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IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

INDALÉA STELA LOMBA RODRIGUES

A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

FERNANDÓPOLIS
2015
INDALÉA STELA LOMBA RODRIGUES

A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.

Monografia apresentada à Instituição de ensino superior


como requisito parcial para obtenção título de
Licenciatura Plena em PEDAGOGIA.

Orientador: Prof. Dr. Márcio César Chiachio

FERNANDÓPOLIS
2015
Catalogação na publicação
Serviço de Documentação Universitária

RODRIGUES, Indaléa Stella Lomba

A neuropedagogia e as dificuldades de aprendizagem. Indaléa


Stella Lomba Rodrigues– Fernandópolis, 2015.

41 p.; 30 cm
Monografia: Instituição de ensino superior, Pedagogia

Orientadora : Marcio Cesar Chiachio

1.Neuropedagogia. 2.Psicopedagogia. 3.Neurociência.


FOLHA DE APROVAÇÃO

INDALÉA STELA LOMBA RODRIGUES

A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Monografia apresentada à Instituição de ensino superior


como requisito parcial para obtenção título de título de
Licenciatura Plena em PEDAGOGIA.

Aprovada em: ___/___/2015

Examinadores:

___________________________________________
Prof. Coordenador

___________________________________________
Prof. Orientador

___________________________________________
Prof. Co-Orientador
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, pela perseverança que


me fez acreditar que eu poderia chegar ao final
dessa jornada.
AGRADECIMENTOS

A Deus, escudeiro fiel, a professora Silvia pela


colaboração neste trabalho, aos meus colegas de
turma que juntos me motivaram ainda mais ao
estudo da Neuropedagogia. 
“Quando a gente pensa que sabe todas as
respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”.

(Érico Veríssimo).
RESUMO

RODRIGUES, Indaléa Stella Lomba. A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES


DE APRENDIZAGEM. 2015, 41 f. . Monografia – PEDAGOGIA. IES, Instituição de
ensino superior, Fernandópolis, 2015.

É possível re(modelar) o cérebro e, com isso otimizar o aprendizado? De acordo


com os estudos realizados na área de Neurociência, é possível. Há possibilidade de
darmos continuidade ao aprendizado, isto, independente de idade, ou, habilidades
especiais. Muito embora pensemos que somos as mesmas pessoas durante toda a
nossa vida; a neurociência explica que a estrutura e o estado funcional de nosso
cérebro mudam, dramaticamente no curso da vida humana. Mudamos pois nosso
cérebro é flexível- possui plasticidade- que possibilita a ocorrência da memória e do
aprendizado. Segundo os, Neurocientistas, a aprendizagem é o resultado da
comunicação entre os neurônios; a memória, a tomada de decisões, a consciência,
as emoções e as interações mente-corpo, são todos sistemas sediados no cérebro.
Os conhecimentos teóricos da área de neurociência revelam que existem métodos
baseados em teorias sobre o funcionamento do cérebro, que tornam o
ensino/aprendizagem mais efetivo. Como, por exemplo: a neurociência assinala que
o cérebro faz suas conexões da melhor forma quando a disciplina é dada de forma
interdisciplinar, evitando assim, que as informações sejam apresentadas fora de
contexto. O sistema educacional pouco tem se beneficiado com os conhecimentos
da Neurociência, com o intuito de aperfeiçoar o ensino/aprendizado de seus alunos
e capacitar seus professores. Porém, o conhecimento sobre o funcionamento do
cérebro é imprescindível para o profissional de Psicopedagogia, pois, sua tarefa é
desobstruir os obstáculos que impedem a aprendizagem, permitindo a compreensão
deste processo; levando assim, ao melhor desenvolvimento do indivíduo como um
todo.

Palavras Chave: Neuropedagogia. Psicopedagogia. Neurociência.


ABSTRACT

RODRIGUES, Indaléa Stella Lomba. THE NEUROPEDAGOGIA AND THE


LEARNING DIFFICULTIES. 2015, 41 f.. Monograph-Pedagogy. IES, institution of
higher learning, Fernandópolis, 2015.

Is it possible to re (model) the brain and thereby optimize the learning? According to
studies carried out in the area of neuroscience, is possible. There is possibility to give
continuity to the learning, this, regardless of age, or special abilities. Although I think
we're the same people throughout our life; Neuroscience explains that the structure
and the functional State of our brains change dramatically over the course of human
life. We moved because our brain is flexible-has-plasticity which allows the
occurrence of memory and learning . According to the, Neuroscientists, learning is
the result of communication between neurons; memory, decision-making,
consciousness, emotions and mind-body interactions, are all hosted systems in the
brain. Theoretical knowledge in the area of neuroscience shows that there are
methods based on theories about the functioning of the brain, which make the
teaching/learning more effective. As, for example: the Neuroscience notes that the
brain makes its connections in the best way when discipline is given to
interdisciplinary manner, thus avoiding that the information is presented out of
context. The educational system has benefited with the knowledge of neuroscience,
with the aim to improve the teaching/learning of your students and empower their
teachers. However, knowledge about the functioning of the brain is indispensable for
the professional Pedagogy, Yes, your task is to clear the obstacles that impede
learning, allowing the understanding of this process; taking the better development of
the individual as a whole.

Keywords: Neuropedagogia. Educational Psychology. Neuroscience.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11
...
13
1 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
ESCOLAR..................................... 17

2 A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO.......................... 23

3 FATORES QUE DIFICULTAM A 28


APRENDIZAGEM.....................................
31
3.1 Prováveis causas do fracasso
escolar................................................. 36
3.3 Ações do professor, pais, escola e sociedade diante dessa
dificuldade......................................................................................................... 39
...

CONCLUSÃO...................................................................................................
..

BIBLIOGRAFIA................................................................................................
..
11

INTRODUÇÃO

Este trabalho visa tratar da importância da Neurociência para a


Psicopedagogia. Os profissionais de Psicopedagogia precisam estar atualizados
com as teorias e, novas descobertas da área de Neurociências por se tratar do
estudo de como pensamos, como memorizamos e, de como aprendemos. Tanto as
desordens de aprendizagem quanto à otimização da aprendizagem podem ser
beneficiadas a partir do estudo da neurociência.
Neste trabalho iremos focar a questão da plasticidade cerebral e sua
correlação com a aprendizagem; respondendo a questão: É possível re(modelar) o
cérebro e, com isso otimizar o aprendizado? De acordo com os estudos realizados
na área de Neurociência, é possível.
Somos seres humanos que vivem em constantes transformações,
vivemos em uma sociedade que busca viver igualitariamente, para alcançar essa
igualdade à sociedade passa por transformações, onde cada individuo busca seu
objetivo de vida. 
A relação do homem com o mundo não é uma ação direta, mas uma
relação imediadora por instrumentos significativos. Os instrumentos são elementos
externos ao individuo e sua função é provocar mudanças nos objetos, controlar a
natureza. 
Somos seres inacabados, podemos admitir que o homem seja um ser
histórico, já que suas ações e pensamentos mudam no tempo à medida que
enfrenta os problemas, não só da vida coletiva, mas também como experiência
pessoal. 
Paulo Freire parte do principio que todos têm direito, é a luta pala mudança, razão e
racionalidade. 
Hoje a educação esta voltada para uma educação com o conhecimento
do cérebro, conhecer as estruturas cognitivas que levam a aprendizagem e em base
nestes conhecimentos, construir conhecimentos que sejam significantes para nosso
aluno. 
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O estudo da Neuropedagogia possibilita dar condições para os alunos


