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A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ENTRE PESSOAS


COM DIABETES:
Uma revisão integrativa da literatura

Autor: João Vitor Amaral Lima


Profª. Orientadora: Karine Cipolatto
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Bacharelado em Educação Física (BEF0661) – Trabalho de Graduação
24/06/2023

RESUMO
A atividade física deve ser considerada como um componente essencial do tratamento do diabetes, pois
proporciona uma série de benefícios ao indivíduo com diabetes. Esta pesquisa objetivou investigar os benefícios
são apontados pela literatura acerca da prática de educação física para pessoas com diabetes.
Metodologicamente, esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, do tipo Revisão integrativa da
literatura. A mesma foi baseada nos artigos hospedados na BVS-Saúde e Periódicos CAPES. Os 08 artigos
selecionados tiveram seus dados coletados e foram escrutinados a partir de uma análise temática. Os resultados
demonstram o exercício físico regular e seus diversos benefícios para pessoas com diabetes, como diminuição da
pressão arterial, redução dos níveis de colesterol LDL, melhora na capacidade do organismo de utilizar oxigênio
durante o exercício, e o fortalecimento do músculo cardíaco, melhorando a circulação sanguínea e a eficiência do
coração.

Palavras-chave: Atividade física, diabetes, Educação física, Exercício físico, Educação em saúde.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma condição metabólica caracterizada pela presença persistente de
hiperglicemia devido à deficiência na produção ou ação da insulina, resultando em complicações a longo prazo. A
classificação do DM é baseada na sua etiologia, sendo os tipos mais comuns o DM tipo 1 e tipo 2 (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
Em 2015, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) estimou que houve 415 milhões de casos de
diabetes em adultos entre 20 e 79 anos, em 220 países, representando 8,8% da população mundial nessa faixa
etária. Se as tendências atuais persistirem, a projeção é que esse número aumente para 642 milhões até 2040
(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2015).
No Brasil, em 2015, a IDF estimou que havia 14,3 milhões de casos de DM em adultos entre 20 e 79 anos,
com uma projeção de 23,3 milhões de casos até 2040. O DM e suas complicações são a principal causa de
mortalidade prematura na maioria dos países, representando 14,5% das mortes em adultos entre 20 e 79 anos por
todas as causas, superando o número de óbitos causados por doenças infecciosas (OGURTSOVA, 2017).
Existem evidências que mostram a importância do exercício físico no controle do DM, melhorando os
indicadores laboratoriais, os sintomas e o bem-estar do indivíduo. Os exercícios físicos apresentam efeitos
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hipoglicemiantes e desempenham um papel importante no tratamento tanto do Diabetes Mellitus Tipo 1 quanto do
Tipo 2 (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
De acordo com Ely (2017), durante e após o exercício físico, ocorre uma maior captação de glicose devido
ao aumento do transporte de glicose para as células musculares e à maior sensibilidade à insulina. O aumento do
fluxo sanguíneo também desempenha um papel importante na regulação da glicose no sangue.
Antes de iniciar um programa de exercícios físicos, é fundamental realizar uma avaliação inicial com um
profissional de saúde, como ressalta Brasil (2013). Além disso, avaliações regulares devem ser feitas para
monitorar o impacto da atividade física regular e ajustar a dosagem dos medicamentos de acordo com a melhora
do controle glicêmico. É importante evitar que o pico de ação da insulina coincida com o horário da atividade
física, além de ter consigo fontes de glicose rápida, como suco adoçado e balas, a fim de reduzir o risco de
hipoglicemia (BRASIL, 2013).
A atividade física deve ser considerada como um componente essencial do tratamento do diabetes, pois
proporciona uma série de benefícios ao indivíduo diabético, incluindo a redução de peso, diminuição da
necessidade de medicamentos antidiabéticos orais, melhora da resistência à insulina, controle glicêmico
aprimorado e redução de complicações maiores. No entanto, deve-se evitar a prática de exercícios físicos em casos
de contraindicações (CARDOSO, 2011).
Assim, diante dessas articulações partiu-se da seguinte questão norteadora de pesquisa: “Quais benefícios
são apontados pela literatura acerca da prática de educação física para pessoas com diabetes?”.
Como hipótese tem-se que, a prática de atividades físicas no tratamento e acompanhamento de pessoas com
diabetes pode potencializar o autocuidado e os resultados positivos com relação à qualidade de vida dessa
população. Desse modo, esta pesquisa objetiva-se a investigar os benefícios são apontados pela literatura acerca da
prática de educação física para pessoas com diabetes.
Assim, a relevância dessa pesquisa pode ser explicada na medida em que, com os dados coletados, poderá
ter acesso a um retrato dos avanços das pesquisas atuais sobre o assunto e também ser possível criar estratégias
educacionais e de saúde, para fomentar políticas de cuidado em saúde que beneficiem o processo de saúde-doença
das pessoas com diabetes, contribuindo indiretamente para aperfeiçoamentos de políticas públicas específicas para
tal população.

