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INTRODUÇÃO
O mundo apresenta anomalias e contrastes impressionantes, muitos dos quais as pessoas costumam notar e
comentar quando abordam os problemas globais:
a) nunca antes houve tanta riqueza, mas ainda assim a miséria é generalizada, e o abismo entre os
mais ricos e os mais pobres não dá nenhum sinal de que vá diminuir;
b) nunca antes acumulamos tanto conhecimento, e, no entanto, a ignorância e o preconceito também
estão disseminados;
c) nas últimas décadas, a capacidade da ciência e da tecnologia se desenvolveu num ritmo atordoante
(a clonagem e outras façanhas da engenharia genética, a informática e as telecomunicações, o
mapeamento preciso da Terra, as já rotineiras viagens espaciais), mas muitas vezes até os problemas
mais simples parecem insolúveis.
Há outras anomalias que talvez comentemos com menos frequência, mas sobre as quais pode haver boas
notícias e até razões para otimismo:
a) continuam ocorrendo violações gravíssimas dos direitos humanos, mas hoje são mais divulgadas
do que nunca, e alguns dos regimes mais brutais foram derrubados nos últimos quinze ou vinte anos;
b) a globalização econômica, que ruma para o estabelecimento de um mercado comum mundial, vem
apagando muitas das diferenças entre pessoas e povos, mas a diversidade continua a prosperar; e
c) prossegue a destruição do meio natural, mas o ativismo ambiental floresce tanto nos países ricos
quanto nos países pobres.
Quando há boas notícias, elas muito frequentemente se originam de atos de cidadãos – pessoas comuns – que
opõem resistência como indivíduos ou grupos, às vezes em muito grande número, contra decisões dos detentores do
poder. Em 1989, na Praça da Paz Celestial, em Pequim, durante uma manifestação de ativistas pró-democracia, um
único homem, segurando uma sacola de plástico, postou-se diante de um tanque e conseguiu convencer o soldado que
o dirigia e o superior do veículo a não atropelá-lo. Ficou pulando para a frente e para trás, andando de um lado para o
outro, com os braços abertos numa espécie de movimento de “Pare!”. E o tanque, mal se arriscando à frente e à ré,
não passou por cima dele.
Claro, pode-se dizer que não adiantou nada. O Exército interveio mesmo, os ativistas foram alvejados,
espancados ou presos, e teve fim um momento de esperança democrática na China. A imagem, contudo, era
poderosa: um homem – desarmado – consegue parar um tanque. Mais tarde, naquele mesmo ano, o povo sublevou-se
na Europa Oriental e passou por cima da repressão. Regimes que empregavam com cruel hipocrisia o discurso dos
direitos do povo acreditavam que, quando surgisse a necessidade, a URSS viria socorrê-los. Mas a URSS já se
resolvera a não fazer isso. E ficou evidente a artificialidade daqueles regimes, que, não tendo fortes alicerces,
desmoronaram.
As manifestações da Praça da Paz Celestial e a queda do Muro de Berlim foram acontecimentos que o mundo
acompanhou pelos telejornais. Outros fatos não recebem o mesmo nível de reconhecimento global, mas são tão
impressionantes quanto aqueles. Em meados da década de 1990, no Reino Unido, uma campanha para proteger a
natureza e tranquilidade no campo foi liderada por indivíduos que cavavam túneis sob as rodovias em construção.
Caso as obras continuassem, estariam pondo sua própria vida em risco. As empreiteiras agiram como o soldado que
dirigia o tanque em Pequim: seus tratoristas e diretores não quiseram insistir contra a posição tomada pelos ativistas.
