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Neste capítulo, será apresentada uma visão população geral são de cerca de 2 a 3% (Tom-
geral da terapia comportamental dialética ko, Trull, Wood, & Sher, 2014). No entanto, as
(DBT, do inglês dialectical behavioral therapy) taxas de prevalência do TPB são significativa-
ambulatorial padrão e sua base de evidências. mente mais altas entre aqueles que utilizam
O propósito central é descrever a DBT com mais frequentemente os sistemas de saúde e
detalhes suficientes para ajudar a determi- em amostras hospitalares (p. ex., Comtois &
nar se a adoção dessa proposta de tratamento Carmel, 2016; Widiger & France, 1989; Widi-
atenderá às necessidades do contexto ou da ger & Weissman, 1991). A abordagem adequa-
população em que se deseje implementar essa da das necessidades de indivíduos com TPB
abordagem. Este capítulo também serve como apresenta vários desafios. Indivíduos com
âncora e ponto de referência para o modelo da TPB em geral demandam terapia para pro-
DBT padrão para que seja possível comparar e blemas psicológicos múltiplos, complexos e
contrastar com as variações da DBT descritas graves, muitas vezes no contexto de crises im-
em capítulos subsequentes. Além disso, este placáveis e manejo de comportamento suicida
capítulo tem por objetivo apresentar um con- de alto risco. Com muitos destes pacientes, a
teúdo que possa ser compartilhado com cole- grande quantidade de problemas graves (al-
gas como uma introdução à DBT. gumas vezes potencialmente fatais) que a te-
rapia precisa abordar torna difícil estabelecer
A DBT EM POUCAS PALAVRAS e manter um foco no tratamento. Acompanhar
a preocupação mais urgente para o paciente
A DBT é uma proposta terapêutica cognitivo- pode resultar em um foco diferente no manejo
-comportamental originalmente desenvolvida da crise a cada semana. A terapia pode parecer
por Marsha M. Linehan, PhD, como um trata- um carro dando uma guinada fora de controle,
mento para indivíduos cronicamente suicidas por pouco evitando um desastre, dando a im-
e, no começo, validado para mulheres suici- pressão de um movimento para a frente, mas
das que satisfaziam os critérios diagnósticos sem progresso significativo.
para o transtorno da personalidade borderline As decisões de tratamento ficam ainda
(TPB). O TPB é um transtorno psicológico ca- mais complicadas porque pacientes com com-
racterizado por uma importante desregulação portamento suicida crônico e sensibilidade
em diversas áreas: emoção, identidade, rela- emocional extrema muitas vezes agem de for-
ções interpessoais, comportamento e cogni- mas que estressam seus terapeutas. Tentativas
ção. As estimativas de prevalência do TPB na de suicídio, ameaças de tentativa de suicídio e
raiva direcionada ao terapeuta podem ser mui- pacientes para balancear e complementar a
to estressantes. Independentemente do trei- orientação para a mudança da terapia com-
namento e experiência, os terapeutas podem portamental com outras estratégias terapêuti-
ter dificuldades com as próprias reações emo- cas. A observação atenta de Linehan (1993a,
cionais quando um paciente é recorrentemen- 1993b) dos sucessos e das falhas resultou em
te suicida e, ao mesmo tempo, rejeita a ajuda manuais de tratamento que organizam as es-
que é oferecida, demandando uma ajuda que tratégias em protocolos e estruturam a terapia
os terapeutas não podem dar. Mesmo quando e a tomada de decisão clínica para que os tera-
o terapeuta está no rumo certo, o progresso peutas possam responder com flexibilidade a
pode ser lento e esporádico. Todos esses fato- um quadro clínico que está em constante mu-
res aumentam a chance de erros terapêuticos, dança. Embora a DBT compartilhe elementos
incluindo mudanças prematuras no plano de com as abordagens da terapia psicodinâmica,
tratamento, e podem contribuir para o fato de centrada no cliente, da Gestalt, paradoxal e es-
que os indivíduos com TPB tenham altas taxas trategicamente (ver Heard & Linehan, 1994), é
de falha do tratamento (Perry & Cooper, 1985; a aplicação da ciência comportamental, mind-
Rizvi, 2011; Tucker, Bauer, Wagner, Harlam, fulness e filosofia dialética sua característica
& Sher, 1987). Estresse intenso, falha do tra- definidora.