2 MATERIAL E MÉTODO

Metodologicamente, este trabalho tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, mais especificamente como uma
Revisão da literatura. Tal tipo de pesquisa abrange as publicações em relação ao tema de estudo, na qual sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto. Sendo
que tal método não se trata de uma mera repetição do que já existe, mas propicia o exame de um tema sob um
novo enfoque ou abordagem, chegando inclusive a conclusões inovadoras (MARCONI; LAKATOS, 2003).
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A revisão foi baseada nos artigos originais e de revisões achados nas seguintes plataformas de base de
dados: BVS-Saúde e Periódicos CAPES. Os descritores utilizados na busca foram: “educação física”, “exercício
físico”, “atividade física” e “diabetes” ambos os descritores encontram-se cadastrados no DeCS (Descritores em
ciências da saúde), os mesmos foram operacionalizados na estratégia de busca com os operadores lógicos: AND e
OR.
Como critérios de inclusão adotaram-se: publicações no idioma português; publicados entre 2018 e 2023
(últimos cinco anos). Já como critérios de exclusão, aplicaram-se: Resumos em anais de eventos, monografias,
dissertações e teses; publicações duplicadas nas bases de dados; Publicações que não respondam a pergunta de
pesquisa e/ou não dialoguem com os objetivos desta revisão.
A análise dos dados utilizada foi a análise temática, a mesma se deu de forma descritiva e comparativa a
partir da coleta dos dados através de um protocolo adaptado do modelo proposto por Souza, Silva e Carvalho
(2010). Após a coleta pelo protocolo, os achados foram articulados entre si e agrupados em categorias que
respondessem aos objetivos da revisão e também à pergunta de pesquisa deste trabalho. Assim, os resultados
foram apresentados em categorias expressas em texto, articulando os dados, comparando os estudos selecionados
e, identificando padrões, similaridades e diferenças, além de discutindo com outros autores sobre as temáticas
apresentadas (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
A revisão aplicada nesse estudo teve como objetivo a busca por informações simultâneas, através da
utilização de procedimentos explícitos, visando identificar, analisar e avaliar o maior número de estudos
publicados e revisados que tenham contribuição significativa a fim de fornecer informações seguras e qualificadas,
tornando estes dados acessíveis para os demais leitores.
Na Figura 1, pode-se visualizar o fluxograma construído para descrever a estratégia de busca utilizada, bem
como os critérios de inclusão e exclusão e o percurso para se chegar aos artigos selecionados.

Figura 1- Fluxograma com estratégia de busca e seleção dos artigos

Identificação Estudos identificados nas bases de dados:

(educação física) AND (exercício físico) OR (atividade


física) AND (diabetes)

BVS- Saúde (n= 1.420)

Periódicos CAPES (n= 3.471)

TOTAL: 4.891 registros


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Registro após remoção dos artigos a partir dos


critérios de inclusão e exclusão:

1) Artigos dos últimos 5 anos (2018-2023):

BVS- Saúde (n= 239)


Triagem -1.181 registros excluídos

Periódicos CAPES (n= 1.427)


- 2.044 registros excluídos

2) Artigos no idioma português:

BVS- Saúde (n= 42)


- 197 registros excluídos

Periódicos CAPES (n= 238)


- 1.189 registros excluídos
Elegibilidade
BVS-Saúde + Periódicos CAPES = (n= 477)