desenvolverem os aspectos cognitivos, propondo-lhes desafios, valorizando suas
ideias e seu tempo certo para alcançar a aprendizagem. 
Leva a reflexão de que a educação não muda sozinha, é um processo
interativo e a escola é o espaço para este entendimento compartilhado. A ação
transformadora do homem modifica sua maneira de pensar, agir e sentir, de modo
que nunca permaneceremos os mesmos. 
Assim a Neuropedagogia veio contribui para a nossa necessidade de
compreender os fatores cruciais que impedem a criança de aprender no seu tempo
certo. 
Nossa pesquisa visa acompanhar o desempenho de uma aluna com
dificuldades de aprendizagem, sem laudo medico, procurando diagnosticar possíveis
dificuldades de aprendizagem e assim interferir neste processo auxiliando-a a
superá-las. Visto que toda criança aprende, apenas a forma e seu tempo de
aprendizagem são diferentes, na realidade não existem duas pessoas iguais. Cada
um traz consigo uma serie de características que a tornam diferentes das demais,
assim através da observação do aluno no seu dia-a-dia, o professor tem a
oportunidade de perceber em seus alunos varias características, experiências, etc.,
que fazem com que cada um seja único.
A Neuropsicopedagogia é a ciência que estuda os processos cognitivos
do aluno o estudo este centrado no desenvolvimento do cérebro do aluno, e diante
desta educação centrada no aluno, estudaremos as patologias que tanto interferem
nos processos ensino/aprendizagem do aluno. 
O trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo I, apresentará
um breve histórico da Neurociência e da Psicopedagogia. No capítulo II, fará uma
correlação entre a Neurociência e a aprendizagem; brevemente descrevendo o
funcionamento cerebral e, os mecanismos que envolvem o aprendizado. No capítulo
III, irá descrever certos métodos e a didática utilizada, que são mais propícios para
se alcançar um bom nível de otimização do ensino/aprendizagem, de acordo com a
Neurociência. Finalizando, no capítulo IV irá descrever sobre o conceito de mente
incorporada’, relacionado à capacidade do corpo de assimilar o aprendizado.
13

1 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL ESCOLAR

Nas palavras de Allessandrini (1996, p. 21), a definição do objeto de


estudo dessa área do conhecimento: "a Psicopedagogia estuda o processo de
aprendizagem a partir de uma contextualização teórico-prática que advém da
Pedagogia e da Psicologia".
Dentro de um contexto entre teoria e prática da Pedagogia e Psicologia a
psicopedagogia estuda como se da o processo de ensino e aprendizagem. Um
processo complexo que depende de vários fatores tanto do educando quanto do
educador, e que a Psicopedagogia tem contribuído para que nesse processo se
encontre caminhos mais eficazes a fim de se chegar o mais próximo possível de um
aprendizado coerente para com nossos educandos.
As pesquisas de Miranda (2008, p. 22) apontam que a Psicopedagogia,
"tributária da Psicologia e da Pedagogia, respaldou diversos trabalhos
multidisciplinares sobre a aprendizagem e seus desvios, assim como ações
intervencionistas embasadas, principalmente, na teoria psicogenética de Jean
Piaget".
Nas palavras de Fagali e Vale (2003), a Psicopedagogia, na atualidade,
vai além das pesquisas relacionadas somente aos problemas de aprendizagem. Os
estudos caminham na direção de duas vertentes para a Psicopedagogia: a curativa
ou terapêutica e a preventiva:

A primeira tem como objetivo reintegrar ao processo de construção


de conhecimento uma criança ou jovem que apresenta problemas de
aprendizagem. A segunda tem como meta refletir e desenvolver
projetos pedagógicos educacionais, enriquecendo os procedimentos
em sala de aula, as avaliações e planejamentos na educação
sistemática e assistemática (FAGALI; VALE, 2003, p.9).

Conforme os estudos de Bossa (2000, p. 89), no que diz respeito à


Psicopedagogia preventiva, "podemos dizer que o nosso sujeito é a instituição, com
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sua complexa rede de relações". A partir dessa reflexão, podemos dizer que a
instituição é um espaço físico e psíquico da aprendizagem, local e objeto de estudo
da Psicopedagogia. Os procedimentos didáticos que interferem na aprendizagem
devem ser analisados e discutidos, a fim de que possam ser ressignificados.
De acordo com Fagali e Vale (2003), o trabalho preventivo está
relacionado ao desenvolvimento de assessorias para pedagogos, orientadores e
professores das instituições de ensino. Nessa perspectiva, para as autoras, o
trabalho preventivo tem o seguinte papel:
Trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno
e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e cognitivo, através
da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento (FAGALI;
VALE, 2003, p.10).
As autoras relatam, também, que o trabalho psicopedagógico de cunho
preventivo destaca-se em variadas formas de intervenção:
Releitura e reelaboração no desenvolvimento das programações
curriculares, centrando a atenção na articulação dos aspectos afetivos - cognitivos,
conforme o desenvolvimento integrado da criança e do adolescente;
Análise mais detalhada dos conceitos, desenvolvendo atividades que
ampliem as diferentes formas de trabalhar o conteúdo programático. Nesse
processo busca-se de forma que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis
de escolaridade. Complementa-se a esta prática o treinamento e desenvolvimento
de projetos junto aos professores;
-Criação de materiais, textos e livros para o uso do próprio aluno,
desenvolvendo o seu raciocínio, construindo criativamente o conhecimento,
integrando afeto e cognição no diálogo com as informações (FAGALI; VALE, 2003,
p. 10-11).
Na concepção de Allessandrini (1996), no que se refere ao papel do
psicopedagogo em instituições de ensino:

O psicopedagogo pode reprogramar projetos educacionais


facilitadores de uma aprendizagem mais dinâmica e significante,
supervisionando programas, treinando educadores e atuando junto a
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profissionais de educação, ou então buscando o aprimoramento da


qualidade de aprendizagem do sujeito que apresenta dificuldades
escolares.(ALLESSANDRINI, 1996, p. 21).

Em conformidade com os estudos apresentados, Porto (2007) descreve


que o trabalho psicopedagógico institucional escolar pode possibilitar a construção
da autonomia do professor, de repensar a sua postura diante da ação pedagógica e
do desenvolvimento da autoria de pensamento desse profissional.
Nesse sentido, Miranda (2008) aponta, em seus estudos, a necessidade
de projetos voltados para a formação continuada dos docentes, bem como de
projetos voltados para o desenvolvimento do aluno.
Ao levarmos em consideração os dados acima levantados, entende-se
que, para a realização de um trabalho psicopedagógico, é necessário ao
psicopedagogo estar inteirado das pesquisas que fazem referência ao pensamento
da criança e do jovem, de como interage com o meio a sua volta, e de que maneira
constrói e aprende saberes. Nesse sentido, acredita-se que os ideais piagetianos
podem contribuir para a compreensão da ação psicopedagógica, no que se refere ao
processo de aquisição de conhecimento das crianças. Assim, a experiência aqui
descrita tem utilizado como referencial teórico os estudos piagetianos, de seus
colaboradores. Os estudos de Piaget vêm ao encontro dos anseios deste relato, e as
palavras de Miranda (2008) elucidam muito bem tais apontamentos:

É possível considerar que sua teoria liberta o aluno para a


aprendizagem, no sentido de favorecer a retirada do rótulo de P.A
(problema de aprendizagem) e, ainda, oferece aos educandos
elementos para identificação de possíveis causas do rendimento
insatisfatório, fazendo-os refletir sobre o processo de ensino e
oferecendo-lhes elementos para responder às questões que
emergem de sua ação.

