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A negligência, por exemplo, que ocorre quando não se cuida, não se dá afeto, não se
dá uma medicação, pode se transformar em violência física ou psicológica. “Esta não
deixa marcas, é a perpetuação do sofrimento. Quando a criança tem um hematoma, diz
que dói. Quando é tratada mal, não”, explica a pediatra, psicanalista, membro do
Departamento Científico de Segurança da SBP e presidente do mesmo departamento
no Paraná, Luci Pfeiffer. Segundo ela, a negligência gera na criança uma sensação de
não pertencimento.
Os casos de agressão costumam ser invisíveis, pois há uma subnotificação. Parte dela
vem do mito de que laços sanguíneos são suficientes para garantir proteção e cuidado
a uma criança, mas a pediatra ressalta que pais e mães, ou cuidadores em geral,
podem sim ser agressivos.
Outra ilusão que impede as denúncias é a associação de violência com pobreza. É por
isso que casos como o de Henry Borel, assassinado dentro da casa da mãe e do
padrasto, ou de Isabella Nardoni, morta pelo pai e pela madrasta, costumam parecer
episódios isolados.
Desde 2017, o Brasil tem a lei 13.431, que estabelece o sistema de garantia de direitos
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Por meio dela, são
pensadas ações intersetoriais, para cumprimento do fluxo da proteção e da
investigação, e diminuir o sofrimento das vítimas. Do ponto de vista do agressor, além
do cumprimento da pena devida ao fato, também estão previstas ações de tratamento.
“Avaliamos o agressor, se ele realmente é perverso. Pessoas que aprenderam a
educar batendo podem responder muito bem a um tratamento psicológico”, explica
Luci.