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OS TRÊS TIPOS DE TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO

E HIPERATIVIDADE (TDAH)

Características Diagnósticas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade


A característica essencial do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade é um padrão persistente
de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no
desenvolvimento.
É comum os sintomas variarem conforme o contexto em um determinado ambiente. Sinais do
transtorno podem ser mínimos ou ausentes quando o indivíduo está recebendo recompensas
frequentes por comportamento apropriado, está sob supervisão, está em uma situação nova, está
envolvido em atividades especialmente interessantes, recebe estímulos externos consistentes (p. ex.,
através de telas eletrônicas) ou está interagindo em situações individualizadas (p. ex., em um
consultório).
São três os tipos: hiperativo/impulsivo, desatento e misto/combinado. Cada um deles se caracteriza
por um conjunto de sintomas comportamentais descritos no DSM-V — Manual Diagnóstico e
Estatístico dos Transtornos Mentais.

! Predominantemente Desatento – DSM-V 314.00


Se o critério A1 (desatenção) é preenchido, mas o critério, A2 (hiperatividade/impulsividade) não é
preenchido nos últimos 6 meses.
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas
escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p.ex., negligência ou deixa passar detalhes.
O trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas
dificuldades de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p.ex.,
parece estar com a cabeça longe mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares,
tarefas ou deveres no local de trabalho (p.ex., começa as tarefas mais rapidamente, perde foco e
facilmente perde o rumo.
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p.ex., dificuldade em
gerenciar tarefas, sequência e dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem,
trabalho desorganizado e desleixado, mau gerenciamento do tempo, dificuldade em cumprir
prazos).
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se desenvolver em tarefas que exijam esforço
mental prolongado (p.ex., trabalhos escolares ou lições de casa para adolescentes mais velhos e
adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p.ex., materiais escolares,
lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).
h. Com frequência, é facilmente distraído por estímulos externos. Para adolescentes mais velhos e
adultos podem incluir pensamentos não relacionados.
i. Com frequência é facilmente esquecido em relação a atividades cotidianas (p.ex., realizar
tarefas e obrigações. Para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações pagar contas,
manter horários agendados.

! Predominantemente Hiperativo/impulsivo DSM-V 314.01


Se o critério A2 (hiperatividade/impulsividade) é preenchido, mas o critério, A1
(hiperatividade/desatenção) não é preenchido nos últimos 6 meses.
A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de
postergar a gratificação.
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p.
ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras
situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em
adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.
e. Com frequência "não para", agindo como se estivesse "com o motor ligado" (p. ex., não
consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes,
reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex.,
termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila).
i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., se mete nas conversas, jogos ou atividades.
Pode começar a usar as coisas de outra pelas pessoas sem pedir ou receber permissão. Para
adolescentes e adultos, pode se intrometer em ou assumir o controle sobre o que os outros estão
fazendo).

! Tipo Combinada DSM-V 314.01


Se tanto o critério, A1 (desatenção) quanto o critério A2 (hiperatividade/impulsividade) são
preenchidos nos últimos 6 meses.

As características do indivíduo com TDAH podem mudar no decorrer da vida. Por exemplo, uma
criança que tinha diagnóstico de TDAH “subtipo combinado” pode, na adolescência ou vida adulta,
se apresentar no “subtipo predominantemente desatento”. Nesse caso, os sintomas de hiperatividade
e impulsividade, podem ter entrado em completa ou parcial remissão, permanecendo apenas a
dificuldade significativa do nível atencional.

Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico deve ser idealmente feito de modo multidisciplinar (neurologista, psicólogo,
neuropsicólogo, entre outros).
O trabalho se faz em algumas etapas sendo que a primeira sessão concerne a uma entrevista
detalhada que tem por finalidade conhecer as queixas e cenários onde essas se desenvolvem (no
caso de menor de 18 anos essa entrevista inicial é feita com os pais da criança/adolescente).
As sessões vindouras (entre 3 e 4) são dedicadas a avaliação propriamente dita que prevê a
aplicação de exames psicológicos/neuropsicológicos. Ao final dessa avaliação é elaborado um
relatório contendo todos os achados nos descritos exames, além de orientações para o paciente,
escola e pais (no caso de estudante menor).
O relatório deve ser entregue ao médico e demais profissionais que acompanham ou acompanharão
o caso e a escola (se for o caso). A partir de então, damos início ao tratamento propriamente dito
que implica em sessões semanais de 50 minutos onde o paciente aprenderá a desenvolver estratégias
de lida para com as principais dificuldades nas atividades de vida diária, bem como terá um espaço
para refletir sobre o impacto emocional causado pelo transtorno e possíveis comorbidades. Esse
tratamento deve ser concomitante com o tratamento médico (neurologista).
O papel do psicólogo/neuropsicólogo se faz muito importante pois são profissionais habilitados para
o manejo de instrumentos clínicos que avaliam o funcionamento de diversas funções cognitivas,
tornando possível o auxílio no diagnóstico diferencial dos transtornos neuropsiquiátricos (a
exemplo do TDAH), investigar a natureza e a severidade das alterações cognitivas ou do
comportamento, reavaliar a evolução dos quadros e ainda planejar uma reabilitação voltada para as
alterações cognitivas/dificuldades de cada paciente.
Todo esse trabalho se faz necessário pois alguns quadros neuropsiquiátricos produzem sintomas
muito semelhantes aos do TDAH e a assertividade no diagnóstico predita um tratamento mais
adequado e, portanto, mais eficaz.

Para o diagnóstico do TDAH em adolescentes mais velhos e adultos, há critérios descritos pela
Associação Americana de Psiquiatria no DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) e modificados para o contexto da vida adulta, conforme a seguir:

Critério A 🠺 Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que


interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado nos itens 1 e/ou 2,
abaixo descritos:

 Item 1. Desatenção - Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis
meses em um grau inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo
diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas
escolares, no trabalho ou durante outras atividades;
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente;
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares,
tarefas ou deveres no local de trabalho;
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço
mental prolongado;
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externo;
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas.

 Item 2. Hiperatividade e impulsividade - Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas persistem
por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e
têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:

a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira;


b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado;
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota:
Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.);
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente;
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado" (p. ex.,
não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em
restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de
acompanhar);
f. Frequentemente fala demais;
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída;
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez;
i. Frequentemente interrompe (ou se intromete).

 Critério B 🠺 Vários sintomas estavam presentes antes dos 12 anos de idade.

 Critério C 🠺 Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em


dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras
atividades).

 Critério D 🠺 Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social,


acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade.

 Critério E 🠺 Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro


transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental.

Principais Dificuldades
🗶 Iniciar tarefas se forem desinteressantes 🗶 Desviar a atenção de estímulos externos
🗶 Estabelecimento da escala de prioridades 🗶 Gerenciar as emoções
🗶 Focar a atenção no que se pretende realizar 🗶 Dificuldades com a memória de curto
prazo
🗶 Manter a atenção por longos períodos 🗶 Autorregular o comportamento

Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-11

 6A05 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


 6A05.0 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade Predominante Desatento
 6A.05.1 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade Predominantemente
Hiperativo/Impulsivo
 6A05.2 – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, apresentação combinada
 6A05.Y – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, outra forma de apresentação
 6A05.Z – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, apresentação não especificada.

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