


Pretende-se realizar ....
Será realizada uma pesquisa....

• Não se esquecer da concordância:


- Foram pesquisadas fontes;
- Foi realizada uma busca.

Veja outro exemplo de inadequação:

De acordo com o Guia Placo (2014), o sistema de construção em drywall apresenta uma
série de vantagens comparado à construção tradicional em alvenaria, a seguir será apre-
sentado alguns exemplos:

Deveria ser “serão apresentados alguns exemplos”.

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E o uso do nós no texto acadêmico, pode? Depende. Aqui, es-
tamos falando de tradição. E a tradição é histórica e cultural, passa de
faculdade para aluno, este aluno vira professor e, por sua vez, passa
para seu aluno. Alguns pesquisadores não recomendam o uso do nós,
outros já não veem problemas. Por via das dúvidas, como não sabemos como será o pro-
fessor da sua banca de defesa ou o edital da revista onde você quer publicar, convém
evitar retrabalho e já usar o texto impessoal mesmo.

CONFORME VIMOS NO ITEM ANTERIOR... transforma-se em:


Conforme visto...
Como é possível observar...

Outro aspecto que causa textos desconexos é a falta de coesão entre texto princi-
pal e citações, figuras, quadros, tabelas. Observe o seguinte exemplo:

Figura 1: Exemplo de texto

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Fonte: Arquivos da autora

A citação do parágrafo 2 está entre aspas, ou seja, todo o parágrafo foi escrito por
outro autor que não o pesquisador. Isso não é bom. Prefira a citação indireta, ou então
incorpore sua fala para introduzir, comentar a citação, enfim, mostrar o que você defende
quando a colocou ali no texto. Veja que coeso esse exemplo de citação direta:

Constata-se, conforme Costa (2019, p. 42) que o BIM “garante inúmeros benefícios, como a
parametrização de elementos, comunicação direta entre os projetistas, verificação da com-
patibilidade entre projetos e um eficiente planejamento da execução da obra”.

A citação é uma continuação da frase do pesquisador. Outro exemplo do bom


uso, agora com citação de mais de 3 linhas:

Figura 2: Exemplo de citação com mais de 3 linhas

Fonte: Arquivos da autora

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Assim como as citações, figuras, fotos, tabelas, quadros também fazem parte do texto.
Não podem surgir de repente no texto sem a devida introdução. Veja um caso de incorreção:

Figura 4: Exemplo de citação

Fonte: Arquivos da autora

O leitor está realizando sua leitura do texto verbal e, de repente, aparece uma figura
25
com organograma. Não se sabe por que o autor o colocou ali. Não se faz menção a ele nem
antes, nem depois.
Veja algumas possibilidades de introduzir a figura no texto, por exemplo:

As amostras produzidas que estão dentro dos limites, estão em cores distintas e correspon-
dem a cada ponto inspecionados na haste (figura 01).

Assim, atualmente temos no mercado diversas empresas com soluções próprias de ferra-
mentas (softwares aplicativos) realizando estas funções e que também permitem esta integração.
Neste trabalho, estão sendo utilizados os softwares da empresa Autodesk, indicados a se-
guir:

Entende-se por pavimento flexível aquele que distribui em parcelas iguais as deformações
das camadas elásticas, quando este sofre carregamento, em toda estrutura desde o solo à camada
de asfalto, conforme figura:

Analise uma incorreção da frase em:

Na tabela 01 está ilustrando o número mínimo de sondagens a ser


feito, respeitando as metragens mínimas das áreas.

Aqui temos outro probleminha. “na tabela” indica local, uma informação não es-
sencial na frase. Quando colocamos assim, o “está ilustrando” fica sem sujeito. Então, deve-
ríamos reescrever como:

A tabela 01 está ilustrando o número mínimo de sondagens a ser feito, respeitando


as metragens mínimas das áreas.

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Na tabela 01, é possível observar o número mínimo de sondagens a ser feito, respei-
tando as metragens mínimas das áreas.

Depois de um item como tabelas, quadros, figuras, também faça um pequeno comen-
tário sobre ele antes de seguir a discussão. Também não termine capítulo, subcapítulos com
esses itens. Isso vale também para tópicos. Termine sempre com texto corrido em parágrafo.

1.4. Algumas dicas de português

• SIGLAS: Em sua primeira aparição no texto, explique o que significa e depois você pode
continuar usando a sigla normalmente.

A geração e destinação de resíduos da construção e demolição (RDC) vem causando


grandes (...)

• Títulos não têm ponto final.


• Palavras em língua estrangeira: colocar em itálico.
• O mesmo, a mesma: não use para retomar a ideia, como nas frases:

Este trabalho tem como tema a sustentabilidade. O mesmo foi realizado na cidade de
Varginha MG.

Você pode substituir por “ele”, juntar em uma mesma frase “e foi realizado” ou então
simplesmente omiti-lo da frase (. Foi realizado). Veja que a omissão poderia ter melhorado a
repetição no caso a seguir:

A geração e destinação de resíduos da construção e demolição (RDC) vem causando

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grandes preocupações devido ao grande impacto ambiental que estes resíduos causam ao
meio ambiente.

Aqui também precisaria melhorar a repetição do verbo “causar”.

• ONDE: usamos somente como referência a lugar. Observe o exemplo de incorreção:

O presente trabalho não levou em consideração a parte de acabamentos para ambos


os processos construtivos por considerar que mesmo utilizando uma mão de obra mais espe-
cializada no processo construtivo onde a alvenaria estrutural exige um assentamento mais
linear, por não influenciar tanto economicamente.

Aqui o onde refere-se a “processo construtivo”, ou seja, não é lugar. Muitas das vezes, o
onde pode ser substituído por em que. Veja outro exemplo:

Observou-se uma melhora no processo depois da intervenção e foi possível fazer uma
análise do trabalho, com ajuda das ferramentas da qualidade que proporcionaram uma ava-
liação e interpretação dos fatos, os dados obedeceram conforme a metodologia Seis Sigma
e sua abordagem por etapas chamado DMAIC que definiu o problema, mediu a situação,
analisou o problema, estabilizou a situação e controlou o processo (quadro 02).
Onde cada item teve sua função dentro do projeto e cada um significou uma ação, fo-
ram feitas medições do processo atual para avaliar as condições do maquinário e também
foram feitas novas medições depois da intervenção.

Aqui, simplesmente poderia ter retirado o onde. Ou então, o autor deveria ter usado
elementos coesivos como Além disso.

Foram realizados vários testes onde os resultados demonstraram que o software não é

28
adequado para esse propósito.

No caso acima, o onde poderia ter sido trocado por cujos. “cujos resultados demonstra-
ram”.

• Atenção à regra básica da vírgula: não podemos dividir sujeito e verbo com vírgula,
como ocorreu em:

O orçamento de obras em geral, deve estar muito atento aos pontos e características
daquilo que está se preparando para executar.

Aliás, houve outra inadequação, que foi a personalização de orçamento. Como assim
um orçamento deve estar atento? Pessoas ficam atentas, orçamento não. Então aqui, podemos
trocar por considerar: O orçamento de obras em geral deve considerar os pontos e características...

• Atenção à revisão textual para que o texto não repita a mesma palavra ou estrutura:

Em uma construção de concreto armado, que é um modelo de estrutura que foi utilizado
para a construção residencial de dois pavimentos na cidade de Guanhães, cidade interiorana
mineira (...)

Aqui temos a repetição do que. Veja como o texto fica melhor:

Em uma construção de concreto armado, modelo de estrutura utilizado para a constru-


ção residencial de dois pavimentos na cidade de Guanhães, cidade interiorana mineira (...)

Essas foram algumas dicas para aperfeiçoar sua escrita acadêmica. Com a elaboração
do TCC, aprendemos bastante a organizar nossas ideias “no papel”. Vamos dando os direciona-

29
mentos e dicas de escrita mais particulares no decorrer das correções das atividades.

30
II Unidade II -
O Projeto de Pes-
quisa

Objetivos da Unidade
- Planejar a pesquisa, considerando seus propósitos e sua rele-
vância;
- Sugerir ações, planejar elementos e organizar o seu trabalho.
Unidade II - O Projeto de Pesquisa

Nesta unidade, vamos conhecer a proposta de um projeto de pesquisa. Durante todo o


módulo você irá realizar um projeto em etapas, seguindo as atividades. Nesta etapa em espe-
cífico, conheceremos as partes introdutórias do projeto, é nela em estará a síntese de todo o
propósito da pesquisa. Vamos conhecer?