Estudos iniciais realizados, em Piaget (2007) assinalam que o fracasso


escolar muitas das vezes pode ser originário da própria condução do ensino, ou
seja, da forma como o professor conduz a interação do seu aluno com o
conhecimento. É fundamental, segundo o autor, que as propostas educativas sejam
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pautadas em um ensino ativo, capaz de propiciar a invenção e a criação por parte


dos alunos e dos próprios professores. Porém o que se percebe, na realidade
educacional, são propostas que evidenciam um ensino programado, ordenando os
conteúdos de maneira linear.
Diante dessa questão, Piaget (2007, p. 47) relata que a responsabilidade
pelo ensino tradicional não deve recair apenas nos ombros dos professores, mas
sim sobre a totalidade do ensino. "Unicamente na medida em que os métodos de
ensino sejam "ativos" isto é, confiram uma participação cada vez maior às iniciativas
e aos esforços espontâneos dos alunos os resultados obtidos serão significativos".
Dessa maneira, à luz das pesquisas em psicopedagogia, tracejadas neste
trabalho, percebe-se a atuação psicopedagógica escolar como uma das
possibilidades de contribuir para a formação continuada dos docentes e para o
desenvolvimento escolar dos alunos, constituindo-se como um trabalho
psicopedagógico preventivo.
Contudo acredita-se que uma proposta psicopedagógica que leva em
consideração a dimensão preventiva em sua atuação apresenta o trabalho em
psicopedagogia escolar como uma possibilidade de reprogramar projetos escolares,
em função da aprendizagem discente e docente.
 

2 A IMPORTÂNCIA DA NEUROCIÊNCIA NA EDUCAÇÃO


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Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao processo de


aprendizagem é sem duvida, uma revolução para o meio educacional. A
Neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo de como o cérebro
aprende.
É o entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no
momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegam ao
cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e de como temos acesso a
essas informações armazenadas.
Quando falamos em educação e aprendizagem, estamos falando em
processos neurais, redes que se estabelecem, neurônios que se ligam e fazem
novas sinapses. E o que entendemos por aprendizagem? Aprendizagem, nada mais
é do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro reage aos
estímulos do ambiente, ativa essas sinapses (ligações entre os neurônios por onde
passam os estímulos), tornando-as mais “intensas”. A cada estimulo novo, a cada
repetição de um comportamento que queremos que seja consolidado temos circuitos
que processam as informações, que deverão ser então consolidadas..
A neurociência nos vem descortinar o que antes desconhecíamos sobre o
momento da aprendizagem. O cérebro, esse órgão fantástico e misterioso, é
matricial nesse processo do aprender. Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias tem
sua função e real importância num trabalho em conjunto, onde cada um precisa e
interage com o outro. Mais qual o papel e função de cada região cerebral? Aonde o
aprender tem realmente a sua sede e necessita ser estimulada adequadamente?
Conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas memórias, a
importância do sistema límbico, responsável pelas nossas emoções, desvendar os
mistérios que envolvem a região frontal, sede da cognição, linguagem e escrita,
poder entender os mecanismos intencionais e comportamentais de nossas crianças
com TDAH, as funções executivas e o sistema de comando inibitório do lobo pré-
frontal é hoje fundamental na educação assim como compreender as vias e rotas
que norteiam a leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual mais
especifica (parietal), que reconhece as formas visuais das letras e depois acessando
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outras áreas para que a codificação e decodificação dos sons sejam efetivas. Como
não penetrar nos mistérios da região temporal relacionado á percepção e
identificações dos sons onde os reconhece por completo? (área temporal verbal que
produz os sons para que possamos fonar as letras). Não esquecendo a região
occipital que tem como uma de suas funções coordenar e reconhecer os objetos
assim como o reconhecimento da palavra escrita. Assim, cada órgão se conecta e
se interliga nesse trabalho onde cada estrutura com seus neurônios específicos e
especializados desempenham um papel importantíssimo nesse aprender.
Podemos compreender, desta forma que o uso de estratégias adequadas
em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará consequentemente,
alterações na quantidade e qualidade destas conexões sinápticas, afetando assim o
funcionamento cerebral, de forma positiva e permanente, com resultados
extremamente satisfatórios. .
Estudos na área neurocientífica, centrados no manejo do aluno em sala
de aula vem nos esclarecer que a aprendizagem ocorre quando dois ou mais
sistemas funcionam de forma inter-relacionada. Assim, podemos entender, por
exemplo, como é valioso aliar a musica e os jogos em atividades escolares, pois há
a possibilidade de se trabalhar simultaneamente mais de um sistema: o auditivo, o
visual e até mesmo o sistema tátil (a música possibilitando dramatizações).
Os games (adorados pelas crianças e adolescentes) ainda em discussão
no âmbito acadêmico são fantásticos na sua forma de manter nossos alunos
plugados e podem ser mais uma ferramenta facilitadora, pois possibilita estimular o
raciocínio lógico, a atenção, a concentração, os conceitos matemáticos e através de
cruzadinhas e caça-palavras interativos, desenvolver a ortografia de forma
desafiadora e prazerosa para os alunos. Vários sites na internet nos disponibilizam
esses jogos.
Desta forma, o grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que
'facilite' esse disparo neural, as sinapses e o funcionamento desses sistemas, sem
que necessariamente o professor tenha que saber se a melhor forma de seu aluno
lidar com os objetos externos é: auditiva, visual ou tátil. Quando ciente da
modalidade de aprendizagem do seu aluno, (e isso não está longe de termos na
formação de nossos educadores) o professor saberá quais estratégias mais
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adequadas utilizar e certamente fará uso desse grande e inigualável meio facilitador
no processo ensino aprendizagem.
Outra grande descoberta das neurociências é que através de atividades
prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre as células neurais acontece mais
facilmente: as sinapses se fortalecem e redes neurais se estabelecem com mais
facilidade.
Mas como desencadear isso em sala de aula? Como o professor pode
ajudar nesse “fortalecimento neural”? Todo ensino desafiador ministrado de forma
lúdica tem esse efeito: aulas dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e
concreto, onde o aluno não é um mero observador, passivo e distante, mas sim,
participante, questionador e ativo nessa construção do seu próprio saber, o deixam
“literalmente ligado”, plugado, antenado.
O conteúdo antes desestimulante e repetitivo para o aluno e professor
ganha uma nova roupagem: agora propicia novas descobertas, novos saberes, é
dinâmico e flexível, plugado em uma era informatizada aonde a cada momento
novas informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem
ativamente, criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer esse saber,
construindo juntos a aprendizagem.
Uma aula enriquecida com esses pré- requisitos é mágica, envolvente e
dinâmica. É saber fazer uso de uma estratégia assertiva onde conhecimentos
neurocientíficos e educação caminham lado a lado. Mas como isso é possível? O
que fazer em sala de aula? A seguir veremos algumas sugestões que podem ser
adotadas:
Estabelecer regras para que haja um convívio harmonioso de todos em
sala de aula, fazendo com que os alunos sejam responsáveis pela organização,
limpeza e utilização dos materiais. Opinando e criando as regras e normas
adotadas, eles se sentirão responsáveis pela sala de aula.
Fazer uso de materiais diversificados que explorem todos os sentidos.
Visual: mural, cartazes coloridos, filmes, livros, filmes educativos; Tátil: material
concreto e objetos de sucata planejados. Há uma riqueza de sites na internet que
nos disponibilizam atividades muito ricas e prazerosas.
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A criatividade aflora e a aula se torna muito divertida; Auditivo: música e