tamento e comportamento suicida repetitivo, A DBT evoluiu para um tratamento sofis-
por sua vez, contribuem para a alta taxa de ticado, ainda que seus conceitos sejam mui-
utilização de serviços psiquiátricos por essa to simples. Por exemplo, a DBT enfatiza uma
população. Indivíduos que satisfazem os cri- abordagem organizada e sistemática em que os
térios para TPB em geral já procuraram ajuda membros da equipe de tratamento comparti-
repetidamente e de múltiplas fontes. Pesqui- lham pressupostos fundamentais sobre terapia
sas demonstraram de forma consistente que e pacientes. A DBT considera o comportamen-
indivíduos com TPB têm taxas mais altas de to suicida como uma forma mal-adaptativa de
utilização de tratamento do que indivíduos solução de problemas e usa técnicas bem-pes-
com outros transtornos da personalidade ou quisadas de terapia cognitivo-comportamental
transtornos do humor ou de ansiedade (p. ex., (TCC) para ajudar os pacientes a resolverem
Ansell, Sanislow, McGlashan, & Grilo, 2007; problemas da vida de maneiras mais adapta-
Bender et al., 2001; Zanarini, Frankenburg, tivas. Os terapeutas na DBT aproveitam todas
Hennen, & Silk, 2004). Questões éticas e legais as oportunidades para fortalecer respostas vá-
sobre suicídio tornam mais complicado limi- lidas dos pacientes, o que — isoladamente e
tar o uso de hospitais, mesmo quando o uso da em combinação com intervenções da TCC —
“porta giratória” de serviços de internação in- facilita a mudança (p. ex., Linehan et al., 2002).
voluntária pode inadvertidamente causar da- Como problemas clínicos difíceis naturalmente
nos (i.e., ser iatrogênico). A experiência para provocam fortes opiniões divergentes entre os
indivíduos que satisfazem os critérios para prestadores de tratamento e como os próprios
TPB e seus prestadores de tratamento histori- problemas dos pacientes da DBT incluem pen-
camente tem sido um caminho desanimador samento dicotômico rígido e expressões extre-
de recorrentes falhas no tratamento apesar mas comportamentais e emocionais, a filosofia
dos seus melhores esforços. e as estratégias dialéticas oferecem um meio
Foi dentro desse contexto que a DBT se de conciliar as diferenças para que os conflitos
desenvolveu. Quando Linehan começou a na terapia sejam enfrentados com movimento,
usar a terapia comportamental clínica tra- e não com impasse. A seguir, serão discutidos
dicional (Goldfried & Davison, 1976), ela foi um de cada vez como forma de apresentar a
guiada pela natureza dos problemas dos seus DBT resumidamente.
na o indivíduo a oscilar entre inibição emocio- vida de emoções mostra, o que significa que a
nal e comunicação emocional extrema. vida sempre será um interminável pesadelo de
Abuso sexual na infância é um ambiente descontrole. Quando a pessoa tenta atender
prototípico invalidante relacionado ao TPB, às expectativas que estão em desacordo com
dada a correlação observada entre TPB, com- as reais capacidades, ela pode falhar, sentir-
portamento suicida e relatos de abuso sexual -se envergonhada e decidir que ser punida ou
na infância (Wagner & Linehan, 1997). Con- mesmo morrer é o que ela merece. Quando a
tudo, como nem todos os indivíduos que satis- pessoa ajusta seus próprios padrões para aco-
fazem os critérios para TPB relatam histórias modar a vulnerabilidade, mas os outros não, o
de abuso sexual e como nem todas as vítimas paciente pode ficar com raiva porque ninguém
de abuso sexual desenvolvem TPB, ainda não oferece a ajuda necessária.
se sabe ao certo como explicar as diferenças Este é um dilema fundamental na terapia.
individuais das pessoas que acabam fechando Quando o terapeuta se concentra na aceitação
o diagnóstico de TPB e daquelas que acabarão da vulnerabilidade e das limitações, isso ati-
não fechando. Achados interessantes sugerem va a desesperança de que os problemas jamais
que a intensidade/reatividade do afeto aver- irão mudar; concentrar-se na mudança, no
sivo é um preditor mais forte de sintomas de entanto, pode desencadear pânico porque os
TPB do que o abuso sexual na infância e que pacientes que tiveram problemas relacionados
a maior supressão do pensamento pode me- com a desregulação emocional global sabem
diar a relação entre sintomas de TPB e abuso que não há como corresponder às expectativas
sexual na infância (Rosenthal, Cheavens, Le- de jeito nenhum. O terapeuta na DBT precisa
juez, & Lynch, 2005). entender e levar em conta a dor intensa en-
A resultante desregulação emocional ge- volvida em viver sem “pele emocional” e focar
neralizada interfere na solução de problemas diretamente na redução de emoções dolorosas
e cria problemas por si só. Por exemplo, uma e soluções para problemas que dão origem a
paciente pode chegar à sua sessão de terapia elas. Por exemplo, em resposta a reações emo-
depois de ter sido demitida porque perdeu a cionais intensas durante as tarefas terapêuti-
paciência com um colega. Quando o terapeuta cas (p. ex., falar sobre um acontecimento da
pergunta o que aconteceu, a paciente está ar- semana anterior), o terapeuta valida a expe-
rasada pela vergonha, permanece calada e se riência incontrolável e indefesa da excitação
encolhe na cadeira, batendo a cabeça contra emocional e ensina o indivíduo a modular a
o braço da cadeira. Essa resposta inviabiliza emoção na sessão, equilibrando, momento a
qualquer ajuda que o terapeuta tenha ofere- momento, o uso de aceitação apoiadora e es-
cido quanto ao manejo da raiva no trabalho e tratégias de mudança confrontadoras.