2.1. O projeto de pesquisa

O projeto de Pesquisa é um plano metódico de trabalho científico


que serve como guia para organizar o seu trabalho. Ele define as diversas
etapas de uma proposta de um determinado assunto. Portanto, o Projeto
de Pesquisa deve ser persuasivo, enxuto e de alta qualidade, definindo os
caminhos a serem seguidos de acordo com a natureza ou tema estipulado, ordenan-
do todos os passos do pesquisador durante o processo de pesquisa. Em resumo, o Projeto de
Pesquisa contém todos os elementos de planejamento de uma pesquisa científica.
É importante pensar que muito do que você realiza no projeto, poderá ser aproveitado
em seu artigo. Então, quanto mais você trabalhar agora, mais você poderá se dedicar aos resul-
tados do artigo, pois as outras partes estarão bem encaminhadas.
Nesta disciplina de TCC1, então, faremos o projeto. Em cada atividade avançaremos um
parte do projeto. Para você ter uma noção do nosso final de módulo, ou seja, do projeto com-
pleto, segue a organização típica do projeto:

CAPA
FOLHA DE ROSTO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema do projeto

32
1.2 Problema de pesquisa
1.3 Problematização
1.4 Hipóteses
1.5 Objetivo geral e Objetivos Específicos
1.6 Justificativa
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
4 CRONOGRAMA
5 REFERÊNCIAS
APÊNDICES (SE HOUVER)
ANEXOS (SE HOUVER)

Você já deve ter tido alguma experiência em que trabalhou bastante e depois que fi-
nalizou pensou “nossa, se eu fosse por outro caminho teria sido muito mais prático” ou então
“nossa, não deu em nada. Ganhei só experiência”. A proposta do projeto de pesquisa visa evitar
justamente isso. Na elaboração do projeto, as ideias vão ficar mais claras para você e você ainda
vai apresentá-las para o professor. Dependendo do objetivo que alguns colegas escolheram
anteriormente já identificamos, por exemplo, um tema amplo demais, um tema sem muitos
resultados contundentes, uma metodologia com procedimentos inadequados, com possibili-
dades de invalidação dos resultados... Imagine se esses colegas tivessem feito toda a pesquisa
e ao final se deparassem com a frustação.
Então, na escrita de seu projeto, detalhe o máximo possível. Pesquise! Leia!
Os requisitos básicos para a elaboração de um Projeto de Pesquisa são:

• pesquisador: detém os conhecimentos aprofundados sobre o assunto a pesquisa, e es-


creve o Projeto de Pesquisa. São eles: estudantes de iniciação científica, estudantes de
pós-graduação, ou pesquisadores-doutores;
• assunto: o alvo principal a ser abordado na sua atividade de pesquisa;

33
• linhas de pensamento: Os tipos de raciocínios que guiará o pesquisador para desenvolver
o assunto, consequentemente gerando as hipóteses que serão desenvolvidas na inves-
tigação.

Os tipos de raciocínios mais utilizados pelo pesquisador estão relacionados abaixo:

• pensamento dedutivo: o dedutivo inicia do geral ao particular. É uma forma de racio-


cínio em que se atinge a conclusão a partir de uma ou várias premissas. O termo geral
identifica as teorias e leis para a justificativa do fato, surgindo daí as hipóteses (conexão
descendente ou TOP-DOWN);
• pensamento indutivo: é o processo inverso do pensamento dedutivo, ou seja, é o que
vai do particular ao geral. O indutivo, parte do fato e vai acumulando informações cada
vez mais abrangentes até atingir, em linha ascendente, as teorias e as leis (conexão as-
cendente ou BOTTOM-UP). A base do TOP-DOWN figura que se algo é tido como certo
em algumas ocasiões, então o será em outras similares, mesmo que não se possam ob-
servar;
• pensamento hipotético-dedutivo: formula a possibilidade de uma lacuna em um de-
terminado nível de conhecimento, lançando hipóteses que a possam preencher e dedu-
tivamente testar estas hipóteses;
• pensamento analítico: realiza a separação do todo em partes que são identificadas ou
categorizadas;
• pensamento de síntese: é a reunião de um todo pela conjunção de suas partes;
• pensamento criativo: aquele que se utiliza da criação ou modificação de algo, intro-
duzindo novidades, ou seja, a produção de novas ideias para criar ou modificar algo
existente;
• pensamento sistêmico: é uma visão completa de múltiplos elementos com suas diver-
sas inter-relações. Sistêmico deriva da palavra sistema, o que nos indica que devemos
ver as coisas de uma forma inter-relacionada;

34
• pensamento crítico: examina a estrutura dos raciocínios sobre questões da via diária, e
tem uma vertente analítica e avaliativa. Tenta superar o aspecto mecânico do estudo da
lógica. Tenta avaliar o conhecimento, decidindo o que uma pessoa realmente crê e por
quê. Se esforça para ter consistência nos conhecimentos que aceita e entre o conheci-
mento e a ação;
• pensamento interrogativo: é um pensamento com o que se faz as perguntas, identifi-
cando o que interessa a alguém saber sobre um determinado tema.

Linhas de Pensamento bem definidas só aceleram o desenvol-


vimento da pesquisa.

2.2. Identificação da temática a ser pesquisada

O primeiro passo para sua pesquisa será definir o seu objeto de estudo. O objeto de es-
tudo é o ponto principal de sua investigação. Atente-se que o objeto de estudo não é o assunto
tampouco objetivo, mas o que lhe chama a atenção dentro de um assunto. Quando o objeto de
estudo é bem definido, todo o trabalho de pesquisa flui normalmente, sem confusão e perda
de tempo.

Quanto mais você entender sobre os objetos de estudo e sua


composição, mais técnicas e ferramentas você terá para trabalhar. Faça
uma coleção de todos os tipos de objeto de estudo que encontrou ao
longo da jornada acadêmica porque você precisará deles a diante.

35
Preferencialmente, escolha um tema de seu interesse, pois é você que vai se aventurar
na busca pela solução do tema. Saiba que toda a pesquisa é focada e enxuta.

Evite se aventurar em temas que nunca estudou.

Como dissemos na unidade anterior, você precisará percorrer as pesquisas (revistas aca-
dêmicas, sobretudo) que estão sendo feitas na sua área para conhecer as novidades e se inspi-
rar. Pense também em seu percurso na faculdade. As disciplinas de que mais gostou. Quando
o professor diz que há algo novo, ou então que está surgindo, pode ser a “deixa” para você
pesquisar algo em cima do assunto.

IMPORTANTE: dentro dos cursos da ead do Unis, os colegiados defini-


ram que os resultados precisam ter algo prático. Ou seja, você não po-
derá realizar somente uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. É pre-
ciso ter implementação, algo relacionado com a prática da profissão.

2.3. Introdução do projeto

A definição do tema é uma das etapas essenciais do desenvolvimento do projeto. É


nesta etapa em que ocorre a seleção do objeto de estudo. Uma vez que o tema já foi definido,
então inicia-se a formalização das ideias. Nesta fase declaramos as principais etapas para o de-
senvolvimento do projeto.

36
Não fique preso a este guia de estudo. Use todo material lite-
rário e metodologia da pesquisa que encontrar. Aumente suas expe-
riências para diminuir suas dificuldades na elaboração de quaisquer
documentos.

Antes da Introdução propriamente dita, no projeto temos três itens pré-textuais: a capa,
a folha de rosto e o sumário.

CAPA e FOLHA DE ROSTO

A capa e a folha de rosto são itens muito parecidos do projeto. Todo o detalhamento
sobre eles está no Manual de Normatização do Unis e também, na atividade, utilizarmos um
modelo de projeto já formatado com essas normas.
Não deixe de assistir à videoaula que ensina como bem utilizar o Google Docs já forma-
tado. Será de grande valia para o bom andamento das atividades e você utilizará essas dicas até
o final do TCC2.
O que consta na capa:

• sua instituição, ou seja, Centro Universitário do Sul de Minas;


• seu curso (não se esqueça de colocar o curso completo BACHARELADO EM...);
• seu nome completo com letras maiúsculas;
• título do trabalho grifado com letras maiúsculas no centro da página e subtítulo (se hou-
ver) abaixo do título e em fonte menor, letras normais e não grifado;
• TÍTULO DO TRABALHO: subtítulo;
• cidade e ano (em algarismos arábicos).