bandinhas feitas com material de sucata, sempre com o conteúdo inserida nelas. A
criação de musicas sobre conteúdos é uma forma divertida de aprender. Talentos
aparecerão em sala de aula. E quem não gosta de cantar? A aula fica muito rica e
prazerosa!
Reservar um lugar com almofadas e tapete, para momentos de descanso
e reflexão. O “cantinho da leitura” é fundamental na sala de aula na ausência de
uma biblioteca. Relaxar após o trabalho prazeroso significa dar tempo para o
cérebro escanear todo o conteúdo que vai ser assimilado, ativar o hipocampo
(região responsável pelas memórias) e consolidar o que se aprendeu.
Estabelecer rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla
e em grupo. (rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos e
organização. Crianças com TDAH, que apresentam mal funcionamento das funções
executivas se beneficiam com rotinas e regras pré estabelecidas.)
O trabalho em equipe é extremamente prazeroso, ativa as regiões
límbicas (responsáveis pelas emoções) e como sabemos que o aprender está ligado
à emoção, a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais efetiva. (hipocampo)
Trabalhar o mesmo conteúdo de varias formas possibilita aos alunos
“mais lentos” oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas
possibilidades neurais. Dê aos mais rápidos, atividades que reforcem ainda mais
esse conteúdo, que os mantenham atentos e concentrados, para que os mais lentos
não sejam prejudicados com conversas e agitação dos mais rápidos.
A flexibilidade em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica
e melhor percebida por todos os alunos. O professor que ministra bem os conflitos
em ala de aula, que tem “jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com prazer
mantém seus alunos “plugados” na sala de aula.
Desta forma, sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a
aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e
consolidam o conhecimento, dessa magia onde cada estrutura cerebral se interliga
para que todos os canais sejam ativados. Assim, como numa orquestra
afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, estar de posse desses importantes
conhecimentos e descobertas será como reger uma orquestra onde o maestro
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saberá o quão precisamente estão afinados seus instrumentos e como poderá tirar
deles melodias harmoniosas e suaves!
A neurociência se constitui assim em atual e uma grande aliada do
professor para poder identificar o individuo como ser único, pensante, atuante, que
aprende de uma maneira toda sua única e especial. Desvendando os mistérios que
envolvem o cérebro na hora da aprendizagem, a neurociências disponibiliza, ao
moderno professor (neuroeducador), impressionantes e sólidos conhecimentos
sobre como se processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o humor, o
sono, a atenção, o medo, como incorporamos o conhecimento, o desenvolvimento
infantil, as nuances do desenvolvimento cerebral desta infância e os processos que
estão envolvidos na aprendizagem acadêmica. Logo, um vasto campo de preciosas
informações relacionadas ao aluno e ao processo de absorção da aprendizagem a
ele proporcionada. Tomarmos posse desses novos e fascinantes conhecimentos é
imprescindível e de fundamental importância para uma pedagogia moderna, ativa,
contemporânea, que se mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em
nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.
Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais, (que
viabilizam o gerenciamento da aprendizagem), mecanismos mnemônicos
(fundamentais para o entendimento da consolidação das memórias), neurônios
espelho, que possibilitam a espécie humana progressos na comunicação,
compreensão e no aprendizado e plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de
que o cérebro continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar não mais estarão
sendo discutidos apenas por neurocientistas, como até então imaginávamos.
Estarão agora, na verdade, em sala de aula, no dia a dia do educador,
pois uma nova visão de aprendizagem está a se delinear. O fracasso e insucesso
escolar têm hoje um novo olhar, já que uma nova e fascinante gama de informações
e conhecimentos está á disposição do educador moderno.
Graças á neurociência da aprendizagem, os transtornos comportamentais
e da aprendizagem passaram a ser mais facilmente compreendidos pelos
educadores, que aliados á neurociência tem subsídios para a elaboração de
estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, um
método de ensino adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são
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fatores fundamentais para que todo esse conhecimento que a neurociências nos
viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de nosso aluno.
Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda
mais as suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do
aprendizado e da transmissão do saber.
23

3 FATORES QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM

Dislalia consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou


acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou distorcendo-os. A falha
na emissão das palavras pode ainda ocorrer a nível de fonemas ou de sílabas.
Assim os sintomas da Dislalia consistem em omissão, substituição ou deformação
dos fonemas.
Para James, (2002).

De modo geral, a palavra do dislálico é fluida, embora possa ser até


ininteligível, podendo, o desenvolvimento da linguagem, ser normal
ou levemente retardado. Não se observa os transtornos nos
movimento dos músculos que intervém na articulação e emissão da
palavra. Em muitos casos a pronúncia das vogais e dos ditongos
costuma ser correta bem como a habilidade para imitar sons. Não há
disfonia nem ronqueira.

A expressão oral apresentada pelo dislálico tem alguma alteração


provocada pela ausência do movimento regular dos músculos da fala, apenas.
Nesse caso não há comprometimento com a sonoridade da letra.
A Dislalia como perturbação orgânica resulta da má formação ou
inervação da língua, da abóbada palatina ou de qualquer outro órgão fonador. São
casos de má formação congênita como o lábio leporino, podendo, também a Dislalia,
ser proveniente de enfermidades do sistema nervoso central.
Quando não há alteração orgânica, a Dislalia pode ser Funcional. Então,
pensa - se em hereditariedade, imitação ou alterações emocionais que é comum em
crianças hiperativas. A Dislalia também está presente nos deficientes mentais, às
vezes grave ao ponto da linguagem ser possível apenas para a família. Caracteriza
pelas distorções de sons bem próximos, mas diferentes do real, omissão, deixa de
pronunciar algum fonema da palavra, troca do de ordem do fonema ou acréscimos
de sons. Ex: “t” por “d”; “f” por “v”; “p” por “b”; ”q” por “g”, ocorrendo também troca na
escrita.
24

Dislexia é um distúrbio específico da linguagem caracterizado pela


dificuldade em decodificar (compreender) palavras. De acordo com a definição da
Associação Brasileira de Dislexia, trata-se de uma insuficiência do processo
fonoaudiológico e inclui-se frequentemente entre os problemas de leitura e aquisição
da capacidade de escrever e soletrar. Considera uma alteração de leitura. O
disléxico não tem noção de lateralidade e vai confundir eternamente direita e
esquerda (James IN: www.psiqweb.med.br, 2002).
Segundo Martins (2002),

A Dislexia é um problema que se detecta em crianças que sofrem


dificuldades de leitura. Os testes psicopedagógicos, com uma relativa
precisão, diagnosticam as dificuldades de aprendizagem
relacionadas à linguagem. Há muitas causas atribuídas à Dislexia.
Psicólogos, oftalmologistas, neurologistas, neuropsicólogos,
pediatras, pedagogos, linguistas e psicolinguistas, todos têm uma
explicação ou uma etiologia da Dislexia, apontando, entre outros
fatores, problemas sócio efetivos, visuais, auditivos, motores,
neurológicos, fonológicos e, agora, com o Projeto Genoma Humano,
geneticistas europeus acreditam que as alterações cromossômicas
estão associadas ao transtorno da leitura
(www.psicopedagogia.com.br/articulos , 2002).

