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INFLUÊNCIA DO CONDICIONADOR DE METAL GRAFENO NO DESGASTE

DO MOTOR

Ronaldo Lourenço Ferreira1 e Felipe Rufino Ribeiro Pires2

Resumo
A crescente demanda da sociedade por veículos automotores cada vez melhores no mercado,
faz-se necessário estudos mais aperfeiçoados na área de lubrificantes e afins com finalidade
de aumentar a vida útil dos motores e demais componentes mecânicos. Este trabalho verificou
a eficiência do condicionador de metal a base de grafeno em reduzir o atrito refletindo no
menor desgaste interno das peças, através de uma redução de partículas sólidas no
lubrificante. Usou-se um motor do tipo estacionário simulando uma troca de óleo de mil
quilômetros, onde fizemos coleta de amostras para fazer uma análise de partículas,
viscosidade e pacote de aditivos. Os resultados mostraram que a quilometragem simulada
não é suficiente para que o lubrificante perca suas propriedades detergentes e a quantidade
de partículas não apresentou alteração significativa.

Palavras-chave: Lubrificantes, análise de óleo, redução de atrito.

Abstract
Society's growing demand for increasingly better motor vehicles in the market, it is necessary
to improve studies in the area of lubricants and the like in order to increase the useful life of
engines and other mechanical components. This work verified the efficiency of the graphene-
based metal conditioner in reducing friction, resulting in less internal wear of the parts, through
a reduction of solid particles in the lubricant. A stationary type engine was used simulating a
thousand kilometer oil change, where we collected samples to do an analysis of particles,
viscosity and additive package. The results showed that the simulated mileage is not enough
for the lubricant to lose its detergent properties and the amount of particles did not change
significantly.

Key words: lubricants, oil analysis, friction reduction.

Introdução
Nos últimos anos, com a intensa concorrência, os prazos de entrega dos produtos
passaram a ser relevantes para todas as empresas. (MORO., AURAS, 2007, p. 06).
A princípio não se tinha conhecimento de manutenção, feita de forma simples onde
muitas vezes apenas substituía-se uma peça quebrada por uma nova. A manutenção envolve
o aperto de um parafuso, a reforma de uma máquina por completo e dentro deste conceito
está a lubrificação, que se acompanhada e feita de forma correta pode levar o equipamento
a atingir seu prazo máximo de vida útil. (SANTOS., FERREIRA, 2016, p. 02).
De acordo com (ANDRADE et al., 1997, p. 20), os lubrificantes são classificados, de
acordo com seu estado físico, em líquidos, pastosos, sólidos e gasosos.
Os lubrificantes líquidos são os mais empregados na lubrificação. Podem ser
subdivididos em: óleos minerais puros, óleos graxos, óleos compostos, óleos aditivados e

1
Professor Adjunto da Faculdade de Engenharia Mecânica – Universidade de Rio Verde – UniRV
2
Acadêmico da Faculdade de Engenharia Mecânica – Universidade de Rio Verde - UniRV
óleos sintéticos. Os óleos minerais puros são provenientes da destilação e refinação do
petróleo. Os óleos graxos podem ser de origem animal ou vegetal (ANDRADE et al., 1997, p.
20).
Foram os primeiros lubrificantes a serem utilizados, sendo mais tarde substituídos pelos
óleos minerais. Seu uso nas máquinas modernas é raro, devido à sua instabilidade química,
principalmente em altas temperaturas, o que provoca a formação de ácidos e vernizes
(ANDRADE et al., 1997, p. 20).
Os óleos compostos são constituídos de misturas de óleos minerais e graxos. A
percentagem de óleo graxo é pequena, variando de acordo com a finalidade do óleo. Os óleos
graxos conferem aos óleos minerais propriedades de emulsibilidade, oleosidade e extrema
pressão. Os óleos aditivados são óleos minerais puros, aos quais foram adicionadas
substâncias comumente chamadas de aditivos, com o fim de reforçar ou acrescentar
determinadas propriedades (ANDRADE et al., 1997, p. 20).
Os óleos sintéticos são fabricados pela indústria petroquímica e são os melhores e mais
caros, tornando seu uso restrito às situações em que os demais não são recomendados
(ANDRADE et al., 1997, p. 20).
As principais funções dos lubrificantes são o controle do atrito, controle do desgaste,
controle da temperatura, controle da corrosão, transmissão de força, amortecimento de
choques, remoção de contaminantes e vedação (ANDRADE et al., 1997, p. 12).
A análise de partículas de desgaste é um forte indicador da interação tribológica na qual
estas são formadas. A quantidade de partículas, tamanho, forma e composição dão
informações precisas sobre as condições das superfícies em movimento sem a necessidade
de se desmontar o conjunto a qual estas partes pertencem. De acordo com o estudo destas
partículas pode-se relacionar as situações de desgaste do conjunto e atribuí-las a condições
físicas ou químicas (CUNHA, 2005, p. 18).
Ludema (1996 apud CUNHA, 2005, p. 11) relaciona 34 termos diferentes ao discutir a
nomenclatura para descrever o desgaste. Já Rabinowicz (1995 apud CUNHA, 2005, p. 11)
identificou quatro formas principais de desgaste: Adesivo, abrasivo, corrosivo e por fadiga,
além de outros processos que são frequentemente classificados como desgaste.
Uma solução para reduzir o desgaste é o uso de condicionadores de metais, como o
grafeno.
Condicionadores de metais são produtos de origem sintética que prometem reduzir o
atrito e consequentemente reduzir o desgaste das peças, através da formação de uma fina
película protetora entre as partes móveis do motor ou equipamento. Prometem também até
uma economia de combustível, devido a redução do atrito interno do motor (GAZETA DO
POVO, 2022).
Assim a proposta deste estudo é realizar uma análise de óleo lubrificante com o uso de
grafeno para se comprovar a eficácia deste elemento que se diz trazer muitos benefícios aos
motores, dentre eles, reduzir o número de partículas ocasionadas pelo atrito dinâmico entre
as peças envolvidas, reduzir o consumo de combustível, reduzir o calor gerado devido ao
menor atrito etc.