cria uma nova situação sobre a qual a paciente
sente vergonha (i.e., como ela agiu na tera- Níveis de transtorno e estágios,
pia). Tais comportamentos mal-adaptativos, objetivos e alvos do tratamento
incluindo os mais extremos como as condutas
suicidas, ocorrem para resolver problemas, Na DBT, o nível de desordem do paciente de-
em especial a redução de estados emocionais termina quais tarefas do tratamento são rele-
dolorosos. Para um paciente é difícil saber se vantes e viáveis. Por exemplo, o que é relevante
culpa a si mesmo ou aos outros: ou ele é capaz e viável para um paciente morador de rua com
de controlar o próprio comportamento (como uso descontrolado de heroína, que interrom-
os outros acreditam e esperam), mas não o faz peu múltiplos programas de tratamento para
e, portanto, é “manipulador”, ou é incapaz de uso de metadona e recentemente tentou suicí-
controlar as próprias emoções, como toda uma dio, é diferente do que é relevante e viável para
mindfulness voltada para reduzir a confusão tes, as metas da terapia no Estágio 2 são ter
de identidade, o vazio e a desregulação cog- experiência emocional não traumatizante e
nitiva; efetividade interpessoal abordando o conexão com o ambiente. No Estágio 3, o pa-
caos interpessoal e temores de abandono; ha- ciente sintetiza o que foi aprendido, aumenta
bilidades de regulação emocional reduzindo seu autorrespeito e um senso permanente de
o afeto lábil e a raiva excessiva; e tolerância conexão e trabalha para resolver problemas da
ao mal-estar ajudando a reduzir comporta- vida cotidiana. Os alvos aqui são autorrespei-
mentos impulsivos, ameaças de suicídio e to, maestria, autoeficácia, um senso de mo-
CASIS. É importante notar que a DBT foca ralidade e uma qualidade de vida aceitável. O
ativamente em comportamentos do paciente Estágio 4 (Linehan, 1996) foca no sentimento
e do terapeuta que interferem na terapia, o de incompletude que muitos indivíduos expe-
que só perde em importância para comporta- rimentam, mesmo depois que os problemas da
mentos de ameaça iminente à vida. Em outras vida cotidiana estão essencialmente resolvi-
palavras, comportamentos do paciente que dos. Para muitos, as metas no Estágio 4 estão
interferem na receptividade à terapia, como fora do âmbito da terapia tradicional e dentro
não comparecimento, não colaboração e não de uma prática espiritual que dá origem à ca-
adesão, ou que forçam os limites do terapeuta pacidade para liberdade, alegria ou realização
ou reduzem sua motivação para tratá-lo são espiritual.
vistos em pé de igualdade com comportamen- Embora os estágios da terapia sejam apre-
tos do terapeuta que desequilibram a terapia, sentados linearmente, o progresso muitas ve-
como ser extremamente receptivo ou extre- zes não é linear e os estágios se sobrepõem.
mamente focado na mudança, muito flexível Não é incomum retomar discussões como
ou muito rígido, muito acolhedor ou muito aquelas do pré-tratamento para resgatar o
afastado, etc. Os alvos específicos são mutua- compromisso com as metas ou métodos do
mente identificados e então são monitorados tratamento. A transição do Estágio 1 para o
e fornecem a pauta principal para as sessões Estágio 2 também pode apresentar incertezas.