Pesquisas científicas neurológicas recentes concluíram que o sintoma


mais conclusivo acerca do risco de dislexia em uma criança pequena ou mais velha,
é o atraso na aquisição da fala e sua deficiente percepção fonética. Quando esse
sintoma está associado a outros casos familiares de dificuldades de aprendizado.
Dislexia é, comprovadamente, genética, afirma especialistas que essa
criança pode vir a ser avaliada já a partir de cinco anos e meio, idade ideal para o
início de um programa remediativo, que pode trazer as respostas mais favoráveis
para superar ou minimizar essa dificuldade.
A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as
palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da
percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a
partir do som da letra e da sílaba.
25

A Dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizado da


linguagem em leitura, soletração, escrita em linguagem expressiva ou receptiva, em
razão e cálculo matemáticos, como na linguagem corporal e social. A Dislexia é um
jeito de ser e de aprender, reflete a expressão individual de uma mente, muitas
vezes até genial, mas que aprende de maneira diferente.
Felizmente existem tratamentos que curam a Dislexia. Eles buscam
estimular a capacidade do cérebro de relacionar letras aos sons que as representam
e posteriormente ao significado das palavras que elas formam. Quanto mais cedo
ela for tratada, maior a chance de corrigir as falhas nas conexões cerebrais da
criança.
À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, a parte do
cérebro responsável por esse processo, passa a dominá-la e a leitura começa a
exigir menos esforço. Especialistas colocam que quanto mais cedo às crianças que
apresentam sinais característicos receberem efetivo treinamento fonológico,
apresentarão menos problemas no aprendizado da leitura do que as que não forem
devidamente assistidas até o terceiro ano primário. É preciso que haja a leitura de
profissionais de diferentes áreas da Educação e da Saúde com especialização
efetiva para verificar as facilidades e dificuldades de aprendizagem do disléxico.
Há diversas formas de Dislexia como: a hiperatividade que é uma
condição orgânica com base neurológica; é quando a criança não pode parar; está
sempre agitada e não consegue permanecer sentada por um tempo maior; a
hipoatividade cuja significação é inversa à condição anterior. A criança hipoativa
parece estar sempre no “mundo da lua”; tem uma memória pobre e comportamento
vago, pouca interação social. “A hipoatividade se caracteriza por um nível baixo de
atividade motora, com reação lenta a qualquer estímulo”. (Andrade, 1984, p.64);
deficiência de atenção o estudante não consegue focar e manter a atenção e com
isto não é capaz de construir e entrelaçar as sequências no mecanismo do processo
ensino-aprendizagem; a disgrafia se caracteriza por problemas com a linguagem
escrita, que dificulta a comunicação de ideias e de conhecimentos através desse
canal de comunicação.
Para Cinel, (2003), disgráficas são aquelas crianças que apresentam
dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável.
26

Então a disgrafia é a perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras
e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relaciona-se, portanto, a
dificuldades motoras e espaciais (p. 19).
Há disléxicos com graves comprometimentos no traçado de letras e de
números, podendo, inclusive, cometer erros ortográficos, omitir, acrescentar ou
inverter letras e sílabas.
As prováveis causas da disgrafia são os distúrbios de motricidade ampla,
principalmente a fina que na escola vai refletir no mau rendimento e desempenho,
pois para a escrita é preciso que a criança saiba orientar-se no espaço (motricidade
ampla), ter consciência de seus membros, dos braços, da mão e saber individualizar
os dedos para pegar o lápis, traçar, escrever, desenhar e riscar (motricidade fina); os
distúrbios de coordenação visomotora, isto quer dizer que a criança ao traçar uma
linha, ela precisa acompanhar com os olhos o trajeto da linha não perdendo de vista
o seu ponto de chegada. A criança com este problema não consegue fazer com que
a mão obedeça ao trajeto estabelecido.
É importante a coordenação olho/mão como destreza manual; a
deficiência da organização espacial e temporal, isto é o conhecimento e o domínio
da direita/esquerda, frente/atrás/lado, etc. Que a criança deve desenvolver para a
construção de seu sistema de escrita; as perturbações de lateralidade podem ainda
estar mal definidas, quer dizer que a criança ainda não sabe se usa a mão direita ou
a esquerda, provocando a inversão de letras como p/b, b/d; a eficiência da mão
esquerda na criança canhota é inferior à da mão direita na criança destra, porque a
criança canhota precisa de uma série de movimentos e de ajustamentos motores
que devem contar com a ajuda do professor ;o erro de ordem pedagógica, isto quer
dizer que as dificuldades que os alunos apresentam na escrita, podem decorrer de
falhas no processo ensino-aprendizagem, no uso inadequado de estratégias ou por
ignorância do problema.
Cabe ao professor das séries iniciais ficar atento não só à ortografia como
também à legitimidade do que o aluno escreve todavia são cuidados que devem se
prolongar por todo o período de escolarização, inclusive pelos professores de Língua
Portuguesa.
27

É comum que dígrafos apresentem também dificuldades em matemática.


A escrita pode tornar-se uma tarefa difícil e cansativa.
Segundo Andrade (1984)

Tarefas que envolvem coordenação de movimentos com


direcionamento visual podem chegar a ser, até, extremamente
complicadas. Do simples movimento para seguir uma linha, e,
destes, para o refinamento da motricidade fina, que envolve o
traçado da letra e do número e de suas sequências coordenadas,
podem transformar-se em trabalho especialmente laborioso. Razão
porque se torna extremamente difícil para o disléxico aprender a
escrever pela observação da sequência de movimentos ensinada
pelo professor (p. 43).

Diante disso, merece atenção dobrada por parte do professor, uma vez
que não está em sintonia o movimento visual com o movimento da mão ao traçar
letras ou números. É preciso trabalhar a coordenação motora e dar a essa criança
uma atenção especial.
Afasia pode ser entendida como uma perturbação da linguagem que se
caracteriza pela perda da faculdade de exprimir e compreender os pensamentos dos
sinais. James diz:

Alguns autores referem-se a Afasia como a perda da memória dos


sinais pelos quais se realiza a troca de ideias. De qualquer forma o
fato dominante na Afasia é a incompreensão da palavra falada e a
impossibilidade, em grau variável de ler ou de escrever.