Inclusão Artigos avaliados (Leitura dos títulos e


resumos): (n= 08)
Artigos lidos na íntegra e incluídos no
corpus da revisão de literatura: Registros excluídos por não responderem a
(n=08) pergunta de pesquisa ou não corresponderem
aos objetivos da pesquisa: (n= 469)

Fonte: Adaptado e construído a partir do modelo PRISMA (PAGE et al., 2021).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, é apresentado o corpus da revisão, como também os dados dos artigos selecionados, além das
categorias de análise articuladas com uma discussão teórica, visando contemplar os objetivos propostos para esta
revisão integrativa.
No Quadro 1 é possível visualizar as principais informações que descrevem os 08 artigos selecionados para
a revisão, com informações sobre: Título, autoria, ano de publicação, Revista na qual foi publicado e o seu
objetivo de pesquisa.
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Quadro 1- Sinopse dos artigos selecionados para a revisão

ID Revista/
Título Autores Ano Objetivo
Artigo Periódico
Comparar o nível de atividade
física realizada por pessoas com
Nível de atividade física em pessoas Kolchraiber et
A1 2018 Rev Cuid diabetes mellitus
com diabetes mellitus tipo 2 al.
tipo 2 na atenção básica e unidade
especializada.
Avaliar evidências científicas
Efeitos do exercício físico sobre sobre os efeitos do
Journal of
diabetes mellitus tipo 1: uma revisão EF em indivíduos com DM1.
A2 Marçal et al. 2018 Physical
sistemática de ensaios clínicos e Trata-se de revisão sistemática de
Education
randomizados literatura, de estudos clínicos e
randomizados.
Realizar uma revisão da
literatura sobre a efetividade do
Exercício físico e diabetes mellitus: exercício físico no controle
A3 Paludo et al. 2018 Acta méd.
explorando efeitos e implicações glicêmico de indivíduos
portadores de Diabetes Mellitus
(DM).

Desenvolver uma cartilha didática


Cartilha de cuidados para prática de Coleciona
e informativa para orientar
exercícios físicos entre obesos, SUS/
A4 Silva 2019 Hipertensos, Diabéticos e Obesos
hipertensos e diabéticos na Atenção CONASS/
com informações básicas e
Primária SES-BA
cuidados necessários para à
prática de exercícios físicos.
Associação entre a prática de
Verificar a associação
atividade física em diferentes Ciência &
entre a prática de atividade física
A5 domínios e o uso de insulina em Streb et al 2020 Saúde
em diferentes domínios e o uso de
adultos e idosos com diabetes no Coletiva
insulina em adultos e idosos.
Brasil
Analisar a prevalência e os fatores
associados à prática de atividade
Fatores associados à prática de Ciência &
física no lazer (PAFL) suficiente
A6 atividade física no lazer: análise dos Silva e Boing 2021 Saúde
em brasileiros com diagnósticos
brasileiros com doenças crônicas Coletiva
de hipertensão arterial, diabetes
e/ou hipercolesterolemia.
Avaliar evidências científicas
sobre os efeitos do
Repercussões da prática educativa Revista de
EF em indivíduos com DM1.
A7 no autocuidado e manejo do Diabetes Hermes et al. 2021 Enfermagem
Trata-se de revisão sistemática de
Mellitus tipo 1 na infância da UFSM
literatura, de estudos clínicos e
randomizados.
Apresentar as repercussões de
Programa Dia-D: ensaio propositivo
Brevidelli, uma pratica de educação em
de intervenção educativa para Escola Anna
A8 Bergerot e 2023 saúde para o autocuidado e
autogerenciamento em diabetes tipo Nery
Domenico manejo da Diabetes Mellitus tipo
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1 entre crianças.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2023).