de terapia individual, paralelamente ajudan- A infrequência dos comportamentos no Está-
do o paciente a atingir as suas metas pessoais. gio 1, assim como a velocidade da rerregula-
Na DBT, é importante comunicar que as me- ção (em vez da presença de algum exemplo de
tas da terapia não são simplesmente suprimir comportamento), define as diferenças entre os
o comportamento disfuncional severo, mas estágios. A prontidão para o trabalho no Es-
também construir uma vida que qualquer tágio 2 é idiossincrática. Em geral, o pacien-
pessoa razoável consideraria que vale a pena te está pronto para a transição quando já não
viver. está mais se engajando em comportamentos
Muitos pacientes que ainda não estão em disfuncionais severos, consegue manter uma
descontrole comportamental experimentam relação terapêutica forte e demonstrou, para
tremenda dor emocional devido a respostas do sua satisfação e do terapeuta, a habilidade de
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) lidar com sinais que antes desencadeavam os
ou outras experiências emocionais dolorosas comportamentos problemáticos. O Estágio 3
que os deixam desconectados ou isolados de é frequentemente uma revisão das mesmas
conexões significativas com outras pessoas ou questões por um ponto de vista diferente.
com uma vocação pessoal. Eles sofrem vidas O nível de desordem e os estágios do tra-
de desespero silencioso, em que a experiência tamento têm implicações para a prestação do
emocional é intensa demais (embora o con- serviço do tratamento em DBT. Muitas clí-
trole emocional esteja mantido) ou a pessoa nicas têm diferentes níveis de atendimento
está entorpecida. Portanto, com esses pacien- de acordo com a severidade do descontrole
Depois que o paciente e o terapeuta de- sicas dos procedimentos de exposição, manejo
senvolvem os objetivos e as combinações, o de contingências e reestruturação cognitiva
paciente começa a monitorar os comporta- para ajudar o paciente a superar as barreiras
mentos que eles combinaram ter como alvo. ao uso das suas capacidades.
Sempre que ocorrer um dos comportamentos Da mesma forma, quando os terapeutas
problemáticos visados, o terapeuta e o pacien- cognitivo-comportamentais geram soluções,
te conduzem uma análise em profundidade eles em geral também preventivamente ima-
dos eventos e fatores situacionais antes, du- ginam o que impediria o uso da solução ou
rante e depois desse exemplo particular (ou antecipação dos fatores que interferem na so-
conjunto de exemplos) do comportamento lução de problemas. Na DBT, essa antecipação
visado. O objetivo desta análise em cadeia é for- de problemas assume uma ênfase adicional,
necer uma descrição acurada e razoavelmen- pois o paciente muitas vezes tem comporta-
te completa dos eventos comportamentais mentos severos dependentes do humor e não
e ambientais associados ao comportamento se pode assumir a generalização da mesma
problemático (Rizvi, 2019; Rizvi & Ritschel, maneira que seria feita com uma pessoa me-
2014). Quando terapeuta e paciente discu- nos dependente do humor.
tem uma cadeia de eventos, o terapeuta des- Tratar pacientes com múltiplos transtor-
taca o comportamento disfuncional focando nos graves e crônicos exige que o terapeuta co-
nas emoções e ajuda o paciente a obter insight nheça os protocolos de tratamento para trans-
reconhecendo os padrões entre este e outros tornos específicos, mas também que tenha
exemplos do comportamento problemático. alguma forma coesa de integrá-los para tratar
Juntos, eles identificam onde uma resposta um quadro clínico em constante mudança.
alternativa do paciente poderia ter produzido A complexidade da tarefa é ainda mais com-
mudança positiva e por que essa alternativa plicada devido ao trabalho que é preciso rea-
mais habilidosa não aconteceu. Esse proces- lizar para estabelecer e manter uma relação
so de identificação do problema e análise da terapêutica colaborativa e produtiva. Pode-
cadeia de eventos momento a momento ao mos tratar primeiro o problema presente ou
longo do tempo para determinar quais variá- principal, ver o que se resolve e então prosse-
veis controlam/influenciam o comportamen- guir tratando os outros múltiplos transtornos
to ocorre para cada comportamento proble- psicológicos sequencialmente. Entretanto,
mático visado à medida que ele se manifesta. mesmo que tivéssemos tempo suficiente (e su-
Como em outras abordagens da TCC, a ficiente cobertura do seguro) para fazer isso,
ausência de comportamento adaptativo é con- entre uma sessão e a seguinte , o paciente que
siderada o resultado de um dos quatro fatores geralmente está desregulado provavelmente
associados aos procedimentos de mudança na terá uma outra crise importante na vida. Por
terapia comportamental: treinamento de ha- exemplo, na semana passada uma paciente
bilidades, procedimentos de exposição, ma- levou para casa algumas leituras para orien-
nejo de contingências e reestruturação cogni- tá-la no tratamento do transtorno de pânico.