A linguagem oral fica prejudicada quando realizada por um portador de


afasia, ficando também comprometido o ato de ler e escrever. A Afasia se refere à
perda dos conhecimentos adquiridos da linguagem, com prejuízo das funções
intelectuais. Consiste na perda da inteligência específica da linguagem tanto na
expressão oral ou escrita quanto na compreensão da palavra falada ou escrita.
28

Geralmente as crianças afásicas têm disfunção auditiva, dificultando a


discriminação de sons e sequências fonéticas. Reagem bem aos sons, mas não à
palavra.
A gagueira é um transtorno do ritmo. Trata-se de um espasmo entre as
perturbações da fala e da linguagem, por repetições. Tem início na fase em que a
criança adquire a linguagem de modo bem discreto, evoluindo por um período de
dois a três anos. É comum ocorrer esse distúrbio quando a criança sofre muita
pressão do meio social, ansiedade, conflitos, medo da punição, sustos e frustrações.
Na surdez precoce acontecem as desordens linguísticas, depois da aquisição da
linguagem e não na sua fase de interação. Tais crianças, portadoras da surdez,
devem adquirir mecanismos de articulação e desenvolver a observação mímico-
gestual da fala.
Das possíveis causas da afasia estão processos inflamatórios, desordens
vasculares, tumores etc. A afasia também pode ser transitória nos casos como
diabete, intoxicação, enxaqueca, epilepsia etc.
O professor, com formação e informação sobre as possíveis causas das
dificuldades de aprendizagem de seus alunos, pode solicitar o encaminhamento
dessa criança para providências de tratamento junto aos profissionais competentes
para cada distúrbio.

3.1 Prováveis causas do fracasso escolar

Os alunos que não aprendem são sempre um desafio para o profissional


da educação. Também para o aluno que apresenta certa dificuldade em
acompanhar a classe, tem sua autoestima destruída e se coloca à margem de um
processo de integração. Várias são as causas que dificultam a aprendizagem.

Segundo Weiss apud Serra (2004 p. 25),


29

...a prática psicopedagógica deve considerar o sujeito como um ser


global, composto pelos aspectos orgânico, cognitivo, afetivo, social e
pedagógico.
No aspecto orgânico é tratada a construção biológica do sujeito, isto
é a dificuldade de aprendizagem está ligada ao organismo. No
cognitivo a relação está com o pensamento do sujeito. No aspecto
afetivo há uma relação com o aprender, pois sem a afetividade a
criança não consegue realizar a aprendizagem. A relação social está
ligada à família e à sociedade sem a qual não é possível que
aprenda. É no aspecto pedagógico que se concentram os conteúdos,
a avaliação, os métodos e a forma de ministrar a aula. A
aprendizagem é a constante interação do sujeito com o meio e
consequentemente a dificuldade de aprendizagem está relacionada
com o funcionamento insatisfatório de um dos aspectos
apresentados ou de um relacionamento inadequado entre eles
(Serra, 2004).

Os fatores que contribuem para os distúrbios de aprendizagem são


vários, incluindo os distúrbios físicos como os problemas visuais, auditivos,
lateralidade e orientação espacial confusas, subnutrição e outras que inibem a
capacidade de aprender da criança; os ambientais que se referem às condições no
lar, comunidade, escola que podem afetar o desenvolvimento psicológico e escolar
da criança de forma traumática e os psicológicos incluem distúrbios de atenção, de
percepção, de linguagem, de inadequação de pensamento etc.
O Referencial Curricular Nacional (2001) diz que a deficiência visual “é a
redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor
correção ótica” (p. 18). Tal deficiência pode aparecer em forma de cegueira,
necessitando do método Braille para a leitura e escrita, além de recursos didáticos
para a sua educação.
Muitas vezes esse fracasso escolar está associado à dificuldade de
retenção e à manifestação de insegurança, de angústia na realização das tarefas,
diminuindo o autoconceito do aluno.

A indisciplina na escola tem tirado o sono de muitos dirigentes de


instituições educadoras e também dos pais. Mas para intervir é
preciso compreendê-la e, antes de tudo, defini-la. Para a
Psicopedagogia, a indisciplina é a contradição entre a atividade
proposta e o comportamento do aluno. Isso quer dizer que o silêncio
30

absoluto na sala de aula também pode representar um ato de


indisciplina (SERRA, 2004 p.52).

Assim sendo, a Psicopedagogia vê a indisciplina como um problema de


relação entre a matéria ou a escola e o aluno e que para revolvê-lo, é preciso que o
educando atinja a fase de autonomia moral que, segundo Piaget apud Serra (2004)
“se caracteriza pela compreensão e cumprimento das regras, pela consciência da
necessidade e da importância delas e não pela punição que pode ocorrer, como no
caso da heteronomia.” (p. 53)
Para Piaget (1977) quando a criança participa na elaboração das regras,
ela se sente na obrigação de respeitá-las e é o meio social quem promove a
passagem da moralidade absoluta para a flexível. Deste modo a criança adquire
noção de moralidade, além de controlar os relacionamentos interpessoais.
Segundo La Taille (1994),

Crianças precisam, sim, aderir a regras (que implicam valores e


formas de conduta) e estas somente podem vir de seus educadores,
pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não
devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não
pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no
seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição
ocupada dentro de algum espaço social a família, a escola, a
sociedade como um todo.

Sem dúvida, as causas externas da indisciplina estão entrelaçadas com a


sociedade, a desintegração familiar, a liberação sexual, a violência entre gangues, o
trafico de drogas, a influência exercida pelos meios de comunicação. Das causas
internas fazem parte o próprio ambiente escolar, os relacionamentos humanos, o
sistema de ensino e de aprendizagem, as características da clientela escolar e suas
condições de adequação às regras e ao regimento escolar.
No próprio relacionamento entre professor e aluno podem surgir motivos
que provocam a indisciplina ou mesmo tumulto, dependendo de como acontece à
intervenção do professor. A escola é a instituição que precisa ir além do simples
31

querer que o aluno seja comportado; deve estar preocupada com a formação do
cidadão, do seu bem estar pessoal e social dentro da instituição, desenvolver
hábitos de boa conduta e de solidariedade com todos com quem convive,
respeitando a hierarquia, as regras e as normas regimentais.
É importante que o professor elabore regras que os alunos possam
entendê-las, construindo valores que façam parte tanto do currículo como da
proposta pedagógica da escola. Sem disciplina não é possível um trabalho
pedagógico significativo; rever seu planejamento, refletir sobre os conteúdos que
pretende passar para a classe; conhecer seus alunos, seus interesses, seus
anseios, suas expectativas em relação à escola, à aprendizagem, à sua vida no
grupo em que vive e ao seu futuro como cidadão útil e produtivo.