Visando responder o objetivo geral e os específicos delineados para esta revisão, foram coletados os dados
pertinentes dos artigos selecionados, a partir de um protocolo adaptado e construído para tal fim, conforme Souza,
Silva e Carvalho (2010).
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3.1 Apontamentos dos artigos

A pesquisa de Marçal et al. (2018) aponta o controle glicêmico e o risco de hipoglicemia como desafios
importantes relacionados à prática de exercícios físicos no contexto do diabetes mellitus. Essas questões têm
motivado a busca por estratégias que permitam manter as taxas de glicose sanguínea dentro da faixa normal.
Diversos algoritmos têm sido testados com o objetivo de interromper a infusão de insulina quando há
predisposição à hipoglicemia. Essas abordagens visam evitar a queda excessiva dos níveis de glicose durante, logo
após ou após um período de tempo após a prática do exercício (MARÇAL et al., 2018).
O exercício aeróbico, em diferentes intensidades, tem se mostrado eficaz no gerenciamento agudo de várias
variáveis clínicas dos pacientes com diabetes. No entanto, em relação ao controle metabólico geral, esse tipo de
exercício não demonstrou melhora nos resultados dos exames de hemoglobina glicosilada (HbA1c), que é um
indicador do controle glicêmico a longo prazo (MARÇAL et al., 2018).
Outros tipos de exercícios, como o treinamento intervalado de alta intensidade e o exercício resistido
(musculação), também têm se mostrado eficazes no controle clínico e metabólico do diabetes mellitus tipo 1. A
combinação de exercício físico com uma dieta adequada, horários regulares de refeições e suplementação de
aminoácidos tem demonstrado estratégias positivas para o controle glicêmico, redução do risco de complicações
secundárias, melhora dos exames clínicos e preservação das funções vitais em pacientes com DM1 (MARÇAL et
al., 2018).
É importante ressaltar que cada indivíduo pode responder de maneira diferente aos exercícios físicos, e o
acompanhamento médico e a personalização das estratégias de exercício são essenciais para alcançar os melhores
resultados no controle do diabetes mellitus tipo 1 (MARÇAL et al., 2018).
Conforme Paludo et al. (2018), é evidente que uma abordagem integral e holística para o paciente com
diabetes mellitus é fundamental. Isso significa considerar não apenas os aspectos físicos da doença, como o
controle glicêmico e o tratamento medicamentoso, mas também as peculiaridades individuais, os fatores de risco e
os fatores socioambientais que podem influenciar a saúde do paciente.
O exercício físico desempenha um papel crucial na saúde e no bem-estar de todas as pessoas, incluindo
aquelas com diabetes. Praticar atividade física regularmente pode trazer uma série de benefícios, como melhoria
da sensibilidade à insulina, controle dos níveis de glicose no sangue, manutenção do peso corporal adequado,
fortalecimento muscular e cardiovascular, aumento da energia e melhoria da qualidade de vida geral (PALUDO et
al., 2018).
Além disso, para o autor, o exercício físico pode ajudar a prevenir complicações secundárias associadas ao
diabetes, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade. Portanto, ele desempenha
um papel importante na promoção da saúde e na prevenção de problemas de saúde relacionados ao diabetes.
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No entanto, é crucial que o exercício físico seja realizado de forma segura e adequada, levando em
consideração as necessidades individuais de cada pessoa com diabetes. Recomenda-se que os pacientes consultem
seus profissionais de saúde, como médicos e educadores físicos, para obter orientações específicas sobre o tipo, a
intensidade e a duração do exercício mais adequado para sua condição (PALUDO et al., 2018).
Em resumo, o autor ainda considera que uma abordagem integral que considera as características
individuais do paciente com diabetes mellitus, incluindo fatores de risco e socioambientais, combinada com a
prática regular de exercícios físicos, pode contribuir significativamente para melhorar o bem-estar e a qualidade de
vida dessa população.
O texto de Kolchraiber et al. (2018) aborda as mudanças no perfil demográfico da população mundial nas
últimas décadas, com a diminuição da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, resultando em um
envelhecimento populacional. Essas mudanças têm impacto nos indicadores epidemiológicos, uma vez que as
condições de saúde crônicas e múltiplas tornaram-se prevalentes, exigindo acompanhamento médico e
multiprofissional contínuo.
Dentre as condições crônicas, o Diabetes Mellitus (DM) é mencionado como um problema de grande
impacto, estimando-se que afetará 11,3% da população mundial até 2030. No entanto, apesar das legislações
brasileiras avançadas em relação aos cuidados com essa população, a prática ainda não é satisfatória. A Estratégia
de Saúde da Família (ESF), que deveria facilitar o atendimento e acompanhamento contínuo da população, ainda
apresenta limitações em sua implementação nas redes de Assistência à Saúde (KOLCHRAIBER et al., 2018).
A Atenção Básica (AB), que inclui a ESF, tem como objetivo garantir a resolutividade de 85% dos
problemas de saúde na comunidade, com ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, visando melhorar a
qualidade de vida da população. No entanto, a transição epidemiológica do Brasil revela um déficit nas ações de
prevenção e controle das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), como o DM, devido à necessidade de