Em março de 2003, todas as atenções se voltavam para o Iraque. As notícias não se referiam apenas aos
preparativos militares norte-americanos, às manobras diplomáticas e políticas internacionais contra e a favor da
guerra, aos combates através do deserto até as ruas de Bagdá e Basra. Eles também falavam da força da oposição
política e do sentimento popular contrário à guerra em numerosos países mundo afora. Algumas das opiniões
expressas naquela oposição ampla e profunda talvez não fossem juízos cuidadosamente ponderados; por outro lado,
tampouco era esse o caso de algumas das opiniões expressas por quem apoiava e fomentava a opção bélica. Muitos
oponentes à guerra tinham sentimentos ambíguos sobre qual seria sua atitude caso a guerra houvesse sido
previamente aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU: os acontecimentos da guerra teriam sido mais ou menos
os mesmos, mas se dariam num contexto internacional diferente, tanto legal quanto politicamente. Ao mesmo tempo,
os proponentes da guerra pareciam continuar indecisos até o final sobre seus próprios motivos – teria sido a
preocupação com o terrorismo, com as armas de destruição em massa ou com a incomparável crueldade do regime de
Saddam Hussein? Fosse como fosse, seus oponentes não acreditavam em nada disso e insistiam que a verdadeira
razão para a guerra era o petróleo e o desejo norte-americano de obter o controle estratégico sobre o Oriente Médio.
Discussões à parte, numa época em que a vida cívica parece caracterizada por ampla indiferença do público, o
mais importante, de determinado ponto de vista, foi que as pessoas que não apoiavam a guerra iminente vieram a
público e assumiram uma posição visível.
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Teoricamente, dado que a guerra foi em parte travada em nome da implantação da democracia no Iraque, aqueles
que a conduziram deveriam, sendo democratas, ter saudado essa posição ao conflito – não apenas tolerando-a, mas
louvando-a. O fato de as coisas não terem sido assim constitui, talvez, outra anomalia global.
A democracia, sem dúvida, é um sistema muito imperfeito. Quanto mais democrático o governo, mais passível
de ineficiência, com muitas decisões difíceis de tomar e mais difíceis ainda de implementar. Por isso, mesmo entre
aqueles que são sinceros em sua profissão de fé democrática, pode facilmente surgir a tendência a usar de expedientes
e atalhos e contornar os procedimentos democráticos. Em alguns países, desde o fim da Guerra Fria, o advento da
democracia se fez acompanhar do agravamento da corrupção, à medida que a nova elite buscava enriquecimento
rápido. Em muitos lugares, a democracia parece seguir de mãos dadas com leis mais frouxas e padrões de
comportamento político menos exigentes. O fato de um governo, partido ou líder viver agitando a bandeira
democrática não quer dizer lá muita coisa.
Apesar de tudo isso, a democracia contém um princípio fundamental muito atraente, que se expressa numa única
frase: nela, podemos estar errados.
Uma vez que os detentores do poder podem estar errados, suas posições e políticas precisam submeter-se à
avaliação popular de tempos em tempos. Caso o veredicto seja negativo, esses detentores do poder o perdem, e outros
vêm para pôr à prova seu próprio programa de governo, também sujeito a avaliação pelo voto poucos anos depois.
Em alguns sistemas de governo, essa concepção está tão arraigada que existe limite legal para o número de mandatos
que um governante pode exercer. É o caso, por exemplo, dos EUA, onde o presidente pode cumprir no máximo dois
mandatos de quatro anos, não importa se consecutivos ou não. Justamente por isso, porque não apenas são
democratas, mas também compreendem o que é a democracia, os detentores do poder deveriam não apenas tolerar,
mas também saudar a oposição a suas políticas e ações.
Para que tal oposição exista, é preciso atender a várias exigências básicas.
Em primeiro lugar, é preciso haver no sistema democrático um conjunto de leis que resguardem os direitos
fundamentais – a liberdade de expressão e de reunião, a liberdade de organização, o direito de não sofrer detenção
nem intimidação arbitrárias – e que estabeleçam procedimentos para que as eleições sejam limpas e justas, e as ações
do governo transparentes e passíveis de responsabilização.
O princípio geral dessa legislação é a igualdade perante a lei – o igual valor de todos os indivíduos, ou seja, a
essência da democracia.