tiva. Se a análise em cadeia revelar um déficit A terapeuta veio para a sessão pronta para
nas capacidades (i.e., o paciente não tem as discutir a justificativa do tratamento. Contu-
habilidades necessárias em seu repertório), do, quando deu uma olhada no cartão diário
então é enfatizado o treinamento de habilida- e perguntou como a semana havia transcorri-
des. Quando o paciente tem a habilidade, mas do, a pauta da sessão mudou radicalmente. Na
emoções, contingências ou cognições interfe- semana entre as sessões, a paciente havia tido
rem na sua capacidade de agir habilidosamen- uma briga com o namorado, que a expulsou
te, o terapeuta usa princípios e estratégias bá- do apartamento dele. Ela ficou na rua e estava
há sabedoria nas metas finais dele, mesmo os dois — o paciente tem simultaneamente as
que ele não tenha os meios particulares que ele duas posições opostas. A mudança dialética ou
usaria para atingi-las. Da mesma forma, mui- progresso decorre do desenvolvimento dessas
tas vezes, é útil que o terapeuta valide a pers- posições opostas em uma síntese. O diálogo
pectiva do paciente sobre os problemas da vida completo da terapia constrói novas posições
e crenças sobre como as mudanças podem ou em que a qualidade de vida de alguém não
devem ser feitas. A menos que o paciente acre- dá origem ao desejo de morrer. Sendo assim,
dite que o terapeuta entende verdadeiramente o suicídio é uma forma de saída de uma vida
o seu dilema (p. ex., exatamente o quão dolo- insuportável. Entretanto, construir uma vida
roso e difícil é mudar, ou o quão importante é que genuinamente valha a pena ser vivida
o problema), ele não confiará que as soluções é uma posição igualmente válida. O refrão
do terapeuta são apropriadas ou adequadas e, constante em DBT é que uma solução melhor
portanto, a colaboração e a possibilidade do pode ser encontrada. A melhor alternativa ao
terapeuta ajudar o paciente a mudar serão li- suicídio é construir uma vida que valha a pena
mitadas. Desse modo, a validação é essencial ser vivida.
para a mudança: o terapeuta deve ao mesmo As estratégias de modificação cognitiva na
tempo entender profundamente a perspectiva DBT estão baseadas na persuasão dialética.
do paciente e também manter esperança e cla- Embora o terapeuta em DBT possa algumas
reza sobre como efetuar a mudança. vezes desafiar crenças problemáticas com a
razão ou por meio de experimentos que tes-
A DBT COMO DIALÉTICA tem as hipóteses, como fazem outras terapias
cognitivo-comportamentais, há uma ênfase
A filosofia dialética tem sido influente nas especial na modificação cognitiva mediante
ciências (Basseches, 1984; Levins & Lewontin, conversas que criam a experiência das contra-
1985). Na DBT, ela fornece os meios práticos dições inerentes à nossa própria posição. Por
para o terapeuta e o paciente reterem a flexi- exemplo, uma paciente que experimenta alí-
bilidade e o equilíbrio. A dialética é tanto um vio imediato da intensa dor emocional quando
método de persuasão quanto uma visão do queima seus braços com cigarro está relutante
mundo ou um conjunto de pressupostos sobre em abrir mão disso. Quando o terapeuta avalia
a natureza da realidade. Em ambos, uma ideia os fatores que conduziram a um incidente re-
essencial é que cada tese ou afirmação de uma cente, a paciente diz com ar de indiferença: “a
posição contém dentro de si sua antítese ou queimadura na verdade não foi tão ruim desta
posição oposta. Por exemplo, com frequência vez”.
pacientes suicidas querem, ao mesmo tempo,
viver e morrer. Dizer em voz alta para o tera- Terapeuta: Então o que você está dizendo
peuta “eu quero morrer”, em vez de se matar é que se visse uma pessoa com
em segredo, contém dentro de si a posição muita dor emocional, digamos
oposta de querer viver. Contudo, isso não quer sua sobrinha pequena, e ela
dizer que querer viver seja “mais verdadeiro” estivesse se sentindo tão mal
do que querer morrer. A pessoa genuinamente quanto você estava na noite em
não quer viver sua vida como ela é no momen- que queimou seu braço, se esti-
to — poucos de nós iriam trocar de lugar com vesse tão arrasada pela decep-
nossos pacientes com TPB. Nem a baixa leta- ção quanto você estava naquela
lidade de uma tentativa de suicídio significa noite, você queimaria o braço
que a pessoa de fato não queria morrer. E tam- dela com um cigarro para aju-
bém não quer dizer que a pessoa alterne entre dá-la a se sentir melhor.