Seguem algumas orientações para a escolha do seu título:

37
• Evite um título genérico, do tipo “estruturas metálicas” ou “Softwares livres” ou então
“Manufatura enxuta”. Esse tipo de escolha lembra muito as pesquisas de escola, sobre as
quais comentamos na unidade 1. Raramente você fará uma pesquisa científica com essa
abrangência toda. Somente “falar” sobre estruturas metálicas, softwares livres ou manu-
faturas enxuta também não é pesquisa acadêmica. Seu título deve ter todos os detalhes
do seu tema específico e sua metodologia.

Para se inspirar, veja exemplos de títulos de artigos já publica-


dos:

Aplicação da metodologia SLP em uma empresa fabricante de produ-


tos domissanitários
Gustavo Franco Campos, André Luís Silva

A logística reversa e as cooperativas de reciclagem: um estudo exploratório sob a lente


teórica do modelo de negócio
Marcelo T. Okano, Graziela Bizin Panza

Aplicação da metodologia seis sigma para melhoria contínua da qualidade em uma in-
dústria alimentícia
Marcos Meurer Silva, Carlos Eduardo Soares Camparotti, Lorena Mazia Enami, Karoline
Guedes, Beatriz Lavezo Reis, Thiago de Souza Borges Ordeno

Análise de plantas de apartamentos em João Pessoa, PB (1980-2016): renovações e repro-


duções nos arranjos espaciais
Aline da Silva Carolino, Marcio Cotrim Cunha, Cristiana Griz

38
Avaliação da influência da utilização de agregado miúdo reciclado em argamassas esta-
bilizadas
Thiago da Silva Santana, Cláudio Henrique de Almeida Feitosa Pereira

Influência da distribuição de espaçadores no cobrimento e na vida útil de lajes maciças


Vinícius Palm, Ana Paula Maran, Maria Fernanda Fávero Menna Barreto, Denise Carpena
Coitinho Dal Molin, João Ricardo Masuero

Implantação do sistema integrado de gestão de laboratórios de pesquisa: um relato da


experiência na UFABC
Artur Leonardo Imamura Ferreira da Silva, Keilla Dayane da Silva Oliveira, Alyne Mantoan,
Isabel Cristina dos Santos

Aplicação de Internet of Things no desenvolvimento de um sistema de monitoramento e


gerenciamento de energia elétrica
Caio Henrique Oliveira Cunha, Lêda Sandriny Correia Batista

Implementação de um Sistema Multi-plataforma para Gerenciamento de Atividades


Complementares em Cursos Superiores utilizando Banco de Dados no SQL
Patrick Gonçalves de Lima, Luiz Henrique Correia, Carlos Alexandre Gouvea da Silva

Observe que o subtítulo é optativo. Porém, quando há título e subtítulo, você organiza
as ideias de forma a não haver repetição de informação e de palavras entre as partes.
Sabemos que, nesta fase inicial da introdução, provavelmente você ainda não definiu
tudo da sua pesquisa. Mas já vá pensando em aperfeiçoar a escolha do título no decorrer do
trabalho.

39
SUMÁRIO

O sumário deve obedecer à ordem:

• página distinta com título centrado;


• apresenta para cada capítulo ou seção os seguintes dados:
- o título do capítulo ou seção, com o mesmo fraseado e tipo utilizado no texto;
- o número em arábico da página inicial do capítulo ou seção ligado ao título por linha
pontilhada;
- indica a subordinação das seções;
- traz os elementos pré e pós-textuais, sem numeração de título e na mesma margem
das seções primárias.

Na videoaula de formatação, ensinamos como fazer o sumário automático. O sumário


deve ficar pronto de fato quando você terminar o projeto, mas é uma boa ferramenta para você
acompanhar o conteúdo do seu projeto e também percorrer as seções com mais facilidade, já
que você terá links que já levarão diretamente à página desejada.

No artigo (que faremos em TCC2), as partes capa, folha de rosto


e sumário não existem. Na primeira folha já vem o título, os autores,
um resumo e logo abaixo a introdução.

INTRODUÇÃO DO PROJETO

A introdução do projeto é a parte em que o autor apresenta o leitor no seu assunto tra-
tado e a proposta da pesquisa. Aqui, o autor faz uma definição objetiva do tema e da finalidade
40
da pesquisa, justificando de forma breve a escolha do assunto, delimitando o tempo sobre a
área estudada, seu campo de abrangência.
A introdução será subdividida nos seguintes itens, sobre os quais falaremos com mais
detalhes a seguir:

1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema do projeto
1.2 Problema de pesquisa
1.3 Problematização
1.4 Hipóteses
1.5 Objetivo geral e Objetivos Específicos
1.6 Justificativa

Entre o item 1 INTRODUÇÃO e o item 1.1 Tema do projeto escreva uns 2 ou 3 parágrafos
curtos contextualizando a pesquisa.

Em todo o texto do projeto, você usará o tempo futuro em rela-


ção à pesquisa, pois ainda não a realizou, é um planejamento. A pesqui-
sa será realizada... Serão aplicados questionários... Depois, no TCC2, que
você vai relatar a pesquisa já realizada. A pesquisa foi realizada... Foram
aplicados questionários...

TEMA DO PROJETO

Neste item, você pode informar diretamente o tema. Não é necessário escrever texto
contextualizando. Exemplos:

41
- Método Seis Sigma em indústria de médio porte
- Metodologias de inspeção em pontes
- Agregados reciclados
- Inteligência artificial para uso administrativo
- Aplicativos móveis para auxílio no trânsito

PROBLEMA DE PESQUISA

Este é o item da introdução que mais gera confusão. Essa confusão é gerada pelo nome
“problema”. Aqui, não pense que você explicará para o leitor o problema que encontrou na
sociedade, na área em que você atua. A parte em que você falará sobre isso é em “justificativa”,
pois você mostra os problemas, as deficiências existentes para justificar os motivos da pesqui-
sa.
O problema de pesquisa é definido como uma pergunta ainda sem resolução seja
uma vontade de testar ou compreender, ou ainda alguma dúvida existente do conhecimen-
to ou metodologia. Portanto a dúvida, através do problema, deve expressar o que queremos
esclarecer sobre o tema delimitado. Lembre-se que apresentar o problema de um Projeto de
Pesquisa já é ter em mente uma possível solução para ele.

Problema = a grande dúvida que queremos esclarecer quando


chegarmos ao final do TCC2. Você deverá redigir o problema de pes-
quisa com interrogação. Veja o exemplo:

Quais os custos e as especificações de uma rampa metálica para a higienização e a


manutenção dos caminhões de lixo?

42
PROBLEMATIZAÇÃO

Nesta parte você vai escrever um ou dois parágrafos contextualizando os motivos da


pergunta do problema de pesquisa. Por exemplo:

Na empresa X, em que será realizado o estudo da presente pesquisa, existe uma fa-
lha na limpeza e manutenção dos caminhões, pois não é possível efetuar uma higieniza-
ção na parte inferior. Com o intuito de solucionar esse problema, seria viável uma rampa
metálica de fácil mobilidade e com um custo mais baixo em vez de fazer um sistema de
limpeza através de valas com cortinas de concreto no solo.

HIPÓTESES

A hipótese da pesquisa é uma suposição objetiva com bases sólidas e não uma mera
opinião ao acaso. Sob certo aspecto, podemos afirmar que toda a pesquisa científica consiste
apenas em enunciar e verificar as hipóteses. Uma hipótese de pesquisa é a resposta que você
imagina para o problema anteriormente formulado. Lembre-se que a hipótese deve conter
todos os conceitos e as variáveis envolvidas, deve ser redigida de forma clara, sem termos ou
conceitos implícitos.

As hipóteses a serem testadas devem ser claras e objetivas.

Em suma, nas hipóteses você fará frases afirmativas tentando responder a pergunta do

43
problema. Se você perguntou anteriormente:

Quais os custos e as especificações de uma rampa metálica para a higienização e a manu-


tenção dos caminhões de lixo?

Em suas hipóteses, pode haver, por exemplo, uma estimativa de orçamento em compa-
ração à construção de valas no chão. Se o custo será menor ou maior. Pode haver um possível
material que seja mais adequado para a construção da rampa.

- As afirmações das hipóteses devem ser justificadas.


O custo da rampa metálica é menor, pois...
No fator tempo, a construção da rampa metálica é mais rápida ... con-

siderando que...

- As hipóteses podem se contradizer, pois você ainda irá testar:


O custo da rampa metálica é menor, considerando o aspecto X...
O custo da rampa metálica é maior, considerando o aspecto Y...