Em segundo, as pessoas precisam demonstrar interesse por questões como o meio ambiente, a globalização, a
guerra e a paz, a repressão e a liberdade – e um número suficiente de pessoas precisa demonstrar mais interesse e
dedicar esforços bastantes para mudar alguma coisa a respeito dessas questões. Não há como obrigar os indivíduos a
se interessar, mas, sem o empenho dos cidadãos comuns, não se consegue nada. Com frequência, somos incapazes de
encontrar tais energias, às vezes porque a luta do dia a dia já nos exige demais, mas, às vezes, também, porque a
criação e a educação não nos dão o sentido de nossa responsabilidade uns com os outros e com os problemas sociais e
globais, nem a percepção de que podemos fazer alguma coisa a respeito deles.
Em terceiro, é necessário que a informação esteja disponível de modo que as questões possam ser explicadas e
compreendidas.
Mesmo os governos democráticos que respeitam as leis e não são corruptos gostam de fazer prevalecer a própria
vontade e, por isso, precisam convencer a opinião pública. Para tanto, organizam os fatos, dão-lhes um feitio
conveniente e os rematam com alguns slogans, acrescidos de argumentos mais detalhados para persuadir pessoas
cujos interesses e atenção exigem mais que as informações rápidas dos noticiários. Só que a informação pode
mostrar-se incômoda. Se vista de ângulos diferentes, talvez respalde conclusões também diversas. Por isso, a
existência de uma multiplicidade de fontes de informação e de maneiras de tratar os fatos é outro princípio
democrático.
Se há uma coisa que não falta nos países mais ricos é informação. No entanto, pode ser tão ruim receber
informação demais quanto recebê-la de menos. Uma das dificuldades é não apenas ter acesso a ela, mas também
entender onde se encaixa – ou, talvez, o que se encaixa nela. Ter uma visão global dos fatos é tarefa árdua e
contante.
Adaptado de SMITH, Dan. Atlas da Situação Mundial. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007.
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1 – O CAPITALISMO COMERCIAL
A primeira etapa do capitalismo estendeu-se do fim do século XV até o século XVIII e foi marcada pela
expansão marítima das potências econômicas da Europa Ocidental na época (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e
Países Baixos), em busca de novas rotas de comércio, sobretudo para as Índias.
O objetivo dessas nações era acabar com a hegemonia das cidades italianas no comércio com o Oriente pelo
Mediterrâneo. Foi o período das Grandes Navegações e descobrimentos, das conquistas territoriais e, também, da
escravização e genocídio de milhões de nativos da América e da África.
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Nessa época, as trocas comerciais proporcionaram grande acúmulo de capitais, por isso a primeira etapa desse
novo sistema econômico é chamada capitalismo comercial. A economia funcionava segundo a doutrina mercantilista,
que defendia a intervenção governamental nas relações comerciais, a fim de promover a prosperidade nacional e
aumentar o poder dos Estados, cujo poder político estava centralizado nas mãos dos monarcas. Neste período a
riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos.
Durante a fase mercantilista do capitalismo a exploração econômica das colônias proporcionou grande acúmulo
de capitais nos países europeus, principalmente a Inglaterra. Esse acúmulo inicial (primitivo) de capitais foi
fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o começo de uma nova fase do capitalismo.
2 – O CAPITALISMO INDUSTRIAL
Nas primeiras décadas do século XVIII, o Reino Unido da Grã-Bretanha (formado em 1707 com a unificação
entre a Inglaterra e a Escócia) comandou uma grande transformação no sistema de produção de mercadorias, na
organização das cidades e do campo e nas condições de trabalho: a Revolução Industrial. Um de seus aspectos mais
importantes foi o aumento da capacidade de transformação da natureza, por meio da utilização de máquinas
hidráulicas e a vapor, com grande incremento no volume de mercadorias produzidas e consequente necessidade de
ampliação do mercado consumidor em escala mundial.