3.2 Ações do professor, pais, escola e sociedade diante dessa dificuldade.

Nos últimos tempos, os problemas da indisciplina em sala de aula têm


agravado exigindo do professor uma reflexão sobre sua prática e uma possível
mudança na sua forma de atuar e que poderão transformar os comportamentos na
escola. Só o professor tem um papel revolucionário que faz parte da essência do
seu próprio trabalho. É preciso que a disciplina seja consciente e interativa, marcada
pela participação, respeito, responsabilidade, construção do conhecimento,
formação do caráter e da cidadania.
Como revela Vasconcellos (1998)

Basicamente, podemos dizer que o objetivo é conseguir o


autogoverno dos sujeitos participantes do processo educativo e,
dessa forma, as necessárias condições para o trabalho coletivo em
sala de aula, onde haja o desenvolvimento da autonomia e da
solidariedade, ou seja, as condições para uma aprendizagem
significativa, crítica, criativa e duradoura (p.41).
32

O Professor comprometido com sua profissão busca novos caminhos


como oportunidade de desenvolvimento de sua criatividade, de sua experiência e de
seu conhecimento. Desta forma o professor não só ensina como também aprende e
socializa as suas vivências. É importante que ele se conscientize de que, muitas
vezes, o fracasso de seu aluno pode estar ligado à metodologia ultrapassada, aos
métodos arcaicos e assuntos de pouco interesse da classe.
As dificuldades no ensino são enfrentadas pelo professor como as de
criar situações de desenvolvimento do raciocínio, aproximar o conteúdo da vivência
do aluno; tornar alunos responsáveis e donos de valores democráticos e um dos
papéis da escola centra-se na contribuição para que aluno-cidadão tenha
consciência de seus direitos e obrigações , sujeitando-se às normas legais e
regimentais, como parte de sua formação.
Para a abordagem tradicional da educação, a aprendizagem é um produto
mecânico que ocorre por meio da transmissão de ideias selecionadas e a escola é o
lugar onde se realiza a educação. O indivíduo é passivo e apenas recebe o
conhecimento. Já para a abordagem sociocultural, o indivíduo se constitui sujeito na
medida em que toma consciência de sua história e se apropria da realidade, sendo
um agente transformador da sua realidade, da sociedade e dele mesmo. (SERRA,
2004 p. 32)
Deste modo a educação tem um sentido bastante amplo, inclusive
porque, trata-se de um ato político e só o professor tem um papel revolucionário. Ao
planejar, ele precisa acompanhar e avaliar os seus alunos de modo a resgatar
aqueles que possuem dificuldades e que considere o vínculo desses alunos com o
ato de aprender. A construção do conhecimento também é interdisciplinar, porque as
informações interagem, agrupam, adquirindo novos conhecimentos e novas
vivências de mundo.
Segundo Serra, 2004.

A intervenção pedagógica tem por finalidade proporcionar à criança


condições para alcançar seu pleno desenvolvimento. As atividades
consideradas essenciais na intervenção podem ser sintetizadas em:
elaboração de um plano de intervenção individual e coletivo, para o
desenvolvimento de conteúdos curriculares específicos (por exemplo,
33

orientação para cegos), baseados nas intervenções efetuadas


diretamente com a criança e nos resultados das avaliações
realizadas e dos exames clínicos; inserção dos objetivos e metas a
serem alcançados, das atividades e estratégias a serem empregadas
e dos materiais e meios a serem utilizados no plano de intervenção
além dos facilitadores ou mediadores requeridos; garantia de
participação direta e efetiva dos familiares nos atendimentos à
criança para troca de informações e experiências, visando a eficácia
do atendimento e a continuidade das atividades no lar (BRASIL,1998,
p. 29,30).

Há estudos sobre os distúrbios de aprendizagem e seus sintomas que


enfatizam a problemática da prática pedagógica, dos processos sócio-políticos e dos
processos metodológicos. Os fatores internos, que dão origem aos sintomas do
fracasso escolar, não têm tido a atenção devida na formação e atualização dos
educadores.
Para a psicanalista Klein (apud Santos),

O trabalho de transferência revive experiências e padrões de


relacionamentos, permitindo que a criança desenvolva também as
interpretações profundas por meio do brincar, do desenhar, de se
comunicar e de se relacionar com o meio. Assim o educador observa
e identifica os sintomas, as potencialidades, as habilidades,
encorajando-a a superar os sintomas ou a aprimorar suas
potencialidades/habilidades. Este processo pelo qual o professor
interfere leva a criança a agir e vivenciar com mais atenção,
buscando aprender mais sobre a vida e o mundo.

É o educador pronto a estimular a criança, a encorajá-la, elogiar suas


primeiras tentativas, brincar com ela, fazendo-a manter a simbolização por mais
tempo, assim ela vai vivenciar papéis sociais de sua realidade, tendo estímulo para
criar situações novas no brincar. Gradativamente o professor vai redescobrir o aluno
escondido na criança, dando-lhe oportunidade de expressar seus conflitos e
ansiedades não resolvidas e que agora voltam nas atividades do ambiente escolar
como brincar, cantar, desenhar, ler, escrever e se interagir.
Ainda que o professor não tenha conhecimento de psicanálise, frente às
manifestações da criança, ele saberá como ensinar e como intervir. Com a presença
34

do afeto a criança se redescobre, se valoriza, aprende a se amar, transferindo esse


afeto, esse amor em suas vivências e também na aprendizagem escolar.
A psicopedagoga Chamat (apud Santos, 1997) ,

Afirma que um bloqueio na afetividade impede um vínculo saudável


ou efetivo entre o ser que ensina e o ser que aprende, seja na família
ou escola. Com o trabalho centrado no vínculo pode-se trabalhar os
medos, desejos e ansiedades, auxiliados pela transferência de
papéis , quando a criança pode desenvolver e “buscar sua
comidinha”, ou seja, o vínculo com a mãe.

Para superar os desafios do processo ensino-aprendizagem é preciso que


educador/educando compartilhem dessa transferência amorosa e harmônica.
Segundo Condemarin (1989)

As perturbações de aprendizagem podem advir de causas ou fatores


de ordem pedagógico-linguística, favorecendo o surgimento de
dislexia. Assim sendo, a atuação do docente não qualificado para o
ensino da língua materna que desconheça a fonologia aplicada à
alfabetização ou conhecimentos lingüísticos aplicados à leitura e à
escrita. Crianças com dificuldade na discriminação de fonemas;
vocabulário pobre; conflitos emocionais; o meio social; crianças com
tendências à inversão (p.23).

Embora para os educadores seja mais fácil perceber qualquer distúrbio,


os pais também devem saber identificar os sinais que indicam uma possível
dificuldade da criança tanto na expressão oral, como na escrita e ter consciência de
que é preciso um diagnóstico, para que não se agravem ainda mais as dificuldades
sociais e de aprendizagem dessa criança. O quanto antes essa criança for
encaminhada para profissionais especializados, mais rapidamente se chega a um
resultado gratificante para a criança.
A busca pela solução dos problemas tanto internos como os externos
ligados à indisciplina, é de todos; portanto uma parceria, entre pais, comunidade e
35

escola deve ser realizada para que em conjunto busquem caminhos que garantam a
eficácia das ações.
Com relação à violência, ela se faz presente como uma forma de protesto
aos conteúdos que são trabalhados na classe, muitos dos quais sem nenhuma
significação para a vida dos jovens.
Quantas vezes já percebemos que a violência é exercida pela escola
sobre os alunos, quando faz uso do seu poder, impedindo os alunos de pensarem,
de exporem suas ideias e de demonstrarem suas capacidades. A aprendizagem fica
comprometida e os alunos taxados de incapazes.
O fracasso vem à tona e ocorre a exclusão social, fugindo totalmente à
função da escola.
Com a democratização da escola há esperanças de que ela passe a ser
valorizada e realmente cumpra seus objetivos como entidade de divulgação do
conhecimento, de formação e de socialização do cidadão. Com uma educação para
todos, vêm fazer parte desse grupo, alunos com necessidades educacionais
especiais, cuja matrícula é garantida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional na rede regular de ensino (art. 58),

Uma escola reconhece e valoriza as diferenças presentes em suas


salas de aula, trabalha com os conteúdos curriculares de modo que
possam ser aprendidos de acordo com a capacidade de cada um.
Isso não significa que os professores têm de ensinar individualmente
ou adaptar currículos para este ou aquele aluno, afinal, a escola não
ensina um por um, mas coletivamente (BRASIL, 2004, p.51).