- Lá no artigo do final do TCC2 você irá recuperar essas hipóteses e dizer se foram confir-
madas ou refutadas.

OBJETIVOS (GERAL E ESPECÍFICO)

Nesta seção, você irá escrever o propósito maior da pesquisa. O propósito central é o
OBJETIVO GERAL.

44
Você iniciará os objetivos com um verbo de ação, do tipo: analisar, investigar, comparar,
averiguar...
Repare que a escolha do verbo mostrará o aprofundamento da pesquisa. Evite escolher
verbos como: pesquisar sobre, discorrer sobre, mostrar a importância de... São vagos e pouco
investigativos.
Depois do objetivo geral, você vai listar os objetivos específicos, ou seja, são objetivos
menores, aqueles que você vai atingindo antes de finalizar o objetivo geral.

Objetivo = alvo que pretendemos atingir cientificamente. Não


pode ser seu objetivo de pesquisa “contribuir para o avanço da tecno-
logia na empresa”. Isso é mais “justificativa” de pesquisa. Pode ser uma
consequência do seu trabalho. O objetivo de pesquisa é o que você,
enquanto especialista na sua área, quer realmente fazer (analisar, calcular, implementar...)

Exemplo de objetivos

• OBJETIVO GERAL
- analisar a adequação de tijolos de solo-cimento às recomenda-
ções das NBRs vigentes.

• OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- organizar todas as normas vigentes sobre a fabricação de tijolos;
- analisar prova em laboratório de acordo com os quesitos w, y, e z;
- comparar resultados da prova com resultados de outras pesquisas.

45
Cuidado para não confundir objetivo com etapa da pesquisa. Por exemplo, “aplicar um
questionário” é uma etapa da pesquisa e não um objetivo.

JUSTIFICATIVA

Essa é a parte do projeto que mais lembra daquelas redações que fazíamos na escola,
aquelas do tipo dissertativo-argumentativo para vestibular. Você defenderá uma ideia com ar-
gumentos, você venderá o seu peixe.
A justificativa de um Projeto de Pesquisa consiste na comprovação da necessidade de
exploração científica, provando em cada parágrafo a sua relevância acadêmica, social e interes-
se pessoal.
A justificativa deve mostrar as possíveis contribuições que podem surgir, proporcionan-
do respostas aos problemas e ampliando ou reformulando teorias a este respeito.

Justificativa = contribuições + resposta dos problemas

Dicas do que incluir na discussão da justificativa:

• contextualização detalhada dos problemas encontrados na sociedade, na empresa ou


no local de estudo antes da pesquisa e que terão melhorias após os resultados do tra-
balho;
• mostrar que é um tema novo, que precisa ser discutido/problematizado (Isso se real-
mente o for);
• mostrar as consequências positivas dos resultados para a sociedade, para a área de pes-
quisa;
• mostrar que a pesquisa poderá servir como referência para outras pesquisas ou os resul-
tados contribuirão, não só para aquele caso específico, mas de forma geral.

46
III Unidade III -
Metodologia

Objetivos da Unidade
- Conhecer e diferenciar alguns dos diferentes métodos de pes-
quisa
- Identificar a metodologia a ser aplicada no desenvolvimento
do TCC e elaborar o item “Metodologia” do projeto.
- Prever os instrumentos utilizados na coleta de dados do TCC e a
forma de apresentação dos dados no TCC.
- Descrever como o trabalho será desenvolvido.
Unidade III - Metodologia

Normalmente a sequência do projeto depois da introdução traz REFERENCIAL TEÓRICO


e depois METODOLOGIA. O referencial é o embasamento teórico para sua futura pesquisa e a
metodologia é o detalhamento dos procedimentos que você vai seguir.
Pela experiência de outras turmas, quando fazíamos o referencial antes da metodolo-
gia, havia retrabalho, pois a construção teórica acontecia antes de saber a prática da pesquisa.
Como o referencial teórico depende muito da metodologia, mudamos a ordem. Então, fare-
mos primeiro a metodologia (item 3) e depois faremos o referencial (item 2).
Em ambas as etapas você já precisará ler e estudar muito sobre o assunto. Se quiser
adiantar as dicas da pesquisa bibliográfica, elas estão na próxima unidade do Guia. Vamos co-
nhecer a metodologia então?
A Metodologia refere-se a uma seleção de métodos e técnicas que definem e apresen-
tam o caminho a ser percorrido pelo pesquisador. O tratamento oferecido aos dados, caso haja,
a serem obtidos também faz parte da metodologia. A Metodologia é um tipo de delineamento
bibliográfico, documental, experimental, expositivo, levantamento, estudo de caso, pesquisa
etc.

Métodos e técnicas = trabalho organizado, de fácil entendi-


mento e dentro do prazo.

Então, quais os passos você vai percorrer para conseguir responder a pergunta que
você colocou no problema de pesquisa?
Você deverá organizar o texto de sua metodologia de acordo com sequência de crono-
lógica de ações que executará. Normalmente, o conteúdo da metodologia segue esta ordem:

48
1. Define o método principal com aporte de algum autor de metodologia científica;

A presente pesquisa será desenvolvida por meio de um estudo de caso.. Segundo XX, o estudo de
caso é “....”.

2. Apresenta o local de estudo (se for o caso). Por exemplo, se for um estudo de caso, você
apresenta a empresa, a obra, o local em que você pesquisará. Não é necessário citar nomes
de empresas. Aliás, se você citar, precisa pedir uma autorização por escrito para a empresa.
Normalmente, informamos a área, a região e o porte da empresa, ou local estudado.

Como o objetivo de pesquisa será XXXX, o estudo será realizado em uma empresa do ramo têxtil,
de médio porte, na cidade/ na região....

3. Segue com a ordem cronológica de ações. Uma dica para essa parte é você listar tudo o
que vai fazer em etapas, depois você transforma cada etapa em um parágrafo.

Normalmente utilizamos marcadores de tempo sequencial como Primeiramente, Em uma se-


gunda etapa, Em seguida...Por fim...

Caso sua pesquisa tenha entrevistas, questionários, é preciso já colocar no projeto as


perguntas que fará. Faça uma chamada na metodologia e coloque-as como apêndice.

As pesquisas acadêmico-científicas não podem apresentar


como resultado o passo a passo de algum funcionamento de softwa-
re, por exemplo. Isso também vale se você está desenvolvendo algum
produto. Só o produto em si não é resultado. São resultados as discus-
sões, as reflexões que você tem no decorrer da pesquisa para desenvolver esse produto.
Pense que você está escrevendo para profissionais capacitados da sua área.

49
3.1. Métodos

É importante que, para desenvolver sua metodologia, você leia artigos da área da sua
pesquisa para conhecer os métodos mais atuais e mais utilizados. Complemente seus estudos
também com a leitura de livros sobre metodologia científica.
Na biblioteca virtual, temos alguns. Digite a palavra-chave “metodologia científica” no
motor de busca e você poderá escolher o mais adequado para sua pesquisa. Uma indicação é:

MASCARENHAS, Sidnei A. Metodologia científica. 2 ed. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2018.

Como podemos ter nomes diferentes para o mesmo procedimento, é importante que
você traga uma definição do seu método principal de pesquisa segundo um determinado au-
tor. Algo bem sucinto.
Os livros de metodologia científica trazem como método a Revisão bibliográfica. A pes-
quisa com esse método fará uma recolha e sistematização de pesquisas que estão sendo rea-
lizadas sobre um determinado tema. Para os TCCs dos cursos EaD de nossa instituição, não é
válido como método único de pesquisa, pois na pesquisa precisa haver algo prático. Então, a
revisão bibliográfica ou pesquisa bibliográfica será um passo da pesquisa (geralmente o pri-
meiro) e não um método da pesquisa em si.
O método estudo de caso é uma análise aprofundada sobre um determinado objeto.
Para analisar o caso, você poderá se valer de diferentes formas de coleta de dados. Esse méto-
do é interessante, pois apresenta interação entre pesquisador e objeto de pesquisa. Tem uma
abordagem mais qualitativa. Como se trata de uma análise particular, é difícil que possam ocor-
rer generalizações dos resultados.
O método Survey é um tipo de pesquisa aplicado com uma amostra de grande tama-
nho, para análise por meio de análises estatísticas. Então, tem uma abordagem quantitativa.
Devido ao fato de esse método ter essa amostra maior e implicar estudo mais aprofundado de

50
estatística, por questão de cronograma, poucos TCCs apresentam esse método.
A pesquisa documental, como o próprio nome diz, é um tipo de pesquisa em que você
analisa documentos.