Esse período também foi marcado por uma crescente aceleração da circulação de pessoas e mercadorias, graças à
expansão das redes de transporte terrestre e marítimo, com o trem e o barco a vapor.
O comércio não era mais a essência do sistema. Nessa nova fase, o lucro provinha principalmente da produção de
mercadorias realizada por trabalhadores assalariados. Mas de que modo se lucrava com a produção em série de
tecidos, máquinas, ferramentas e armas? Como os rápidos avanços nos transportes, com o surgimento dos trens e
barcos a vapor, aumentavam os ganhos dos capitalistas?
Foi Karl Marx (1818-1883), um dos mais influentes pensadores dos séculos XIX e XX, quem desvendou o
mecanismo da exploração capitalista, definindo o conceito de mais-valia. A toda jornada de trabalho corresponde
uma remuneração, que garantirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor a mais do
que recebe como salário. Essa quantidade de trabalho não pago permanece em poder dos proprietários das fábricas,
lojas, fazendas, minas e outros empreendimentos. Dessa forma, em todo produto ou serviço está embutido esse valor,
que é apropriado pelo dono desses meios de produção, permitindo o acúmulo de lucro pela burguesia (a classe dos
capitalistas).
O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo e se disseminou à medida
que o capital se acumulava em grande escala nas mãos dos donos dos meios de produção, provocando uma crescente
necessidade de expansão dos mercados consumidores. Ao mesmo tempo, o trabalhador assalariado, além de
apresentar maior produtividade que o escravo, tem renda disponível para o consumo. Por isso a escravidão entrou em
decadência e o trabalho assalariado passou a predominar.
Após se consolidar no Reino Unido, no século XIX a industrialização foi se expandindo para outros países
europeus, como a Bélgica, a França, a Alemanha, a Itália, e até para fora da Europa, alcançando os Estados Unidos e,
de forma incipiente, o Japão, o Canadá e, mais tarde, no século XX, os atuais países emergentes. Observe o esquema
a seguir.
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Ao contrário do período mercantilista, na nova etapa do capitalismo era conveniente para a burguesia que a
economia funcionasse segundo a lógica do mercado, com o Estado intervindo cada vez menos na produção e no
comércio. A partir de então, caberia ao Estado tão somente garantir a livre iniciativa, a concorrência entre as
empresas e o direito à propriedade privada.
Consolidou-se, assim, uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Essa nova visão foi sintetizada pelos
representantes da economia política clássica, especialmente o economista britânico Adam Smith. Em seu livro mais
célebre, A riqueza das nações (1776), defendia o indivíduo contra o poder do Estado e acreditava que cada um, ao
buscar seu próprio interesse econômico, contribuiria para o interesse coletivo de modo mais eficiente. Por isso era
contrário à intervenção do Estado na economia e defendia a “mão invisível” do mercado.
Os princípios liberais aplicados às trocas comerciais internacionais redundaram na defesa do livre-comércio, ou
seja, da redução e até abolição das barreiras para a livre circulação de mercadorias, o que servia perfeitamente aos
interesses do Reino Unido, país mais industrializado da época e interessado em abrir mercados para seus produtos em
todo o mundo.
No final do século XIX, mudanças importantes estavam acontecendo dentro das fábricas: a produtividade e a
capacidade de produção aumentavam rapidamente, devido à introdução de novas máquinas e fontes de energia mais
eficientes, como o petróleo e a eletricidade; aprofundava-se a especialização do trabalhador em uma única etapa da
produção, e crescia a fabricação em série. Era o início da Segunda Revolução Industrial, quando o capitalismo entrou
em sua fase financeira e monopolista, marcada pela origem de muitas das atuais grandes corporações e pela expansão
imperialista.
3 – O CAPITALISMO FINANCEIRO
Uma das características mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista no final do século
XIX foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais, além do crescimento acelerado de bancos e outras
empresas financeiras. A concorrência acirrada favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que
resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da economia. É bom lembrar que, por ser
intrínseco à economia capitalista, esse processo continua acontecendo e grandes corporações da atualidade foram
fundadas nessa época, como podemos observar na tabela a seguir.