profissionais de saúde competentes e dispostos a mudar paradigmas culturais (KOLCHRAIBER et al., 2018).
Nesse contexto, segundo Kolchraiber et al. (2018), o Ministério da Saúde atribuiu aos enfermeiros
estratégias para prevenir as DCNT e diminuir as complicações decorrentes do DM. Dentre essas estratégias, estão
atividades educativas, consulta de enfermagem a pessoas com maior risco de diabetes tipo II, abordagem de
fatores de risco, orientações sobre mudanças no estilo de vida, verificação da adesão ao tratamento, entre outras.
O estudo menciona que a maioria dos participantes são mulheres adultas e idosas, sendo as mulheres mais
propensas a procurar os serviços de saúde com maior frequência. Porém, ressalta-se a necessidade de reflexão
sobre a saúde dos homens, devido à falta de aderência às práticas de manutenção da saúde e à maior
vulnerabilidade às complicações das DCNT.
Os resultados do estudo indicaram que a maioria dos participantes apresentava índice de massa corporal
(IMC) alterado, com sobrepeso ou obesidade. Além disso, os pacientes assistidos no Centro de Referência de
Diabetes apresentaram melhor controle do DM em relação aos pacientes assistidos na Unidade Básica de Saúde,
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provavelmente devido aos recursos disponíveis nesse serviço, como uma equipe multiprofissional e tecnologias
para acompanhamento da saúde mais próximas (KOLCHRAIBER et al., 2018).
A prática de atividade física também foi mencionada como um fator relevante para o controle do DM,
sendo que os pacientes que praticam atividade física em níveis mais elevados apresentaram melhores níveis
glicêmicos. No entanto, os participantes de ambos os serviços de saúde não demonstraram praticar atividade física
suficiente como parte essencial (KOLCHRAIBER et al., 2018). O estudo permitiu concluir que tanto a população
atendida na atenção básica quanto aquelas atendidas no nível secundário não estão praticando atividade física em
quantidade suficiente como parte integrante do tratamento e controle do diabetes mellitus (DM) (KOLCHRAIBER
et al., 2018).
Foi observado que as pessoas atendidas no centro especializado apresentaram um melhor desempenho em
relação ao nível de atividade física e melhores níveis glicêmicos em comparação com aquelas acompanhadas na
Unidade Básica de Saúde (UBS). Isso ressalta a importância da capacitação dos profissionais de saúde para
estimular a mudança de hábitos de vida e a necessidade de considerar ações de prevenção de complicações
secundárias das doenças crônicas (KOLCHRAIBER et al., 2018)..
Para alcançar uma melhora na adesão terapêutica e um controle mais adequado dos níveis glicêmicos, é
fundamental adotar uma abordagem de cuidado integral, com ações interdisciplinares e uma organização efetiva
na Rede de Atenção à Saúde, seguindo uma linha de cuidado específica para o diabetes. Esses fatores combinados
podem contribuir para uma melhor adesão ao tratamento e um controle mais eficaz da doença (KOLCHRAIBER
et al., 2018).
O texto de Silva (2019) aborda a educação em saúde como realmente uma estratégia essencial na Atenção
Primária à Saúde (APS) para prevenir doenças e promover a saúde das pessoas. Existem várias abordagens e
meios que podem ser utilizados para atingir esse objetivo, como rodas de conversas, peças de teatro e materiais
educativos, como as cartilhas.
Neste trabalho em questão, a confecção de cartilhas educativas foi escolhida como forma de contribuir para
o processo de educação em saúde na APS, devido à sua facilidade de produção e viabilidade. No entanto, é
importante considerar que a educação em saúde passou por mudanças significativas ao longo do tempo.
Anteriormente, limitavam-se a atividades como a publicação de livros, folhetos e catálogos, porém, esses materiais
mostraram-se ineficientes em alcançar todas as camadas da sociedade (SILVA, 2019).
Antes de suspeitar dos efeitos negativos desses instrumentos, é necessário considerar como eles foram
produzidos e utilizados na APS. Muitas vezes, quando disponibilizados apenas nas unidades de saúde, esses
materiais não se tornam atrativos, especialmente quando a linguagem utilizada não se aproxima do público-alvo,
não levando em conta os determinantes sociais da saúde (SILVA, 2019).
Os recursos visuais têm sido importantes para promover uma maior absorção de conteúdo, além de serem
materiais de baixo custo. Eles mencionam que as cartilhas e panfletos, por exemplo, são utilizados como
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ferramentas de reforço das orientações transmitidas verbalmente aos pacientes, ajudando a esclarecer dúvidas
(SILVA, 2019).
Dessa forma, esses instrumentos se tornam extremamente importantes quando se trata de prevenção e
promoção da saúde na APS. As cartilhas desenvolvidas utilizam uma linguagem didática e podem ser distribuídas
gratuitamente por meio digital, o que pode promover um maior acesso por parte da população (SILVA, 2019). A
educação em saúde vai além da prevenção de doenças e abrange a promoção da saúde dos usuários, buscando
proporcionar condições para que as populações sejam capazes de melhorar sua saúde e desfrutar positivamente da
vida, fornecendo assim uma melhor qualidade de vida (SILVA, 2019).
A partir do estudo de Streb et al. (2020), um dos principais resultados destacados foi a menor probabilidade
de utilização de insulina em idosos que praticam atividade física no trabalho e em casa. Observou-se que as
