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MANUTENÇÃO
André Shataloff
Lubrificação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os principais conceitos e propriedades
associados ao processo de lubrificação e reconhecer a importância desse
procedimento nas intervenções de manutenção e no correto funciona-
mento das máquinas e equipamentos.
Além disso, vai identificar os parâmetros mais relevantes relativos ao
controle e manutenção dos sistemas de lubrificação e a importância
da efetivação de um correto planejamento de lubrificações a partir de
roteiros pré-definidos.
Viscosidade
A viscosidade é uma medida quantitativa da resistência de um fluido ao
escoamento e determina a taxa de deformação do fluido que é gerada pela
aplicação de uma dada tensão de cisalhamento (WHITE, 2018). É um dos
aspectos mais relevantes na escolha de um lubrificante, de modo que um
lubrificante não deve ser nem muito nem pouco viscoso. Um lubrificante
precisa manter as películas entre peças em um movimento relativo e não
deve permitir resistência excessiva ao movimento entre as peças. Assim, o
equilíbrio é fundamental.
Segundo White (2018, p. 53),
(1)
µ, Razão ρ v Razão
Fluido kg (m × s)* µ/µ(H2) kg/m 3
m /s
2
v/v(Hg)
Além disso, outro aspecto que vem sendo efeito no controle dos pro-
cedimentos de lubrificação se refere à reciclagem de fluidos lubrificantes
(HERWEG; BEZERRA; LACAVA FILHO, 2010). A reciclagem de óleos
lubrificantes usados ganha cada vez mais visibilidade no contexto industrial.
A necessidade de adequação a normas e requisitos de legislações ambientais
exige que as organizações estejam atentas ao reuso e descarte adequado
das substâncias químicas que utilizam, contexto no qual os lubrificantes
estão inseridos.
Segundo Herweg, Bezerra e Lacava Filho (2010), o rerrefino de óleos
lubrificantes é uma solução viável para a redução do impacto dos fluidos
lubrificantes no meio ambiente. Geralmente, os óleos e graxas lubrificantes
não são totalmente consumidos no processo de lubrificação, gerando resí-
duos adicionais. Assim, o rerrefino consiste na desidratação e remoção de
partículas de óleos e graxas lubrificantes por meio de procedimentos como
destilação atmosférica, tratamento do óleo desidratado com ácido sulfúrico
e neutralização com absorvente.
Herweg, Bezerra e Lacava Filho (2010) definem que a vantagem principal
da reciclagem de óleos lubrificantes diz respeito à redução e/ou à eliminação
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Confira mais alguns detalhes sobre o papel da logística reversa no processo de reci-
clagem de fluidos lubrificantes.
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Sistemas de lubrificação
Os sistemas de lubrificação consistem em métodos para a operacionalização
dos procedimentos de lubrificação. Esses sistemas de lubrificação podem ser
classificados por diversas características, como gravidade e capilaridade,
ou pelo método, como salpico ou imersão (PAULI; ULIANA, 1997; CAR-
RETEIRO; BELMIRO, 2006; GRANDO, 2010), conforme serão descritos
a seguir.
Os sistemas de lubrificação por gravidade podem ser manuais, copo com
agulha ou vareta e copo conta-gotas (Figura 1). Pauli e Uliana (1997) definem
a lubrificação manual como sendo uma lubrificação conduzida por almotolias;
assim, não é possível conseguir uma eficácia do método, pois não é permitida
a produção de uma camada de lubrificante homogênea. Além disso, um dos
pontos de ineficácia desse método é a grande dependência da mão de obra
humana (GRANDO, 2010). A lubrificação por copo ou vareta utiliza uma
agulha até o eixo do equipamento para a introdução do lubrificante; segundo
Pauli e Uliana (1997), esse método permite que o lubrificante continue fluindo
enquanto o eixo encontra-se em movimento. A lubrificação mediante o copo
conta-gotas permite um maior controle da quantidade e da dosagem de lu-
brificante utilizada (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006) e é um dos métodos
mais utilizados na indústria.
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A lubrificação por capilaridade pode ser tanto por copo com mecha quanto
por estopa (Figura 2). A lubrificação por copo com mecha, de acordo com
Carreteiro e Belmiro (2006), tem como característica o fato de que o lubri-
ficante é vazado até a peça por um pavio; assim, a vazão do lubrificante
depende da viscosidade, da temperatura e da dimensão do pavio (GRANDO,
2010). Já a lubrificação por estopa acontece mediante uma estopa ou almofada
encharcada com o fluido lubrificante, que vaza por capilaridade até a peça ou
o equipamento (PAULI; ULIANA, 1997).
A lubrificação por graxa pode ser: por pincel ou espátula, por pistola, por
copo stauffer e por enchimento (Figura 6). A lubrificação por pincel ocorre
quando a graxa é depositada na peça por um pincel ou espátula (PAULI;
ULIANA, 1997). Na lubrificação por pistola, a graxa é depositada na peça
por um dispositivo chamado pistola (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). A
lubrificação por copo stauffer ocorre quando acontece o giro da tampa do copo
e a graxa é depositada pelo fim do copo (GRANDO, 2010). A lubrificação
por enchimento consiste na introdução da graxa até que se complete metade
do reservatório (PAULI; ULIANA, 1997).
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Planejamento de lubrificação
O planejamento do processo de lubrificação corresponde a uma das categorias
mais relevantes do plano de manutenção preventiva. O plano de lubrificação,
muitas vezes, é operacionalizado por meio dos roteiros de lubrificação e via-
biliza o controle das manutenções das máquinas e equipamentos, assim como
o consumo de peças, filtros, mão de obra, combustíveis e todos os materiais
adicionais utilizados nos procedimentos de lubrificação industrial. Consiste
em uma ferramenta que facilita o planejamento e o controle das lubrificações
e manutenções do maquinário.
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AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. D288 Definitions of Terms Relating
to Petroleum. West Conshohocken: ASTM International,1978.
CARRETEIRO, R. P.; BELMIRO, P. N. A. Lubrificantes e lubrificação industrial. Rio de Janeiro:
Interciência, 2006.
GRANDO, E. G. Métodos de aplicações de lubrificantes. 2010. Monografia (Graduação em
Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia de Bauru, Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2010.
HERWEG, A. M.; BEZERRA, R. A.; LACAVA FILHO, L.A. Armazenagem, recuperação e descarte
de óleos lubrificantes. Bauru: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
2010. Disponível em: <http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/manutencao/Grupo_22.
pdf>. Acesso em: 29 jul. 2018.
PAULI, E. A.; ULIANA, F. S. Lubrificação mecânica. Vitória. Senai-ES, 1997.
VIEIRA, H. R. G. Planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
WHITE, F. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.