Nesse período houve a introdução de novas tecnologias e Empresa (País) Ano de fundação
novas fontes de energia no processo produtivo e a criação dos
primeiros laboratórios de pesquisa das atuais grandes British Petroleum (Reino Unido) 1909
corporações industriais. Pela primeira vez, tendo como
Coca Cola (Estados Unidos) 1886
pioneiros os Estados Unidos e a Alemanha, a ciência era
apropriada pelo capital, ou seja, estava a serviço das Exxon (Estados Unidos) 1882
empresas. A siderurgia avançou significativamente, assim
como a indústria mecânica, graças ao aperfeiçoamento da Fiat (Itália) 1899
fabricação do aço. Na indústria química, com a descoberta de
General Eletric (Estados Unidos) 1892
novos elementos e materiais, ampliaram-se as possibilidades
para novos setores, como o petroquímico. A descoberta da General Motors (Estados Unidos) 1916
eletricidade beneficiou as indústrias e a sociedade como um
todo, pois proporcionou o aumento da produtividade e a IBM (Estados Unidos) 1911
melhora na qualidade de vida. O desenvolvimento do motor a Mitsubishi Bank (Japão) 1880
combustão interna e a consequente utilização de
combustíveis derivados de petróleo abriu novos horizontes Nestlé (Suíça) 1866
para as indústrias automobilísticas e aeronáuticas,
possibilitando sua expansão e a dinamização dos transportes. Siemens (Alemanha) 1847
Com o crescente aumento da produção e a industrialização expandindo-se para outros países, acirrou-se a
concorrência. Era cada vez maior a necessidade de garantir novos mercados consumidores, acesso a fontes de
energia, de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos.
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. Na
Conferência de Berlim (1884-1885) as potências da Europa partilharam o continente africano entre elas. Na Ásia,
extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia (que passou a ser o território colonial britânico mais
importante).
A partilha imperialista estabelecida pelas potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho,
pela qual as colônias se especializaram em fornecer matérias-primas baratas para os países que então se
industrializavam. Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na fase do capitalismo
industrial. Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências
imperialistas.
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No final do século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque para o Japão, na
Ásia, e especialmente os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação de territórios. Iniciou-se com a
tomada de Taiwan após a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-95), seguida pela ocupação da península da Coreia,
em 1910, e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios.
O imperialismo americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e
do japonês, também na Ásia. Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantiveram um
controle político e militar direto, os norte-americanos exerceram um controle indireto, patrocinando golpes de Estado
e apoiando a ascensão de ditadores locais favoráveis aos Estados Unidos. As intervenções militares eram localizadas
e temporárias, como o controle exercido sobre Cuba de 1899 a 1902.
Nesse período os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção. Incorporaram
indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro. Por esse motivo
tornou-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital
bancário. Uma denominação melhor passou a ser, então, capital financeiro.
Ao mesmo tempo foi se consolidando, particularmente nos Estados Unidos, um vigoroso mercado de capitais. As
empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, ou seja, em
empresas que negociam suas ações em bolsas de valores. Isso permitiu a formação das corporações da atualidade,
cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes empresas têm um
acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma holding, ao passo que
os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações.
O mercado passou a ser dominado por grandes corporações, portanto o liberalismo permanecia muito mais como
ideologia capitalista. Na prática, a livre concorrência, característica da fase industrial, era bastante limitada. O Estado,
por sua vez, passou a intervir na economia sobretudo como agente planejador, coordenador, produtor ou empresário.
Essa atuação intensificou-se após a crise de 1929, que provocou acentuada queda da produção industrial e do
comércio e aumento do desemprego em todo o planeta.