Material e método
O trabalho foi desenvolvido no laboratório de tribologia e motores da faculdade de
Engenharia Mecânica da Universidade de Rio Verde (UNIRV), na cidade de Rio Verde GO.
Os testes foram realizados em um motor estacionário de 150 cm³ por cilindrada, similar
à um motor de motocicleta de 160 cm³ e que está montado em uma banca de teste e
totalmente revisado conforme Figura 1.

Figura 1 – Bancada com motor

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

Foram realizados dois ciclos com duração de 25 horas cada. A rotação foi fixada em
2.500 RPM de forma a simular uma velocidade de 40 km/h, conforme verificado no
instrumento de medição do tipo Horímetro/tacômetro.
Com essa velocidade e após as 25 horas, o motor percorreu 1000 quilômetros de
trânsito, que seria uma simulação de uso cotidiano de uma pessoa, realizando a troca de óleo
no tempo recomendado por algumas montadoras.
É importante observar que o motor do teste é equipado com carburador e não injeção
eletrônica, ou seja, ele variou sua rotação em torno de 10% para mais ou para menos.
Para garantir que o motor estivesse com a mesma aceleração em todos os testes, foi
fixada a barra de aceleração, dando um aperto no parafuso mostrado Figura 2.
Figura 2 – Parafuso de fixação do braço do acelerador

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

Foi utilizado um litro de óleo lubrificante semissintético para cada ciclo, com viscosidade
SAE 10W30, JASO MA2, API SL.
O primeiro ciclo foi realizado utilizando apenas o lubrificante recomendado pelo
fabricante e no segundo ciclo, foi adicionado o condicionador de metal a base de grafeno
líquido, na proporção de 10 ml para cada litro de lubrificante.
Para cada ciclo foi analisada a quantidade de partículas metálicas presentes no
lubrificante, a viscosidade e o pacote de aditivos presente.
A Figura 3 mostra as amostras retiradas para análise. Foram coletadas duas amostras
de lubrificante sem uso e sem grafeno, duas amostras de óleo sem uso com grafeno, duas
amostras de lubrificante usado sem o grafeno e duas amostras de lubrificante usado com
grafeno.

Figura 3 - Amostras

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

Para coleta das amostras, foram utilizadas mangueiras e seringas descartáveis, onde
cada seringa após ser utilizada para retirar o lubrificante do motor, era descartada juntamente
com a mangueira utilizada para alcançar o lubrificante no cárter do motor.
Para realizar as análises, foi utilizado o kit Solotest de análise de lubrificante. Esse kit
possibilita realizar vários testes, mas neste caso específico, foi realizado apenas os testes de
viscosidade, quantidade de detergente e aditivos no lubrificante e a contagem de partículas.
A Figura 4 mostra parte do procedimento da análise de partículas.

Figura 4 – Análise de partículas

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

O teste de viscosidade foi realizado para verificar se o lubrificante sofreria alguma


alteração causada pelo grafeno. Esse teste foi feito utilizando um viscosímetro Visgage,
conforme mostrado na Figura 5.