Com mais esse avanço em termos educacionais, as crianças terão a


oportunidade de conviver com uma criança diferente, prestar solidariedade, respeitar
seu ritmo de aprendizagem e com certeza, muito vão aprender com ela.
A inclusão se faz necessária; é o único caminho na busca de informações
e do exercício da cidadania. É um direito fundamental de todas as crianças e
adolescentes. O mercado de trabalho também tem os olhares voltados para a mão
de obra do portador de necessidades educacionais especiais, abrindo vagas,
36

proporcionando-lhe uma melhor qualidade de vida, a elevação da autoestima e a


realização de se sentir útil à sociedade.
37

CONCLUSÃO

O distúrbio de aprendizagem tem atingido um grande número de crianças,


embora apresente desempenho deficiente na escola, essa criança tem inteligência
normal ou superior à média, que pode ser trabalhada com a ajuda do professor e de
especialista.
Das dificuldades, a Dislexia, que é a dificuldade que a criança tem em
reconhecer letras e fonemas e também não consegue ler palavras simples, é a mais
frequente entre as crianças, cujas causas ou são neurológicas ou genéticas.
Todavia, se diagnosticada cedo e com um tratamento adequado, ela pode superar
os problemas e se igualar à criança que nunca teve dificuldade alguma.
Precisa-se de um bom programa educacional com objetivos específicos
de progresso para o ano letivo, incluindo dedicação para superar a dislexia, estímulo
para elevar a autoestima da criança. A inclusão de atividades diversificadas como
esporte e música vêm incentivar a criança no avanço de seus estudos.
É importantíssima a intervenção pedagógica juntamente com o
atendimento clínico, possibilitando recuperação mais eficaz e solucionando o
problema da dificuldade das crianças.
“Na visão inclusiva, não se segregam os atendimentos escolares, seja
dentro ou fora das salas de aula e, portanto nenhum aluno é encaminhado à sala de
reforço ou aprende a partir de currículos adaptados” (BRASIL, 2004 p.34).
Diante dessa colocação, flexibilizar o currículo possibilita avanços para os
superdotados e moderação para os mais lentos, respeitando o limite de cada um.
Levar em conta a bagagem trazida pelo aluno daquilo que ele conhece
que conseguiu interiorizar, para depois acrescentar novos conteúdos,
proporcionando-lhe uma ampliação no conhecimento de mundo. O aluno é capaz de
elaborar a sua aprendizagem, desde que a escola, as tarefas e o professor
promovam essa oportunidade por meio de desafios e apoio às descobertas do
educando, liberando-o na busca de seu próprio conhecimento.
A educação inclusiva espera que de todos os estudantes sejam
participativos, adquiram senso de comunidade com a participação da escola, dos
38

pais e dos colegas, lembrando que a diversidade propicia maior aprendizagem por
toda a unidade escola que, por sua vez, vai promover adaptações dos métodos às
necessidades individuais das crianças.
Também a participação ativa dos pais vai favorecer um trabalho conjunto
com a escola, somando esforços para o maior bem-estar do portador de deficiência.
Em sala de aula é possível que o professor se depare com algumas
características que revelam distúrbios de aprendizagem de alunos como na fala:
inversão na ordem de colocar as palavras; dificuldades de concentração e entender
o que ouve; expressão escrita melhor do que a falada; faz uso de frases
entrecortadas e palavras longas.
Na escrita às dificuldades aparecem em: melhor qualidade da expressão
oral sobre a escrita; frases incompletas com incorreções gramaticais; erros de
ortografia; não consegue copiar corretamente; lentidão ao escrever com dificuldade
de orientação espacial. Dificuldade de leitura presente em leitura lenta com pouca
memorização e compreensão do texto; não sabe identificar os pontos relevantes do
texto; dificuldade de assimilação de vocábulos novos.
Na área matemática as dificuldades estão na inversão de números; troca
de símbolos operacionais como o mais e o vezes (+ x ); não consegue entender a
proposição do problema. Por outro lado esses alunos destacam por: priorizar o
pensamento com imagens e sentimentos mais do que com as palavras; têm
facilidade em guardar lugares e fisionomias; apresentam facilidade para as artes de
modo geral como a música, desenho, teatro etc.; São curiosos e perspicazes.
Diante de tais características, o professor pode: estimular atividades
artísticas; valorizar as iniciativas de cada criança, para aumentar a sua autoestima;
fazer uso de recursos pedagógicos como vídeos, projetor, gravador etc.; realizar
trabalhos de leitura fora da sala como as dramatizações, entrevistas etc.; realizar
jogos diversificados que favoreçam o movimento corporal, a lateralidade, o
equilíbrio, inclusive danças e cantigas de roda etc.
Na educação infantil, em particular, a psicomotricidade objetiva
desenvolver o aspecto comunicativo do corpo e dentre as atividades, os brinquedos
cantados e jogos ao ar livre são ótimos exercícios para a musculação de todo o
39

corpo. Mais tarde os movimentos serão mais específicos visando ao controle


muscular.
A lateralidade da criança é marcada pela pelos movimentos ativos como o
de pegar os objetos, escrever etc. O equilíbrio é a base da coordenação global e há
uma infinidade de atividades como andar sobre uma linha pulando com um pé e
depois com os dois; andar sobre a linha para a frente e para trás, andar ao redor de
um círculo, na ponta dos pés etc.; movimentos com os braços e as mãos como levar
um copo com água sem derrubá-lo etc. para desenvolver a coordenação motora, o
professor pode fazer com que as crianças realizem alinhavos em contornos
perfurados; perfuração livre e depois com limites, atividades com modelagem,
colagem e recortes.
Diante de atividades como essas facilmente o professor detecta qualquer
alteração de comportamento na criança. É uma demonstração de que alguma coisa
pode estar dificultando o desempenho da criança.
Propor uma avaliação por parte do coordenador, conversar com os pais e
realizar o encaminhamento a um profissional para que haja a melhora da criança.
Pois cada criança é única e todos nós podemos melhorar a qualidade de
vida dessa criança, buscando solução para o problema, seja ele qual for.
40

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www.psicopedagogia.com.br/articulos acesso 23/02/2016


42

INDALÉA STELA LOMBA RODRIGUES

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM

IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR


2015

INDALÉA STELA LOMBA RODRIGUES

GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

A NEUROPEDAGOGIA E AS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM

IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR


2015

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