Em 1933, Franklin D. Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, pôs em prática um plano de combate à
crise que se estendeu até 1939, chamado New Deal (“novo plano” ou “novo acordo”). Foi um clássico exemplo de
intervenção do Estado na economia. Baseado em um audacioso plano de construção de obras públicas e de estímulos
à produção, visando reduzir o desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte-
americana e, posteriormente, do restante do mundo. Essa política de intervenção estatal numa economia em que
predominava o oligopólio ficou conhecida como keynesianismo, por ter sido o economista inglês John Maynard
Keynes (1883-1946) seu principal teórico e defensor. Representou claramente uma contraposição ao liberalismo
clássico, que até então permanecia como ideologia capitalista dominante. Keynes sistematizou essa política
econômica em sua obra principal A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. O livro, escrito durante a depressão
que sucedeu a crise de 1929, foi publicado em 1936, mas alguns pontos do New Deal já tinham sido influenciados por
suas ideias.
Superada a crise, com a retomada do crescimento da economia, especialmente após a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), começam a se formar os grandes conglomerados capitalistas.
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EMPRESAS TRANSNACIONAIS
As empresas transnacionais têm subsidiárias em muitos países e costumam desempenhar ampla gama de
atividades. Procurando mercado e parcerias estratégicas, elas avançam para além de suas fronteiras nacionais
originárias e agregam consumidores, acionistas e administradores de outros países.
As transnacionais precisam reduzir ao mínimo possível os controles sobre o comércio, e por isso seus
interesses muitas vezes colidem com os dos governos, tanto dos países de origem (onde se situam suas sedes)
quanto dos outros países em que se instalam para fazer negócios.
Ao se observar as economias mais dependentes das transnacionais, pode-se observar que os países que mais
dão origem a essas empresas não são os que mais dependem delas.
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O desfecho da Segunda Guerra Mundial agravou o processo de decadência das antigas potências europeias, que
já vinha ocorrendo desde o final da Primeira Guerra. Aos poucos, elas foram perdendo seus domínios coloniais na
Ásia e na África e, com a destruição provocada pela guerra, houve o deslocamento do centro de poder mundial com a
emergência de duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética.
Do ponto de vista econômico, o pós-Guerra foi marcado por acentuada mundialização da economia capitalista,
sob o comando das multinacionais. Foi a época de gestação das profundas transformações econômicas pelas quais o
mundo passou, sobretudo a partir do final dos anos 1970, com a Terceira Revolução Industrial e o processo de
globalização da economia.
4 – O CAPITALISMO INFORMACIONAL
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Com o desenvolvimento da economia informacional e da globalização, a partir do final dos anos 1980,
estruturou-se uma nova organização da produção no mundo, o que alguns intelectuais chamam de a mais nova
divisão internacional do trabalho.
A mais nova divisão internacional do Trabalho está disposta em quatro posições diferentes na economia
informacional/global: produtores de alto valor com base no trabalho informacional; produtores de grande volume
baseado no trabalho de mais baixo custo; produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais; e os
produtores redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado. A localização vantajosa desses diferentes tipos de
trabalho também determina a prosperidade dos mercados, uma vez que a geração de renda dependerá da capacidade
produtiva das empresas em cada segmento da economia global. No entanto, a mais nova divisão internacional do
trabalho não ocorre entre países, mas entre agentes econômicos localizados nas quatro posições indicadas, ao longo
de uma estrutura global de redes e fluxos que utilizam as modernas infraestruturas tecnológicas, científicas e
informacionais. Nesse sentido, todos os países são penetrados pelas quatro posições apontadas porque todas as redes
são realmente globais ou pretendem sê-lo. Mesmo as economias marginalizadas têm um pequeno segmento de suas
funções direcionais conectado a rede de produtores de alto valor, pelo menos para assegurar a transferência de
qualquer capital ou informação que ainda estejam acumulados no país. E, certamente, as economias mais poderosas
têm segmentos marginais de sua população situados em uma posição de trabalho desvalorizado, seja em Nova York,
Osaka, Londres ou em Madri.
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