Paciente: Não, eu não faria isso. fino”; “Não, não, um elefante é sólido como
Terapeuta: Por que não? uma parede”. O terapeuta que interage com o
paciente em uma relação de apoio terapêuti-
Paciente: Eu apenas não faria.
ca individualizada vê o progresso gradual. A
Terapeuta: Eu acredito que você não faria, enfermeira cujo único contato consiste em
mas por que não? discussões para rejeitar pedidos de benzodia-
Paciente: Eu a confortaria ou faria outra zepínicos, o responsável pela intervenção de
coisa para ajudá-la a se sentir crises que repetidamente vê a pessoa sempre
melhor. em seu pior momento e o líder do grupo que
Terapeuta: Mas e se ela estivesse inconso- precisa reparar o dano dos comentários sar-
lável, e nada do que você fizesse cásticos da pessoa sobre outros membros do
conseguisse fazer com que ela grupo têm percepções diferentes do paciente.
se sentisse melhor? Afinal de Cada perspectiva é verdadeira, mas cada uma
contas, você não a queimaria também é parcial.
tanto assim. Aplicar uma perspectiva dialética impli-
Paciente: Eu simplesmente não faria isso. ca ainda que ela é natural e é esperado que
Não é certo. Eu faria alguma tais perspectivas diversas e parciais estejam
coisa, mas não isso. radicalmente em oposição. A existência do
“sim” dá origem ao “não”, o “tudo” dá origem
Terapeuta: Isso é interessante, você não
ao “nada”. Seja ele a natureza da realidade
acha?
ou simplesmente a natureza da percepção ou
A paciente acha ao mesmo tempo que não linguagem, esse processo de elementos opo-
se deve queimar outra pessoa em quaisquer sitores em tensão um com o outro ocorre re-
circunstâncias e que se queimar para obter gularmente. Assim que alguém na unidade de
alívio não é nada demais. Em uma persua- internação pensa que o paciente pode acei-
são dialética, o terapeuta ressalta as incon- tavelmente ter alta, outra pessoa na equipe
sistências entre as ações, crenças e valores da apresentará as razões pelas quais esta não é
paciente. O diálogo concentra-se em ajudar a uma boa ideia. Uma pessoa expressa a posição
paciente a alcançar um ponto de vista que seja de ser inflexível com as regras do programa,
mais completo e internamente consistente o que motivará a descrição de outra pessoa de
com seus valores. por que neste caso deve ser feita uma exceção
Uma visão de mundo dialética permeia a à regra. As duas posições opostas podem ser
DBT. Uma perspectiva dialética sustenta que verdadeiras ou conter elementos da verdade
não se pode entender as partes sem considerar (p. ex., existem razões válidas para dar alta e
o todo, que a natureza da realidade é holísti- para retardar a alta). Segundo esse ponto de
ca, mesmo que pareça que podemos falar sig- vista, opiniões divergentes polarizadas devem
nificativamente sobre um elemento ou parte ser esperadas quando um paciente tem pro-
dele independentemente. Isso tem inúme- blemas complexos que geram fortes reações
ras implicações. Os clínicos nunca têm uma emocionais naqueles que o ajudam.
perspectiva “integral” sobre um paciente. Ao Uma ideia relacionada é que não podemos
contrário, os terapeutas são como os sábios entender os elementos sem referência ao todo,
homens cegos, cada um tocando uma parte de ou seja, que a identidade é relacional. A única
um elefante e cada um estando certo de que o razão para ele parecer velho é porque ela pare-
todo é exatamente como a parte que eles es- ce mais jovem; a única razão para eu parecer
tão tocando. “Um elefante é grande e mole”; rígido é porque você é tão flexível. Além dis-
“Não, não, um elefante é longo, redondo e so, a forma como identificamos ou definimos
ir ao encontro do grupo que interfere na tera- alguma coisa pessoal sobre o terapeuta, é mais
pia, e ela tem coisas mais importantes para provável que o terapeuta use autorrevelação,
focar (comportamento de crise suicida); mas engajamento acolhedor e autenticidade, seja
o paciente precisa aprender novas habilidades para responder a pergunta ou, de forma práti-
e perderá o acesso a todo o programa de tra- ca, recusar-se a respondê-la com base em seus
tamento se não participar do grupo. Qualquer próprios limites.