mulheres tendem a ser mais ativas em casa do que os homens, possivelmente devido a fatores culturais associados
ao gênero.
A prevalência da diabetes tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, especialmente em países de
renda média como o Brasil. Esse aumento pode ser atribuído ao aumento da expectativa de vida da população e ao
estilo de vida marcado pela adoção de comportamentos de risco. Vale ressaltar que a diabetes está se tornando
cada vez mais comum em adultos jovens, o que reforça a importância de mudanças nos comportamentos da
população em relação a essa doença (STREB et al., 2020).
A prática de atividade física, conforme evidenciada neste estudo nos contextos de trabalho e domicílio,
parece desempenhar um papel importante na redução do uso de insulina no tratamento da diabetes. Embora não
tenham sido encontradas associações significativas entre a prática de atividades físicas no lazer e a redução do uso
de insulina tanto em adultos quanto em idosos, existem evidências de que essa prática está correlacionada com a
redução do risco de diabetes, principalmente quando realizada em intensidades mais elevadas (STREB et al.,
2020).
É importante destacar que não apenas a atividade física no tempo livre, mas também as atividades físicas
no trabalho e no deslocamento são componentes importantes do estilo de vida ativo em pessoas com diabetes,
contribuindo para minimizar os efeitos prejudiciais causados pela doença. No caso dos idosos, ficou evidente que,
à medida que mais comportamentos ativos são adicionados ao longo do dia, o risco de uso de insulina tende a
diminuir gradualmente (STREB et al., 2020).
A prática de atividade física nos contextos do trabalho e domicílio resulta em uma redução na
probabilidade de uso de insulina como forma de tratamento para a diabetes em idosos, com uma diminuição
gradual da probabilidade à medida que mais práticas ativas são incorporadas em outros contextos. Recomenda-se
que estudos futuros adotem desenhos longitudinais para uma compreensão mais precisa da relação causal entre a
prática de atividade física e o uso de medicamentos para o tratamento da diabetes em diferentes populações
(STREB et al., 2020).
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Silva e Boing (2021) analisaram a associação entre atividade física suficiente e doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) no Brasil. Os resultados mostraram que pessoas com autopercepção positiva da saúde,
maior escolaridade, recomendação de profissional de saúde para atividade física, presença de espaço público
próximo ao domicílio para a prática de atividade física e programas públicos que estimulem a atividade física
apresentaram maior chance de serem suficientemente ativas.
A escolaridade foi fortemente associada a uma maior chance de atividade física suficiente em todas as
doenças investigadas. Acredita-se que a escolaridade esteja relacionada a melhores condições de vida, melhores
empregos, salários mais altos e maior compreensão dos benefícios da atividade física para a saúde (SILVA;
BOING, 2021).
A autopercepção positiva da saúde também foi um fator importante associado à atividade física suficiente.
Pessoas que se percebem como saudáveis têm maior chance de serem ativas. Isso pode ser explicado pelos efeitos
negativos das doenças crônicas na saúde emocional e pelo fato de que as pessoas saudáveis podem estar mais
dispostas a se engajar em atividades físicas (SILVA; BOING, 2021).
Receber recomendação de um profissional de saúde para praticar atividade física aumentou as chances de
ser suficientemente ativo. A recomendação profissional é conhecida por influenciar a adesão à prática de atividade
física (SILVA; BOING, 2021). Além disso, a presença de espaços públicos próximos ao domicílio e a existência
de programas públicos que estimulem a atividade física também foram fatores associados à atividade física
suficiente. Ter acesso a ambientes favoráveis à prática de atividade física e políticas públicas que promovam a
atividade física são importantes para aumentar os níveis de atividade física na população (SILVA; BOING, 2021).
Hermes et al. (2021) apontam sobre os resultados do seu estudo estarem alinhados com a importância da
educação em saúde no manejo do diabetes tipo 1 na infância. A utilização de recursos lúdicos, como cartilhas
educativas, jogos, desenhos e atividades interativas, mostra-se eficaz para promover o aprendizado e a
compreensão da criança sobre o diabetes. Essas estratégias facilitam a comunicação entre profissionais de saúde,
crianças e familiares, permitindo a troca de experiências e a construção de conhecimento conjunto.
A continuidade dos programas de educação em saúde ao longo da vida da criança com diabetes é essencial,
pois o esquecimento dos conhecimentos adquiridos pode ocorrer se as experiências não forem repetidas. Portanto,
o acompanhamento da saúde a longo prazo, aliado ao tratamento medicamentoso, é fundamental para alcançar e
manter níveis glicêmicos adequados (HERMES et al., 2021).
É importante ressaltar que a falta de padronização das atividades educativas nos serviços de saúde e as
particularidades de cada criança e sua família podem influenciar a adesão e o sucesso das intervenções. É
necessário adaptar as estratégias educativas às necessidades individuais e considerar as complexas relações entre
indivíduos e comunidades (HERMES et al., 2021).
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5 CONCLUSÃO