Figura 5 – Viscosímetro Visgage

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

Resultados e discussão
O teste de viscosidade apresentou valores muito próximos, sem alteração significativa.
O teste de quantidade de aditivos e detergentes não apresentou variação, em ambas
as amostras a quantidade de aditivos estava dentro dos padrões, conforme mostra a Figura
6.

Figura 6 – Teste de aditivos e detergentes

Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)

Caso a quantidade de aditivos e detergentes estivesse abaixo do recomendado, a


absorção do lubrificante pela fita, não atingiria a linha preta mostrada na Figura 6.
A análise de partículas presentes no lubrificante foi obtida através de um microscópio
óptico com ampliação de 100X e é mostrada na Figura 7 e Figura 8, sendo amostra sem
grafeno e com grafeno respectivamente.

Figura 7 – Amostra de partículas sem grafeno

X100
Fonte: Felipe Rufino Ribeiro Pires (2023)
Figura 8 – Amostra do lubrificante com grafeno

X100

Conclusões
O teste de viscosidade apresentou valores muito próximos, com pequenas variações
que podem ser atribuídas ao processo de obtenção dos dados, que não é muito preciso.
Mesmo não sendo muito preciso, pode-se afirmar que o grafeno não interfere na viscosidade
do lubrificante, até mesmo pela quantidade que é adicionada.
O teste de capacidade de manter o sistema limpo e protegido, que são os detergentes
e aditivos presentes no lubrificante, mostrou que o lubrificante ainda poderia ser usado por
mais tempo e que o grafeno não interfere nestas propriedades.
É prática comum das oficinas, sugerir aos clientes que troquem o óleo de motocicletas
de baixa cilindrada com um mil quilômetros (1.000 km) rodados, que foi o intervalo simulado
neste teste.
No entanto, os testes mostraram que o lubrificante tinha potencial para rodar muito mais,
o que caracteriza um desperdício do produto e um custo desnecessário, fazer a troca tão
prematura.
O manual das motocicletas sugere a troca a cada três ou quatro mil quilômetros,
dependendo da marca, o que parece plausível quando se analisa a quantidade de detergentes
e aditivos remanescentes no lubrificante após uns mil quilômetros rodados.
A análise de partículas se mostrou inconclusiva visualmente, pois as imagens estão
muito parecidas e apresentam quantidades similares de partículas sólidas. É possível afirmar
que este resultado será diferente, pelo menos na quantidade de partículas, se o teste simular
três ou quatro mil quilômetros rodados em vez de um mil.
Como sugestão de trabalhos futuros, recomenda-se repetir os testes utilizando um
motor de motocicleta e não um motor estacionário.
Neste motor de motocicleta, simular quatro mil quilômetros rodados, que é o
recomendado para cada troca e fazer as análises de lubrificante pertinentes ao assunto.
Outra sugestão é testar a eficiência desse lubrificante ao longo do intervalo proposto
pela fabricante, por exemplo construindo um gráfico de evolução da sua degradação ao longo
dos quilômetros rodados, ou seja, a cada duzentos e cinquenta quilômetros rodados
aproximadamente, retirar uma amostra e verificar como estão suas propriedades, podendo
assim afirmar se é seguro fazer a troca com a quilometragem recomendada, que é muito maior
que o praticado pelas oficinas.

Referências
ANDRADE L. C. M., FILHO A. F. G., PAULI E. A., CARVALHO J. G., SILVA R. J. - SENAI/CST
(Companhia siderúrgica de Tubarão) – Apostila Lubrificação Mecânica – Espirito Santo, 1997.

CUNHA, R. C., Dissertação (Mestrado em engenharia mecânica) - Análise do estado de


conservação de um redutor de velocidade através da técnica de partículas de desgaste no
óleo lubrificante auxiliada pela análise de vibrações, Universidade estadual paulista (UNESP),
Ilha Solteira, 2005.

GAZETA DO POVO. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/conteudo-


publicitario/motorbull/saiba-a-diferenca-entre-condicionador-aditivo-e-protetor-de-motores/.
Acesso em 03 de abril de 2023.

MORO, N., AURAS, A. P. - Centro Federal De Educação tecnológica De Santa Catarina -


Gerência Educacional De Metal Mecânica - Curso Técnico De Mecânica Industrial – Apostila
Introdução a Gestão da manutenção – Florianópolis, 2007.

SANTOS, T. T., FERREIRA, R. L. – Trabalho de conclusão de curso - Análise de óleo pelo


método de contagem de partículas metálicas, revista GTS (Gestão, tecnologia e
sustentabilidade), Rio Verde GO, 2016.

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