solução, para ser efetiva, precisa levar em con- Entretanto, esse estilo isoladamente ou
ta os pontos válidos do diálogo. A solução pode uma postura não balanceada voltada para esse
ser que a terapeuta individual passe o horário estilo pode levar a um impasse. Quando um
da sessão para logo antes do horário do grupo paciente taciturno que contou a mesma histó-
a fim de tornar a transição mais fácil. A tera- ria de luto inúmeras vezes tem um terapeuta
peuta individual pode precisar de mais apoio que simplesmente o parafraseia empregando
para regular o medo de que o paciente se mate o mesmo tom monótono que ele, a probabili-
(talvez ela esteja superestimando o risco de dade é que o estado de humor do paciente se
suicídio do paciente porque está com medo). mantenha igual ou piore. Como consequência,
Os treinadores de habilidades, igualmente, a comunicação recíproca é contrabalançada
podem trabalhar com o objetivo de tornar o pela irreverência que sacode a pessoa tiran-
grupo mais atraente para o paciente e ligar
do-a do prumo para permitir que o paciente
para ele no começo do dia a fim de lembrá-lo
retome a tarefa terapêutica em questão. Por
do grupo de habilidades. Não seria uma so-
exemplo, o terapeuta pode usar uma maneira
lução dialética se qualquer uma das posições
excêntrica não ortodoxa. O terapeuta, que há
capitulasse — por exemplo, se os treinadores
poucos momentos estava tão engajado quanto
de habilidades desistissem da sua participa-
o paciente em uma luta de poder, de repente
ção ou se a terapeuta individual focasse no
muda o tom e ri: “Sabe, este momento não é
comportamento que interfere na terapia, dei-
assim tão preto ou branco quanto eu esperava”.
xando de tratar as crises suicidas. A adoção
de uma filosofia dialética faz com que outros Da mesma maneira, o terapeuta pode mergu-
membros da equipe notem e comentem sobre lhar na situação sem ter muito cuidado com o
a polarização como um fenômeno esperado, e que está dizendo. Por exemplo, ele pode dizer
então direcionem o diálogo para o que está de de forma prática à mulher cujo desencadean-
fora e o que é válido em cada posição. te principal para as crises suicidas é a ameaça
de perder o marido: “Veja, cortar-se e deixar
sangue por todo o banheiro está destruindo
Estratégias dialéticas qualquer esperança de ter um relacionamento
Estão incluídas na DBT várias estratégias genuíno com seu marido”. Ou então o terapeu-
que servem à função de impedir que as posi- ta pode dizer a um paciente novo: “Já que você
ções polarizadas se mantenham polarizadas. agrediu dois dos seus três últimos terapeutas,
A primeira delas é que as estratégias centrais vamos começar pelo que levou a isso e como
são usadas para equilibrar aceitação e mudan- isso não vai acontecer comigo. Não lhe serei
ça. Por exemplo, a DBT exige que o terapeuta nada útil se eu estiver com medo de você”. Um
tenha um estilo de comunicação equilibrado. estilo irreverente de comunicação inclui usar
Pelo lado da aceitação, o terapeuta emprega um tom confrontacional, usar humor ou se ex-
um estilo responsivo em que a pauta do pa- pressar de forma não convencional, oscilando
ciente é levada a sério e respondida diretamen- na intensidade ou às vezes expressando oni-
te em vez de interpretada pelo seu significado potência ou impotência diante dos problemas
latente. Por exemplo, se um paciente pergunta do paciente.
Outra maneira pela qual a DBT equilibra isso seja necessário para ter credibilidade. Se a
aceitação e mudança é no caso de estratégias equipe do hospital estivesse preocupada com
de manejo de caso. Indivíduos que satisfazem risco de suicídio e relutante em liberar a pes-
os critérios para TPB muitas vezes tiveram soa, o terapeuta em DBT não “diria” à equipe
múltiplos profissionais conduzindo o trata- do hospital para liberar o paciente, mas, em
mento e, consequentemente, inúmeras estra- vez disso, treinaria ele sobre o que seria neces-
tégias foram desenvolvidas para ajudar a díade sário para diminuir as preocupações legítimas
paciente-terapeuta a manejar as relações com da equipe do PS.