É importante não confundir a pesquisa documental com a bi-


bliográfica. Na pesquisa bibliográfica, você analisa produções textuais,
publicações científicas sobre o mesmo objeto de estudo da sua pes-
quisa.

A pesquisa documental seria, por exemplo, quando você analisa um acervo, uma docu-
mentação de alguma empresa ou instituição, também quando você faz análise de orçamentos
e projetos que já existiam antes na empresa.
Mascarenhas também cita o método proposição de planos, que “serve para solucionar
os problemas de uma organização e planejar o que vai ser feito daquele momento em diante”
(1998, p. 49)
Esses são alguns dos métodos que existem. Como orientamos, pesquise e leia artigos
para conhecer aqueles que são mais utilizados na sua área.

3.2. Abordagens

A depender do problema, uma pesquisa pode ter dois tipos de abordagem: quantitati-
va ou qualitativa.
A abordagem quantitativa é aquela que “baseia-se na quantificação para coletar, em
mais tarde, tratar os dados obtidos. (...) é fundamental usar técnicas estatísticas, como porcen-
tagens, médias e desvio-padrão” (MASCARENHAS, 1998, p. 46). Nesse tipo de abordagem, há
um distanciamento do pesquisador, já que ele não influenciará nos dados. Segue um exemplo
de pesquisa com abordagem quantitativa:

51
A Evasão no Curso de Sistemas de Informação sob uma perspectiva tridimensional de
fatores (Survey)
Juliana Saraiva, Amanda Cavalcante, Vanessa Dantas
Disponível em: http://200.156.24.158/index.php/isys/article/view/9519/0

Já a abordagem qualitativa é aquela que descreve o objeto de estudo com mais pro-
fundidade. Nela os dados são analisados à medida que são coletados. Não há como evitar a
interferência do pesquisador na análise (MASCARENHAS, 1998, p. 47). Segue um exemplo de
pesquisa com abordagem qualitativa:

Boas práticas para reduzir desvio de custos e retardos de prazos em obras de construção
civil
Samuel Thadeu Góes Moreira
Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/producaoeengenharia/article/
view/29511

Também pode haver abordagens híbridas (quanti e quali ao mesmo tempo), como:

Demandas de customização em edifícios residenciais no Brasil: uma análise de agrupa-


mentos empírico-qualitativa com base no sistema Skeleton/Infill ( amostra de 62 aparta-
mentos adaptados)
Marianne Costa Avalone, Diego de Castro Fettermann
Disponível em: https://seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/90397

3.3. Coleta de dados

Antes de tudo, é importante considerar que, se você for realizar qualquer coleta abor-
dando seres humanos e se os questionamentos interferirem em questões pessoais, é necessá-

52
rio que seu projeto de pesquisa passe pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Grupo Unis.
Podemos resumir os instrumentos de coleta de dados em três tipos: Entrevista, Questio-
nário, formulário.
Você pode observar que os três implicam em elaboração de questões por parte do
pesquisador. Se você for utilizar algum em sua pesquisa, as questões já devem constar como
apêndice do projeto. Verifique se as questões realmente contribuirão para atingir seu objetivo
e responder à pergunta problema.
Por falta de um bom planejamento e análise de questões, já houve casos em que a
abordagem não trouxe resultados contundentes, já houve casos em que o pesquisador teve
que fazer nova pesquisa com as pessoas anteriormente abordadas. Então, faça com calma esta
etapa. Como teste, tente responder você mesmo, ou então peça para algum conhecido res-
ponder. Assim você terá um exemplo de dados que terá na pesquisa. Não se esqueça de revisar
o português.

Cuidado para não redigir perguntas que já induza algum tipo


de resposta. Isso pode invalidar seus resultados.

A coleta de dados pode ocorrer presencialmente ou por envio pela internet. Em ambos
os casos, antes da abordagem, apresente a proposta da pesquisa, resuma o conteúdo da entre-
vista ou do questionário.
Você já conhece os três tipos de instrumentos de coleta de dados, pois já utilizamos no
dia a dia. Vamos somente acrescentar algumas informações importantes.
Uma entrevista é uma abordagem direta entre pesquisador e entrevistado. Ela pode ser
classificada em: estruturada, semiestruturada, não estruturada.
Essa classificação diz respeito ao planejamento das questões. Na entrevista estruturada,

53
o pesquisador já tem as questões previamente planejadas e se atém a elas. Na semiestrutura-
da, há uma maior maleabilidade, a partir das questões planejadas podem ir surgindo outras no
momento da interação. E a não estruturada, como o nome diz, não há questões prévias.

Na entrevista oral, é interessante ter um gravador (pode até ser


seu celular) para registrar a fala do entrevistado, pois tudo ocorre mui-
to rapidamente e não dá tempo de anotar.

Um questionário não necessariamente precisa ter a presença do pesquisador e pode


ser feito com perguntas fechadas e abertas ou ambas. È preciso ter cuidado para que ele não
fique extenso.

Hoje em dia, para facilitar o contato, muitos questionários es-


tão sendo feitos pelo Google Forms. Essa mesma ferramenta que uti-
lizamos em nosso curso para algumas atividades, sobretudo as de
questão fechada. O Google Forms fornece a planilha de resultados, já
organizando-os e facilitando a vida do pesquisador.

Por fim, temos o formulário. Este é muito próximo do questionário, mas tem estrutura
do tipo catálogo e lista e o próprio entrevistador preenche as respostas. É aquele tipo de abor-
dagem com que costumamos ser parados na rua sobre a análise de algum produto.

3.4. Técnicas de pesquisa

As técnicas de pesquisa representam as ações concretas que realizará para percorrer

54
o caminho metodológico. Segundo Mascarenhas (1998), as técnicas podem ser: observação,
amostragem, descrição, comparação e análise e síntese. Você pode utilizar mais de uma em seu
trabalho. Seguem alguns exemplos:

Se você vai a uma empresa para analisar o processo produtivo de um setor, você pode
coletar os dados por meio da observação.

Se você vai desenvolver uma solução tecnológica e precisa conhecer os interesses e


necessidades do usuário, você pode utilizar a técnica da amostragem. Uma amostra é
uma parcela da população a ser analisada. Claro, é preciso estudar sobre essa técnica
para compreender como reunir uma amostra representativa.

Se você cria algo novo e coloca na parte inicial dos resultados os procedimentos para
essa criação, você está fazendo uma descrição.

Se você estuda as semelhanças e diferenças entre dois métodos, você está fazendo
uma comparação.

Se em seus resultados você partir de algo complexo dividindo em algo mais simples,
você está fazendo uma análise. Se você partir de várias partes simples tentando consti-
tuir o todo, você está fazendo uma síntese.

Aproveite seus guias de estudo de outras disciplinas e faça um


levantamento, estudo comparativo das Técnicas de Pesquisa e das fer-
ramentas que você utilizará para trabalhar.

55
Em todo o texto do projeto, você irá usar o tempo futuro em re-
lação à pesquisa, pois ainda não a realizou, é um planejamento. A pes-
quisa será realizada... Serão aplicados questionários... Depois, no TCC2,
que você vai relatar a pesquisa já realizada. A pesquisa foi realizada...
Foram aplicados questionários...

Outra informação importante para estruturar sua metodologia. Alguns alunos já traba-
lham na área e já têm a pesquisa prática avançada e os resultados praticamente concluídos. É
importante não mesclar as informações na metodologia. Mesmo que já tenha concluído, não
coloque resultados no projeto. Ainda estamos planejando e o texto ficará incoerente.

Como assim você está planejando fazer (em algumas partes do


projeto), mas já realizou (metodologia)?

Uma opção é dividir sua metodologia em duas partes: a já realizada e a que será reali-
zada. Assim, o seu leitor entenderá que você já tem a pesquisa adiantada e poderá opinar em
relação às próximas etapas.
Em sua metodologia, você precisa prever (e especificar no texto) os suprimentos e/ou
equipamentos, onde os dados serão colhidos ou as respostas serão desenvolvidas. Caso você
pretenda fazer pesquisa em um laboratório do Unis, por exemplo, precisará verificar a dispo-
nibilidade com o setor responsável. Verifique também a viabilidade financeira (orçamento) da
sua ideia.

56
CRONOGRAMA

O Cronograma serve para delimitar o tempo utilizado pelo pesquisador para concluir
o trabalho, isto é, para realizar a pesquisa de fato, dividindo o processo em etapas e indicando
quanto tempo é necessário para realização de cada etapa.