A revisão realizada apresentou o exercício físico regular e seus diversos benefícios para pessoas com
diabetes. O exercício físico regular está associado à diminuição da pressão arterial, o que ajuda a prevenir doenças
cardíacas e acidentes vasculares cerebrais. Bem como, a prática regular de exercícios tem sido mostrada como
eficaz na redução dos níveis de colesterol LDL, que está relacionado ao risco de doenças cardíacas. Além de o
exercício físico regular também pode aumentar os níveis de colesterol HDL, que é considerado benéfico para a
saúde cardiovascular. Ademais, a atividade física regular melhora a capacidade do organismo de utilizar oxigênio
durante o exercício, o que leva a uma maior resistência e condicionamento físico. Por fim, o exercício regular
fortalece o músculo cardíaco, melhora a circulação sanguínea e a eficiência do coração.
Assim a hipótese de que a prática de atividades físicas de pessoas com diabetes pode potencializar o
autocuidado e os resultados positivos com relação à qualidade de vida dessa população, pode ser considerada
confirmada por essa revisão. Ademais, a relevância dessa pesquisa é notória, pois os resultados podem contribuir
para criar estratégias que melhorem o. Além do compromisso social do campo da Educação Física na construção
de uma prática que cada vez mais que promova dignidade e saúde de forma integral.
Como limitações, esse estudo não pode ter uma perspectiva generalista, por não se tratar de um estudo
empírico ou experimental com rigor metodológico coerente para generalizações. Como também a baixa produção
científica atual sobre a temática. Enquanto sugestões para futuras pesquisas indica-se que sejam produzidas
pesquisas abordando a prática de exercícios físicos em pessoas diabéticas e outras comorbidades, além da
realização de estudos com recortes de populações com diabetes diferentes, como populações de zonas mais rurais.

REFERÊNCIAS

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o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
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Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2022-0291pt. Acesso em: 05 jun. 2023.

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