outros clínicos e membros da família. A DBT O terapeuta em DBT irá intervir no am-
pende para uma estratégia de consultoria biente em nome do paciente quando o ganho a
ao paciente que enfatiza a mudança. O tera- curto prazo valer à pena em relação à possível
peuta em DBT provê consultoria ao paciente aprendizagem de estratégias de tratamento
sobre como lidar com as relações com os ou- mais efetivas no longo prazo – por exemplo,
tros profissionais que estejam desenvolvendo quando o paciente não for capaz de agir sozi-
tratamentos auxiliares e com os membros da nho e o desfecho for muito importante; quan-
família, em vez de orientar estes profissionais do o ambiente for intransigente e com muito
e os familiares sobre como lidar com paciente. poder; para salvar a vida do paciente ou evitar
Assim, por exemplo, isso significa que o tera- riscos substanciais aos outros; quando for a
peuta não se encontra com outros profissio- coisa humana a ser feita e não vá causar da-
nais para falar sobre o paciente, mas que este nos; ou quando o paciente for menor de ida-
está presente nas reuniões de planejamento de. Nesses casos, o terapeuta pode prestar
do tratamento (e preferivelmente ele mesmo informações, defender ou entrar no ambiente
organiza as reuniões). Em vez de se encontrar para dar assistência. Entretanto, o papel usual
com outro prestador sem o paciente presente, é como consultor para ajudar o paciente a se
pode ser agendada uma conferência telefônica tornar mais habilidoso nas relações pessoais e
durante uma sessão individual. Se o terapeuta profissionais.
tiver que se encontrar sem o paciente presente Outras estratégias dialéticas incluem o
por alguma razão prática, a conversa é com- uso de metáforas ou assumir a posição de
partilhada com o paciente ou discutida antes. advogado do diabo para evitar polarização.
Este mesmo princípio vale para conversas com O terapeuta pode blefar com o paciente ou se
a família do paciente. Mesmo em uma crise, estender — por exemplo, quando um pacien-
o espírito de consultoria ao paciente é mantido te em uma unidade de internação ameaça
sempre que possível. Se o paciente recorrer ao suicídio de uma forma raivosa ou indiferente,
pronto-socorro (PS) e o enfermeiro ou resi- o terapeuta pode dizer: “Escute, isso é muito
dente da triagem que está de plantão contatar sério. Precisamos deixá-lo imediatamente
o terapeuta para perguntar o que ele gostaria em observação dentro do nosso campo de vi-
que eles fizessem, o terapeuta em DBT pro- são e colocá-lo em traje especial de proteção
vavelmente pedirá para falar primeiro com o contra o suicídio”. Informados pela filosofia
paciente para discutir como o fato de ir para dialética, o terapeuta e a equipe de tratamen-
o hospital coincide ou não com as metas de to assumem que suas formulações do caso
longo prazo do paciente e do plano de tra- são parciais e, portanto, passam a avaliar o
tamento que eles combinaram. O terapeuta que foi deixado de fora quando existe um im-
pode então treinar o paciente sobre como inte- passe (avaliação dialética). O terapeuta pode
ragir habilmente com a equipe do PS ou como encarar um evento desencorajador como
comunicar o plano à equipe do PS e então sim- uma oportunidade de praticar tolerância ao
plesmente confirmar isso com a equipe, caso mal-estar (fazer dos limões uma limonada)
cas acumuladas referentes à eficácia da DBT DeCou, C. R., Comtois, K. A., & Landes, S. J. (2019).
padrão fazem dela o tratamento de escolha. Dialectical behavior therapy is effective for the
treatment of suicidal behavior: A meta-analysis.
Em particular naqueles contextos que são de- Behavior Therapy, 50(1), 60–72.
terminados a fornecer assistência baseada em Ebner-Priemer, U. W., Badeck, S., Beckmann, C.,
evidências e que também precisam de uma Wagner, A., Feige, B., Weiss, I., et al. (2005).
abordagem econômica para consumidores Affective dysregulation and dissociative experience
que usam desproporcionalmente serviços de in female patients with borderline personality
emergência psiquiátrica, adotar a DBT padrão disorder: A startle response study. Journal of
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é uma decisão óbvia. No entanto, para muitos
Goldfried, M. R., & Davison, G. C. (1976). Clinical
leitores, surgem questionamentos quando eles behavior therapy. New York: Holt, Rinehart &
consideram as diferenças entre as necessida- Winston.
des e as limitações do seu contexto particu- Heard, H. L., & Linehan, M. M. (1994). Dialectical
lar ou população de pacientes versus aquelas behavior therapy: An integrative approach to the
da DBT ambulatorial padrão como tem sido treatment of borderline personality di order. Journal
of Psychotherapy Integration, 4, 55–82.
pesquisada. Os próximos capítulos abordam
esses questionamentos comuns e ilustram as Hedegaard, H., Curtin, S. C., & Warner, M. (2019).
Suicide mortality in the United States, 1999–2017
adaptações bem-sucedidas da DBT a novas (NCHS Data Brief No. 330).
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