Importante: cronograma também é planejamento. Você vai lis-


tar as etapas a serem concluídas do projeto para frente, até a conclu-
são do artigo no TCC2.

Alguns alunos, pela fama negativa do TCC, acham que o trabalho é muito exaustivo. É
comum recebermos temas tão abrangentes ou tão complexos que dariam várias teses de dou-
torado. Temos que pensar que temos um tempo curto de pesquisa e a organização e o foco são
primordiais.
Então no cronograma você vai detalhar o máximo possível o prazo de cada etapa que
você informou na metodologia.

O cronograma é importante também para motivação. Quando


a tarefa é grande demais, temos tendência em procrastinar, ou seja,
deixar para depois. Há um bloqueio psicológico quando achamos algo
complexo demais e não vemos a luz no fim do túnel. Quando você tem
tarefas leves a cumprir em um dia, ou em uma semana, é mais fácil de você se motivar e
concluir.

57
Sugestões de subdivisões do cronograma. Adeque conforme sua metodologia:

Etapa ou ação Prazo para concluir


Transformação da introdução do projeto em intro-
10 de agosto
dução do artigo
Aprofundamento do referencial teórico 20 de agosto
Pesquisa prática – Visita à empresa, aplicação de
questionários, entrevistas... observação in loco (de-
talhe aqui de acordo com sua pesquisa. Pode criar 30 de agosto
várias linhas para dividir os prazos em etapas meno-
res)
Pesquisa documental 10 de setembro
Revisão do item METODOLOGIA 20 de setembro

Escrita dos RESULTADOS E DISCUSSÕES e finalização


30 de setembro
do artigo

58
IV Unidade IV -
A Pesquisa
Bibliográfica

Objetivos da Unidade
- Aplicar técnicas e desenvolver habilidades de leitura e pesquisa
bibliográfica;
- Reunir referências teóricas para o projeto;
- Conhecer produções científicas atuais da área de atuação.
Unidade IV – A Pesquisa Bibliográfica

Nesta unidade, vamos conhecer alguns procedimentos para realizar a pesquisa biblio-
gráfica que será a base para seu referencial teórico (próxima e última etapa deste módulo).
Alguns procedimentos visam te auxiliar a ganhar tempo na pesquisa e também a aumentar a
credibilidade do texto final.
Um referencial teórico de qualidade apresenta basicamente características como:

• autoria: a redação e a sequência lógica são de autoria do pesquisador. Não pode haver
plágio, sendo as falas de outros autores destacadas em forma de citação.
• atualização: os dados e referências contidos no referencial precisam ser atuais. Você
está fazendo uma revisão do que está sendo discutido sobre o tema. Para definição de
conceitos, esse aspecto parece não ser tão fundamental. Porém, quando você discorre
sobre a aplicação, detalhamentos do tema, é essencial que a fonte seja atual. Lembran-
do que os anos 2000 já se passaram há um bom tempo. Priorize publicações a partir da
década de 2010.
• embasamento a partir de pesquisadores e autores renomados na área: ou seja, você
constrói uma redação e usa a fala de outros autores para comprovar o que está dizendo.
É uma estratégia argumentativa.

A seguir, daremos algumas dicas de como proceder para obter mais qualidade em seu
referencial.

4.1. A escolha das fontes

Para embasar sua fala com aporte teórico, é preciso, antes de mais nada, que você bus-
que por fontes com credibilidade e, sobretudo, cientificidade. Como você está produzindo ci-
ência, você precisa se basear em pesquisas de mesma natureza, ou seja, pesquisas científicas.

60
Você pode considerar um site de uma empresa de renome na área de pesquisa como fonte
segura e confiável, porém não é uma fonte científica. Então, não é adequada para seu projeto
e artigo.

A Wikipédia, apesar dos avanços nas contribuições, não é con-


siderada científica, ok?

A pesquisa de uma fonte científica passou por todo aquele rigor de procedimentos que
conhecemos. Por estar já publicada, passou por uma seleção editorial, normalmente feita por
profissionais na área.
Por ser uma publicação oficial, se você quiser acessá-la daqui a alguns anos terá a ga-
rantia da publicação. Ao contrário de um site empresarial ou de algum profissional que não é
acadêmico, que muitas vezes não tem a confirmação, a contraprova dos dados informados e
pode sair do ar quando autor decidir.

E onde encontramos publicações acadêmico-científicas?

Podemos encontrar em:

• Livros impressos e e-books: Hoje em dia, temos várias editoras em que os pesquisado-
res publicam livros em conjunto. Muitas das editoras disponibilizam os livros gratuita-

61
mente. Temos também as bibliotecas virtuais, como a nossa da Pearson. Ela tem muitos
livros técnicos em seu acervo.

• TCCs de sites de universidades: muitas universidades, sobretudo as públicas, têm uma


biblioteca virtual com os resultados de pesquisas realizadas em graduação, mestrado e
doutorado.

O Grupo Unis tem um acervo (onde constará seu trabalho tam-


bém!). Confira o que os seus veteranos produziram pelo link: http://
repositorio.unis.edu.br/

• Artigos científicos: é a forma mais prática de se divulgar ciência hoje, pois é um texto
curto de até 20 páginas (e que você também vai elaborar!). Para você ter uma ideia, uma
dissertação ou tese pode resultar em vários artigos. Então, se você encontrou um autor
que combina bastante com seu tema, provavelmente ele terá outras produções.

Se você encontrou esse autor que acha que é “top” na sua área
de pesquisa, e se ele for brasileiro, uma forma fácil de encontrar as refe-
rências de todos os seus trabalhos é buscar o currículo Lattes dele em:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apre-
sentar

Felizmente a tecnologia ajudou para que a grande maioria dos artigos esteja toda dis-
ponível na web. Imaginem que há uns 15 anos os pesquisadores ainda tinham que procurar
nas bibliotecas físicas! Que trabalho!

62
Como encontrar artigos?
Atualmente, existem dois motores de busca mais utilizados. O
primeiro é o scielo.org. É como um google para textos acadêmicos. Tal-
vez se você colocar a palavra-chave da busca em inglês você encontre
mais resultados, até mesmo para artigos em português. Isso ocorre porque a indexação
no site é feito também em inglês.
O segundo é uma seção do próprio google: o Google acadêmico: https://scholar.
google.com.br/scholar?q=
Lembre-se. mesmo dentro desses motores, dê uma pesquisada sobre os autores
também.

Por fim, o que mais se utiliza para iniciar o referencial teórico são os periódicos cien-
tíficos. Já havíamos dado anteriormente a dica do site da biblioteca do Unis onde você pode
encontrar alguns periódicos da sua área: https://biblioteca.unis.edu.br/?page_id=81

4.2. Fazendo a revisão da literatura

O referencial teórico pode ser também chamado de “revisão da literatura” porque enfa-
tiza a ideia de que a parte teórica da sua pesquisa é composta por uma revisão de tudo o que
tem sido pesquisado nos últimos anos. Seguem alguns procedimentos para que você realmen-
te revise a literatura:

1. Encontre um periódico com um bom Qualis;


2. Com seu tema em mente, percorra todas as edições da mais atual até pelo menos 3 anos
atrás;

63
Qualis é a classificação dos periódicos pela CAPES. O melhor é
A1 (muito difícil de encontrar) e vai seguindo A2, B1, B2, C1, C2... até os
periódicos sem Qualis. No site do periódico, você encontrará o Qualis
dele na aba SOBRE, onde há uma apresentação da revista. Ou então,
você pode consultar em:
https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQua-
lis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf

3. Selecione artigos com o tema de sua pesquisa, leia o resumo deles e salve em uma pas-
ta de seu computador, colocando uma “pontuação por prioridades” para cada um. Por
exemplo, aquele que você acha que será de ótima leitura para sua pesquisa coloque
com o nome do arquivo Apalavra-chave (por exemplo A_métodointeressante). Para um
artigo que você acha que não será tão útil, mas que talvez você possa precisar, você
pode salvar o nome dele como Dgosteidosresultados. Ao final da pesquisa, você terá
uma pasta no computador com as prioridades.
4. Leia os artigos que você selecionou de alta prioridade (com a letra A), realizando o ficha-
mento durante a leitura (traremos dicas de fichamento mais abaixo)
5. Seria interessante você fazer essa tarefa em mais de um periódico.

Nessa leitura, você provavelmente observará que alguns autores


citados se repetem. Provavelmente são os autores de maior renome na
área. Então, você provavelmente você terá que ler esse autor para poder
usar em seu trabalho.

Como encontrar mais referências para ler e citar em seu trabalho?

64
• Um artigo pode ser a porta para leituras mais detalhadas. Verifique se o(s) autor(es)
do artigo não tem mais publicações (livros, teses, dissertações). Pelo Lattes, você
consegue ver toda a produção.
• Dentro dos artigos que você ler, observe as citações. Vá em referências para conhe-
cer os nomes das obras e onde foram publicadas. Sabe aqueles artigos que você
classificou e não leu? Provavelmente terá referências interessantes. Não precisa ser o
mesmo tema específico para que você possa retirar contribuições teóricas.
• Tente se lembrar em qual disciplina do curso você estudou a matéria. No Guia de
estudos, provavelmente haverá citações de autores para ler e buscar o original.

4.3. Técnica do fichamento

Quando realizamos uma pesquisa científica, precisamos entender do assunto em ques-


tão e também mostrar ao nosso leitor do projeto que entendemos. Então, você precisa iniciar
lendo sobre o tema e essa leitura não é simplesmente um “passar os olhos”, precisa ser uma
leitura atenta e crítica.
Sua postura de leitor pesquisador deve se direcionar a partir de alguns questionamen-
tos do tipo:

- Em que este autor pode contribuir para minha pesquisa?


- O que este autor traz de diferente?
- Que passagens são interessantes para eu utilizar como citação em meu trabalho?
- As afirmações desse autor confirmam a fala de outro autor? Ou contradizem?
- O que este autor está dizendo faz sentido?

65
E como você guarda todas as informações que está lendo e as
respostas a esses questionamentos acima?

A melhor forma é por meio do fichamento. O fichamento é um gênero textual em que


você anota as partes importantes da leitura e os dados da obra. É como um diário de leitura.
Como nossa mente não é tão potente, depois, quando você estiver escrevendo o referencial,
você seleciona as passagens fichadas para fazer citações. O formato do fichamento pode variar.
Por exemplo, temos dessa forma:

Quadro 1 – Exemplo de fichamento

Fonte: a autora

66
Ao final da leitura, você terá uma tabela inteira de citações. Caso mude de obra, inicie
uma nova tabela.
Outra forma que considero mais prática, e que também não deixa de ser fichamento,
é você ir fazendo a leitura e já ir colocando as citações no documento do seu referencial. Você
copia e cola, mas nunca se esqueça das referências completas. Já coloque SOBRENOME, ANO,
p. (página) dentro do referencial e já coloque os dados da obra completa nas referências. No
final das leituras, você terá várias citações para utilizar.

As referências são a lista de todas as obras realmente citadas


dentro do trabalho. Caso você coloque uma citação no trabalho, ime-
diatamente já coloque a obra completa nas referências. Isso também
vale para o contrário. Se retirar alguma citação, verifique se não citou a
obra em outra parte do trabalho. Se não tiver realmente citado, retire das referências.

67
V Unidade V -
Referencial Teórico

Objetivos da Unidade
- Reunir um acervo de referencial teórico de apoio;
- Revisar e aperfeiçoar o trabalho realizado no decorrer do se-
mestre a fim de criar um Projeto de Pesquisa persuasivo, enxuto
e de qualidade;
- Apresentar e defender a ideia de pesquisa.
Unidade V – Referencial Teórico

Na etapa anterior, você já realizou a pesquisa bibliográfica e já tem algumas contribui-


ções de outros autores para seu trabalho. Nesta última unidade, construiremos o referencial
teórico. Vamos conhecer como é formado esse capítulo com sugestões de escrita.
O referencial teórico, ou a também chamada Revisão de Literatura, é a parte do projeto
de pesquisa em que você vai referenciar trabalhos anteriormente publicados, através de uma
dissertação de ideias, situando o leitor a uma evolução do assunto como forma de continuida-
de da pesquisa.

A Revisão de Literatura é a fundamentação teórica do Projeto de


Pesquisa e que tem a finalidade de nortear a pesquisa através da apre-
sentação de fontes de pesquisa já realizadas sobre o mesmo tema ou
altamente correlatas.

A delimitação da Revisão de Literatura fornece contribuições importantes ligadas ao


assunto. A necessidade primária do quadro teórico é situar o leitor no tempo, em que os no-
mes dos autores devem ser mencionados a cada pesquisa, na forma de citação no texto ou em
notas, e obrigatoriamente nas referências bibliográficas.

Nesta etapa é importante revermos o que temos como caracte-


rísticas de um bom referencial:

• autoria: não pode haver plágio, fazer link entre citações.


• atualização: buscar de pesquisas e citações publicadas recentemente
• embasamento a partir de pesquisadores e autores renomados na área: credibi-

69
lidade e cientificidade da fonte.

Referencial teórico = referenciar trabalhos anteriormente publi-


cados + minhas ideias e as relações que faço sobre esses trabalhos

O conteúdo de seu referencial teórico depende muito de seu objetivo de pesquisa e


da sua metodologia. Por isso, invertemos a ordem de escrita nas atividades. Agora que você já
tem sua metodologia, será mais fácil escolher os conteúdos essenciais para desenvolver todas
as etapas da pesquisa.
Um erro que costuma ocorrer com pesquisadores iniciantes é acreditar que o referen-
cial precisa ser exaustivo, ou seja, precisa falar muito sobre o tema mais amplo. E isso não é
verdade. Seu referencial pode ser composto somente pelo que diz respeito ao seu tema espe-
cífico.

Sempre tenha em mente que você está escrevendo para profis-


sionais da área. Então, evite explicar conceitos simples ou então deta-
lhar muito em temas que fogem da área do seu curso.

Leia a passagem abaixo tentando identificar uma inadequação de referencial:

Várias pesquisas com embasamento científico que afirmam que a humanidade precisa fazer
melhor uso da água. Tendo como base essas informações começa-se a busca por alternativas

70
sustentáveis para diminuir este impacto.

A maior inadequação aqui está na parte “Várias pesquisas com embasamento cientí-
fico”. Seu leitor já sabe que existem várias pesquisas. Ele quer saber quais especificamente.
Então, evite genéricos como “estudos mostram”, “pesquisas apontam”. É preciso citar mesmo o
sobrenome e ano. Se forem vários autores, pode colocá-los seguidos:

Autores como Sobrenome (ANO), Sobrenome (ANO) e Sobrenome (ANO) discorrem sobre
esse tema.

Às vezes, pode ocorrer de você precisar citar leis, decretos. Nesse caso, a depender da
jurisdição, o “autor” será a cidade, o estado, o país. Veja como o manual do Unis orienta as refe-
rências:

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletânea de legis-
lação e jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217-220, 1998.

Se fosse uma lei federal, por exemplo, você referenciaria (BRASIL, Ano).
A seguir, demos mais algumas dicas para a redação do referencial:

• Evite ser muito genérico: Por exemplo, você está pesquisando sobre a reutilização da
água e constrói um item no referencial sobre sustentabilidade. Está fugindo de seu foco
que seria a parte teórica que vai te ajudar na parte prática. A sustentabilidade pode ser
abordada rapidamente na introdução como justificativa de pesquisa.
• Evite dividir o texto em muitas seções: pense que uma seção deve ter em média, no
mínimo, uns 7 parágrafos
• Evite citações de mais de 3 linhas: Como o referencial do projeto será aproveitado e
aperfeiçoado no artigo (TCC2) e o artigo é sintético (máximo 20 páginas), prefira cita-

71
ções indiretas. A citação direta ocupa muito espaço e não é uma tradição do artigo.

Quando você precisar mesmo fazer citação direta, não necessariamente você precisa
citar todo o texto. Você pode fazer recortes das partes principais utilizando o símbolo [...] para
indicar que você retirou uma parte do original. Apenas tome cuidado para não modificar o sen-
tido original. As frases também precisam ser completas, ou então ser completas com sua fala.
Muitas vezes fazemos a citação direta para destacar a escolha de palavras que o autor
utilizou. Para destacar alguma parte da citação, há o “grifo nosso”. Veja o exemplo do Manual do
Unis:

“[...] para que não tenha lugar a producção de degenerados, quer physicos quer
Moraes, misérias, verdadeiras ameaças à sociedade.” (SOUTO, 1916, p. 46, grifo nosso).

• Não mencione questões da sua pesquisa: o referencial teórico é praticamente a única


parte do projeto em que você não fala da pesquisa em si (por exemplo, como você vai
proceder, como é o estudo prático...). Você organiza os conteúdos como se estivesse
dando uma aula sobre eles.
• Organize os conteúdos em uma lógica: a lógica que mais dá certo é você organizar do
mais genérico para o mais específico. Veja o exemplo abaixo

Tema de pesquisa: software livre em educação

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Parágrafo de contextualização
2.3 Softwares livres
2.1.1 Vantagens e desvantagens
2.2 Softwares livres na educação

72
Na redação do referencial, não deixe título seguido de título.
Sempre coloque pelo menos um parágrafo para separá-los, como seria
o caso acima entre os itens 2 e 2.1

Vimos que o quesito autoria é uma qualidade de um bom referencial teórico. O que vai
diferenciar seu referencial de outas pesquisas será o compilado de citações e, sobretudo o que
você faz com elas. É a fala que relaciona as citações e argumenta que é mais importante do seu
referencial.
Se você seguiu certinho a etapa da unidade anterior, você já tem as citações interessan-
tes para seu trabalho. Agora é hora de costurar as citações com seu texto próprio.
Seguem algumas dicas:

• Comparação entre autores:


Comparação em que ideias são complementares: Você pode comparar o que dois ou mais
autores dizem sobre um mesmo tema. Por exemplo, o autor X enumera 5 vantagens. O au-
tor Y enumera as mesmas 5 mais 2 diferentes. Você pode fazer:

Segundo X (ANO), são cinco as vantagens:


- Vantagem 1
- Vantagem 2
- Vantagem 3
- (...) 5

Além dessas vantagens, Y também acrescenta ISSO E ISSO.

• Contradição entre autores:

73
O autor X conceitua tal fenômeno como “......”. Já Y não enfatiza o aspecto tal...
O autor X conceitua tal fenômeno como “......”. Por outro lado, Y não enfatiza o aspecto tal...
O autor X conceitua tal fenômeno como “......”. Ao contrário de Y, que enfatiza o aspecto tal...

• Concordância sua com o autor:

Segundo Y, tal método é “mais vantajoso para a empresa no quesito tal”. De fato, se con-
siderarmos.... (comentário do autor)

A seguir, trazemos uma lista de ideias de palavras para usar em seu texto:

Quadro 2 – Ideias de palavras para uso no texto acadêmico

Conjunções e expressões que


Sentido
podem ser usadas
Além de, ainda, também, igualmente, da mesma
forma, inclusive, aliás, ao mesmo tempo, assim
Complementação, adição,
como
semelhança
- Por sua vez
- Item X. Já o item Y
Ênfase Sobretudo, principalmente
Concordância com que o autor diz De fato, com efeito, realmente
Porque, em virtude de, graças a (positivo), em
Causa e consequência
decorrência de, devido a, tanto que
Explicação e justificativa Pois, uma vez que, já que
Orientação argumentativa contrária Mas, porém, no entanto, contudo, entretanto, to-
/ contraste davia, por outro lado, ao contrário de, por sua vez

74
Concessão (quando você relaciona
dois argumentos contrários na mes-
Embora, apesar de, ainda que, por mais que
ma frase, destacando aquele da fra-
se principal)

Correções e explicações Ou seja, isto é, ou melhor

Inicialmente, em um segundo momento, em se-


Sequencial temporal guida, posteriormente, o primeiro..., o segundo...
o terceiro...por fim, finalmente

a figura a seguir, a seguinte figura, conforme fi-


Apresentação de algo gura abaixo, a saber, como é possível observar na
figura abaixo

Conforme o autor, Segundo o autor, de acordo


com, Os autores afirmam que, Para a autora X,
Citação (ou simplesmente fazer a citação indireta e co-
locar SOBRENOME, ANO ao final da fala). Prefira
este último para artigos.

O autor afirma, explica, defende, sustenta, men-


ciona, destaca, cita, pontua, traz, concorda que,
Verbos de dizer
acrescenta, elucida, define, denomina(dar o
nome)

Verbos relacionados a algum tema O autor discorre sobre, o autor aborda

O trabalho visa, tem como objetivo, tem como


Expressões com objetivos propósito; O objetivo deste trabalho, A proposta
deste trabalho
Fonte: Autora

75
Não deixe de rever as dicas de redação que aprendemos na uni-
dade 1, principalmente em relação à conexão textual que precisa ser
realizada entre figuras, quadros, tabelas e texto corrido.

REFERÊNCIAS

Ao final do Projeto de Pesquisa você deverá colocar uma lista com os dados completos
das obras de referência do trabalho. Funciona como se fosse uma nota de rodapé em relação
ao seu trabalho.
Se dentro do seu trabalho você citou ANDRADE, 2000, caso o leitor queira ver onde en-
contrar essa obra, ele irá em REFERENCIAS e encontrará os dados completos, como no modelo:

SOBRENOME, nome. título da obra. Edição. Cidade da publicação: editora, ano de publicação.

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-gradu-
ação: noções práticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

A lista deverá seguir ordem alfabética dos sobrenomes. Observe que o título da obra
deve ser destacado em negrito.
Hoje em dia, estão ocorrendo casos de livros em que há um autor organizador e cada
pesquisador escreve um capítulo. Caso você queira citar um capítulo específico, veja como fica
a referência:

SOBRENOME, nome (autor do capítulo). Título do capítulo. In: SOBRENOME, nome (Org.). título
da obra. Edição. Cidade da publicação: editora, ano de publicação.

76
Veja que é o nome da obra que fica destacado, não o título do capítulo.
Também é muito comum encontrar fontes que estão disponíveis na internet. Veja o
exemplo do Manual de Normatização do Unis:

MINAS GERAIS (Estado). Secretaria de Transportes. Trabalhando com transportes aéreos.


In:______. Transportes e o meio ambiente. Minas Gerais: 2000. v. 1. Disponível em: <ht-
tp:www.secr.esta.transp.areos/atual.html >. Acesso em: 8 mar. 2001.

Assim, para esse tipo de citação, é preciso colocar “Disponível em: endereço do site” e
“acesso em: a data acessada”.
Observe que depois do IN: há um traço ____________ . Quando esse traço aparecer nas
referências significa que é o mesmo autor anteriormente informado, ou seja, MINAS GERAIS.
Isso também vai acontecer quando você tiver duas obras diferentes do mesmo autor. Você irá
colocar da seguinte forma:

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-gradua-
ção: noções práticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

___________ O texto acadêmico. . São Paulo: Atlas, 2003.

Nas referências, vão constar as obras que realmente você citou


no seu trabalho. Aquelas leituras que você realizou, mas não foram
aproveitadas como citação em seu trabalho não entram na lista.

77
APÊNDICES E ANEXOS

Os apêndices e anexos são itens complementares do trabalho que servem para ilustrar
ou explicitar algo comentado no texto principal.

Você não pode somente inserir um apêndice ou anexo. Você


precisa colocar uma chamada dentro do texto principal para que o lei-
tor visite-o. Você pode colocar entre parênteses no momento da sua
fala, como no exemplo:

A entrevista (Apêndice A) foi realizada com cinco gestores...


Ou então explicitar:
As perguntas da entrevista estão disponíveis no apêndice A.

São exemplos de itens que podem aparecer no apêndice/anexo: tabelas, quadros, grá-
ficos, instrumentos de Pesquisa, projetos arquitetônicos, planta baixa,etc...
Lembre-se que o apêndice e o anexo contêm informações complementares. Se seu lei-
tor precisa obrigatoriamente ler o que está no apêndice/anexo, analise de colocar essa infor-
mação dentro do texto principal. Ou então você pode fazer um recorte para colocar no texto
principal e informar que o item na íntegra encontra-se no apêndice/anexo.

Qual a diferença entre apêndice e anexo? Basicamente é a auto-


ria.
Apêndice = item de sua autora (pesquisador).
Anexo = item de outra autoria (citar a fonte).

78
Os apêndices e anexos são numerados com algarismos arábicos ou letras maiúsculas e
acompanhados de um título.

79
Referências Bibliográficas

GRUPO UNIS. Técnicas para elaboração de trabalhos acadêmicos. Varginha: UNIS, 2012.

LAKATOS, E. M. ; MARCONI, M. de A . Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Pau-


lo: Atlas, 2010.

MARCONI, Maria Andrade; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.

MASCARENHAS, Sidnei A. Metodologia científica. 2 ed. São Paulo: Pearson Education do Bra-
sil, 2018.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2011.

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